Destaques

sábado, agosto 23, 2008

O ouro feminino: um triunfo de renegados

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O jogo estava 24 a 19 para o Brasil. A equipe tinha 4 match points para chegar a uma inédita decisão nas Olimpíadas. De repente, o apagão. A Rússia vence o quarto set e leva a semifinal para o tie-break. De novo, a seleção tem a vantagem. De novo, desperdiça. A Rússia disputa o ouro, enquanto uma perplexa e cabisbaixa equipe não encontra ânimo para obter o bronze.

As críticas chovem. A jovem Mari é taxada de “amarelona”, assim como outras atletas. O treinador José Roberto Guimarães é afrontado, tendo ainda contra si o contraste do novo
pop star do vôlei, o performático e histriônico técnico Bernardinho. E logo os dois teriam um embate público.

Guimarães insinua que a levantadora Fernanda Venturini obedece às instruções de seu marido, e não as suas, repassando informações que seriam do âmbito da equipe feminina. Já o capo da seleção masculina dedica o título à esposa e afirma que ela teria “transformado a história do vôlei feminino no Brasil”.

A inimizade entre os dois estava selada. Pior para Guimarães, já que Bernardinho virou exemplo de sucesso. Bem pago para estrelar campanhas publicitárias de gosto duvidoso e palestras motivacionais para executivos, continuou tendo sucesso à frente da seleção masculina. A seleção feminina também colecionava trunfos, mas o peso de Atenas pairava sobre todo o time. Os homens se tornam campeões mundiais em 2006, e o treinador dedica novamente a conquista a Fernanda.

A derrota no Pan e o fantasma de Fernanda

Nos quatro anos que separaram a Grécia da China, os dois se enfrentaram em partidas válidas pela Superliga feminina, Bernardinho à frente do Rexona e Guimarães comandando o Osasco em 2005. A rivalidade chegava a níveis exorbitantes, tanto que, após uma derrota para o time paulista, o treinador da seleção masculina quebrou a porta de um vestiário do ginásio osasquense. No Mundial feminino, nova derrota para a Rússia.

Veio o Pan, a medalha de ouro para os homens e as mulheres, novamente, ficavam a ver navios com a derrota para Cuba na final. O selo de “amarelão” se consolidava. Como Felipão teve de agüentar o lobby em prol do veterano Romário em 2002, Zé Roberto em 2008 se via às voltas com o fantasma de
Fernanda Venturini. Por obra e graça sabe-se lá de quem, vaza um e-mail pela imprensa onde a levantadora se oferece para voltar a jogar e ir a Pequim.

O técnico não assume um enfrentamento e, em um primeiro momento não descarta a convocação dela, mas no fim não a chama. A titular é Fofão, reserva de Fernanda por dez anos na seleção. Em abril de 2008, o Zé Roberto chama Mari, afastada desde o Pan para “amadurecer”, e traz também de volta a experiente Waleskinha, longe da seleção desde 2006.

Zé Roberto segue longe dos holofotes, e a imprensa chega até mesmo a dizer que a boa fase da seleção feminina deve-se também ao rival Bernardinho, que foi durante sete anos comandante da seleção. Esquecem, porém, o quanto o inverso é tão ou mais verdadeiro, já que Guimarães foi o primeiro técnico brasileiro a conquistar ouro olímpico em esportes coletivos, com a vitória da seleção em 1992. Foi o primeiro a exigir dos atletas
versatilidade de funções, o ataque de todos os lados da quadra, diferenciais em relação às demais equipes. Rompeu justamente com o estigma do “quase”, sedimentando o caminho trilhado por gerações anteriores e pavimentando as futuras conquistas.

E em 23 de agosto de 2008 veio a consagração maior. De novo, o treinador fez história ao obter o primeiro ouro para o Brasil em esportes coletivos femininos, sagrando-se o único técnico a obter o ouro olímpico no vôlei masculino e feminino. E, junto dele, Fofão, a melhor levantadora do torneio, uma ex-reserva que mostrou o quanto soube agarrar a oportunidade que teve. Mari, maior pontuadora naquela semifinal contra a Rússia com incríveis 33 pontos e mesmo assim massacrada, soube dar a volta por cima. Paula Pequeno, que ficou de fora de Atenas por conta de uma ruptura de ligamentos no joelho e depois ficaria afastada em função de uma gravidez, também deu um exemplo de superação, assim como todas as outras que conseguiram afastar o estigma de “amarelão”. Uma seleção que honrou a tradição de ataque do vôlei, mas que tornou o bloqueio uma arma poderosíssima, tanto quanto a defesa. Obra do técnico que, segundo
Carol Gattaz, cortada da seleção antes dos Jogos, “soube administrar egos e vaidades”, além de inovar novamente no aspecto tático. E obra de um grupo que soube suportar críticas e dar a volta por cima, com uma obstinação e frieza de vencedoras.

Que os homens vençam amanhã. Mas as mulheres já são as verdadeiras heroínas dos Jogos de Pequim. E Zé Roberto é o maior técnico da história do vôlei brasileiro.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Maurren é ouro!

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Que a Maurren Maggi ganhou o ouro olímpico no salto em distância todo mundo já sabe. Mas é uma conquista tão absurdamente especial que não dá para passar em branco. Em 2003, no auge da carreira, logo depois de fazer sua melhor marca pessoal, a atleta tomou uma suspensão de dois anos por doping. Todo mundo conhece a história também. Não foi doping coisa nenhuma, mas as decisões do mundo do esporte são cruéis. Ela abandonou a carreira e teve uma filha.
Aí ela voltou aos 30 anos - deixa eu falar de novo: TRINTA anos - para o esporte e, em dois anos, ganhou o ouro em uma Olimpíada. E colocando a responsabilidade nas próprias costas. Antes da competição, cobrou de si mesma um resultado que não podia ser menor do que ótimo, e depois ainda disse que não ficou satisfeita com a distância alcançada. Foi ainda a primeira medalha de ouro conquistada por uma brasileira em modalidades individuais.
Essa é uma das grandes histórias da Olimpíada. Haja volta por cima! Parabéns Maurren! Foi sensacional.

Uma pontinha de esperança para o santista

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Em tempos de Olimpíadas, com vários casos de doping pipocando (como em todo evento olímpico, aliás), o Santos teve uma boa notícia na área. A Fifa aceitou o recurso do clube contra a suspensão do volante Rodrigo Souto, flagrado em exame antidoping na partida contra o San Jose, na Taça Libertadores da América. Como o atleta vinha treinando normalmente, pode ser escalado já na partida contra o Cruzeiro, domingo, na Vila Belmiro.

O jogador, cujo exame detectou a presença de cocaina, não entrava em campo desde o dia 16 de julho, quando o Santos tomou um chocolate do Figueirense por 3 a 0 em Florianópolis. Embora livre da punição da Fifa, ele continua suspenso das competições organizadas pela Conmebol e o caso segue na Corte Arbitral do Esporte eo órgão pode remeter novamente o assunto à Fifa. Que os advogados do Santos trabalhem.

África, a capital do futebol em 2009/10

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A notícia não é nova (é de março). Mas eu não sabia, então acho que cabe o post. Em 2009, o Mundial Sub-20 acontecerá no Egito, e o Sub-17 será realizado na Nigéria.

"E daí?", perguntará um leitor mais sagaz. E daí que é o seguinte: ao abrigar esses eventos, a África polarizará as disputas do futebol mundial no próximo biênio. Além desses torneios já citados, também em 2009 acontecerá a Copa das Confederações, na África do Sul e, em 2010, a Copa do Mundo, na terra de Nelson Mandela.

É um momento único para o futebol africano. Que precisa se consolidar. Apareceu para o mundo com a seleção de Camarões e suas boas campanhas em 1982 e 1990; Nigéria, em 1994 e 1998, e Senegal, em 2002, também tiveram um ótimo desempenho, e há atletas africanos em praticamente todas as equipes de ponta para o futebol mundial, como Essien, Drogba, Kanouté, Diarra e por aí vai.

Se por um lado a África é respeitada, por outro não dá para negar que paira um clima de "eterna promessa" sobre o continente. Depois da euforia provocada por Camarões, esperava-se ver africanos lutando pelo título das Copas do Mundo seguintes, mas as seleções do continente não chegaram sequer às semifinais - trunfo que até a Ásia conseguiu, com a Coréia do Sul em 2002 (com ajudinhas da arbitragem, não se pode esquecer).

Talvez sediar os quatro principais eventos do futebol de seleções em dois anos impulsione o extra-campo do futebol da África, e seja o empurrãozinho que o continente precisa para deixar de ser a "eterna promessa" do futebol mundial.

Brasil desconta os 3 a 0 da semi nos belgas. E daí?

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Dizem que o Dunga foi para a China para passar protetor solar. No final, levou um bronze contra a Bélgica. E uma bela de uma cenoura dos argentinos!

"Discípulos" de Felipão comandam futebol nacional

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Se o Corinthians vencer o CRB neste sábado (o que não é difícil, pois os alagoanos são os lanternas da série B), o futebol nacional confirmará um panorama interessante. No caso de vitória por 1 a 0, o alvinegro de Parque São Jorge, líder da competição, chegará a 42 pontos em 20 partidas, com 12 vitórias, 6 empates, 2 derrotas, 37 gols pró e 14 contra (saldo de 23 gols). Curiosamente, o Grêmio de Porto Alegre, líder da série A, tem campanha muito semelhante: 44 pontos em 21 jogos, com 13 vitórias, 5 empates, três derrotas e os mesmos 37 gols pró e 14 contra, com idêntico saldo de 23 gols. Seria só uma mera coincidência?

Como não acompanho a série B e pouco vejo das partidas dos gaúchos, não me atrevo a fazer um paralelo "tático" ou apontar qualquer outro padrão entre as duas equipes. Mas há um detalhe pouco explorado: os técnicos de Grêmio e Corinthians são, respectivamente, os gaúchos Celso Roth (de Caxias do Sul) e Mano Menezes (de Santa Cruz do Sul), um e outro considerados "discípulos" de Luiz Felipe Scolari, o Felipão (atual técnico do inglês Chelsea e natural de Passo Fundo). Ou seja, membros da chamada "escola gaúcha" de técnicos, com muita marcação, força no meio-de-campo e festival de gols de bola parada e de chuveirinho na área.

Como disse, não sei se esse é o caso dos atuais líderes das séries A e B do Brasileirão, mas que o - ótimo - trabalho dos dois técnicos deve ter alguma coisa a ver com suas características de origem, isso dá o que pensar. Será que teremos uma dobradinha gaúcha no final do ano? Comentários de corintianos e gremistas sobre o padrão tático dos times são bem-vindos.

Ps.: Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, é gaúcho de Ijuí. Mas é melhor não fazer qualquer relação entre seu trabalho e o de seus conterrâneos...

"Não sei o que aconteceu..."

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É interessante ver o quanto os jogos Olímpicos de Pequim deixaram muitos perplexos. Decepções, frustrações e dá-lhe pedidos de desculpa padrão: “Queria pedir desculpas a todos por...”. Ah, pelamordedeus. Perder faz parte do esporte, da vida, e do mundo mágico das canetas, aquele lugar de uma dimensão desconhecida que armazena todas aquelas que você perdeu durante a vida.

Mas uma pergunta tem saído com relativa freqüência no mundo esportivo durante os últimos dias. “O que aconteceu?”, que poderia ser substituído por “Como assim?” e similares. Vários personagens nos brindaram com essa pergunta, como se alguém pudesse de fato respondê-la. Abaixo, alguns dos “enduvidados” cartesianos.

“Não sei o que acontece com a gente nas finais”, Marta, sobre a final olímpica, mais um vice pro Brasil. Também não sei, mas já está virando um hábito pouco saudável.

“Não saio, não bebo, não fumo, me dedico 100% a isso, então não sei o que aconteceu”, Jadel Gregório, após o sexto lugar. Não sai, não bebe... e não sabe o que aconteceu? Ah, faça-me o favor...

“A mão estava lá, ela estava lá. Eu não sei o que aconteceu”, Lauryn Williams, do revezamento 4 por 100 m masculino, justificando a queda do bastão que tirou a equipe estadunidense da final. A constatação de que nem ele nem o companheiro Tyson Gay tinham ficado manetas no meio da prova é de uma racionalidade a toda prova.

"Eu confesso que não sei o que aconteceu aqui hoje", Pradeeban Peter-Paul, mesatenista canadense, sobre a derrota pra o brasileiro Gustavo Tsuboi no tênis de mesa individual. E ainda completou: "ser eliminado por um cara como o Gustavo é algo terrível". Quanta humildade...

“"Não sei o que aconteceu. Tudo estava indo bem”, Diego Hipólito, após a queda, no melhor estilo “Meu Mundo Caiu”.

“Se eu estivesse machucado ou não tivesse treinado direito, tudo bem. Mas me preparei muito para estar aqui, não tem explicação o que aconteceu”, César Castro, dos Saltos Ornamentais, ao explicar o medonho desempenho no trampolim. Tudo bem, Castro, todo mundo estava dormindo quando você competiu mesmo.

“Não sei o que acontece no time”, Márcio Fernandes, treinador do Santos, depois do empate com o Ipatinga. Se me pagarem o salário dele, tento descobrir.

Pérolas da transmissão de Luciano do Valle

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O Futepoca gosta de reclamar da mídia. Critica, chia, boqueja, tira onda, se diverte (essa lista de links poderia ir longe).

Foto: Youtube
Mas Luciano do Valle anda, já há algum tempo, merecendo uma homenagem semelhante àquelas normalmente dedicadas a Galvão Bueno.

O exaustivo levantamento de pérolas durante suas transmissões de Pequim foi motivado pela constatação de que rir das preciosidades é até uma forma de espantar o sono. Mas quando a "piada" é sem querer, fica feio...

Na semi-final brasileira do vôlei de praia em que Márcio e Fábio Luiz venceram Ricardo e Emanuel, o locutor torcia descaradamente pela segunda dupla, a favorita e dona do ouro olímpico em Atenas. Por isso, não se conformava com o que via. E dá-lhe pérolas.

"[A minha dupla favorita] tá começando a pegar no tranco, que nem carro de manhã."

"Saque tático do Ricardo (pausa dramática). E tem que ter frieza. Se for um pouco mais forte, fica fácil, se for mais fraca, fica na rede."

"Ricardo tem um saque chatinho quando passa da rede. Esquisitinho".

"Não dá para dizer que ganhando o primeiro set vai ganhar o jogo, mas é meio caminho andado."

"O torcedor brasileiro vibra mesmo sabendo que o ponto foi contra o Brasil"

E quando veio o informe sobre a brilhante participação brasileira na maratona de natação, modalidade estreiante nos jogos, veio uma ótima:

"Maratona [de natação]! O próprio nome já diz, que é uma prova de resistência".

Repeteco
Há pouco, durante final, quando o Brasil teve de se contentar com mais uma medalha de prata, Luciano do Valle voltou a carga. Desta vez só tive paciência para anotar esta, no começo do jogo, quando parecia que a dupla canarinho iria manter o padrão de jogo da semi-final.

"Não gosto de fazer previsão, porque ninguém aqui é vidente. Mas quando o Fábio Luiz tá com moral para defender, atacar e bloquear, hãm... Nem Ricardo e Emanuel conseguiram parar."

Hãm, melhor não comentar.

Mas depois do tie break, veio uma discussão com o Álvaro José sobre a evolução chinesa em 24 anos de participação em olimpíadas. Espelhar-se na China seria a solução para o Brasil? Veja bem:

"Precisamos colocar a cabeça no lugar. É simples. Mas parece que é complicado."

E quem discorda?

quinta-feira, agosto 21, 2008

Corinthians “doa” Dinélson para o Coritiba

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O Coritiba assinou hoje com o meia Dinélson, de 22 anos. “Como?”, pergunta o torcedor mais atento, sabendo que o jogador tinha vínculo até 2009 com o Corinthians. E eu explico: a diretoria alvinegra liberou o jogador de graça para o time paranaense.

A justificativa para o “negócio”, segundo se vê na imprensa, é estreitar laços com a diretoria do Coxa, com vistas a uma futura negociação envolvendo o atacante Keirrison. Então o Dinélson foi moeda de troca pelo atacante? Segundo divulgado, não. É só um afago, um gesto de boa vontade.

Sou só eu que acho ou é estranho sair doando jogador?

Sabedoria popular brasileira

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Cansado do show de bobagens das emissoras nacionais durante as Olimpíadas de Pequim, o colega de trabalho Gerson desabafa:

"-Meu pai sempre dizia uma coisa certa: os locutores de rádio pensam que somos surdos; e os de TV, que somos cegos!".

Felipão terá que se alinhar

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Em pelo menos uma coisa os ingleses já disciplinaram o treinador Luiz Felipe Scolari, o nosso Felipão. É no visual: durante as partidas, o técnico do penta terá que se trajar com elegantes ternos Armani, como o da foto, em que ele está ao lado de Ashley Cole, lateral-esquerdo que treinará no Chelsea.

Causa estranheza, pra nós, vermos Felipão nesse estilo todo. Até porque aqui no Brasil associamos terno no futebol imediatamente a Vanderlei Luxemburgo - técnico que, em tudo, se notabilizou como o verdadeiro antagonista de Scolari nos anos 1990. Luxa fazia um time técnico, Felipão era brigador; Luxa era marqueteiro, Felipão tinha uma sinceridade cativante; Luxa era razão, Felipão a emoção; e Luxa usava terno, enquanto Felipão vestia o agasalho do clube onde trabalhava no momento.

Mas eu acredito que um profissional deve se adequar à cultura futebolística de onde ele está atuando. E, se na Inglaterra o hábito é o uso de terno, que se use!

Que prata mais sem graça

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Seleção dos EUA no Mundial: a vingança veio a cavalo

Lembra daquele cara da sua rua que jogava bola mais do que os outros? Quando caía em um time e queria resolver tudo sozinho, às vezes funcionava, mas quando não resolvia... Os companheiros viravam a cara e você mesmo não tocava a bola pra ele. Via o cidadão parado no meio de três, quatro adversários e sorria quando ele perdia o lance. Pensava ou falava: “resolve aí. Você não é o bom?”.

Vendo a partida da seleção brasileira hoje lembrei desses momentos de infante boleiro. Marta e Cristiane às vezes ficavam sem ninguém próximo entre diversas norte-americanas. Às vezes passavam, em outras, ficavam no meio do caminho. O fato é que, quando alguém tenta fazer um gol olímpico no segundo tempo de uma prorrogação, ou não confia nas companheiras de equipe ou então se acha mesmo o último copo de cachaça do bar.

Abusando do individualismo das duas galáticas, o Brasil sucumbiu diante de uma seleção norte-americana que era tecnicamente inferior, mas que jogava coletivamente, compactada. Mesmo dominada quase o tempo todo (o tal “domínio estéril”, já que as brasileiras pouco ameaçaram), as estadunidenses mantiveram a calma e o esquema de jogo. Na prática, esperando o adversário errar. E o Brasil errou.

No fim das contas, a seleção jogou uma partida bem, contra a Alemanha, que foi uma vitória épica. Antes, não empolgou; depois, decepcionou. Com um retrospecto de três vices seguidos (Atenas -04, Mundial e agora), não dá pra dizer que ficamos felizes com a prata. Evoluímos, somos melhores, e não ganhamos.

Acho que o caso não é de complexo de vira-latas, mas sim de rotweiller...

Brasil 0 x 0 EUA

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Comentário rápido sobre o segundo tempo da final olímpica do futebol feminino (não vi o primeiro): como joga essa Formiga, rapaz. A mulher desarma, toca bem a bola, inicia as jogadas, se apresenta na frente. É o estilo de volante de que o time masculino precisa desesperadamente.
Sobre o jogo, faltou calma para furar a retranca estadunidense, que abdicou (quase) completamente de atacar. E sobraram erros de passe no ataque. Mais tarde alguém que viu o jogo todo comenta melhor do que eu.

Me esquerda que eu gosto! - Fora, Dunga! Da seleção e do Congresso!

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DIEGO SARTORATO*

Em época de Olimpíadas, a imprensa vai a carga para colocar toda a população no transe ufanista que transforma as vitórias e derrotas individuais dos atletas em mobilização coletiva. Pelo menos no Congresso funcionou: na segunda-feira, dia 18, haveria uma reunião de lideranças partidárias na Câmara dos Deputados para discutir projetos, mas a pauta do dia acabou sendo dominada pelo fracasso canarinho diante dos hermanos no futebol. E como sempre acontece quando a única interferência política sobre o esporte é o pitaco, já teve gente falando mais do que devia.

"Ele [Dunga] já devia ter caído. Falar da queda do Dunga depois da derrota para a Argentina é fácil. Eu já achava antes desses episódios que o Dunga era um técnico que precisava melhorar muito o seu desempenho", sentenciou Arlindo Chinaglia (PT), presidente da Casa (na foto, apontando o placar de 3 a 0 para os vizinhos). Nada de errado com a opinião, que, aliás, jogou com a torcida e apelou para a unanimidade. Mas é o tipo de declaração que não tem (e nem deve ter) nada a ver com o governo. Debates mais importantes e que deveriam ser bandeira dos partidos de esquerda, como a falta de qualquer regulamentação que limite a influência dos patrocinadores privados sobre as equipes nacionais, têm passado longe da discussão.

Assim, a disputa entre Olimpikus e Nike colocou o Brasil em campo sem o brasão e as estrelas de campeão mundial no peito, mas com o símbolo do patrocinador. O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), foi chamado para intervir e não conseguiu negociar nem uma bandeirinha brasileira para caracterizar minimamente o uniforme. Claro, não há investimento e nem políticas públicas significativas para os atletas, que acabam sendo mantidos pelas empresas. O raciocínio óbvio de uma corporação é o direito de propriedade, daí que o representante do país pode ser ignorado e as coisas resolvidas em outras instâncias.

O exemplo é pequeno e, para o menos preciosista, até bobo. Mas abre precedentes para uma sobreposição de autoridade que pode ser desastrosa para o país que vai sediar a Copa de 2014, quer as Olimpíadas de 2016 e vai gastar os tubos para isso. É quase como emprestar o apartamento e o cartão de crédito para que uma pessoa dê uma festa para a qual você não será convidado. Numa dessas, se deixar, a pessoa ainda convida e te "janta" a namorada (ou namorado) dentro da tua casa...

*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

Uma rodada para o Grêmio

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A goleada sofrida pelo Palmeiras em Porto Alegre, contra o Inter, e a vitória do ascendente Botafogo sobre o Cruzeiro permitiram que o Grêmio abrisse cinco pontos de vantagem do Cruzeiro após a 21a rodada do Brasileirão. Muito conforto para enfrentar hoje o Flamengo no Maracanã. E incômodo para enfrentar a Portuguesa no Pacaembu no final de semana para defender tentar recuperar a posição perdida no G4.

O pênalti que originou o gol de Alex aos 5 do primeiro tempo não existiu. Como não existiu o impedimento de dois minutos antes do zagueiro Jeci. Será que o árbitro fez para compensar?

Irrelevante. Porque 13 minutos depois, o Colorado começou a virada. Depois do empate de Índio, com passe de Alex, foi o camisa 10 que virou a partida um minuto depois, aos 19.




Antes do empate o alviverde poderia ter controlado a partida. Claro que aí sobraram méritos para a equipe do Beira-Rio. E para Marcos para evitar vexame ainda maior.

Ainda no primeiro tempo, Vanderlei Luxemburgo tentou adiantar o time com Denílson no lugar do volante Jumar. Não funcionou.

Placar final: 4 a 1.

Ninguém disse que seria fácil. Depois de uma seqüência de três partidas sem vitórias do Inter, na casa do adversário, com a volta de Alex, o time de Tite precisava mesmo reencontrar o caminho da vitória. Mas para quem saiu na frente, tomar uma goleada é bem desagradável.

Luxemburgo
O técnico do Palmeiras é defendido por muita gente por fazer grandes mexidas no time. Tirar lateral para escalar um meia – eventualmente um atacante – é a mais tradicional. Mas às vezes sai um volante para tornar o time mais ofensivo. Nas últimas mexidas do técnico isso não tem dado resultado. Não se espera exatamente organização tática com uma mexida dessas, mas tentativa de criar um abafa. Como o resultado tem sido o de fragilizar a própria zaga (que já é frágil desde a saída de Henrique), fica a pergunta: será que ele faz a alteração para dizer que tentou ser ofensivo ou para o técnico adversário achar que ele vai dar um nó tático inovador, quer dizer, pra causar certo "medo" no rival?

Primeiro doping brasileiro é dose pra cavalo

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E surgiu o primeiro doping brasileiro justamente em uma modalidade que nos garantiu o ouro nos últimos Jogos Olímpicos de Atenas. O cavalo de Bernardo Alves, conhecido pelo curioso nome de Chupa Chup (na foto ao lado, de toca verde), foi pego no exame juntou com outros três animais, inclusive o do conjunto que ficou em primeiro na fase eliminatória, do norueguês Tony Andre Hansen. Assim, todos foram eliminados da final individual da prova de saltos. 

A substância encontrada nos eqüinos foi a capsaicin, utilizada como analgésico. Curiosamente, é a responsável por dar o ardor característico das pimentas, e já está sendo pesquisada como uma possível solução para dores crônicas. Em associação com outras drogas, a dita cuja não causa o torpor e a falta de sensibilidade comum em remédios do gênero.

Assim, acaba o sonho de Alves de tentar sua primeira medalha olímpica. Ele tinha assegurado sua classificação na final ao ficar em 27.º nas eliminatórias. E olha que o treinador Nelson Pessoa (pai do cavaleiro Rodrigo, aquele que formou o conjunto dourado com Baloubet du Rouet) dizia que o quadrúpede estava em "em boa forma física", embora ressaltasse sua dificuldade em superar obstáculos com água. "Trabalhamos isso bem aqui, mas ele olha muito para o rio e acaba cometendo a falta", disse o treinador. 

Obviamente que o doping deve estar atrapalhando o “emocional” do conjunto, como diria o pseudo-neurolingüista Vanderlei Luxemburgo. De quebra, alguém vai ter que dar explicações ao proprietário do animal, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau e cotado para ser ministro de Lula no início do segundo mandato. Aficcionado por hipismo desde os nove anos, Gerdau é o único criador do mundo a colocar três cavalos na mesma Olimpíada (Atlanta-1996, quando o Brasil obteve sua primeira medalha no hipismo, no torneio por equipes). 

Mas como em um caso de doping em competições tem sempre alguém que fica feliz por ter uma nova oportunidade, agora foi a vez da amazona brasileira Camila Mazza, com Bonito Z, que herdou a vaga de Alves. Ela foi 38.ª colocada na fase anterior. 

quarta-feira, agosto 20, 2008

Tortura: 'Um crime previsto pelo direito internacional nunca prescreve', diz Cavallo

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Nosso colaborador Chico Silva fez uma didática entrevista com o ex-juiz argentino Gabriel Cavallo (foto) sobre a punição contra crimes de tortura para a edição da revista Carta Capital que circula com data de hoje. O texto, que tem início na página 12, integra a matéria de capa "Tortura, tema proibido?", que retoma o debate sobre a interpretação da Lei da Anistia e a pressão dos militares sobre o governo brasileiro. O tema repercute desde o mês passado na imprensa e também aqui no Futepoca.

Em 2001, Cavallo tornou inconstitucionais as leis Obediência Devida e Ponto Final na Argentina (semelhantes à nossa Lei da Anistia) e também os indultos concedidos pelo ex-presidente Carlos Menem. Em 2005, a Corte Suprema ratificou sua decisão. A partir de então centenas de criminosos tiveram de responder por crimes contra a humanidade, como assassinatos em massa, tortura e seqüestros ocorridos durante os sete anos de ditadura militar no país vizinho, entre 1976 e 1983. Muitos usam o argumento de que aqueles governos precisavam agir assim, pois as guerrilhas de cada país também usavam métodos violentos. Ou seja: se os crimes dos guerrilheiros foram perdoados, os dos militares também deveriam ser. Confira o que o ex-juiz Cavallos falou sobre essa lógica torta ao Chico Silva:

Um crime cometido por uma organização terrorista ou de esquerda não pode ser tratado da mesma forma que um delito cometido por um Estado. Um crime contra a humanidade é regido por três preceitos. Ele tem de ser autorizado por posições oficiais de poder, ser praticado e motivado por questões políticas, religiosas ou raciais e, por último, tem de ser sistemático contra uma determinada parte da população civil. Quando o Estado toma a decisão de atacar um grupo da população com o objetivo de exterminá-lo, aí temos um crime contra a humanidade. Foi o que aconteceu na Argentina e no Brasil. No caso contrário isso não se configura.

Difícil ou fácil? No mais, ainda sobre o tema tortura, segue abaixo um convite, enviado pelo Jesus Carlos, do blogue parceiro Fotografia, Cachaça & Política, para os que estarão na cidade de São Paulo no próximo domingo:

Vá beber cerveja assim na China!

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A colunista Marília Ruiz, do Lance!, finalmente arranjou uma pauta interessante em seus passeios pela China. A edição de hoje do jornal traz duas páginas com informações que ela coletou sobre a cerveja naquele país. Segundo Marília, a China quer que a bebida molde a internacionalização de suas marcas. Para ela, é espantoso que o slogan da cerveja Tsingtao, fabricada em Qingdao (recentemente engolida pela gigante InBev), apareça em todos os folders do departamento de turismo do governo chinês. "A cervejaria Tsingtao foi a primeira empresa chinesa a estabelecer filial fora do país. Foi a primeira a ter ações na bolsa. Foi a primeira que assinou acordo de parceria com uma estrangeira...", observa a colunista do Lance!. Por isso, a marca foi escolhida para patrocinar oficialmente os jogos olímpicos (foto acima).

Mas há outro motivo, mais óbvio: os chineses vêm bebendo cada vez mais cerveja. Em 2007, consumiram mais de 40 milhões de toneladas da bebida, o que equivale a um consumo per capita de 30 litros, segundo a Associação da Indústria de bebidas Alcoólicas da China. Tudo bem que eles ainda não chegam perto da sede aqui do Brasil, onde o consumo per capita de cerveja já bateu em 47 litros anuais, segundo os dados mais recentes do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja). E tanto os chineses como nós ainda estamos a léguas de distância de países como a República Tcheca e a Alemanha, por exemplo, onde o consumo per capita sobe para inacreditáveis 158 litros e 117 litros por ano, respectivamente. Mas o consumo anual chinês por pessoa saltou de 18 litros para 30, em cinco anos, e entre janeiro e maio de 2008 a população bebeu 20 milhões de toneladas - ou 19% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Uma explicação pode ser o preço da bebida. Segundo Marília Ruiz, uma garrafa de 600ml de Tsingtao custa 2 yuans (ou R$ 0,50). Para ter uma idéia do que isso significa, pesquisei o salário mínimo chinês e constatei que varia entre 400 e 750 yuans, dependendo da região, o que dá uma média de 575 yuans. Ou seja: com esse valor, é possível comprar cerca de 287 garrafas de cerveja. Aqui no Brasil, considerando um preço camarada de R$ 3 para uma garrafa de 600ml no bar, nosso salário mínimo (R$ 415) compraria apenas 138 garrafas - ou 166 se alguém tiver a sorte de encontrar uma boa gelada por R$ 2,50. Agora, imagine se você estivesse na China e pudesse comprar duas cervejas (total de 1 litro e 200ml) com cada real no bolso! Seria um esforço olímpico para o fígado...

Sobre a qualidade da Tsingtao, porém, não me atrevo a recomendar. O teor alcoólico é de 5%, similar ao da Brahma (4,8%) e ao da Skol (4,7%), por exemplo. Em seu texto, Marília Ruiz afirma que, na avaliação do mestre cervejeiro escocês Andrew McCulloh, a bebida é "clara, com boa espuma (mas de curta duração), aroma adocicado, leve e sem presença de amargor". Uma dica mais prática da moçoila para os manguaças daqui de São Paulo é que a Tsingtao pode ser encontrada em lojinhas da Rua 25 de Março (óbvio!!!) e em uma importadora na Avenida Paulista. Alguém se arrisca?

terça-feira, agosto 19, 2008

Argentina 3 a 0. Fora, anão

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O Brasil perdeu de 3 a 0 para a Argentina de maneira inapelável. Os hermanos foram melhores o tempo todo e ainda apelamos, com dois expulsos, Lucas e Thiago Neves.

Acabou o sonho do ouro olímpico com um futebol digno da estatura de nosso técnico. Por isso, reforça-se a campanha já lançada neste Futepoca: Fora, Dunga.

Nosso amigo argentino, Gerardo, que só aparece nessas horas, faz campanha contrária. Sua primeira mensagem foi: fica, Dunga.

Não podemos aceitar que eles também ganhem essa. Pressão no Ricardo Teixeira. Sei lá quem vai ser o próximo técnico, mas com o Dunga eu não torço mais.

Ele não é o único culpado, claro. A safra de jogadores da Argentina neste momento é melhor. Ronaldinho, a esperança, continua fora de forma. Pato , Lucas, Thiago Neves ainda devem muito antes de figurarem no primeiro time mundial.

Agora é esperar a próxima Olimpíada.

Mas dá-lhe Brasil. O ouro para o futebol vem com nossas meninas.

No butiquim da Política - CPI: esclarecimento ou esconderijo?

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CLÓVIS MESSIAS*

CPI virou farra. O oportunismo toma conta das comissões parlamentares de inquérito. Por qualquer motivo, desde que seja eleitoral e não para apuração de irregularidades, convoca-se. É na Câmara Federal, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais que estão proliferando as CPIs, principalmente quando há chance de aparecer na mídia. Aí, o que acontece? Nada se apura, faz-se o uso político e o dinheiro público, que deveria retornar para nós, desaparece.

Aqui no boteco, a moçada está ficando indignada. Não se justifica a ineficiência parlamentar afirmando que o presidente da República, o governador ou o prefeito têm maioria. Não é verdade absoluta. Sim, eles têm maioria, mas a atividade parlamentar, quando bem feita, consegue esclarecer. O que não dá mais para ouvir é eles ficarem falando, nos três níveis, federal, estadual e municipal, que não dá para enfrentá-los.

Porque, próximo das eleições, os parlamentares conseguem convocar, de afogadilho, as CPIs. Só no início deste mês, em São Paulo, a Assembléia Legislativa convocou cinco. Agora, se vão atingir o objetivo, é outra história. Aqui no butiquim ninguém é contra CPI, aliás, acreditamos que o legislativo é a mola mestra da democracia. Mas, quando o legislador se esconde atrás de um argumento oportunista qualquer, é sinal de que nós temos que reciclar o parlamento.

É tanta conversa fiada sobre CPI que as eleições estão quase escondidas. Não se deixe iludir pela cortina de fumaça eleitoral.

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

Futebol: um esporte muito perigoso, de fato

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Saiu o diagnóstico da lesão que o atacante Maikon Leite, do Santos, sofreu no jogo contra o Flamengo, no último domingo: rompimento dos ligamentos cruzados anterior e posterior e do colateral medial, além de lesão no ligamento patelar e deslocamento da rótula. A impressionante torção de joelho (veja as fotos da Agência Lance e da Futura Press) vai deixar o jovem jogador, no mínimo, um ano fora dos gramados. Os médicos dizem que o estrago é simplesmente três vezes pior do que os rompimentos do ligamento patelar nos joelhos de Ronaldo Nazário - daí, não dá nem pra gente imaginar o tamanho da dor que o santista sentiu no momento fatídico. Horrível, horrível mesmo.

Um fato lamentável, principalmente porque Maikon, de 20 anos, vinha sendo um dos principais destaques (senão o único) do alvinegro praiano, que sofre para tentar sair da zona de rebaixamento no Brasileirão. Um campeonato, aliás, que vem sendo pródigo em cenas chocantes, como a luxação no braço do atacante são-paulino Borges e a fratura em três lugares no braço do atacante flamenguista Diego Tardelli, ambas em partidas no primeiro turno. Como todo esporte coletivo, futebol é jogo de contato. Um passo errado, um toque de desequilíbrio e o atleta se expõe a uma lesão, uma dor, que nos parece absurdamente inimaginável.

Quando vi as fotos de Maikon, fiquei com aflição de assistir jogos de futebol. É só ver dois jogadores partindo para uma dividida que eu já fecho os olhos. Os caras ganham muito bem, é verdade. Mas passar por uma situação como a do Maikon Leite não tem preço. Nada paga uma coisa dessas. Tomara que, pelo menos, o cara esteja totalmente anestesiado com analgésicos. A cirurgia será nesta quarta-feira, 20, quando o joelho direito do atacante será, literalmente, reconstruído. Só nos resta desejar toda sorte do mundo ao santista.

Pé na Cova: o vencedor

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Foto: Recorte de foto da Agência CBF
Saiu o vencedor da promoção Pé na Cova!

É Orlando Biano Gomes. À pergunta "Qual a cena mais assutadora que você já viu no futebol?" ele respondeu:

– A ajeitada de meia do Roberto Carlos. até hoje tenho pesadelos com aquela cena.

Por isso, ele ganhou um par de ingressos para assistir a Encarnação do Demônio, última parte da trilogia de José Mojica Marins, criador do Zé do Caixão, iniciada com À meia-noite levarei sua alma e Esta noite encarnarei no teu cadáver.

Para todos os outros que não puseram o pé na cova, resta reler a entrevista de Mojica ao Futepoca.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Campeão do primeito turno e novidades no meio-campo

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O Timão sagrou-se campeão simbólico do primeiro turno do Brasileirão Série B. A “conquista” não vale nada, mas é uma boa continuar em primeiro, com 39 pontos, quatro na frente do vice (Avaí) e sete na frente do quarto colocado e último a subir, hoje a Ponte. A parte ruim do título é que, ao contrário da primeira divisão, nenhum dos campeões de primeiro turno até agora levaram o título da segundona nos pontos corridos. Escrita a ser quebrada, se depender de minha torcida.

Vi só os gols da vitória contra o América RN, mas parece que o time nordestino é fraquinho, especialmente na defesa. Douglas deitou e rolou nos dois tentos, com boas jogadas que andava devendo. Isso pode mostrar que o problema do rapaz nos últimos jogos era a marcação que enfrentava. Como boleiro tem que saber sair de marcação, fica a impressão de que o meia precisa melhorar. Por outro lado, a presença de mais jogadores capazes na armação pode ajudar a dividir a responsabilidade.

Com isso chegamos à nova contratação do time, o meia Morais. O jogador vinha em má fase em São Januário, mas o resto do time também não andava ajudando. Quem viu ele jogar diz que o rapaz é bom de bola. Espero que ajude. Com ele (se jogar bem) e a volta de Diogo Rincón, ficamos com três opções decentes no meio, além de Elias que não vem obrando muito bem (ele não era segundo volante na Ponte?).

Para o próximo jogo, contra o CRB, em Maceió, Mano Menezes terá que improvisar na lateral-esquerda, já que Saci e André Santos estão machucados. As hipóteses aventadas pelo nobre treinador são utilizar Denis ou Alessandro na esquerda ou ainda promover a reestréia de Marcelo Oliveira, que, também improvisado, jogava mais ou menos por aí quando começou no time principal no ano passado. Espero ver esse garoto jogando logo, para confirmar ou não a boa impressão que deixou em 2007.

Veja aí os gols de Corinthians 2 x 0 América RN:

Agora vai

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Começa na madrugada de amanhã a fase de quartas-de-final do torneio olímpico de vôlei feminino. Depois da interminável fase classificatória, duas equipes estão invictas: Brasil e Cuba. Ambas deram show e lideraram seus grupos com tranqüilidade. O Brasil está invicto até em sets. É favorito ao ouro.

Mas de nada adianta ter conquistado a classificação facilmente se o fim do caminho não for a final. Não dá para esquecer a semi final contra a Rússia na Olimpíada de Atenas. Aquela derrota está na cabeça dos torcedores até hoje. Com razão, diga-se. Para quem não lembra, o Brasil vencia o jogo por 2 sets a 1 e o quarto set por 24 a 19. Faltava um ponto, e elas não conseguiram. O Brasil também era favorito, e falhou. Hoje, quando se fala dessa equipe, o que mais ouço é: "ah, mas elas vão amarelar na decisão de novo".

Estou lembrando isso por obrigação, mas não acho, de maneira nenhuma, que isso vá acontecer dessa vez. Tem coisa que não se explica, mas esse time está com cara de campeão. Centrado, equilibrado e tecnicamente competentíssimo. Mas, mesmo que perca para o forte time de Cuba, por exemplo, na final, não vai ser por um apagão mental, tenho certeza. Vamo que vamo!

Já o time masculino contou com a ajuda da Polônia, que derrotou a Rússia por 3 a 2 na madrugada de hoje, para se classificar em primeiro lugar no grupo. Mesmo assim, acho que dessa vez os multicampeões vão cair. Rússia e EUA estão jogando muito, e o Brasil não está bem. Não boto fé, mesmo sabendo que eles crescem em momentos decisivos. E dessa equipe não dá para reclamar, dado o histórico interminável de conquistas.

Na praia, o vôlei também vai bem. No masculino, as duas duplas brasileiras (Ricardo/Emanuel e Márcio/Fábio Luiz) estão classificadas para as semis, e se enfrentam. No vôlei de praia acontece o mesmo que na Libertadores: times do mesmo país não podem fazer a final. Pelo menos uma medalha garantida.

Ah, sim, tem uma terceira dupla brasileira jogando as semis, Geor/Gia, naturalizados geórgios. E a situação aqui não é como a do Deco (lembrado o tempo inteiro como brasileiro durante as transmissões da Eurocopa). Eles só se naturalizaram para a Olimpíada mesmo. Não sabem nem o hino. Podem compor uma final brasileira. Não adianta nada para o quadro de medalhas, mas é curioso.

No feminino, a efêmera dupla Ana Paula/Larissa parou nas quartas sob o poder das americanas Walsh/May, atuais campeãs olimpícas. Agora, Renata/Talita enfrentam essa mesma dupla na semifinal. Pedreira. Mas elas já ganharam com alguma facilidade de Barnett/Cook, dupla que também ganhou de Ana Paula/Larissa. A vitória é possível, e se acontecer, o ouro fica quase parecendo fácil.

Serão possíveis quatro ouros?

Olé, Brasil. Auf wiedersehen, Alemanha

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O Brasil nunca havia ganhado da Alemanha no futebol feminino. Fez mais que isso, desclassificou o time teutônico da final olímpica com uma sonora goleada por 4 a 1.

O colega Glauco resumiu bem o que foi o jogo quando, ao falar do quarto gol, disse que estava xingando a Cristiane por não tocar a bola quando ela passou por quatro alemãs e tocou com classe, no cantinho, tirando da goleira.

Coisa de gênio, que a gente não está mais acostumado no medíocre futebol jogado hoje no Brasil. A gente sempre espera que um de nossos pernas de pau perca a bola ou toque para alguém do lado fazer um chuveirinho inútil na área.

E o gol de Cristiane não foi só o mais bonito da Olimpíada até agora. Para mim, ganha o prêmio de Gol do Ano, incluídos aí os feitos pelos marmanjos que ganham milhões de dólares na europa.

Mas o que chama a atenção nesse time, além das jogadas quase impossíveis de puro talento feitas principalmente por Marta e Cristiane, é que sabem tocar a bola, defendem-se bem, têm um time entrosado. Bem diferente do que acontece na seleção masculina, por exemplo.

Mesmo que percam a medalha de ouro na final, já valeu. Mas acho que esse time está com cara de ouro.

Como há muito tempo é difícil escrever, olé Brasil. Para a Alemanha, por falta de tchau, vai um auf wiedersehen. Agora, que venham as estadunidenses....

O 1 a 0 e nada de prazo de validade

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No segundo fim de semana Olímpico, eu nem consegui saber do jogo. Li, no Parmerista que a torcida se portou bem no 1 a 0 sobre o Coritiba, apesar de o gol de Alex Mineiro só ter saído aos 30 do segundo tempo, numa jogada bem tramada.

São sete pontos de diferença para o líder Grêmio.

Para ser sincero, fiquei sabendo do gol por causa de um vizinho palmeirense que sempre faz esse tipo de alerta. Valeu, vizinho!

Sandro Silva, Jumar e Evandro fizeram um meio de campo sólido à frente da vulnerável zaga de Jeci e Gladstone. Alguém afim de um estágio na zaga?

Apesar de Valdívia estar suspenso, ele já não figura na lista de desfalques. Vendido para o Herta Berlim, segundo consta, à vista, deixou a vaga para Evandro, numa formação mais defensiva, ou Denilson, se a proposta for pôr o time para frente. Mais dependência do que nunca dos laterais.

O que preocupa é ver Diego Souza titular absoluto jogando perto dos atacantes. Tomara que eu queime a língua e decida (note-se que não quero só que ele jogue bem).

E Celso Roth segue sem prazo de validade.

O fenômeno Isinbayeva e o papelão com Fabiana Murer

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Nos Jogos Olímpicos de "fenômenos", sem dúvida não pode faltar nessa galeria a russa Yelena Isinbayeva. Enquanto as adversárias saltavam para passar adiante na disputa, ela apenas se concentrava (ou dormia) embaixo de uma toalha.

Seu primeiro salto foi em 4,70 m, realizado quando a maioria de suas rivais já tinha sido eliminada. Foi direto para os 4,85 m e, àquela altura, somente a norte-americana Jennifer Stuczynski sobrevivia na competição. E foi de novo encoberta pela toalha que a russa (não) viu a medalha de prata falhar na tentativa de superar o sarrafo a 4,90 m de altura. Dois saltos e a medalha de ouro já era dela. Uma distância técnica estúpida em relação às demais.

Talvez relaxada pela conquista, precisou saltar três vezes para passar da marca de 4,95, novo recorde olímpico. Agora a meta era o recorde mundial. E conseguiu: 5,05 m. O público presente no estádio delirou, certo de que presenciava a performance de uma atleta pra lá de diferenciada.

Ela quebrou o recorde mundial pela vigésima quarta vez e pode superar outra figura mítica da modalidade e do esporte. O ucraniano Sergei Bubka quebrou por 35 vezes a maior marca do planeta na competição e, mesmo depois de ter abandonado o esporte em 2001, ninguém sequer se aproximou do seu recorde (6,14 m).

Murer e a vara sumida
Em uma prova onde a disputa de fato era pela medalha de prata, a brasileira Fabiana Murer tinha chances reais de medalha. Mas um fato inusitado praticamente acabou com suas chances na competição. Quando ia saltar 4,55 m, percebeu que uma das suas varas havia sumido.

Cada atleta traz seu próprio equipamento para o salto, e Murer tinha levado dez varas que foram entregues à organização. Justamente aquela apropriada para um salto maior havia sumido dentro do tubo onde deveria estar. Murer parou a prova, discutiu com fiscais, saiu totalmente do momento de concentração necessário para um saltador. Tentou 4,65 e por lá ficou. E sua melhor marca no ano, 4,80 m, poderia lhe garantir até mesmo a prata, já que a norte-americana saltou exatamente isso. Fato que entraria pro anedotário, se não valesse medalha olímpica.

Cachaça, economia, política e muita sacanagem!

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Propagandas de motel geralmente são bem humoradas. Mas algumas se superam, incentivando, por exemplo, a traição - e a manguaça (vide "cortesia")...


...ou tirando sarro das dificuldades econômicas...


...e dos percalços da política nacional...



...abordando práticas sexuais "heterodoxas"...


...ou então, a sacanagem é curta e grossa:

domingo, agosto 17, 2008

F-Mais Umas - Schumacher, Phelps e outros bichos

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CHICO SILVA*

Volta e meia uma dúvida toma meus miolos encharcados. E essa semana, graças ao descomunal Michael Phelps (à esqurda), ela voltou a me fustigar. Quem teria sido, independentemente da modalidade que pratica, o maior esportista de todos os tempos? É claro que essa é uma contenda sublinhada por critérios subjetivos e relativos. Pelo índice CS (Chico Silva), o eleito seria alguém que fez em seu esporte algo que nenhum outro esportista em nenhuma outra modalidade repetiu. Antes do golden boy de Baltimore, que além de água clorada aprecia outros líquidos (em certa ocasião chegou a ser preso por dirigir sob o efeito deles), eu tinha três outros nomes em mente.

O primeiro era Michael Schumacher (à direita). Nenhum piloto em tempo algum se aproximou dos recordes e números deste sisudo alemão que reescreveu a história da F-1 moderna. O segundo é o surfista Kelly Slater. Se Schumacher abocanhou sete títulos na F-1, o surfista americano conquistou oito no WCT, o circuito mundial de surf. Só que, enquanto Schumacher passa o tempo dando pitos na Ferrari e caneladas nas peladas, Slater ainda rema para o outside. Ele é o atual líder do circuito e dá vigorosas braçadas para o seu nono título mundial.

O ultimo nome da minha lista era Roger Federer (à esquerda). O suíço obteve os melhores resultados da história em um esporte que teve gênios como Rod Laver, Björn Borg, John McEnroe, Jimmy Connors, André Agassi e Pete Sampras, entre outros. Tudo bem que, ultimamente, anda tomando coça do touro espanhol Rafael Nadal. Mas ninguém conquista 12 Grand Slams e fica por quatro seguidos na liderança do ranking da ATP por acaso.

Porém, com o merecido respeito ao trio e a outros mitos que não citei aqui, como Pelé, Jesse Owens, Ayrton Senna, Nelson Piquet, Michael Jordan, Tiger Woods e etc, o que o tal do Phelps fez em Pequim é algo que talvez não vejamos outro ser humano realizar nesse negócio chamado esporte.

Um ricordo do comendador e um abraço ao tricampeão - A semana que passou trouxe duas datas importantes para aqueles que, como eu, gostam de F-1. No último dia 14, completaram-se 20 anos da morte do comendador Enzo Ferrari, o responsável pela criação do maior mito do mundo das corridas. E no domingo, 17, o gênio Nelson Piquet completou 56 anos. No início dos anos 80, Piquet foi sondado pela Casa di Maranello. Mas o tricampeão não pareceu muito interessado. Até mesmo desdenhou da equipe. Piquet chegou a dizer que os carros da escuderia rossa eram máquinas de moer carne. E devia ter alguma razão.

Gilles Villeaneuve morreu ao volante de uma Ferrari em Zolder, na Bélgica, em 1982. Poucos meses depois, o francês Didier Pironi quase teve o mesmo destino. À época líder do campeonato, Pironi sofreu um grave acidente durante os treinos para o GP da Alemanha, em Hocknheim (há um vídeo no youtube que mostra Piquet auxiliando no socorro ao colega). As declarações do tricampeão mundial despertaram a profunda ira do comendador e transformaram o brasileiro em persona non grata em Maranello.

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

Quando o Brasil...

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... nem parece o Brasil


E quando o Brasil é mais Brasil.


Cielo falou que o ouro era dele. E foi.
Diego declarou que preferia competir sob pressão. Mas não soube lidar com ela.

Como é difícil torcer para o Brasil em Olimpíadas...

Tristeza pega um ita no Rio e vai para a Bahia

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Ontem, João Valentão parou de brigar, Dora, Marina se calaram. Os pescadores não pegaram sua jangada e não voltaram para o mar. O Ita não saiu do norte. Nele, embarcou a tristeza no Rio e em Salvador foi parar, espalhando-se por todo o Brasil.

Morreu Caymmi, aos 97 anos. Um quase centenário fazendo músicas que ficaram por toda a vida. É bom lembrar que ele compunha para Carmem Miranda, passou pela bossa nova fazendo shows com Vinicius, composições com Tom.

Minha tristeza é pela morte de um dos gênios da MPB, sim. Mas mais da esperança de algo eterno. Sempre quando o mar estava revolto, havia Caymmi.

A sensação de que ele não duraria para sempre me abateu há cerca de dois anos. Num dos quadros idiotas do Faustão apareeu um daqueles meninos que ficam famosos por trinta segundos. Com 5, 6 anos, sei lá, gostava de cantar e tinha um sonho, conhecer o compositor baiano. A produção do programa o levou ao apartamento. Ele aparece na cama, com aparelhos, mas mesmo assim com sua lendária simpatia. Ali, talvez, tenha descoberto que nem Caymmi era eterno.

Hoje a morte vem confirmar.

Avoé Caymmi. Um dos gênios da MPB que tive o prazer de escutar.

"Cadê você, homem de Deus?
Com um tempo desse não se sai pro mar
Quem vai por mar, não vem"