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quinta-feira, dezembro 21, 2006

Obama rima com Osama

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O senador de Illinois Barack Hussein Obama é um dos presidenciáveis da oposição com mais força no momento. Um em cada sete correligionários querem o negro, católico e democrata como o anti-Bush em 2008, na disputa para sucessão da Casa Branca.

O comentarista Jeff Greenfield, no The Situation Show, programa da rede CNN, no dia 12 de dezembro, disse que acha complicado o fato de que o sobrenome Obama rima com o primeiro nome do líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama Bin Laden. Em sua visão, isso pode ser ruim para a disputa eleitoral. Sem falar no nome do meio, Hussein, que ele nem quis discutir.

O cretinismo foi além. Disse que o modo casual de se vestir também pode ser complicado, porque pode ser comparado ao estilo do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que questiona a existência do Holocausto, desafia as Nações Unidas e, principalmente, os Estados Unidos com o desenvolvimento de tecnologia nuclear – que ele jura ser para fins pacíficos. É que eles são, pelo que parece acreditar o postulante à vaga do Arnaldo Jabor, os únicos do mundo a usar paletó sem gravata para cobrir a camisa social branca. O vídeo da reportagem está na página da Foreign Policy.

Greensfield escreveu no Cnn.com que tudo não passou de uma brincadeira. Citando uma máxima da análise política norte-americana, "o humor é a nitroglicerina da política", disse lamentar não ter explicitado a piada, já que queria era criticar a histeria em torno da agenda de pré-campanha de Obama.

Apesar de não conseguir levar a sério o que ele diz no vídeo do link anterior, achei que a ironia ficou, no mínimo, obscura.

Alguém aí ficou com saudades do Paulo Francis?

6 comentários:

Marcão disse...

Saudades do Paulo Francis, nem a mãe dele. Mas esse tal de Obama me parece um candidato interessante. Não gosto do Bush. Nem de gravatas.

Edu Maretti disse...

Anselmo, saudade não é a palavra, no meu caso. Mas, independentemente da posição política, Paulo Francis faz falta, sim, como me disse uma vez Carlos Heitor Cony numa entrevista (está naquele meu livro de entrevistas). Ele tinha algumas virtudes que são cada vez mais raras no jornalismo atual: escrevia imensamente bem; era muito culto; tinha coragem de dizer coisas, mesmo que soassem mal, que muita gente pensava e não tinha coragem de dizer; seus textos, mesmo que deles se discordasse, sempre traziam informações muito além do tema central que abordavam (havia muitas referências literárias importantes, por exemplo). Em tempos desse inqualificável Jabor, de neutros sem sal como Marcelo Coelho, ou de monocórdicos e tocadores enfadonhos de uma nota só como Emir Sader, Paulo Francis faz falta. Eu sempre aprendi muito com pessoas inteligentes das quais discordo.
abraços

Glauco disse...

Tem termos. Escrever bem, maravilha, Francis tinha igualmente uma dada cultura. Mas chutava, e chutava muito. Se fosse hoje, na era da internet, talvez errasse menos e escrevesse menos barbaridades. Por outro lado, não era apenas direitista, mas destilava preconceitos de toda ordem, o que não é muito saudável em uma democracia. Não sei se sinto falta de alguém pra odiar.

Marcão disse...

Li um livro sobre ele este ano: "Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis - O Mergulho da Ignorância no Poço da Estupidez", de Fernando Jorge. Passei a duvidar de sua mitológica e propalada "cultura", mas não nego a inteligência. Só que era uma inteligência usada exclusivamente para achacar e caluniar os outros (com todos os preconceitos, mesquinharias e baixarias do mundo) e para cultuar e celebrar a si próprio, ganhando muito dinheiro. Quem quiser, que se arrisque:

http://www.guiadolivro.com.br/livro_detalhes.php?livro_id=86605

Edu Maretti disse...

Marcão, me desculpe, mas quem é Fernando Jorge?

Marcão disse...

Não precisa se desculpar, não. Apesar de professor, historiador e jornalista, quase ninguém conhece (o que não tira o mérito da obra, suponho). Dê uma olhada em:

http://portalimprensa.uol.com.br/new_ultimasnoticias_data_view.asp?code=479

e em:

http://www.planetanews.com/autor/FERNANDO%20JORGE

O Fernando Jorge também é citado na própria página do Francis na Wikipédia:

"Última polêmica e morte

Em inícios de 1997, num programa de TV a cabo chamado Manhattan Connection, Francis propôs a privatização da Petrobrás e acusou os diretores da estatal de possuírem cinqüenta milhões de dólares em contas na Suíça - acusação pela qual foi processado na justiça americana, a Petrobrás alegando que seu programa era transmitido nos EUA para assinantes de canais brasileiros na TV a cabo.

Atormentado continuamente pelo processo, do qual não conseguia desvencilhar-se -assim como pela publicação, na mesma época, de um livro do jornalista Fernando Jorge listando seus plágios, erros e ataques injuriosos mais evidentes (v.abaixo) - Francis chegou a, segundo o seu amigo e colunista político Élio Gaspari, obter que o então senador José Serra intercedesse junto ao presidente Fernando Henrique Cardoso - o qual, aliás, já havia sido objeto de ataques de Francis- para que este conseguisse o abandono do processo dos diretores da estatal. A intervenção não conseguiu resultados e o processo continuou. Francis acabou por morrer de um ataque cardíaco, que havia sido confundido nos seus sintomas com uma bursite."