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sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Piauí quer dar valor aos "prata da casa"

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A Federação Piauiense de Futebol está tentando promover jogadores formados nas divisões de base dos clubes do estado. Para tanto, promoveu uma medida no mínimo polêmica: as equipes da primeira divisão são obrigadas a relacionar em todo jogo pelo menos três atletas dos times de baixo.

A medida foi adotada após a mesma federação tentar limitar a contratação de "estrangeiros" (jogadores vindos de outros estados, algo tido como inviável pelos clubes piauienses. Enquanto a medida agradou aos times da capital, as equipes do interior que, em geral, contam com a ajuda das prefeituras e têm conseguido boas colocações nos estaduais, chiaram bastante, sentindo-se prejudicados. Para entender melhor a situação, o Futepoca entrevistou por e-mail o jornalista esportivo Severino Filho, do AcessePiauí.

Futepoca - Qual sua opinião a respeito medida tomada pela federação? Isso melhora ou piora o nível do futebol do Piauí?

Severino - Entendo que é uma ótima iniciativa. O problema não é que piore ou melhore. Acho que o atleta piauiense precisa da oportunidade. E o número de 3, entre 18 relacionados para uma partida, percentualmente não significa uma imposição contundente. Acredito, inclusive, que o pequeno número exigido de 3 atletas da casa pode ser uma forma do clube filtrar e inscrever realmente grandes valores revelados aqui mesmo. Acho que a sugestão (a Federação não impôs, apenas sugeriu, e os clubes aprovaram no Arbitral) deve ser vista por este lado.

Futepoca - Você acha que a medida tem como objetivo beneficiar os times da capital,
como acusou um dirigente do Parnahyba [atual tricampeão do estado]?

Severino - Em absoluto. Ela beneficia todos os clubes. Se já fosse adotada há muito mais tempo, era bem provável que o próprio Parnahyba, para ser campeão, não precisasse gastar tanto dinheiro com atletas de outros estados. Por muito menos estaria valorizando o jovem que surge no futebol amador da cidade e que, agora, com a política que adotam, não têm oportunidade para ir adiante na carreira que escolheram.

Futepoca - As prefeituras do interior do estado de fato usam o apoio a times de
futebol como forma de lucrar politicamente?

Severino - As prefeituras fazem um trabalho sem maiores conseqüências. Tudo bem, que se invista pesado no esporte. A própria Constituição Federal prevê esse tipo de ação em seu artigo 217. Mas somente contratando e não criando um Centro de Treinamento, incentivando escolinhas de futebol e outros projetos do gênero, tudo que ela planta morre quando um outro candidato ganha a eleição. Um dos grandes exemplos está na cidade de Picos. Enquanto o José Néri foi o prefeito, Picos teve um grande representante no futebol profissional, que ganhou quatro títulos de campeão, esteve no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil, revelou Leonardo [ex- Sport, Palmeiras e Corinthians], e movimentou a economia da cidade. Com a saída dele da Prefeitura, o time também foi esquecido e hoje não consegue sequer passar da 2ª divisão.
As prefeituras devem apoiar o futebol profissional, mas, ao mesmo tempo, criar os mecanismos para o permanente surgimento dos valores da terra. Quanto ao aproveitamento no campo político, isso é conseqüência. Se existir um bom trabalho, os votos também virão naturalmente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou contra essa medida. Os clubes devem ser livres para decidirem o que fazer com seus atletas, se a Federação deseja que os clubes incentivem os jogadores locais poderia criar uma espécie de prêmio ou bonificação (em dinheiro ou afins, não em vantagens no campeonato) para as equipes que atendessem a essa regra.

Marcão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcão disse...

Sou a favor. Mas temos que admitir que a falta de risco favorece: não há como o nível do futebol do Piauí cair.

Anselmo disse...

tendo a ser favorável. queria saber quantos clubes já faziam isso nos campeonatos anteriores. quer dizer, sem a cota para pratas-da-casa, qtos clubes já inscreviam pelo menos três garotos?

entre os grandes paulsitas, pelos elencos nos sites, o corinthians é o que tem mais facilidade pra cumprir uma exigência dessas. Depois vem o Santos e Palmeiras. O São Paulo, pelo elenco apresentado no spfc.com.br, só tem o EdCarlos e o 3º e 4ºgoleiros, que não vão apra o banco de reservas... curiosamente o time é vice-campeão da Copa São Paulo.

em outras palavras, a cota não garante o investimento nas categorias de base. Mas pode ajudar.

Os incentivos como sugere o Gleyson até poderiam ser interessantes. Mas diante de manipulações como a que o Severino Filho fala (inclusão de atletas já consagrados como cotistas), os incentivos se tornariam mais graves, seria dinheiro desviado...