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terça-feira, maio 20, 2008

França tenta acabar com o happy hour

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Foto: Joel52/Flickr

Cafés e bares em Paris não podem mais dar desconto em
bebidas alcóolicas no
happy hour.


Cervejinha no fim do expediente pode estar com os dias contados na França. Acabar com as promoções de bebida das 18h às 21h em bares é o principal efeito de um decreto do primeiro ministro fracês, François Fillon. A decisão vem sendo considerado a "morte programada da happy hour" no país europeu, mas pode também acabar com o "open bar".

Segundo a agência Ansa, o texto estabelecido pela Comissão interministerial de luta contra a droga e a dependência de tóxicos fala em "proibição da promoção de bebidas alcoólicas com preços favoráveis, em locais de venda e de consumo (happy hour, open bar) e da venda de garrafas de bebida a grupos de três a cinco pessoas em locais que têm licença noturna".

O motivo é combater o consumo excessivo de bebida. O álcool é apontado como causa de um quarto das mortes no trânsito no país e origem de 36% dos casos de violência doméstica. O aumento do consumo entre jovens e mulheres vem preocupando o Observatório nacional de drogas e dependências de tóxicos da França. Cresceu seis pontos percentuais desde 2002 a proporção de jovens de 17 anos que se embriagaram mais de três vezes no ano. Hoje, um terço deles admitem as bebedeiras. Um em cada 10 encheram a lata mais de uma dezena de vezes.

Apesar disso, donos de bares e casas noturnas devem se opor à proibição dos "preços favoráveis" em locais de venda e consumo. O jornal francês Le Parisien avalia que pode haver um choque econômico grande no segmento de bares. "Acabar com a happy hour é ridículo", acusou Patrick Malvaes, presidente do Sindicato nacional de discotecas e locais de diversão. "São momentos para se reunir que permitem aos bares atrair a clientela", explicou ao mesmo jornal. Segundo ele, a venda dsa 18h às 21h responde por 30% a 40% das vendas de bebidas alcóolicas em média, mas chega a 70% em alguns casos.

Em janeiro, o mesmo empresário se posicionou de modo bastante diferente quando se proibiu o fumo em bares, restaurantes e cassinos. À época, ele declarou que os "os fumantes são uma espécie em extinção", de modo que não traria problema para os estabelecimentos comerciais, sem se preocupar com as 800 casas de Narguillé, equipamento de fumo usado em países árabes.

Em algumas cidades francesas, como Nantes, já existem restrições à venda de bebidas. Promoções do tipo "peça um chopp e tome dois" no começo da noite em happy hours são vedadas. O mesmo vale para festas open bar, nas quais se tem acesso a bebida à vontade mediante o pagamento de um valor fixo inicial.

No Brasil, algumas cidades aplicam a Lei Seca depois das 23h, com intuito de conter a violência urbana e, principalmente, homicídios. Diadema, na Grande São Paulo, é considerada uma das pioneiras, já que adotou a medida em 2002. Em um raio de 100 metros de escolas, é proibida a venda de bebidas em qualquer horário.

8 comentários:

Glauco disse...

Lá vem o brimo defender as casas de Narguillé francesas... Agora, é impressionante o cerco às liberdades individuais nas legislações elaboradas por aí. Que tal instituir uma dose de soma pra cada pessoa no mundo e todo mundo fica feliz?

Marcão disse...

A Lei Seca em Diadema (SP), com fechamento dos bares às 23h, colaborou para a queda da violência contra as mulheres, redução de 80% dos atendimentos nas unidades de saúde motivados por embriaguez e, principalmente, a diminuição em 67% dos índices de homicídios. Em seis anos, os assassinatos caíram de 238, em 2001, para 78, em 2006.

Anônimo disse...

Em Brasília os bares fecham as 01h. Quem aguenta aquela cidade?

Nicolau disse...

É, como mostra o Marcão, os números dizem que menos alcool na galera equivale a menos mortes violentas e outras tranqueiras. Mas no happy hour, poxa vida?
Sobre o soma, Faria, se tiver, eu aceito!

Marcão disse...

Admirável goró novo...

Glauco disse...

Devagar com o andor, gente. Como disse num post do Papo de Homem, a violência em Diadema não caiu apenas com a Lei Seca. Mas, em relação a ela, a questão é que bares abertos até tarde, quando o policiamento é pequeno ou simplesmente não existe, propicia que as pessoas se agrupem e esse é o cenário ideal para vinganças e chacinas.

Mas, além da Lei Seca, Diadema tomou muitas outras medidas, como a implementação de programas sociais nas regiões periféricas. E, como se sabe, a presença do Estado por esse meio nesses locais diminui a violência. O mesmo ocorreu com o Jardim Ângela, em São Paulo, que deixou de ser o bairro mais violento da capital. Infelizmente, a lógica que impera no combate à violência é a repressão e a proibição, que não dão certo como se sabe.

Mas, quanto à proibição de álcool nos estádios, faça as contas. Uma pessoa passa em média pouco mais de duas horas e meia em um estádio. Quando o jogo rola, ninguém levanta pra ir comprar cerveja e, em geral, execra os ambulantes que atrapalham na hora de assistir o jogo. No intervalo, são poucos os que se aventuram a pegar fila para comprar alguma coisa. Dá pra ficar brutalmente bêbado nesse espaço de tempo com a disponibilidade de compra que se tem em geral? Ou será que o problema da violência são os criminosos infiltrados nas torcidas organizadas?

Anônimo disse...

sobre diadema, li uns textos que falam que, em 2004, foram 41 homicídios. se estiverem corretos os dados do link e do marcão, o número de mortes violentas subiu.

isso reforça a tese do glauco, de que teve outras medidas associadas.

agora, os objetivos são diferentes.

na frança querem mitigar o alcoolismo. em diadema, a violência.

em um, o álcool tem um vínculo direto e óbvio. no outro, é uma das questões.

Marcão disse...

"Devagar com o andor" me lembrou a queda da estátua de São Jorge lá no Curintia...