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segunda-feira, novembro 05, 2007

Segunda-feira...

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Hoje de manhã, ainda meio dormindo, vejo na mesa da sala a Folha de hoje com entrevista com o cientista político Charles Murray que defende que testes de QI apontam para uma diferença do nível de inteligência entre as raças, com vantagem para os brancos (que surpresa!).

Murray, hoje membro do American Enterprise Institute, chamado pela Folha de “conservador”, publicou em 1994 o livro “The Bell Curve” (A Curva do Sino, editora Free Press), escrito com o psicólogo e professor de Harvard Richard Herristein, falecido no memso ano. No livro, afirmam que testes de QI apontavam diferenças entre raças, com brancos se saindo em média melhor do que negros.

Segundo ele afirma, “existem dados vindos de muitos países africanos e de diversos testes”, com resultados “muito confiáveis: ao longo dos países da África Sub-Sahariana, são extremamente baixos”. Ele considera a demissão de Watson do Laboratório Cold Spring Harbor e o cancelamento de uma palestra sua no Museu de Ciências de Londres “uma desgraça”: “Afinal, o homem está discutindo uma questão intelectual polêmica. É isso que a ciência deve fazer”.

O cara tem a pachorra de dizer que o aumento da desigualdade no econômica é fruto da desigualdade de inteligência, o que equivale a dizer que os estúpidos negros nasceram para servir os inteligentes brancos: “são os cérebros! Não só a educação, mas cérebros estão se tornando cada vezes maia valiosos no mercado de trabalho”.

Na televisão, sou avisado que um trio de cretinos universitários foi preso no Rio por agredir uma prostituta. Os caras pararam o carro, chamaram a moça e jogaram espuma do extintor do carro nela. Foram soltos após algumas horas.

Minutos depois, vejo do ônibus publicidade de um produto para cabelos que diz (a citação é de memória): “Todos têm direito a cabelos lisos e naturais. Alcance a beleza da vida”.

E ainda é só segunda-feira...

PS.: A Folha, no abre da entrevista com o tal Murray, diz que a polêmica criada pelas declarações do geneticista James Watson continua. Pergunto: que polêmica? O cara falou uma bobagem racista e, segundo o resumo da história feito pelo próprio jornal, centenas de cientistas se manifestaram, a maioria contrários, e Watson foi demitido e se retratou em artigos posteriores. Fim. De que polêmica o jornal está falando? Polêmico é desenterrar um cara que lançou um livro em 1994 em que defende essa tese da superioridade intelectual dos brancos. Qual o interesse em dar destaque para esse cara? Será que as declarações dele contrárias ao sistema de cotas adotado nos EUA tem algo a ver com isso?

7 comentários:

Thalita disse...

essa esquizofrenia é típica da Folha

Anselmo disse...

os exemplos são assustadores... mas parei só pra dizer que não acho que seja esquizofrenia da Folha.

a declaração do Watson deu repercussão. Os desdobramentos da bobagem foram claros de gente reclamando a ponto de ele perder o emrego e se "retratar" ainda que de um modo meia boca. A declaração, por seu caráter racista, foi polêmica, provocou discordâncias firmes. A Folha saii à caça de fascistas que encampam teorias semelhantes para chamar atenção na sanha de provocar "polêmicas" semelhantes, nem que seja um monte de gente criticando essa teoria.

O Murray é um intelectual de direita sempre citado por pessoas de direita. E isso gera discordância em quem não compartilha esse ideário.

Por que a folha anda ouvindo tanta gente de direita? Esquizofrenia?

Sei não.

Glauco disse...

O que se pode dizer de pior é que a "polêmica" produzida pela Folha é parte de uma linha editorial. O menos pior seria avaliar que a mesma só deu seqüência ao assunto para chamar leitores por meio do viés sensacionalista. Ou seria o contrário?

Anônimo disse...

Nicolau,
Tem um artigo muito bom de Isaac Asimov sobre testes de QI. Depois eu acho em que livro tem para dizer o nome aqui.
Mas no artigo, ele, que já foi vice-presidente de um clube de pessoas de alto QI, não nega que o QI dos brancos norte-americanos seja maior que o QI dos negros dos bairros mais pobres em Nova Iorque.
Mas calma!
Não xinguem a mim e Asimov apressadamente.
É importante saber o que ele pensa sobre os testes de QI.
Asimov ressalta que o teste de QI foi confeccionado por brancos. Em grosso modo e muito reduzidamente, o teste de QI mede no máximo, se algum indivíduo pensa de forma similar a quem confeccionou o teste. E por esse critério, parecia óbvio e natural para Asimov, que os negros se saíssem pior. Acreditava que se fosse confeccionado por negros, o oposto ocorreria.
Sei que Watson não quis dizer o que disse Asimov. Watson levou pelo lado da inteligência mesmo.
Vale muito à pena ler o artigo que cito aqui.
Caso queiram, posso tentar escaneá-lo (ou tirar foto digital) e enviar. Acho que o autor não se incomodaria.

alelima disse...

Não sei se este de comportamento (gerar "polêmica" sobre determinado assunto) é endêmico da imprensa, não posso afirmar categoricamente.

Minha impressão é de que trata-se de uma praxe, qualquer assunto vira "polêmica", mais com o sentido de vender audiência (ou jornal) e dá voz para quem defende atitudes que afrontam o bom senso.

Na política, essas "polêmicas" acontecem em profusão, assuntos menores são alçados a uma importância que não tem.

Poderíamos discutir coisas que realmente importam, mas, não, somos direcionados.

Nicolau disse...

O pior desse direcionamento de que você fala, Alexandre, é que depois que o assunto ganhou destaque na Folha, ele passa a ter um grau de importância, seja o que for. Aí fica memso necessári se posicionar sobre algumas coisas, sob pena de deixar opiniões escrotas se propagarem sem contraponto.

Marcão disse...

Regina Duarte:

" - Eu tenho medo da Folha de S.Paulo!"