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quarta-feira, outubro 01, 2008

A importância de um líder manguaça

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De volta de uma viagem à Alemanha, meu colega de trabalho Gerson, já citado em outro post, conta uma historinha interessante que ouviu na cidade medieval de Rotemburgo (Rothenburg ob der Tauber). Em 31 de outubro de 1631, em plena Guerra dos Trinta Anos, a cidadezinha foi sitiada e ocupada pelas tropas da Liga Católica, chefiadas pelo general holandês Johann Tserclaes, conde de Tilly (acima, à esquerda). Enfurecido com a resistência oferecida pelos habitantes (todos protestantes), que provocou a morte de vários soldados católicos, o militar convocou as autoridades locais para tratar da rendição, em uma taberna, ameaçando destruir Rotemburgo e enforcar quatro conselheiros do prefeito Georg Nusch em praça pública.

Na hora da reunião, o taberneiro, querendo agradar, ofereceu ao general invasor o melhor vinho local (o famoso Franken Wein, vinho da região da Francônia), num canecão. Na época, o hábito era passar a enorme caneca de boca em boca, como o chimarrão gaúcho, para cada um tomar um gole. Tilly bebeu mais de uma vez e, já meio manguaçado, zombou dos inimigos, apostando que não haveria homem na cidadela capaz de beber aquele galão inteiro de vinho, correpondente a 3,25 litros, de um gole só. O prefeito Nusch se sentiu no dever de enfrentar o desafio, mas com a condição de que Tilly se retirasse de Rotemburgo sem represálias. Pois o manguaça entornou o canecão inteiro e Tilly preservou a cidade e os conselheiros. Dizem que Nusch ficou em coma 3 dias. Mas sobreviveu para ser reeleito 14 vezes!

Seu feito histórico foi eternizado como o "Meistertrunk", "gole de mestre". Hoje, há um relógio na Prefeitura cujos carrilhões recordam o feito duas vezes ao dia, das 11h às 15h e das 20h às 21h. Numa janela, sai uma estátua de Tilly, perplexo, enquanto na outra sai uma de Nusch entornando lentamente o galão (acima, uma gravura do prefeito manguaça, com a inseparável caneca). O engraçado é que seu nome, Georg Nusch, é quase idêntico ao de outro político bebum, que preside um certo país da América do Norte. E ainda vem o Larry Rohter criticar a cachaça do Lula! Ora, faça o favor...

4 comentários:

Nicolau disse...

Excelente! Mais uma prova da importância da manguaça para a mobilização poltíca dos povos. Parabéns, De Palhares, pela bela pesquisa histórica.

Glauco disse...

Esse é um povo que sabe reconhecer e premiar os manguaças de nível.

Anselmo disse...

sobre o Larry Rohter, vamos lembrar quais foram as fontes dele em 2003?

- Leonel Brizola, à época um desafeto
- Diogo Mainardi (de texto citado de sua coluna que, aliás, foi o gancho da matéria ao sugerir que o presidente parasse de beber em público)
- Cláudio Humberto (piadas sobre o aerolula tiradas de sua coluna)
- Ali Kamel (trecho de sua coluna em que escreveu que o fato de prestarem tanta atenção ao que o presidente bebia era um sinal ou indício de preconceito)

Outras fontes são mantidas em off e dão como verdadeiros episódios folclóricos além de atribuir todas as gafes à manguaça. E todo mundo sabe que apenas as gafes depois do meio dia é que podem decorrer do mé... hehe

Piadas à parte, isso não tem nada a ver com a pressão pro NYtimes tirar o cara daqui feita pelo governo. Tem só a ver com péssimo jornalismo. O original, em inglês, tá aqui.

Aproveitando esse gancho, se o prefeito entornou e foi reeleito 14 vezes, você tá defendendo a tese do 14º mandato?

Marcão disse...

Para o Lula, eu defendo até o 15º. Com direito à saideira!