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segunda-feira, abril 23, 2007

O melhor goleiro do Brasil

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Em diversas vezes que um time pequeno perde para um grande, tomando aquela pressão típica, o goleiro acaba parecendo. São inúmeras finalizações e boa parte delas inevitavelmente pára no arqueiro. Afinal, ele está lá pra isso e, mesmo que seja meia-boca, vai rebater bolas e acabar parecendo bonito pra torcida (inclusive do adversário). Daí aquele lugar comum quando o time toma quatro do grande: "se não fosse fulano de tal no gol, poderia ser de sete ou oito".

Mas difícil mesmo é quando o outro time ataca pouco, quase não finaliza, e o goleiro tem que manter a concentração para, em uma eventual bola, decidir a partida. Aí se pode diferenciar um grande jogador.

Ontem, a um minuto de partida, as poças do Morumbi ajudaram o ataque do Bragantino. Do nada, a equipe do interior chegava à meta de Fábio Costa. Um gol àquela altura, com um gramado onde o futebol era quase impraticável, dificultaria demais a vida do Santos. Mas o arqueiro alvinegro foi rápido, saiu corajosamente e fechou o ângulo, fazendo uma defesa gigantesca. Salvou o seu time.

46 minutos do segundo tempo. Depois de passar a partida inteira assistindo ao jogo, sem qualquer ameaça ao seu gol e saindo bem nas teimosas bolas aéreas que o Bragantino insistia em jogar na área peixeira, Fábio Costa vê Bill à sua frente, sozinho. Cresce pra cima do atacante e pratica outra defesa. Um milagre.

Naquele momento, uma subversão da lógica. Em geral, quando o adversário perde uma chance, a torcida se aquieta diante da ameaça. Mas Fábio Costa inverte o jogo. Quando faz uma defesa difícil, daquelas que o torcedor já coloca a mão na cabeça pensando no inevitável, comemora a façanha e acua a trupe adversária, fazendo a sua torcida vibrar junto com ele.

Mais magro, ágil, seu temperamento também mudou. Quando sofreu o gol de Ricardinho em 2001 insinuou que a culpa era de seu companheiro André Luiz, que havia escorregado no cruzamento de Gil. Um argumento aceitável para um torcedor, inadmissível para um colega de trabalho. Ontem, ao contrário, depois do jogo condenou as vaias a Cléber Santana por ele ter errado um pênalti. Postura de líder, não de torcedor.

Por tudo isso, é hoje o melhor goleiro do Brasil. Diferenciado, vibrante, já faz por merecer uma chance na seleção. E calou a minha boca. Quisera eu que todos os jogadores santistas que critico fizessem isso. Mas esperar algo semelhante do Rodrigo Tiuí é demais...

10 comentários:

Nicolau disse...

O meu desafeto Fábio Costa está realmente mandando bem. Mas não sei se segura onda de seleção. Não sei se o temperamento dele mudou mesmo ou se é a boa fase do Santos que dá tranquilidade pra todo mundo. Ainda me lembro bem de uma boa meia dúzia de bobeadas homéricas do arqueiro no Corinthians. E não rolava essa identificaçaõ que faz o Fábio Costa levantar a torcida e o time em momentos difíceis. Talvez seja "apenas" um ótimo goleiro pro Santos.

Marcão disse...

Não resta a menor dúvidas de que ele foi o nome do jogo e, como já postei neste blog, está em fase excelente, mais "fino", ágil e é um dos grandes responsáveis, dentro de campo, pela campanha irrepreensível do Santos neste início de temporada. Foi o grande nome do jogo contra o Bragantino e merece todos os elogios. Mas não penso que seja "o" melhor goleiro do Brasil. É "um dos", sem dúvida. Porque está surgindo uma nova geração, com Diego Cavallieri, Felipe (que vai pro Curíntia) e Fábio (Cruzeiro), que, se jogassem num clube arrumado como o Santos e conseguissem uma boa seqüência como essa do Fábio Costa, não tenho dúvidas de que também estariam fazendo partidas memoráveis como a que o arqueiro santista fez no último domingo. Mas eu convocaria sim, neste momento, o Fábio Costa pra seleção. E pra ser titular.

Arthur Virgílio disse...

Fábio Costa cresce nos momentos decisivos. Foi assim em 2002, quando o Santos venceu o Corinthians na final do Brasileirão. Agora, para melhor goleiro do Brasil, falta muito.

Anselmo disse...

melhor do que o Rogério Ceni ele está. Disparado. Claro que o chavão diz que futebol é momento. Tenho dúvidas sobre a seleção. Não confio tanto nele, assim como não confio no Julio Cesar.

Anônimo disse...

Não sei onde li que a postura mais "ética" e midiática do Fábio Costa - ele está aparecendo em tudo quando é programa de TV - faz parte de uma tentativa do arqueiro de passar a imagem de bad boy e, por consequência, ampliar suas chances na seleção.

Mas independentemente disso, tá numa fase excelente. Merece mesmo a 1 da amarelinha.

Nicolau disse...

Pra falar de seleção, achoq ue temos que lembrar do companheiro Gomes, que pega muito (naõ sei como está a fase dele). Acho bem confiável. O Júlio Cesar também tem uns pontinhos na frente do Fabio Costa na minha lista. Mas vale a experiência.

Nicolau disse...

Ah, e o "comportado" Fábio Costa deu uma carga sem nexo num jogador do Bragantino, mas o lance estava parado por conta de um impedimento...

Glauco disse...

O cidadão vem dividir bola quando a partida está parada? A carga foi merecida. Pronto, falei.

Nicolau disse...

Todas as pancadas que o Paulo Nunes recebeu na vida foram merecidas, mas não deixaram de ser faltas por isso...

Edu Maretti disse...

Pra resumir, e tardiamente, só reforço que o título do post já diz tudo: "O melhor goleiro do Brasil".
No sábado, num desses programinhas ordinários de mesa redonda de domingo, alguém viu – na dividida do Fábio Costa com o jogador do Braga que bateu na trave – "uma entrada criminosa do goleiro Fábio Costa, um pênalti indiscutível".
Que ridículo, e ainda essas pessoas se dizem comentaristas esportivos.
Mas a liderança de Fábio Costa, sua capacidade de organizar a defesa, e o agigantamento em jogos decisivos (2002 é o auge disso) são, de fato, uma soma de diferenciais difíceis de reunir num só jogador.