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quarta-feira, março 28, 2007

De times e seleções

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Tento responder com este texto a questão objeto dos comentários e debate de uns posts abaixo (“Um outro Zé Roberto”). Que acabou com a seguinte indagação do companheiro Olavo: “se o Santos tivesse dois meias como Ronaldinho Gaúcho e Kaká você escalaria o Zé [Roberto] tão à frente?”

Essa pergunta é importantíssima, porque é uma falsa questão. É uma questão limitada a um universo parreirista, no qual o camisa 11 (chamemos assim) é um cara obrigado a marcar o lado direito do ataque adversário. Mas quem disse que assim deve ser?
Didaticamente, abaixo seguem as escalações de quatro times campeões (ou quase) que eu gostaria de citar.

Brasil campeão do Mundo em 1970 - Felix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gerson, Tostão e Rivelino; Pelé e Jairzinho

Brasil derrotado pela Itália em 1982 – Valdir Peres; Leandro, Oscar, Luisinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho Chulapa e Eder

Palmeiras bicampeão Paulista e Brasileiro 1972/1973 – Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei

Santos campeão Brasileiro de 2002 – Fábio Costa; Maurinho, Alex, André Luiz e Leo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Robinho e Alberto

Eu gostaria de saber onde, nesses quatro grandes times, há um jogador engessado numa dada posição como Zé Roberto na seleção de Parreira. Mais do que um jogador “engessado” (Zagallo, Zé Roberto, Zinho...), o problema maior é o esquema engessado. O Márcio Guedes falou disso no Linha de Passe da última segunda-feira.

De maneira que, à pergunta: “se o Santos tivesse dois meias como Ronaldinho Gaúcho e Kaká você escalaria o Zé [Roberto] tão à frente?”, eu responderia assim (se eu pudesse escalar a seleção brasileira hoje): Fábio Costa (ou Rogério Ceni ou Gomes ou Júlio César); Ilsinho, Alex, Lúcio e Kléber; Elano (ou Mineiro), Zé Roberto, Kaká (ou Diego) e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Vágner Love. Quem ia se defender desse time?

Pode-se pensar em muitas variações em relação à escalação acima, mas essa seria uma seleção. Em termos de seleção, eu nunca vi nada mais belo do que a Holanda de 1974. A Laranja Mecânica. Era um time divino.

Mas, voltemos a falar apenas de um time, um clube, chega de seleção. E voltando à questão inicial: “se o Santos tivesse dois meias como Ronaldinho Gaúcho e Kaká” (valha-meu Deus!, Olavo, você não quer mais nada?), eu faria assim: Fábio Costa; Dênis (ou Pedro), Antonio Carlos, Adailton e Kléber; Maldonado, Zé Roberto, Kaká (ou Cléber Santana) e Ronaldinho Gaúcho (ou Pedrinho); Tiuí Henry e (resgatando) Wellington Paulista.

Nesse time (como no Palmeiras de 1996, por exemplo), quem ia dizer que o Zé Roberto teria que ficar engessado, num esquema engessado, marcando e encerando o jogo? Fala sério!