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segunda-feira, setembro 15, 2008

O Santos mais aliviado e o enigma Cuca

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Já virou rotina. De novo, Kléber Pereira foi o personagem de uma partida, agora contra o Fluminense, de todas as formas que um atacante pode ser protagonista. Primeiro, tentou fazer um gol de primeira em um lance em que seria mais fácil dominar e chutar, já que estava de cara pro gol. Chutou pra longe. Em segredo, foi xingado por santistas, embora tenha crédito.

Na segunda oportunidade, recebeu uma bola no lado direito do ataque, bem longe da área. Com uma virada sobre o marcador, tentou um chute por cobertura e a bola passou perto. uma oportunidade "achada", jogada de rara beleza e oportunismo.

Quando apareceu pela terceira vez, fez seu décimo-oitavo gol no Brasileirão. Depois de um belo passe de Cuevas, se livrou fácil de Roger e chutou no canto direito de Diego. No segundo tempo, apareceu algumas vezes impedido, deu belas assistências, mas pouco ameaçou. No geral, foi de novo a estrela e ajudou o Santos a livrar três pontos da zona do rebaixamento, colocando mais dois adversários atrás de si.




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Cuca armou um esquema com três zagueiros, pra variar. Com um meio de campo com mais três volantes, sofreu pressão do Santos e criou somente uma oportunidade de gol no primeiro tempo, graças à ineficiência do lateral Kléber, de novo, uma pálida sombra de atleta. Em desvantagem, na segunda etapa colocou Somália e o Fluminense foi mais agudo. Márcio Fernandes demorou pra tirar o - de novo - apagado Molina e até o fim persistiu com um estafado Cuevas (que de bom mesmo, só a assistência para o primeiro gol, além de muito esforço). Tomou pressão, mas a incrível falha de marcação da defesa do Fluminense em um escanteio resultou no segundo gol, de Bida. O gol carioca quase nos acréscimos deu emoção à partida, mas a vitória alvinegra foi merecida.

Interessante que, no meio da transmissão, um repórter retratou uma reação de Cuca. O treinador lamentava que um determinado jogador não tinha entendido sua orientação. No Santos, vários atletas se queixaram que era impossível apreender alguns dos posicionamentos táticos exigidos pelo técnico.  Isso remete a reflexões interessantes.

Há técnicos que conseguem ser bem sucedidos com alguns elencos, mas fracassam repetidas vezes depois. Cuca, se não foi campeão com o Botafogo, fez um trabalho interessante com um grupo limitado. Mas tinha em alguns jogadores - como Túlio e Lúcio Flávio - muita confiança, e parecia que eles traduziam o que pretendia o chefe para os demais. Sem referências e sob pressão, como no Santos, não conseguiu êxito e no Fluminense, em que pese uma campanha razoável, as opções disponíveis davam a entender que poderia se sair melhor. Por enquanto, nada.

Vejo o treinador e lembro de Cabralzinho. Técnico do Santos em 1995, fez uma equipe capitaneada pelo desconhecido Giovanni e com jogadores considerados refugos como Marcos Adriano, Jamelli e Macedo, armou um belo time de futebol, que só não foi campeão no Brasileiro porque... bom, todo mundo sabe. Mas, depois dessa campanha, foi preterido em relação a Candinho no ano seguinte e nunca mais obteve sucesso com outro time daqui. Voltou para o Oriente Médio e em rápidas incursões nesse meio tempo em clubes brasileiros - inclusive no próprio Santos -, não vingou. Conseguiu uma mágica porque sua integração com aquele elenco era perfeita. Quando os dois se separaram, tanto um quanto o outro decaíram. Estaria Cuca fadado a ser um novo Cabralzinho?

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Pela tabela atual, o Brasileirão tem grupos de times com interesses bem distintos. A luta contra o rebaixamento envolve oito times. Vasco, Fluminense, Portuguesa e Ipatinga seriam os quatro atuais rebaixados, mas a distância entre o décimo-segundo colocado, Atlético (MG), e a Lusa é de apenas sete pontos. O que mais impressiona nesse bolo é a derrocada do Figueirense, hoje com 28 pontos e a só dois da região da degola.  Estreou no segundo turno na nona posição e hoje está seis postos abaixo.

Seis pontos acima do Galo, o Internacional inaugura outro grupo: daqueles que brigam pela Libertadores. Com 36 pontos, o clube gaúcho está a seis da quarta vaga, hoje ocupada pelo Botafogo (com o mesmo número de pontos do São Paulo, quinto). Entre eles, outros seis times e acima Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro, que disputam o título junto com o Alvinegro carioca e o Tricolor paulista.

Em relação ao ano passado, na mesma rodada, algumas diferenças. A essa altura, uma vaga do rebaixamento já estava praticamente definida, já que o América (RN) tinha 11 pontos e estava a 15 do penúltimo colocado. Goiás, Sport e Corinthians estavam a quatro pontos da zona do rebaixamento, mas a sete de uma vaga da Libertadores. Ou seja, havia mais possibilidade de ascensão do que para o Atlético (MG), que se encontra a quatro da zona da degola, e para os que estão abaixo dele.

Claro que o hiato de seis pontos que separa o grupo de cima do de baixo vai sofrer alterações, mas a emoção da competição hoje reside no fato de que, quem não luta contra o rebaixamento, briga pela Libertadores. Um campeonato sem meio termo.

5 comentários:

Anônimo disse...

1995 - Recordar é viver.

Filipe Araújo disse...

O Kléber não tem mais a velocidade dos tempos de Atlético/PR, mas a colocação que demonstra é algo impressionante.

Abrazo!

http://gambetas.blogspot.com

Anônimo disse...

Como o Zito disse, esse Cuevas é um "jogadorzinho"...
Boa a comparação do Cuca com o Cabralzinho.
O curioso é que essa face chorona e medrosa não combina com seu estilo malandro dos tempos de jogador, quando fingia estar machucado pra não jogar.
bjs!

Anselmo disse...

Cuca e Cabralzinho. taí.

que tristeza a lusa, hein?

Glauco disse...

Victor, nesse caso, recordar é passar raiva, rs.

Bia, quanto ao Cabralzinho, deixo claro que sou grato a ele por ter feito um time imporvável jogar muito, mesmo não tendo sido campeão graças à dupla que o Victor apontou. Mas o interessante é que o Cuca fez um time, o Botafogo, jogar bem (não como aquele Santos), também foi prejudicado por arbitragens (de novo, não como aquele Santos) e não conseguiu um título com esse trabalho.

Capacidade tanto Cabralzinho quanto Cuca possuem, mas não sei se conseguem ou conseguiram se adequar ao que se tornou o futebol brasileiro, um verdadeiro covil que envolve diretorias cujos membros batem cabeça e trabalham contra, pressão de organizadas e imprensa que faz campanha pra técnico. Não é à toa que Cabralzinho está na Tunísia, talvez lá seja mais organizado que aqui.