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quarta-feira, abril 02, 2008

O passeio do Santos, Molina, Quiñones e a altitude

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Quando o Santos foi derrotado pelo Bolívar na altitude de La Paz, em 2003, fui até uma sinuca no bairro de Pinheiros, em São Paulo, onde o gerente era... boliviano. Figura sempre simpática, não tirou sarro da vitória por 4 a 3, e vaticinou: "Aqui, a gente perde". Não perderam somente, tomaram uma "ensacada" de 6 a 0.

Lembrei do boliviano quando o Peixe perdeu para o San Jose, nos mais de 3.700 metros de altitude em Oruro. Prejudicado por um pênalti não marcado no fim da partida, nem assim me incomodei com o placar e pensei: "Aqui, a gente goleia". Foi um 7 a 0, maior goleada do torneio, mas contra uma equipe que é pra lá de fraca tecnicamente. Mesmo assim, foram estes bolivianos que empataram com o quarto da Libertadores de 2007, o Cúcuta, fora de casa. O que mostra um pouco do sofrível nível do torneio continental.

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Sem a altitude, o San Jose seria... pior que o Rio Claro, primeiro rebaixado no campeonato paulista. Pelo menos é o que pensa o treinador do Santos, Emérson Leão. E não deve ser só ele que avalia desta forma, a equipe da Bolívia é de fato muito inferior a times medianos de cá. Daí fica clara a influência da altitude no resultado da partida de ida. E isso se deu não só pelos efeitos "reais", como também pelos psicológicos, já que imprensa e até mesmo comissões técnicas fazem da altitude uma fantasma talvez muito maior do que já seja.

Ainda assim, continuo contra a proibição ou limitação de partidas internacionais na altitude. Nada justifica que um time não possa jogar em seu lugar de origem. Que os calendários sejam modificados para que as equipes possam se adaptar à altitude, até porque outros fatores como gramados esburacados (quantos já não se contundiram por conta disso?), lugares com altas temperaturas e estádios sem segurança também são deveras insalubres e não merecem a atenção especial da Fifa.

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Os bolivianos já sabiam que a chance de derrota era enorme, e nos sites do país apostavam nas duas partidas que irão fazer em casa, contra Chivas e Cúcuta, para se classificar. Mas não esperavam um 7 a 0. O blog do San Jose é taxativo: Santos maltrata San Jose em goleada inusual.

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Molina fez quatro gols e participou de outros lances importantes. Não é craque, mas lembra os antigos camisas dez que não existem mais, aquele armador que consegue chegar à frente e finalizar. Esses estão em extinção e no Brasil, com exceção de Thiago Neves, do Fluminense, não me lembro de nenhum outro meia com essas características.

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Eram 31 minutos do segundo tempo quando anotei aquela que eu achava ser a jogada da noite. Passe forte da esquerda para Quiñones, que havia entrado há pouco. E ele... matou a bola! Sim, ele matou a bola! Emocionei-me com tal destreza de um atleta que mal conseguia andar sem tropeçar na mesma em outras ocasiões.

Pra calar de vez minha boca, fez o sexto gol. Não estava difícil, de fato.

5 comentários:

Marcão disse...

Patético esse blogue do "poderoso" San José. A linha fina da matéria diz: "Apesar do exagero do marcador final, o San José começou firme na defesa e não faciliou a tarefa dos brasileiros".

Imaginem se tivesse facilitado...

Ps.: Glauco, o pessoal do San José deve ter feito a tal simpatia das sete ondas...

Olavo Soares disse...

Dá-lhe Michael, o novo popstar da Vila.

Anônimo disse...

Somos dois, Galuco.
Eu também tenho certeza que a altitude é um fator absurdo de desnivelamento. Mas eu acho que outras coisas que não a proibição de um time jogar em sua cidade de origem deva ser feito.
Parece-me muito forte impedir que um time jogue na cidade de onde ele é. O clube não está lá para se beneficiar da altitude.
Ninguém reclama que a condição econômica dos grandes clubes permite que eles tenham dois times, vários profissionais dos campo de medicina, fisiologia, nutrição e preparação física. Isso também deixa desigual a prática desportiva.
Outra questão, é pela saúde dos atletas. É certo que muitos ficam sem ar e passam mal. Mas, algum já morreu por isso?

Anselmo disse...

se forem esperar morrer pra tomar providencias no futebol, vamos ter problemas. foi assim pra colocarem um desfibrilador nos estádios, depois da morte do Serginho.

mas a altitude tbem é uma certa graça da libertadores. me lembro de uma história da libertadores de 93, qdo o moracy santana começou a ganhar holofotes. o time entrou em campo a 3.700 metros contra o san jose e o bolivar.

o relato está aqui num ebook que encontrei.

Fizeram testes e perceberam que alguns jogadores, como Palhinha, não sentiriam os efeitos da altitude. Resultado, Palhinha fez 3 contra o san jose em Oruro. Contra o Bolivar nao adiantou nada e deu empate de sorte no fim, com gol do raí.

A questão é: pq alguns jogadores não sentem os efeitos da altitude? pq os clubes (sao paulo incluído) nao conseguem fazer o teste-mandrake que o moraci fez há 15 anos?

Nicolau disse...

Quero ver alguém falar de proibir jogos no gelo da Suécia...