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sexta-feira, agosto 10, 2007

Em defesa de Orsi

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Alguns desqualificados vão falar por aí que o novo presidente corintiano é palmeirense. Trata-se de uma calúnia, um absurdo, uma pantomima, um sonho de uma noite de verão, citando o ex-presidente Collor.

Explico: Clodomil Orsi, um senhor de 70 anos, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, que até os 9 anos de idade era palmeirense. Mudou por um desentendimento com seu irmão mais velho, Dudu, por uma figurinha das que vinha nas balas de futebol, em 1946. Reproduzo trecho do texto da Folha:

"Olha, eu era menino, foi em 1946. Graças a um erro cometido pelo meu irmão. Você não lembra das balas de futebol, lembra?", contou o substituto de Alberto Dualib em entrevista à Folha."Foi só quem viveu nos anos 40. Eu acho engraçado por isso. Tinha esse álbum de figurinha das balas de futebol. Ela vinha embalada com figurinhas. Esse álbum eram os times de futebol do Rio e de São Paulo. Tinham figurinhas carimbadas. Uma delas era a mais difícil. Era assim, vamos dizer, a cada 2.000 balas vinha uma carimbada. O Dudu era palmeirense doente. Eu cheguei um dia em casa e estava faltando a minha figurinha", disse Orsi.
A partir daí, veio a ameaça: "Eu falei: "Dudu, pára com isso, me dá a figurinha. Se você não me devolver a figurinha, eu já não gosto muito, mas a partir de hoje vou torcer para o Corinthians". Ele não me devolveu a figurinha", revelou o cartola.E, então, a transformação e a descoberta de um novo amor."Mudei. Foi a melhor coisa que meu irmão fez comigo. Minha família é italiana, mas todos são corintianos doentes. E a briga do meu irmão era comigo, porque sou o caçula da turma. Meu irmão despertou a minha paixão pelo Corinthians."Depois disso, diz Orsi, ele nunca mais foi o mesmo. Conta que passou a ser corintiano fanático. Relembra que jogadores do Corinthians freqüentavam festas promovidas pela mãe em sua casa no bairro do Brás (zona central da capital).
Em 1951, quando recebeu seu primeiro salário, o cartola conta que pediu uma parte dele à mãe para se tornar sócio do clube do Parque São Jorge.Com a carteirinha de sócio, recebida pelas mãos do ex-presidente corintiano Alfredo Ignácio Trindade, Orsi logo tomou gosto pela política do clube. E, graças à amizade com outro ex-presidente, Wadih Helu, virou conselheiro em 1959.

Trata-se de uma história simpática e que transmite uma mensagem de esperança: é possível deixar de ser palmeirense. É um alento para tantos e tantas que, por obra de algum parente, amigo ou pelo mero acaso, caminham hoje pela perniciosa trilha do palestrianismo. Pais corintianos, sempre alertas!

Julgar um homem com 61 anos de declarado amor pelo Corinthians pelos atos impensados da infância não é correto. Tolos são os conselheiros (sim, eles existem) que chegaram a cogitar pedir a renúncia do presidente:
"Nunca mais [torci pelo Palmeiras]. Mas não torço contra, não. Eu torço para ele não ganhar. O meu neto mais novo, o Vinícius, de cinco anos, se você der uma roupa verde a ele, ele devolve na hora", conta, orgulhoso, dizendo que a atitude do menino é influência do avô.
A admiração pelo Palmeiras do presidente em exercício do Corinthians não caiu bem no Parque São Jorge. Alguns conselheiros do clube prometem que cobrarão Orsi. Outros já falam em pedir sua renúncia.
Orsi aqui demonstra a virtude da tolerância com os desafortunados. Conhece a experiência de ser palmeirense, sabe que é triste e doloroso, e não torce para aumentar esse sofrimento. Torce apenas para que ele se mantenha, sem vitórias para amenizar a dor. E ainda colocou o netinho no bom caminho, vejam só.

Se há pecado na revelação do presidente interino, talvez seja o apontado pela Gaviões da Fiel: ingenuidade. Alimentou a imaginação de fariseus e das pobres almas palmeirenses. De resto, não o condeno, pelo menso por enquanto. A não ser por sua ligação com Wadih Helu e Dualib. Analisemos o presidente por seus atos. Só depois de algum tempo de gestão poderemos saber se restou alguma coisa desse equívoco infantil. E Fora, Dualib!

Presidente interino do Corinthians é ex-palmeirense

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A torcida não gostou. O Romeu Tuma Jr. achou o fim. Mas nada muda o prazer de ver muito corintiano suspirar: "Que saudades do Dualib!".

Ocorre que Clodomil Orsi, presidente em exercício do clube da Marginal Tietê sem número, admitir que, até os 9 anos, torcia para o Palmeiras, o arqui-rival.

O que é pior: ter torcido para o Palmeiras ou ser um vira-casaca? Quando eu era criança, aprendi que a pior traição que existe é ao time de futebol.

Tuma Jr. pedirá explicações e ameaça pedir afastamento "por questões morais", informa o Painel F.C., da Folha de S.Paulo. A Gaviões da Fiel acha que foi ingenuidade, atributo inaceitável para alguém que ocupa a função máxima da cartolagem num clube.

Ingênuos não tem vez? Ouvi "volta Dualib"?

Como palmeirense, já estou em dúvida. Entre o Dualib e um que assumidamente sabe como é bom ver o Corinthians na draga, vou perguntar para os comentaristas.

Jovens que estudam e trabalham bebem mais

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Uma pesquisa com 2.718 estudantes da rede estadual de ensino em Cuiabá (MT), entrevistados em estudo de pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é conclusivo: adolescentes que trabalham e estudam consomem mais álcool, mais tabaco e mais outras drogas do que os que só estudam.

A informação é da Agência Fapesp.“Ao combinar diversas variáveis, identificamos que a chance de usar drogas ao longo da vida é 1,5 vez maior entre os jovens trabalhadores. É um padrão que chama a atenção e dá mais um motivo para achar que eles não deveriam trabalhar”, disse Dartiu Xavier da Silveira, orientador de Delma Perpétua Oliveira de Souza.

TabacoMaconhaCocaínaAnfetaminas

T&E Só E.
Álcool81%64,8%
43,7%26,8%
8,6%4,4%
3,2%1,4%
6,9%3,6%
(T&E - Trabalham e estudam; Só E. - Só estudam)

quinta-feira, agosto 09, 2007

Ana Paula Oliveira volta em setembro

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Não, não é à capa da revista masculina Playboy que a bandeirinha Ana Paula Oliveira retorna em setembro. É aos gramados. Segundo Marcos Marinho, presidente da Comissão Estadual de Arbitragem, da Federação Paulista de Futebol (FPF), a moça já treina, mas só volta quando estiver bem "na parte técnica e física". Então, nada de fotos.

Os 300 mil leitores da publicação que adquiriram a edição acreditam que em boa forma física ela está. Os que viram as fotos que vazaram na internet antes, compartilhariam a opinião. Houve até rumores de que a moça não tinha celulite, e que recursos de tratamento de imagem sequer foram utlizados.

Mas se dependesse da Playboy, Ana Paula voltaria a exibir suas curvas nas páginas da publicação. Em entrevista ao argentino Clarín, ela contou que a revista gostaria de repetir a capa em 2008, mas ela só tem olhos para a arbitragem. "Pero basta de fotos", declarou. Por esse motivo é que ela recusou repetidos convites desde 2003.

Em outra ocasião, ela havia dito estar em dúvida sobre sua volta ou não aos gramados, cogitando dedicar-se aos comentários de arbitragem, à là Arnaldo Cezar Coelho. A participação em comercial de TV e o assédio dos fãs aumentavam as dúvidas. Houve até boatos de que ela seria lésbica, por morar com a assessora e prima Nalda Mota em Hortolândia, o que aumentou as vendas em banca.

Mais pressão?
Marinho considera que a pressão vai ser maior. Não bastasse o machismo, agora tem as fotos nua. Mas ele aposta que Ana Paula tem condições de reverter o quadro, numa possível referência à repetição da cantada relatada por ela feita ao mesmo Clarín.

Um jogador cuja identidade foi ocultada esperava para bater um escanteio enquanto o goleiro adversário era atendido. Ali, ao lado da bandeirinha, ele soltou uma cantada barata, elogiando sua beleza, e sugeriu troca de telefones. Se fosse o Renato Gaúcho, talvez ela estivesse mais propensa a topar.

Centro de treinamento
A declaração de Marinho ocorreu no lançamento do projeto Arbitragem na Prática, que cria um Centro de Treinamento para aprimoramento técnico e físico dos donos do apito e das bandeiras. Não se garantiu a profissionalização, mas há espaço para "treino" dos juízes, que ocorrerá no clube Nacional. Sem time profissional, o Nacional cede suas categorias de base para simular partidas.

Enquanto esperam para ver a bandeirinha de volta, os internautas matam a saudade com as fotos abaixo. Na noite de quarta-feira, 8, a festa de 32 anos da revista masculina da editora Abril contou com a presença da moça que, segundo fontes, teria chegado e saído sozinha, apesar de ter sido paquerada por um embriagado não-identificado.

Os autores do Futepoca negam ter sido convidados para a festa e, mesmo lamentando, desmentiram as acusações de terem xavecado a bandeirinha.



Figurino discreto, comparado com as outras convidadas





No meio de
"coelhinhas",
na festa
da revista.

O aniversário do Velho Lobo

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Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

Hoje, 9 de agosto, Mário Jorge Lobo Zagallo, faz 76 anos. Sempre tem aquela lenga-lenga de homenagens e blablabla de gente que adora louvar os ditos "vencedores". E isso Zagallo é. Conseguiu ser bicampeão do mundo como jogador em 1958 e 1962. Nas duas ocasiões, barrou Pepe, que sofreu contusões nos jogos preparatórios. Competência e sorte, o que talvez justifique tanta superstição.

Ali, eram dois estilos completamente diferentes. Pepe era o ponta aberto que conseguia chegar na área ou para cruzar a bola ou desferir sua bomba de esquerda. Já Zagallo era o ponta recuado, que ajudava na marcação do meio de campo, o que lhe rendeu o apelido de "formiguinha". Ainda como jogador foi tricampeão carioca pelo Flamengo, bicampeão pelo Botafogo em uma formação épica com Didi, Garrincha e Quarentinha.

Como treinador da seleção em 1970, substituiu João Saldanha. E, como se fosse uma sina que ele carregava, tirou um ponta-esquerda ofensivo, Edu, sempre titular entre as feras do técnico anterior, e colocou Rivellino como um falso ponta-esquerda. De novo, ganhou o pragmatismo.

Já na seleção de 1974, do alto de uma certa arrogância, disse que ia fazer suco da Laranja Mecânica, a estonteante Holanda. Naquele torneio, o talento preterido foi Ademir da Guia, que só entrou na última partida e ainda assim saiu no intervalo. O mandatário perderia também as Olimpíadas de 1996, quando a seleção brasileira teve uma das atitudes mais pernósticas que já vi no esporte, não comparecendo à entrega da medalha de bronze.

Como técnico na Copa de 1998, continuou sua opção pelo defensivismo. Retirou o meia Giovanni da equipe e colocou Leonardo, um meia recuado peleando pela esquerda. Deu no que deu.

Treinou todos os grandes do Rio, além do Bangu. Em São Paulo, só treinou a Lusa. Confesso que comprei um ingresso para assistir a uma partida entre a Portuguesa praiana e a paulistana no Ulrico Mursa e minha única finalidade era ficar no alambrado xingando o Velho Lobo atrás do banco de reservas. Um problema de saúde me impediu de cometer tal ato.

Nunca gostei dele. Continuo não gostando. Pra mim, fez mal pro futebol brasileiro, menos pela fanfarronice do que pela predileção pelo defensivismo, como atleta e treinador. Mesmo assim, a educação recomenda: parabéns, Zagallo.

Notas sobre Botafogo 0 x 2 São Paulo

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Era esse timinho do Botafogo que poderia ser campeão e levantar novamente o orgulho do futebol fluminense, que não ganha a taça desde 2000, quando o Vasco foi campeão da Copa João Havelange?

Comprovado está: o Botafogo era mesmo um autêntico cavalo paraguaio. Contra o melhor time do campeonato, foi um time desorganizado, medroso, sem um esquema tático muito visível e cheio de jogadores medíocres, que erraram mais passes do que se erra na várzea. Dodô não viu a cor da bola.

E o tal Fogão, além de tudo, é um time muito violento e demonstrou desequilíbrio emocional. Outra coisa: o Falcão disse que a entrada por trás do Luciano Almeida, que quebrou a perna do Reasco, não foi por maldade. Que gracinha, o Falcão. O cara deu um pontapé por trás no colega, que fraturou a tíbia, e foi sem querer.

Isso não tira o “mérito” do São Paulo, que, segundo levantamento do Uol feito semanas atrás (não estou com tempo de procurar o link), é (ou era, naquele momento) o time estatisticamente mais violento do campeonato. Agora, o pontapé que o tal Túlio deu na cara do Leandro merecia uma suspensão exemplar. Grotesco.

E não vou dizer que o São Paulo será campeão, mas vai ser difícil que não seja.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Cidade Ademar quer o fim do apagão. No transporte coletivo da cidade

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O palco era o refinado Rosa Rosarum, um bifê classe A frequentado por abastados da cidade de São Paulo. A presença do prefeito Gilberto Kassab, dos secretários municipais de Esportes, Walter Feldman, do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, e da Assistência Social, Rogério Amato, poderia indicar um prato cheio para o pessoal que adora falar mal da elite branca, má e perversa e de seus preconceitos.

Mas era o lançamento do Dia Mundial Sem Carro pelo movimento Nossa São Paulo: outra cidade. Realizado desde 1997 na França, o dia 22 de setembro é uma data voltada aos 30% da população proprietária de automóveis.

Mas as 22 atividades do 22 de setembro (passeatas, rotas de bicicleta, atividades culturais e até virada esportiva com direito a esportes de bar) eram pretexto para divulgar a iniciativa de Oded Grajew, ex-assessor de Lula e ex-diretor presidente do Instituto Ethos de responsabilidade social empresarial, e mais 300 entidades. O Nossa São Paulo quer reunir indicadores de todas as áreas e exigir que a prefeitura e os candidatos já em 2008 tenham planos de governo com metas de melhoria desses indicadores.

No caso do transporte, abordado no dia sem carro, são 13 índices, de número de motoqueiros mortos à dias em que a qualidade do ar ficou inaceitável na cidade.

Constrangimento
A parte mais interessante da manhã de lançamento que dá título ao texto, foi a intervenção de Airton Goes, do Fórum Social Cidade Ademar (região na Zona Sul da capital paulista). Chamado para falar o que a população esperava do poder público, ele prometeu não querer causar constrangimentos, mas entrou de carrinho.

Disse que só apoiam o Nossa São Paulo porque um dos eixos é diminuição da desigualdade social, e que, para a cidade mudar, a periferia precisa de muitas transformações.

"Na Cidade Ademar, nos solidarizamos com as vítimas do acidente da TAM", declarou Goes. Mas ele reclamou do fato de que as principais rádios enviam, em seus noticiários, repórteres para informar quantos vôos estão atrasados e por quanto tempo. "Todo dia, no terminal de ônibus da Cidade Ademar, a gente vê quatro filas esperando por um ônibus. E nenhum ônibus está lá". Os atrasos são muito superiores a uma hora.

Para protestar contra a precaridade do transporte público, especialmente na periferia, os moradores da região já preparam as atividades para o dia sem carro com um debate entitulado "CPI do apagão no transporte coletivo de São Paulo". O relato arrancou aplausos da platéia, deixando o prefeito Kassab e seus secretários com uma cara de Kassab.

Aderiria a Cidade Ademar ao movimento "Pés fora do coletivo" no próximo dia 18?

"Sinto muito por esse juiz"

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O presidente da Associação Internacional de Futebol de Gays e Lésbicas (IGLFA, na sigla em inglês), Thomas Gómez, deu entrevista ao Terra Magazine sobre a sentença do juiz Manoel Maximiniano Junqueira negando a razão de Richarlyson contra José Cyrillo Jr. na acusação de preconceito:

– Em primeiro lugar, sinto muito por esse juiz. Ele não sabe nada sobre esportes ou sobre identidade sexual. Ele precisa urgentemente de um treinamento sobre diversidade sexual.

O presidente da IGLFA foi além. Quando a pergunta foi a respeito da história de "se [o atleta] fosse homossexual, melhor seria que abandonasse os gramados", que fundasse seu time e sua liga, ele foi na canela com precisão cirúrgica:

– Bem, nesse caso, o juiz deve se aposentar, pois não está apto para o trabalho. Na IGLFA nós temos jogadores homossexuais e heterossexuais. Não discriminamos. Por ser homossexual, um jogador não precisa jogar em um time ou uma liga de homossexuais.

Gómez considera que "desequilíbrio" é a única forma para entender o comportamento de Junqueira.

"Pés fora do coletivo": divulgue você também

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Apesar do silêncio dos últimos dias, as articulações nos bares da cidade vão a mil. Todo mundo só fala de no sábado, dia 18, o importante não é boicotar os aviões, mas sim os ônibus.

O sucesso que só a gente vê pode ser ampliado com o seu apoio. Divulgue os banneres exclusivos com link direcionado para a página da campanha "Pés fora do Coletivo", também conhecida como o Futepoca.

A lista de banneres e códigos para divulgar estão numa página de apoio (clique aqui).

Agora, ninguém segura.

Uma tarde de Maracanã

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Domingo, para variar, uma tarde de folga. Simone e eu vamos assistir a Fluminense e Parmera.
Antes de qualquer acusação de vira-casaca, renovamos os votos atleticanos, eu, o original e único Galo. Ela, o Paranaense.

Mas o verdadeiro motivo, ver o Maracanã após as reformas. Ela, conhecer o estádio mais famoso do mundo.

Primeiro, duas boas surpresas: o Metrô que deixa praticamente na porta e a reforma propriamente dita.

Beirando os 60 anos, o Maraca foi totalmente remodelado. Mantém a arquitetura, claro, mas por dentro todos os lugares estão com cadeiras, os banheiros, pelo menos na área que fomos (cadeiras, setor branco), estavam limpos, com água e sabonete líquido, luxo a que não estão acostumados os pobres arquibaldos e geraldinos, e vende-se cerveja Itaipava.

Quanto ao jogo propriamente dito, nada a destacar. Parmera e o Flu têm times medíocres, no sentido de medianos, como quase todos que disputam o Brasileirão. Não se pode acusar os jogadores de falta de vontade, mas, de carência técnica, de talento...

Houve apenas duas jogadas dignas de nota, praticamente iguais, com Edmundo, com quase 40 anos, fazendo assistências para Vadívia. Numa, gol. Noutra, nem lembro direito o que aconteceu, acho que o Ricardo Berna defendeu (estou sendo acometido do mal de Carminha, nossa eminência parda. Eh, memória).

Destaque para os dois telões imbecis. Gastou-se bom dinheiro para algo desnecessário. Na hora do lance, ninguém fica assistindo, até porque seria idiotice olhar para tela em lugar do gramado, ao vivo. Quando acontecem os melhores lances, em que se poderia ver o replay, corta-se a transmissão, vai explicar... Acho que a Fifa proíbe replay, mas então por que instalaram?

Destaque também para Somália: perdeu um pênalti, o rebote, mais um gol cara a cara em que tentou botar a bola por cobertura e saiu vaiado pelos pouco mais de 10 mil torcedores presentes.

Pior que o jogo, só o estado do gramado (vergonhoso) e as reclamações do Renato Gaúcho contra o árbitro. O Gaciba é ruim, como os outros apitadores, mas não fez nada demais. O problema do Flu é de incompetência mesmo dos jogadores e, por que não, do próprio técnico.

No fim, o gosto de ver um jogo no campo, numa tarde agradável, no velho Maraca.

Com Simone contente de conhecer.

Futebol não houve muito, mas valeu.

O show da direita 2: Lula = Palmeiras

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Deveras interessante o chororô do Clóvis Rossi (foto) ontem, 7 de agosto, na Falha de S.Paulo, ainda na esteira da popularidade inabalável do Lula. Sob o título "Os ingratos", o texto do articulista segue o raciocínio torto (ou pelo menos enviesado) de que o índice de 48% dos que consideram o governo "ótimo/ bom", segundo o Datafolha, na verdade "perde" para 51% de "regular" + "ruim/ péssimo" (36% + 15%, respectivamente). Ou seja: toda e qualquer avaliação "regular" registrada pela pesquisa tenderia, necessariamente, para "ruim", e nunca para "bom". Daí essa soma e a conclusão peculiar de Rossi, que, não satisfeito, ainda usou o futebol para tentar justificar sua (torta/ enviesada) tese: "(...) eu nunca festejo a estabilidade do Palmeiras na tabela do Brasileirão. Festejo quando sobe (o que é raro, admito)". Essa foi uma da piores ofensas públicas que já vi ao corintiano Lula: compará-lo ao alviverde do Parque Antartica! E pior: com o raciocínio (torto/ enviesado/ forçado) de que, assim como o Palmeiras, o Lula "não sobe na tabela". Pô, se metade da população gosta do governo e quase um quarto não vê nada de ruim, só posso concluir que o Clóvis Rossi faz parte dos 15% que torcem contra - e está querendo puxar mais gente para o seu grupinho. Chorô, parô.

Dualib no fundo do poço. Quem vem pro lugar dele?

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O Conselho Deliberativo do Corinthians (CD) atendeu aos desejos da fiel torcida e determinou o afastamento de Alberto Dualib e Nesi Curi por 60 dias da presidência do clube. Foram 264 votos a favor do afastamento, cinco contrário (todos da família Dualib) e uma abstenção (do advogado de Dualib, José Alves). Até mesmo alguns de seus "aliados", como o cardeal Wadi Helu, votaram com a maioria.

Foi decidida também a criação de uma comissão de cinco conselheiros para analisar as contas da atual administração. Alexandre Hunes, Rogério Molica, José Carlos de Mattos, José Percival Albano e Osmar Básile têm 60 dias para o trabalho. Caso recomendem o afastamento definitivo de Dualib, será convocada a Assembléia Geral de sócios para votar o impeachment do presidente.

Segundo a Folha de S. Paulo, a maioria dos conselheiros está certa de que o caminho será o afastamento definitivo do cartola. Alguns acreditam que Dualib deverá renunciar antes do prazo de 60 dias. É o caso de Andrés Sanches, certamente influenciado por uma dose forte de torcida. Explico: segundo explicou o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Senger, ao site TimãoNet, se Dualib renunciar toda sua diretoria sai junto, inclusive Clodomil Orsi, que agora ocupa o posto. Dessa forma, Senger assumiria o comando e convocaria novas eleições antes de janeiro de 2009. Sanches é hoje a liderança oposicionista mais influente e seu grupo tem maioria no CD. Uma queda rápida de Dualib o favoreceria, não dando aos rivais tempo de articular suas candidaturas.

O segundo nome mais forte é o de Roque Citadini, presidente do Conselho de Orientação. Segundo apurou a Folha, ele precisaria de tempo para conseguir reunir apoios para bater Sanches. Rubens Approbato Machado ganhou força recentemente, mas não diz se pretende ou não disputar o cargo.

Dos três, apenas Approbato nunca fez parte da gestão de Dualib. Citadini foi por quatro anos vice-presidente de futebol, saiu por se opor à parceria com a MSI. O mesmo cargo foi assumido depois por Sanches, já durante a parceria. Ele deixou as asas do presidente quando Kia Joorabichian começou a disputar poder com Dualib. Sanches escolheu o iraniano.

Aos corintianos, pergunto: qual desses três é o “menos pior” (tenho dificuldade em dizer melhor nesse caso) para conduzir o time? Não consigo escolher nenhum, mas vou pela negativa: Sanches, que apoiou Dualib e a parceria, depois pulou para o colo de Kia e agora é contra a parceria, não me parece nada confiável. Fico entre os outros dois. Approbato é para mim uma incógnita e Citadini pelo menos foi coerente no episódio MSI. Alguém se habilita a palpitar?

terça-feira, agosto 07, 2007

O show da direita

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A "jornada cívica" da elite branca continua produzindo resultados fabulosos. Seu último lance de impacto foi uma ruidosa manifestação em oito capitais brasileiras no último domingo, dia 5. Em todas as cidades onde houve o dito protesto, três mil (sim, isso mesmo, TRÊS MIL PESSOAS) foram às ruas para pedir a saída do presidente da República do cargo.

Desta vez, os "militantes" fizeram a convocatória por um meio peculiar e tipicamente autista, o Orkut. Membros de uma comunidade (sic) intitulada "Fora, Lula", com quase duzentos mil membros, chamou seus participantes para gritar contra o inculto mandatário brasileiro. Logo, descobriram que se é fácil reunir perfis e avatares no simulacro, sair do mundo virtual para o real é bem mais difícil.

A mais "bombástica" manifestação aconteceu em São Paulo. Segundo perspectivas otimistas, duas mil pessoas, cerca de um sexto da média de público do Barueri em sua Arena, nas partidas da Série B do Brasileirão. Já nas outras sete capitais foram outras mil pessoas, uma média de pouco menos de 150 por cidade. Notícias dão conta de que convenções de RPG convocadas pelo tal site de relacionamento levam muito mais gente do que isso, que se assemelha muito ao público médio do São Vicente na quarta divisão do Paulista.

Mas não importa o número de pessoas, o que realmente vale são os ideais. E quem teria coragem de contestar a pureza dos mesmos, como comprova reportagem de Laura Capriglione na Folha de S.Paulo de domingo? O trecho abaixo mostra como o movimento pôde educar os incultos que elegeram o presidente:

Manifestações foram realizadas também em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Vitória e Campo Grande (somadas, reuniram cerca de mil pessoas). A palavra de ordem dominante foi o "Fora Lula". Mas também se ouviram: "Ca-cha-cei-ro, ca-cha-cei-ro", "va-ga-bun-do, va-ga-bun-do" e "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão". Nas faixas e cartazes, o mesmo tom: "Marta, fora, biscate" e "Lula, maldito, relaxa e vaza".

Militantes pela redução da maioridade penal, pelos "direitos humanos (só) para humanos direitos", pela imediata construção de um partido nacionalista conservador, e até o movimento "República de São Paulo", que pretende a separar o estado do restante do país apareceram na manifestação.

Não se via uma só bandeira vermelha. Negros eram os cartazes e as camisetas.

Camisetas negras, como as das milícias de Mussolini que agrediam os trabalhadores na Itália fascistas. Bele referência. Democrática, decerto. Mas claro que o movimento é "popular", o outro trecho abaixo assegura isso:

Com os cabelos loiros e impecavelmente alisados, a empresária e estilista Patricia Guizzardi, 37, recusava ser chamada de representante da "elite branca" (expressão cunhada pelo ex-governador Claudio Lembo). "Eu acho esse comentário até racista. Sou povão. Passei dez carnavais seguidos no Rio de Janeiro, sambando no meio de negros."

Na passeata de ontem, os jornalistas disputavam a desempregada Jessica Verônica Aquino Nascimento, 25, raríssima negra presente. Segundo ela, seus "irmãos de raça e os pobres em geral, infelizmente, ainda são muito ignorantes".

Graças aos céus que temos iluminados que também partilham sua luz.

segunda-feira, agosto 06, 2007

A volta do "escorpião" colombiano

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Depois do retorno do Vampeta aos gramados, que trouxe um pouco de animação ao sem graça futebol tupiniquim, outro ex-atleta está de volta. Nada mais, nada menos que René Higuita, ex-goleiro da seleção colombiana, famoso não somente pelo seu jeito excêntrico como pela mania de sair jogando na linha, o que custou a eliminação da Colômbia na Copa de 1990.


Aos 41 anos, o antes festivo arqueiro, agora mais comedido (foto antes e depois ao lado) estreou no domingo pelo clube venezuelano Guaros de Lara, promovido à primeira divisão por conta da promoção de oito novos times. Ele volta três anos depois de ter tido um exame antidoping positivo para uso de cocaína, o que ocorreu pela segunda vez na sua carreira.

Para quem não conhece Higuita ou não lembra dele, os vídeos das façanhas do moço abaixo:



Edmundo, Valdívia e Renato Gaúcho

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Comentários breves sobre a vitória palmeirense no Maracanã sobre o Fluminense por 1 a 0.

Edmundo deu um passe magistral para Valdívia driblar o goleiro Ricardo Berna e marcar aos 40 do primeiro tempo. Ele mostra que os parmeristas que reclamavam tanto que o veterano não jogava mais nada estavam precipitados. Ou, no mínimo, usando o tempo verbal errado: ele não jogou nada nas oportunidades anteriores, mas voltou a entrar bem contra o Flu.

Depois do gol, durante a maior parte do segundo tempo, o Verdão deixou o adversário crescer e pediu e implorou para tomar o empate. Teve até pênalti contra marcado em falta (se é que foi falta) fora da área. Somália bateu com força e no chão, mas Diego Cavalieri defendeu no canto direito. No rebote, fechou o ângulo. Em outras defesas, garantiu a vitória, relembrando os tempos em que o arqueiro alvi-verde era o melhor em campo sempre (a referência é ao afastado Marcos, registrado como camisa 1 no campeonato).

A perigo no cargo, ao final da partida, Renato Gaúcho reclamou: “Não é choro de perdedor, mas o Fluminense foi prejudicado de novo. Ninguém vai falar que o time está sendo roubado a cada rodada. Posso ser chamado no tribunal que vou repetir isso. O Fluminense vem sendo roubado.”

Não vi o mesmo jogo que o técnico do tricolor carioca. Segundo a Gazeta Esportiva, ele vai ter que explicar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Collor pode perder mandato

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O título é um pouco sensacionalista, admito; mas condiz com a verdade. O TSE sinalizou que pretende expandir para o executivo e o Senado medida que pune com a perda de mandato os políticos que trocaram de partido após a eleição (veja matéria sobre isso aqui).

A idéia, a princípio, seria aplicar a determinação aos deputados e vereadores - que compõem a principal massa de políticos do país e que são os que mais fazem uso do partido para vencerem as eleições. Vale lembrar que nos pleitos para deputados e vereadores os famigerados "votos na legenda" são essenciais para que alguns consigam a vaga no parlamento - e isso gera algumas distorções bizarras, como a turma eleita em conjunto com Enéas Carneiro em 2002.

O TSE já havia aprovado essa determinação; e agora, sob consulta do deputado Nilson Mourão (PT-AC), sinaliza que deve expandi-la para os senadores e representantes do executivo.

Caso a medida seja aplicada a ferro e fogo, perderiam o mandato, de cara, três senadores famosos: Cristovam Buarque (eleito pelo PT, hoje do PDT), Roseana Sarney (do DEM para o PMDB) e o citado Collor, que foi do PRTB para o PTB. Os governadores Blairo Maggi (MT) e Ivo Cassol (RO), que migraram do PPS para o PR, também estão na mira.

Confesso que não tenho opinião formada. É preciso coibir a festa da troca de partidos; por outro lado, nos cargos majoritários não se pode dizer que "o mandato é do partido", como para os outros. Fico em cima do muro. Alguém tem uma opinião melhor?

Fiel o catso!

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Desde sempre ouvi a lorota, repetida ad nauseum, de que a torcida do Corinthians é a única "fiel", que não abandona o time etc etc. Nunca acreditei. O Brasileirão deste ano é a prova incontestável de que, como qualquer outro torcedor, o corinthiano enche estádio só quando o time vai bem - e some quando vai mal. Mentira? Pois vejamos: depois de vencer o portentoso América-RN fora de casa, o Corinthians levou 40 mil pagantes ao Morumbi, no dia 23 de junho, contra o Paraná.
O zero a zero marcou o início do calvário de dez partidas sem vitória. E o que fez a "fiel torcida"? Debandou. Depois do Paraná, o Corinthians recebeu o Palmeiras no mesmo Morumbi. Ora, se 40 mil foram ver o time paranaense, o lógico seria um público superior ou pelo menos semelhante no mais tradicional clássico paulista. Mas o "pé atrás" ficou claro pelos 28,3 mil pagantes (e temos que considerar a enorme parcela de palmeirenses). Pra complicar, o Corinthians perdeu o clássico (1 x 0) e a partida seguinte contra o Sport (2 x 1), fora de casa.
Pois bem, e a "fiel"? No jogo seguinte, em pleno Pacaembu, míseros 8,6 mil pagantes foram ver o 1 x 1 com o Fluminense. Por se tratar de um clássico, o Corinthians x São Paulo, no Morumbi (1 x 1), atraiu 26,9 mil pessoas - público semelhante ao do jogo contra o Palmeiras - e aí também deve-se considerar a boa parcela de são-paulinos. Bom, o time de Parque São Jorge foi a Porto Alegre e perdeu de 3 a 0 do Internacional mas, em seguida, a tão decantada "fiel" decidiu "ir na boa": a partida contra o lanterninha Náutico no Morumbi era prenúncio de goleada e recuperação, e por isso 17,9 mil compareceram. Resultado "inesperado": 3 a 0 para os pernambucanos.
Aí, após o 2 a 2 fora de casa contra o Figueirense, a mentira da fidelidade ficou exposta: 5,3 mil pagantes no empate de 2 a 2 contra o Flamengo (no clássico das maiores torcidas do país) e, no último sábado, só 4,2 mil na vitória por 1 a 0 contra o Goiás - ambos os jogos no Morumbi, afinal, esperava-se mais da "fiel".
Sempre ouvi falar que a torcida do São Paulo não vai a estádio, que não acompanha o time etc etc. Porém, como o Corinthians tem o dobro (ou mais) de torcedores, começo a considerar que, proporcionalmente, os são-paulinos são o tanto quanto - ou mais -"fiéis". Ou não, mas essa conversa de "fiel torcida", que comparece em peso até nos momentos ruins, ninguém engole mais.

Desconsolo

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Simplesmente hilário o desconsolo de Renata Vasconcellos e Renato Machado (foto) no Bom Dia Brasil de hoje, na Globo, ao noticiar a pesquisa do Datafolha sobre a popularidade do presidente Lula, incólume após o linchamento midiático com a tragédia da TAM. De acordo com a pesquisa, 48% dos entrevistados consideram o governo Lula ótimo ou bom, o mesmo índice da pesquisa anterior, em março. Para se animar, Renata Vasconcellos ainda enfatizou que, entre os 8% da população que viajam de avião, a popularidade do presidente caiu. Mas a cara de bunda do Machado traiu sua sensação de "dever não cumprido". Coitadinhos...

domingo, agosto 05, 2007

Cachaça pode salvar o planeta

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Há consenso de que a substituição do uso de combustíveis fósseis pelo de álcool da cana-de-açúcar pode exercer um papel importante na redução do saldo de gás carbônico (CO2) na atmosfera. É que o CO2 emitido quando da queima do álcool corresponde exatamente àquele que a cana-de-açúcar absorveu durante o seu crescimento. Isso, aliás, é bastante evidente. A biosfera é uma grande sistema em equilíbrio, o carbono encontrado em uma planta tem que ter saído de algum lugar, e na deterioração deste vegetal terá que ser absorvido no ambiente de alguma maneira.
O problema dos combustíveis fósseis está no fato de que reservas muito densas de carbono são retiradas de camadas subterrâneas profundas, sem que isso faça parte do atual equilíbrio de todos os seres vivos da Terra. E isso é lançado na atmosfera. O CO2, junto com outros gases, provoca o efeito estufa, que por sua vez leva ao aquecimento global, cujas conseqüências não se sabe ao certo. Há previsões catastróficas, outras nem tanto, mas o certo é de que há e haverá mudanças notáveis.
Diante deste quadro, alguns cientistas já devem estar pensando na teoria que acabei desenvolvendo enquanto consumia doses alternadas de Januária, Armazém Vieira (presenteada por membros do Futepoca) e Claudionor. Não sei em que lugar do mundo, mas sem dúvida isso já deve estar sendo pesquisado. Pois é demasiado óbvio para que não se veja.
Ora, acompanhem o meu raciocínio. Retomo do início: a cana-de-açúcar absorve uma quantidade enorme de CO2 da atmosfera. Um hectare de cana absorve de cinco a dez vezes mais carbono do que a mesma extensão de pasto, por exemplo. Se queimado na forma de álcool, esse CO2 retorna à atmosfera e a conta empata. Mas e se essa mesma cana não for queimada e for consumida na forma de cachaça??? Não haveria emissão para a atmosfera, e retiraríamos quantidades relevantes de CO2 da atmosfera.
Consultei um grande especialista, o engenheiro agrônomo Oscar Antonio Braunbeck, diretor de pesquisas sobre o tema na Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (Feagri). Após refletir um momento, me disse que até concordaria com minha tese, desde que abandonássemos a discussão teórica e partíssemos para a implementação do projeto. Servidas as doses de Januária, ele avaliou que parte do carbono ingerido na forma de cachaça seria exalada e retornaria à atmosfera de todas as maneiras, outra parte seria retida na protuberância frontal do manguaça na forma de gordura. E concordou, para a minha glória, que parte do carbono seria eliminada em formas não gasosas.
Acompanhava a discussão a pesquisadora em Química Maiara Oliveira Salles. Ela alertou para o fato de que parte desse carbono voltaria à atmosfera na forma de gás metano, que é muito mais nocivo em matéria de efeito estufa do que o CO2. Discutiu-se a possibilidade de que cada manguaça portasse um isqueiro para queima de gás metano, em caso de necessidade.
Os efeitos secundários seriam também bastante benéficos. Não se pode tomar cachaça e dirigir ao mesmo tempo. Em geral, os manguaças preferem as posições paradas para consumir o seu néctar. Mais cachaça significaria uma provável redução no número de viagens realizadas pelos manguaças. Devem ser contabilizados aí aqueles que dormem no boteco, que desistem de fazer outras coisas etc.
Assim, está sendo elaborado projeto, a ser encaminhado à ONU, de uma campanha "Cachaça para a vida". Que cada cidadão mundial consuma uma quantidade diária de cachaça, com o intuito de reverter os efeitos do aquecimento global.
Há dúvidas de qual seria a quota diária adequada. Os mais conservadores falam em uma a duas doses diárias; os mais radicais acreditam que se deva consumir em cachaça a quantidade correspondente ao consumo diário em álcool do meio de transporte que utiliza. Ou seja, se você tem um carro a álcool que consome em média dois litros por dia, sua obrigação seria a de consumir os mesmos dois litros em cachaça.
O projeto incluiria a construção de novos botecos e a qualificação de botecos existentes, para que todo manguaça planetário tenha a opção de consumir cachaça de qualidade sem precisar atravessar a rua, para não gastar com transporte e emitir CO2, e também por razões de segurança.
A viabilidade econômica seria conquistada com a formação de um novo mercado, em que se negociariam créditos de cachaça. O cidadão que se abstivesse de cumprir com seu dever cívico e não consumisse sua dose diária poderia adquirir créditos de cachaça de um ativista manguaça, cuja atuação resulte em excedentes de captura de carbono.
Quem duvidava de que o Brasil é o país do futuro já pode voltar a sonhar. Nossa vocação parece ser mesmo a de salvar o planeta.