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terça-feira, dezembro 11, 2007

A CPMF e a assessoria de imprensa

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De novo, a grande imprensa que fica cada vez mais "imprensinha". A Fiesp fez uma "pesquisa" com base nos dados da Proconsumo relativos a 2006, que foram atualizados monetariamente em 10% para 2007. O resultado está na mimética manchete dos portais e que estará amanhã nos jornalões: Brasileiro gasta mais com CPMF do que com feijão e leite.

O IG resolveu exagerar as conclusões da entidade patronal e tascou a afirmação grotesca em sua home: "Brasileiro gasta mais com CPMF do que com comida". Assim mesmo, sem especificar. Você, leitor do Futepoca, gasta mais com CPMF do que com comida? É só fazer as contas pra ver o quão falsa é essa bobagem. Ainda mais se for observado que na tabela de gastos da Fiesp o item Alimentação fora do domicílio aparece como responsável R$ 49,5 bilhões, enquanto a mal falada contribuição corresponde a R$ 40 bilhões.

Impressionante a falta de reflexão. Com os dados da dita pesquisa, você chega a que conclusão for. Pode manchetar: "Brasileiro gasta mais com roupa do que com comida" e por aí vai. Mas todos aderem àquela que interessa, a veiculada no release da Fiesp. É o jornalismo preguiçoso, na melhor das hipóteses, ou mau-caráter, na pior.

Isso sem levar em conta quem é o tal "brasileiro" que paga CPMF. É o trabalhador informal que não tem conta em banco ou o grande empresário que esperneia por causa de um tributo do qual ele não pode sonegar? Fico com Adib Jatene, que está longe de ser petista ou qualquer outra espécie de esquerdinha, mas disse ao presidente da Fiesp Paulo Skaf, em um jantar: "Por que vocês não combatem a Cofins (contribuição para financiamento da seguridade social), que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões”. E Skaf respondeu: “A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF”. “É que a CPMF não dá para sonegar!”, retrucou Jatene.

E prosseguiu: "No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda".

Difícil ou fácil?

2 comentários:

Anselmo disse...

"Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda".

Excelente. Mas tem um problema. A CPMF não vai reverter o cenário tributário que morde o consumo e alivia na renda. Bom, mas isso não implica que deva ser jogado fora.

Mas quem votou contra a cmpf em outras ocasiões e agora defende não o faz, obviamente, por ter percebido o potencial de distribuição de renda da contribuição. Tão obviamente quanto o o fato de que quem vota contra depois de ter sido a favor (ou diz que a CPMF só era boa no "MEEEEEU governo", como o ex-presidente) tampouco mudou de opinião porque descobriu efeitos nefastos que desconhecia...

O Congresso em Foco soltou um esqueleto do que deve ser a proposta de reforma tributária. Na renda, progressividade é tema pra depois.

Marcão disse...

É o mais do mesmo: todo mundo pode (no caso, cobrar CPMF). Menos o Lula e/ou o PT.