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sábado, junho 09, 2007

O profissional

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Ainda há quem não aceite que o futebol é, sim, um negócio profissional. O Brasil ainda não sabe conviver com o fato. Tem jogadores que recebem altos salários, cotas de patrocínios polpudas e, ao mesmo tempo, clubes juridicamente e administrativamente tratados como meras associações de bairro, em uma contradição das mais amplas.

De qualquer modo, para muitos aqui chamar o futebol de "profissional" é uma ofensa das piores. Espera-se que jogadores amem a camisa, chorem nas derrotas, desprezem os rivais, e por aí vai. Com esse hibridismo doentio que vivemos, há realmente margem para esse tipo de coisa.

Aí o Santos contrata Zé Roberto, principal jogador do Brasil na Copa de 2006. E a partir daí arrisco a dizer que o "profissionalismo" no futebol nacional ganhou outros parâmetros.

Zé chegou ao Santos ganhando um salário altíssimo. Não fez juras de amor à camisa santista. E, logo nos primeiros meses de clube, já sugeria que sua estada no Santos seria curta. O que ele vislumbrava mesmo era uma volta à Europa.

E o que aconteceu? Zé Roberto jogou muita, muita bola! Foi o melhor jogador do Brasil nesse primeiro semestre. Caso jogasse mal, choveriam contra ele adjetivos como "comprado", "mercenário", "vendido" e por aí vai.

Esse sim é o profissionalismo que precisamos. E, com base nesse exemplo, acredito que seja possível.

7 comentários:

Anônimo disse...

O nosso Santos não precisa de você.

André Augusto disse...

Perfeito...

Jogou muito e foi homem!

Edu Maretti disse...

Olavo, o raciocínio é pertinente e lógico. Mas...
sabemos que hoje o chamado profissionalismo = poder econômico. Sabemos que o Brasileirão, em termos de jogadores, é disputado pela terceira divisão do futebol nacional (a primeira divisão está na Europa, a segunda no leste europeu e na Ásia). Isso é triste.

Enfim, tanto é profissional o Zé como o Fábio Costa, com a diferença que o Fábio apareceu na coletiva, como capitão, com os olhos vermelhos. Um capitão que chora por um título perdido acho um profissional de primeira.

Os santistas queremos agora o título brasileiro.

Glauco disse...

Cada um tem um estilo, Edu. Zé Roberto é mais contido, Fábio Costa, mais sangüineo. O que não quer dizer que, se o goleiro tivesse a oportunidade que o Zé tem, não faria a mesma coisa. É bom lembrar que pelo mesmo salário que ele ganhava no Santos, foi para o Corinthians. E, quando retornou para o Santos, foi ganhando mais do que lá.
Quanto ao Zé Roberto, foi o único atleta da seleção que chorou na desclassificação do Brasil em 2006. Outro detalhe, muito, mas muito importante, é que o Santos não fez sequer UMA proposta para que ele ficasse. Ou seja, acho que faltou mesmo profissionalismo do clube, que não assumiu que não poderia continuar pagando seu salário, enquanto o atleta assume para alguns a pecha de "mercenário".

Marcão disse...

Em minha modesta opinião, a relação custo-benefício do Zé Roberto compensou muito para o Santos, sim. É óbvio que sua contratação foi a cereja do bolo do plano prioritário de vencer a Libertadores e disputar o Mundial - o que, infelizmente, não ocorreu. Mas o show de bola do Zé Roberto aumentou ainda mais a auto-estima dos santistas e mobilizou a torcida de uma forma que nem nos tempos do Robinho se via com tal intensidade. Por isso, penso que, apesar dos pesares, foi um puta negócio.

Anselmo disse...

não sei se esse é o profissionalismo que o brasil precisa. Ok, ninguém precisa fazer juras de amor desde que jogue muita bola.

concordo com o glauco quanto à falta de profissionalismo da diretoria do santos. Não acho que montar um time ou trazer um reforço para uma única competição seja a melhor estratégia.

mas...

claro que foi um puta negócio pro santos ter o zé roberto. o cara realmente jogou muito. ele já tinha calado minhas críticas durante a copa. na passagem pelo santos, mostrou que é craque, ainda que a comparação com o universo de atletas em atuação no país não lhe ofereça muitos pares.

Nicolau disse...

Fora Zé Roberto!