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terça-feira, agosto 19, 2008

No butiquim da Política - CPI: esclarecimento ou esconderijo?

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CLÓVIS MESSIAS*

CPI virou farra. O oportunismo toma conta das comissões parlamentares de inquérito. Por qualquer motivo, desde que seja eleitoral e não para apuração de irregularidades, convoca-se. É na Câmara Federal, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais que estão proliferando as CPIs, principalmente quando há chance de aparecer na mídia. Aí, o que acontece? Nada se apura, faz-se o uso político e o dinheiro público, que deveria retornar para nós, desaparece.

Aqui no boteco, a moçada está ficando indignada. Não se justifica a ineficiência parlamentar afirmando que o presidente da República, o governador ou o prefeito têm maioria. Não é verdade absoluta. Sim, eles têm maioria, mas a atividade parlamentar, quando bem feita, consegue esclarecer. O que não dá mais para ouvir é eles ficarem falando, nos três níveis, federal, estadual e municipal, que não dá para enfrentá-los.

Porque, próximo das eleições, os parlamentares conseguem convocar, de afogadilho, as CPIs. Só no início deste mês, em São Paulo, a Assembléia Legislativa convocou cinco. Agora, se vão atingir o objetivo, é outra história. Aqui no butiquim ninguém é contra CPI, aliás, acreditamos que o legislativo é a mola mestra da democracia. Mas, quando o legislador se esconde atrás de um argumento oportunista qualquer, é sinal de que nós temos que reciclar o parlamento.

É tanta conversa fiada sobre CPI que as eleições estão quase escondidas. Não se deixe iludir pela cortina de fumaça eleitoral.

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

5 comentários:

Anônimo disse...

Como assim o legislativo é a mola da democracia?

Anônimo disse...

*a mola mestra, esqueci de completar.

Marcão disse...

Esse "é" talvez tenha o sentido de "deveria ser", Carlos.

Nicolau disse...

É o Poder que tem a representação mais decmocrática entre os três, onde as decisões deveriam espelhar o melhor possível as vontades da população e onde a multiplicidade deveria servir como controle, com um deputado vigiando o outro para o melhor cumprimento de seus papéis. Tudo isso fica no deveria claro, já que as coisas por aqui são bem complicadas.
Sobre as CPIs, acho um saco, perderam a função de investigação que já tiveram. Viram circo puro. Lembro do caso do José Dirceu que falavam, com a maior naturalidade, que naõ interessava se ele era ou não culpado de alguma coisa, pois já seria condenado no "julgamento político". Ora, que catso de conceito de justiça é esse? E diria o mesmo se fosse o ACM ou o FHC. A coisa não pode ser tão leviana assim...

Anônimo disse...

Não estariam o Executivo e parte do Judiciário com a mesma representação democrática?