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segunda-feira, setembro 22, 2008

Cachaça, arroz, ovo e lingüiça: receita do Palhares

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Meu sobrenome tem origem ibérica. Digo isso porque, apesar de meu trisavô ter sido um legítimo português, do nome (Manoel) aos bigodes, já ouvi falar que os Palhares também têm seu ramo na Espanha. Aqui no Brasil, pelo o que sei, a família se dispersou primeiro por Minas Gerais. Meu pai conta que nossos ascendentes viveram um tempo na cidade mineira de Ouro Fino, antes de irem para o interior de São Paulo, onde nasci. Numa comunidade do orkut sobre os Palhares, a grande maioria dos participantes é de Minas - e isso com certeza tem a ver com minha espontânea e absoluta identificação com os mineiros e sua maneira de ver e viver o mundo. Pois bem, faço esse preâmbulo porque, apesar de (infelizmente) ainda não conhecer Belo Horizonte, um de seus redutos boêmios mais tradicionais é o Café Palhares, que neste ano está completando sete décadas de existência. E foi lá que surgiu uma das comidas de buteco mais famosas do país: o Kaol (acima, à esquerda) - sigla de cachaça (com "k", por uma questão de estilo), arroz, ovo e lingüiça.

Reza a lenda que o Café Palhares foi fundado pelos irmãos Antônio e Nilton Palhares Diniz em junho de 1938, na rua Tupinambás, quase esquina com a avenida Afonso Pena - onde funciona até hoje. Em 1944, foi vendido ao uberabense João Ferreira ("Seu Neném") e seu cunhado Aziz. Hoje, o lugar é administrado por João Lucio e Luiz Fernando, filhos de "Seu Neném". Quem chega ao estabelecimento já vê uma placa dependurada na parede com o seguinte dizer: "Ser mineiro é comer um Kaol". Batizado pelo radialista e boêmio Rômulo Paes, o prato foi incrementado com o passar do tempo e, a partir da década de 1970, adicionou à cachaça, arroz, ovo e lingüiça a farofa, couve e torresmo. Hoje, a lingüiça pode ser trocada por pernil, carne cozida, dobradinha, língua ou peixe. E ainda leva molho de tomate por cima, como toque final. De fato, uma ótima pedida antes de começar ou depois de enfrentar uma bebedeira.


Ah, e o melhor é que, além do Kaol, que inclui cachaça, o Café Palhares (foto acima) também tem a ver com o Futepoca pelos outros dois motivos: sempre foi um local de encontro político e futebolístico. Era freqüentado por gente como Juscelino Kubitschek e Magalhães Pinto e por lá sempre passavam os candidatos em campanha eleitoral. Quanto ao futebol, basta dizer que, antes de existir o Mineirão, eram vendidos lá os ingressos para os jogos do Atlético-MG e do Cruzeiro no estádio Independência. Ou seja: parada obrigatória para os futepoquenses e simpatizantes em BH.

6 comentários:

Nicolau disse...

PO, bora fazer um rolê em BH?

Anônimo disse...

Marcão, afortunadamente estive três vezes em BH. Em todas elas com a mesma missão: botecar. Na última, agora em maio, tive o prazer de conhecer o butequim, denominação que eles mais gostam de usar, objeto de seu post. É tudo isso que imagina. Ou maaaaiiissssss! Só uma pequena reparação. Ele não é tão boêmio como gostaríamos, pois fecha às onze da noite. Como fica no Centrão, seria meio arriscado varar a madruga. Mas se bem que das cinco às onze até que é um bom tempo para uma encachaçada. Marcão, não conhecer BH é falha imperdoável no seu currículo. Eis aí um verdadeiro santuário para os pés de cana. Uma Fátima dos manguaceiros. Adaptando Lenine, "diga aí, diga lá, você não foi a BH nêgo/então vá/então vá". Abraço.

Glauco disse...

A BH do mercadão (está em risco mesmo?) e dos petiscos sensacionais. Lá, provei uma língua ao molho madeira espetacular. Pecado não ir lá.

Anselmo disse...

Então o Futepoca vai lançar o Futepoca Turismo, a sua viagem etílica para mais de cento e duzentos destinos. E o melhor, ninguém vai esquecer você desacordado no bar! (o glauco não pode ser monitor)

Anônimo disse...

Putz, Glauco. Você falou de uma verdadeira catedral etílico-gastronomica,o Mercadão de BH. Lá é o ponto de um dos melhores botecos do universo, o Casa Cheia. É um dos lugares que mais preza a arte do bem comer e beber. Sensacional! Quando forem lá procurem o Ilmar, o dono da casa. O figura é gente finíssima. Aquilo é como um Meca. Antes de morrer, todo o cachaceiro que preza seu vício tem que ir até lá. Ali você encontra o verdadeiro sentido do copo.

Glauco disse...

Chico, o mercadão é épico mesmo e ainda dá pra fazer uma comprinhas de cachaça pra viagem.

Agora, repilo esse tipo de acusação feita pelo Anselmo. Esquecer alguém no bar é algo que acontece a qualquer um uma vez na vida. O senhor vai ter que responder isso em juízo.