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segunda-feira, julho 31, 2006

Ah, a psicologia

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Sim, estou empolgado e eufórico com o resultado de ontem. Mas como os amigos sabem que sou um torcedor educado, e que acha um pé no saco as zoeirinhas típicas pós-derrota, não escrevo para sacanear os são-paulinos. E sim para destacar um consequência que considero fundamental na partida de ontem.

Finalmente o Santos goleou em um clássico. Puxando pela memória, acho que a última goleada-goleada (adoto o critério que 3x0 e 4x2 não são goleadas) que o Peixe havia aplicado em um rival foi em 1997, um 4x0 sobre o Palmeiras na Vila Belmiro, na última rodada do Paulistão daquele ano, num jogo que não valia rigorosamente nada.

E as goleadas contra, de 1997 para cá, foram várias: 5x0 para o Palmeiras, no Brasileirão daquele ano; 5x1 para o Corinthians, Paulista/00; 5x0 Corinthians, no Paulista/01; 4x0 Palmeiras, Brasileiro/04, em jogo citado pelo Maretti; e os fatídicos 7x1 para o Corinthians no Brasileiro do ano passado. Falo de cabeça, sem pesquisa, pode ser que tenha até mais alguma.

Isso indica que o Santos não montou times bons nesses últimos anos? Claro que não! O Peixe foi campeão brasileiro em 2002 e 2004. E os rivais, nesse período, passaram por maus bocados, como o rebaixamento do Palmeiras em 2002, as intermináveis crises do Corinthians (todo ano tem uma) e as pipocadas são-paulinas, que só acabaram com o título paulista no ano passado.

Acredito, sem fazer cálculos, que o Santos tenha retrospecto positivo contra os três grandes de 2002 pra cá. Talvez não com o Palmeiras, mas certamente contra Corinthians e São Paulo. O que se repetiu nesses tempos foi o seguinte quadro: o Santos entrar como favorito em um clássico, jogar melhor, matar o rival e... ganhar de 3x0 ou, na melhor das hipóteses, 4x2.

Na minha humilde opinião, o Santos não conseguia golear em um clássico por motivos puramente psicológicos. Porque times nós tínhamos - muito melhores do que os de ontem, inclusive. A impressão que dá é que batia nos atletas o fantasma da pequenez a qual o Santos foi submetido nas décadas de 80 e 90, quando viu os rivais ganharem títulos nacionais e internacionais enquanto chupava o dedo.

Claro que o São Paulo estava com o time reserva, o que diminui um pouco os méritos pela vitória de ontem. Mas o que acontece é que nesse período de hegemonia em clássicos o Santos chegou a enfrentar outros times reservas, mistões, expressinhos e mesmo assim não acontecia nada.

A partir de ontem, o que existe no Santos é um pensamento: sim, é possível golear em um clássico. Dá pra enfiar quatro, cinco em um grande rival. A torcida quer isso, mais até do que os eventuais shows terminados em 3x0 que tanto aconteceram.

2 comentários:

Edu Maretti disse...

Discordo absolutamente, Olavo. O único time do mundo que chegou à marca de 11 mil gols em todo o mundo não tem aplicado sonoras goleadas por um motivo muito menos complexo do que qualquer teoria "psicanalítica": o de se desinteressar de fazer gols quando é desnecessário. Muitas vezes de uns anos pra cá o Santos arrasou grandes adversários (como o 3 a 0 contra o Corinthians no Paulista de 2005, o 2 a 0 no mesmo time neste Brasileiro – quando o Fábio Costa reclamou de o time ter perdido a chance de golear, entre muitos outros), e, sem precisar continuar em um ritmo alucinante porque já tinha os 3 pontos, parou de correr. É simplesmente isso. A história do futebol não se resume a uns poucos anos (se assim fosse, o São Caetano seria um dos mais tradicionais times do mundo). Se tem um time que se fartou de golear, é o Santos.

Glauco disse...

Também discordo. O Santos, mesmo quando contou com times medíocres, chegou a golear rivais (como o 6 a 0 contra o Palmeiras em 1982) e sempre figurou nos melhores ataques de campeonatos. O fato é que goleada em clássicos é algo anormal, pro Santos ou pra qualquer outro time. E outra coisa: o time de Diego, Robinho e cia. era mestre em perder gols e perder gols não é característica de time com complexo psicológico. Perder jogos é que é e não é esse o caso do Santos nos mais recentes clássicos.