Destaques

sexta-feira, outubro 17, 2008

Por que voto Marta, o exemplo de Dona Maria

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Dona Maria migrou de Minas com marido, dois filhos (os outros nasceram depois) lá pelo final da década de 1960 para o começo dos anos 70. Foi para Santo André, Vila Luzita, depois para a periferia Leste de São Paulo, Parque São Rafael. Ali pegou o milagre econômico dos militares numa vida pobre, numa casa de dois cômodos alugada, mas razoavelmente tranqüila com os filhos com saúde e sem faltar roupa, comida e escola. Apesar de tanto ela quanto o marido terem estudado pouco fizeram questão de que os filhos estudassem para ter um futuro melhor. Daí o direito a luxos como gibis, livros e discos com historinhas.


Passam os anos, vem a crise econômica dos anos 80, a família afetada, Dona Maria tem de arrumar emprego como costureira, trabalhar fora para que não falte comida na casa e para pagar o aluguel. A sina de não ter a casa própria, sonho de tanto tempo, só acaba no final da década de 1980, no governo Erundina. Ela, que nunca fora militante de nada em política até então, participa de ocupações de áreas, entra para um mutirão e com as próprias mãos ajuda a construir o lugar em que mora até hoje.

Além da casa, outra base plantada então foi a militância no bairro. Dona Maria, que nunca gostara tanto de política, passa a fazer campanhas, discute na rua, torna-se uma líder comunitária ao descobrir que a vida pode mudar quando as pessoas se organizam e lutam pelo que acreditam.

Mais anos se passam, acaba o governo Erundina, as casas não podem ir pro nome das pessoas, a dupla Maluf-Pitta deixa tudo esburacado, sem asfalto, sem escola, com cada dia uma desculpa diferente porque o Jardim São Francisco, lá no extremo da Zona Leste, não é prioridade para tanta obra, melhor gastar com túneis nos jardins e ganhar dinheiro na Faria Lima e nos precatórios.

Vem o governo Marta e o mutirão é regularizado, asfaltado e começa a construção de uma escola infantil lá dentro. Antes, a coisa de alguns quilômetros, é erguido o CEU do Parque São Rafael. As crianças passam a brincar, praticar esportes, nadar e Dona Maria volta a ir ao cinema, passa a ver peças de teatro junto com as pessoas do bairro.

Marta perde a eleição, assume a dupla Serra/Kassab. A escola que havia sido iniciada anos antes é inaugurada pelo atual candidato a prefeito. Kassab tenta fazer média: - Como ficou bonita a escola... Justo com quem foi falar. Dona Maria responde na cara dele: - Você está inaugurando, mas quem construiu foi a Marta.

Hoje, neste momento, ela está lá no extremo da Zona Leste fazendo campanha. Passou por cima da depressão, do cansaço dos seus 63 anos e vai para a rua ganhar votos, discutir com aqueles que moram num bairro pobre e abandonado pela atual administração, que a única coisa que fez por lá foi colocar uma guarnição permanente da Polícia Militar em barracas de campanha, como se estivesse na guerra.

Para quem mora longe de lá onde vive Dona Maria, como eu, a discussão entre um candidato e outro pode cair nas besteiras se é casado, tem filhos etc... Mas, para mim, o voto em Marta é para melhorar a vida de todas as Donas Marias.

Para quem não sabe, Dona Maria é minha mãe.

Som na caixa, manguaça! - Volume 26

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ENTRE ESPUMAS
(Roberto Muller)

Uma noite sentou-se à minha mesa
E entre tragos, lhe dei todo meu amor
Transcorreram só duas semanas
Como em sonho minha vida se acabou

Desde então, os rios do meu pranto
Confortaram a cruz da minha dor
Ninguém sabe que meus males são tão grandes
Que me partem o coração
Mas conforta e sei que está em minhas mãos
Aliviar-me desta amargura

Se um amor nasceu de uma cerveja
Outra cerveja beberei para esquecer
Um amor que surge numa mesa
Entre espumas terá que terminar

(Do CD "20 Super Sucessos", Sony, 1996)

McCain prefere música de compositores democratas

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Campanha é campanha e marqueteiro é uma desgraça. Mas tudo tem limite.

A primeira vítima foi o John Cougar Mellencamp. Our Country e Pink Houses foram incorporadas às propagandas políticas do republicano John McCain ainda em fevereiro de 2008. O ardente democrata ficou possesso. Para alguém que apoiou a bi-derrota de John Edwards na corrida dos burros, ver músicas compostas com finalidades (quase) políticas é um acinte.

Meses depois, o desconhecido Christopher Lennertz. Em junho, a campanha de McCain usou a trilha sonora do jogo Medal of Honor (abaixo), composta pelo músico, enquanto o republicano falava sobre sua família e sua participação na guerra do Vietnã. Segundo o Game Politics, Lennertz vota no democrata Barack Obama.




Foto: Reprodução








Foto: Divulgação
Em agosto, Jackson Browne achou ruim que Running on Empty fosse usada sem autorização, sempre por McCain, em anúncio bancado pelo Partido Republicano de Ohio. Lascou-lhes um processo em Los Angeles por violação de direitos autorais da canção de 1977. O roqueiro é um ativista liberal – leia-se esquerda nos Estados Unidos – e sempre votou com os democratas. Aliás, segundos os advogados do cantor, ao usar a música a campanha violou uma tal de Lei Lanham, já que a peça de propaganda dá a idéia de que o cabra apóia o candidato.

Aí, foi a vez dos irmãos Eddie e Alex Van Halen ficarem furiosos ao encontrarem Right Now cobrindo anúncios do senador de Arizona talvez ao saber que o filho da vice do republicano, a governadora do Alasca, Sarah Palin, é fã da banda convenceu Sammy Hagar a achar que "tudo bem".

E não pára, não pára! Em setembro, My Hero, da banda Foo Fighters foi usada sem permissão de novo pelo candidato republicano. Dave Grohl, ex-bateirista do Nirvana, e sua atual banda reclamaram, a exemplo de seus colegas, da subversão do sentido original de sua composição.

E parece que tanta chiadeira deu resultado. Quando ninguém mais acreditava que isso era possível, eis que Bon Jovi sai xingando. Democrata que só ele, o loirinho e sua banda homônima reclamam do uso de Who says you can't go home em comícios de Sarah Palin. Para alguém que arrecadou 30 mil dólares em um jantar em sua casa para o senador Obama, foi quase um tapa na cara. É que a música, segundo ele, é uma bandeira da reconstrução das comunidades de Nova Jersey. Ou algo assim.

Mas e o resultado da chiadeira? É que a composição de Bon Jovi está liberada de direitos autorais e restrições para execuções públicas na Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores (Ascap). O pessoal é bom.

Será isso um sinal de que, se eleito, o republicano vai ser um incentivador das licenças livres?

Com Obama é diferente
Se McCain não cansa de usar músicas de compositores democratas, Obama não faz o inverso nem sofre do mal de artistas revoltados. Stevie Wonder, Sheryl Crow e outros músicos se mobilizaram para gravar o Yes we can: voices of grassroot movements (Sim, podemos: vozes dos movimentos populares – ou de base, como queiram –, numa tradução mais que livre). O CD serve para arrecadar para a campanha do senador de Illinois. Dos indignados supracitados , só Jackson Browne participou.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Blogueiros com Marta - o debate político na internet

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Em vista da intensa movimentação que vem acontecendo na blogosfera em função da campanha eleitoral paulistana, o Futepoca resolveu se posicionar de forma clara diante do atual cenário. O site dá seu apoio a Marta Suplicy na disputa eleitoral em São Paulo e lança o site Blogueiros com Marta, agregando outros titulares de blogue que tenham postura semelhante.

Assumir uma posição em eleições é algo absolutamente corriqueiro entre veículos da imprensa de outros países, como os estadunidenses, por exemplo. Aqui no Brasil, o Estadão já declarou seu apoio em editorial à candidatura Collor, em 1989, e Serra, em 2002, para citar dois exemplos; enquanto a revista Carta Capital apoiou Lula em 2002. Informação pode e deve ser tratada de forma honesta e transparente e o leitor, quando sabe de que lado está o site ou jornal que lê, pode julgar e ponderar melhor a respeito daquilo que consome.

Como é um blogue coletivo, dentro do Futepoca há visões de mundo diferentes e inúmeras divergências. Mas, em relação às opções que se colocam no segundo turno na capital paulista, há consenso em apontar a candidatura da ex-prefeita como a melhor opção para a cidade. Outros blogueiros que também entendem a questão da mesma forma já aderiram à iniciativa. Caso você tenha um blogue e queira participar, entre em contato pelo blogueiroscommarta@gmail.com. Se quiser divergir e debater, fique à vontade, o espaço está aberto.

José Dumont: "O bar é o grande ato politizador"

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Acabo de bater um papo arretado com José Dumont, um dos melhores atores do Brasil em todos os tempos. Falamos sobre o filme "O Homem Que Virou Suco" (foto ao lado), clássico de 1980 do diretor João Batista de Andrade, para uma reportagem da revista cearense Singular. Só que, papo vai, papo vem, e é claro que a conversa desembocou em...futebol, política e cachaça. E aí, lógico, eu falei do nosso glorioso Futepoca. "Que bacana, um nome muito apropriado", elogiou o Zé. "O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha?", questionou, na seqüência. Por isso, Zé Dumont topou uma entrevista rápida para nossos leitores. Vamos a ela, então:

FUTEPOCA - As ações sociais do governo Lula representam alguma esperança, mudam alguma coisa para o Nordeste?
ZÉ DUMONT - O Lula faz o que pode, dá assistência. Mas o problema não é o governante, é o conceito que se tem para o país. O Brasil tem um presidencialismo de fachada, quem manda é o Congresso e o Senado. E nesses lugares só se faz negócio. Não quero generalizar, deve ter uns 50 ou mais que fazem um bom trabalho, mas o resto, lá, só faz negócios. É preciso fazer reformas, política, fiscal, tributária, do código trabalhista. Mas não essas que estão aí, não desse jeito. Aqui no Brasil só as grandes corporações se dão bem, tudo favorece o monopólio. O Brasil só é bom para o atravessador. As favelas chegaram a uma situação de barbárie. O governo tenta, atua, mas os camaradas que fazem as leis amarram tudo. Nossas leis são anacrônicas. Temos uma porcaria de tributação, uma péssima qualidade social. É só especulação, eles artificializam a economia. E dá no que dá, como estamos vendo. Mas, no Brasil, não é o caso de culpar o governo. A sociedade é que é culpada, porque não quer pensar nisso.

FUTEPOCA - Como mudar esse círculo vicioso?
ZÉ DUMONT - O Brasil tem reservas, tem uma natureza esplêndida, tem condições de virar primeiro mundo. Somos mestiços, resultado de três raças cruzadas, essa é a nossa grande vantagem. Falta pensar, mudar os conceitos. Quando fomos apresentar o filme "Os Narradores de Javé" ao presidente Lula (que, aliás, é meu trabalho predileto), pude conversar bastante com a Dilma Rousseff, que na época era ministra de Minas e Energia. Daí eu perguntei pra ela: "-Por que não se investe em energia solar, em energia eólica? Se unirem a inteligência do caboclo com a tecnologia, resolvemos a seca e a fome no Nordeste". Ela disse que há um plano e coisa e tal. Mas é tão simples! Acho que não se investe porque vai contrariar muitos interesses. Só pode ser. Repito: o país existe em função dos grandes conglomerados.

FUTEPOCA - E o futebol? Você torce pra que time?
ZÉ DUMONT - Gosto muito de futebol, acompanho, mas, na verdade, não torço pra ninguém. Tenho simpatia por dois times: o Treze de Campina Grande, que era o time do meu pai, Severino, e, por incrível que pareça, o XV de Jaú (risos). Não me pergunte por que, mas, quando cheguei a São Paulo, no início dos anos 1970, o XV de Jaú tinha um time bom, enfrentava bem os da capital. Tinha um uniforme branco, bonito. E todo time do Nordeste que vem jogar aqui no Sul e Sudeste eu torço a favor (risos). Tem que ganhar! Acho que o futebol é necessário. Se não tiver isso, vai ter o que? Eu joguei muita pelada na minha vida. Hoje, com 58 anos, não jogo mais. Lá em João Pessoa, no bairro de Mandacaru, joguei pelo Vera Cruz, pelo Globo e pelo Atlético. E fui até registrado na Liga Amadora, pela Portuguesa de Cruz das Armas, só que joguei pouco lá. Eu era lateral-direito, depois passei pra ponta-direita. Nunca fui muito bom, mas tinha noção.

FUTEPOCA - Como você analisa a situação do futebol brasileiro?
ZÉ DUMONT - A principal vocação do Brasil é o esporte. Só que é tão manipulado, falta apoio, é uma decepção. Acho estranhíssimo ter uma emissora só com direito de transmissão de um campeonato. É um desperdício de dinheiro, prejudica os clubes. Eu estou fazendo novela para uma emissora, no momento, e prefiro não entrar nessa discussão, pra não dar o que falar. Se a questão é política, não me meto. Mas é grana que os clubes deixam de ganhar. Desperdício.

FUTEPOCA - E a seleção brasileira atual? O que acha?
ZÉ DUMONT - A seleção tá bem, tá em segundo lugar. A obrigação de dar Ibope é que é uma coisa chata. Tem que ganhar toda hora, pra dar Ibope. O Brasil vai se classificar, vai ganhar, temos Ronaldinho, Kaká, um monte de craques. Não dá mais pra achar que no mundo ninguém aprende nada, que a gente sempre vai ser o melhor. É complicado isso.

FUTEPOCA - Qual é um jogador que você admira?
ZÉ DUMONT - O Rogério Ceni. Além de craque, tem postura. Ele deu outra dimensão para o São Paulo, é o mesmo que o Zico foi para o Flamengo. E ainda chuta muito bem, como os atacantes de antigamente. Devia dar aula para os atacantes de hoje (risos). E gosto dele também como gente, pela sua postura. Mas eu vi muitos craques na vida, fui ver o Zico jogar, o Romário. O Pelé eu vi só uma vez, de cima de uma mangueira, atrás do estádio, contra o Botafogo da Paraíba. Foi aquele jogo pouco antes de ele marcar o milésimo gol. É um gênio, um Leonardo da Vinci. Ninguém prestou atenção no que ele disse lá no Maracanã, sobre as crianças, sobre a educação. Se tivessem ouvido, a situação não estava desse jeito.

FUTEPOCA - E um técnico?
ZÉ DUMONT - Gosto muito do Muricy, do Luxemburgo, do Felipão, do Mano Menezes. Eles falam e pronto, o cara tem que obedecer. Não gosto de técnico que fica de conversa mole.

FUTEPOCA - Bom, pra encerrar o papo, faltou falar de cachaça...
ZÉ DUMONT - É verdade. Nós sempre tivemos essa cultura boêmia. O Juscelino Kubitschek, nosso grande presidente, gostava da boêmia, de cantar. É muito legal beber uma coisinha, cantar, dançar. Nesse país era pra todo mundo amanhecer na beira da praia, tomando uma cervejinha. Hoje eu não bebo, por questão de saúde, mas sempre gostei de uma cervejinha de vez em quando. O que tem que ter é limite, é educação. Eu sou da seguinte opinião: libere e tribute. A pessoa pode usar o que quiser, mas tem que regulamentar. Se o camarada tá embriagado ou drogado e comete um crime, tem que ter agravante. Se ficar viciado, tem que saber que o Estado não vai gastar um tostão com ele, vai ter que se virar sozinho. Tem que fazer leis muito duras. A cultura boêmia é legal, não a violência. A pessoa podia sentar lá no bar, jogar papo fora, dar uma namoradinha, cantar, compartilhar suas experiências com os outros, conhecer os outros. Mas não: hoje o sujeito discute e briga, dança e briga, bebe e briga, depois pega qualquer um ou qualquer uma que vê na frente e sai, usa e descarta. É por isso que ninguém bebe vinho no bar. O vinho estimula a conversa, o pensamento, a convivência. Já a indústria de cerveja transformou tudo num propósito só: é cerveja, briga, futebol, briga, sexo, briga, discussão, briga. Acabou com a convivência. Esse valor da violência, na nossa sociedade, foi criado para vender armas. O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha? O que é preciso é beber um pouquinho, brincar um pouquinho, dizer besteira um pouquinho. Sem exagero.

Santos comemora alta do dólar para lucrar mais com porcentagem na recente transação de Robinho

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Aproveitando a pelada entre Brasil e Colômbia, a diretoria do Santos mandou um adEvogado atrás de Robinho e conseguiu que ele assinasse um documento comprovando que já tinha vínculo com o time da Vila Belmiro nos tempos da categoria sub-13. Isso caracteriza, para a Fifa, que o Santos é o clube formador do atleta. Assim, na recente venda de Robinho do Real Madrid para o Manchester City, por 42 milhões de euros, o alvinegro praiano tem direito a 4,5%. A expectativa da diretoria santista é que esta soma entre nos cofres em novembro. Por isso, a alta do dólar também foi comemorada pelos diretores, pois os valores repassados aos times formadores geralmente estão atrelados à moeda estadunidense. Há crises que vêm para o bem...

Brasil e Colômbia: terceiro zero a zero em casa

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Argentina, Bolívia e Colômbia. Três jogos em casa, três empates em zero a zero. Foram pouquíssimas chances de gol criadas pela seleção brasileira e pode-se dizer que a representação do país de Alvaro Uribe e das Farc só não levou mais perigo para violar a meta de Julio Cesar, o invicto em eliminatórias, por falta de um finalizador competente.

Foto: Divulgação CBF
Kaka na partida Brasil e Colômbia
De pé é mais fácil jogar


Kaká se dedicou, mas pelo jeito não é tão difícil marcá-lo. Um defensor entra para dividir e outro espera a sobra (ou para dividir com o que sobra) do melhor do mundo de 2007. Faltou ter para quem tocar e usar trocas de bola em velocidade. E cair menos, portanto.

Robinho pareceu ter ido para o sacrifício, entrado em campo sem condições de jogo. Então, para que entra em campo?

Elano procurou jogo, como em outras partidas. Ajudou Kaká, deu qualidade para o passe e para as viradas de jogo no meio de campo, pedidas pelo treinador. Sua saída na segunda etapa foi explicara por Dunga pela leitura de que o Brasil perdia no meio por falta de força, para dividir e ganhar no padrão trator.

Se não dá para discordar que o time perdia o meio de campo, Mancini mostrou que não era a resposta. Deixar a bola ser trabalhada por Gilberto Silva e Josué é uma temeridade. Lúcio e Juan fazem esse papel melhor.

E aí está o ponto: em vez de força, o time carecia velocidade, como pediram o capitão Lúcio e Kaká no fim do primeiro tempo. Não teve velocidade em contrataque, nem na retomada de jogo, nem em jogadas de ultrapassagem pelas laterais, nem em tabelas pelo meio.

Pela falta de descidas de Kléber e Maicon, deu a impressão de que a instrução foi diferente da última partida contra a Venezuela. Senão, o treinador teria que ficar se esgoelando para exigir de seus laterais idas à linha de fundo.

Aliás, entendi por que o lateral-esquerdo santista continua a ser titular de Dunga. O time precisa de alguém, nos flancos do gramado, que receba os passes-bisteca-mal-passada distribuídos pela dupla de volantes. E olha que Kleber nem foi tão mal na partida, comparativamente falando, é claro.

A contusão de Juan impediu que houvesse esperanças de o treinador tirar um volante para pôr outro meia, ou atacante.

Poderia ser pior. O Brasil continua em segundo lugar, graças à limitação prática do futebol argentino e das outras seleções. A derrota dos hermanos para os enlouquecidos e ofensivos chilenos mostrou que a goleada brazuca não foi tão tosca assim.

Mas é bem tosca a síndrome que se abala sobre os atletas de camisa amarela quando jogam no Brasil. A postura do time até foi menos ridícula do que contra a Bolívia, por exemplo. Mas ficou longe de uma boa apresentação em casa.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Serra, Microsoft e um acordo genial

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Serra e Steve Ballmer, presidente da Microsoft. Acordo bom pra quem? (foto de Milton Michida)

O governador José Serra e a gigante com instintos monopolistas Microsoft fecharam um ótimo acordo ontem, um exemplo de sagacidade e inteligência do presidenciável tucano. A empresa estadunidense vai disponibilizar, por meio de um site do governo estadual, um serviço e-mail grátis semelhante ao seu Hotmail, com a expectativa de abrir 5,5 milhões de contas para alunos e professores da rede estadual de ensino. Assim, poderão ser feitas contas de e-mail do tipo "numseiquelá@professor.sp.gov.br" e outros, sendo que a caixa de mensagens terá os mesmos 5 Gbytes para armazenamento do Hotmail.

O governo paulista diz que, caso a Microsoft não fosse tão caridosa, gastaria R$ 5 milhões para oferecer tal serviço. Como lembra Sérgio Amadeu , portais como o Hotmail vive de visitantes únicos e acessos, além de anúncios e links patrocinados. Nesse caso, não é a empresa que faz uma doação, mas sim Serra que está “doando” mais de cinco milhões de visitantes para o portal, além de milhões de acessos por mês. Quanto isso representará em ganhos para a Microsoft?

Mas, se era o caso de contratar empresas para fazer tal serviço, será que o Google, que oferece o Gmail com 7 Gbytes de armazenamento, ou o Yahoo, que tem caixa de mensagens com capacidade ilimitada, foram consultados ou instados a fazer tal “doação”?

Mas não se pode falar de Serra sem citar também o prefeito Gilberto Kassab. A administração municipal também firmou um protocolo com a Microsoft em outubro do ano passado, no qual a empresa cedeu licenças de software para os novos telecentros. Claro que, para fazer a atualização, a prefeitura no futuro terá de pagar, além de ser obrigada a gastar com o necessário incremento na configuração dos computadores.

Só pra lembrar, quando a prefeitura implantou o Plano de Inclusão Digital e fez os Telecentros à época da gestão Marta Suplicy, a opção pelo Software Livre foi feita não somente pela redução de custos, mas também pelo combate à tendência monopolista do mercado de softwares. Kassab e Serra deram um passo atrás e ajudaram a Microsoft a expandir seu domínio.

Futebol combate, mas também explora a pobreza

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Nesta quarta-feira, 15, véspera do Dia Mundial da Alimentação, A Liga Européia de Futebol Profissional lança a campanha Futebol Profissional contra a Fome. O lançamento acontece em Roma, na Itália, sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
A medida é uma das iniciativas previstas para o dia que terá como temas os impactos das mudanças climáticas e da bioenergia para a produção de alimentos.

A data acontece em meio à crise financeira. Diversas autoridades, como o presidente do Banco Central sul-africano, Tito Mboweni, acreditam que a crise pode levar milhões de pessoas à pobreza em decorrência da desaceleração do crescimento econômico global.

Desde 2003, mais ou menos no mês de novembro, o brasileiro Ronaldo – outrora fenômeno e, até segundo aviso, gordo – e o francês Zidane comandam uma partida contra a pobreza. Em 2007, a equipe dos amigos de cada um disputa uma peleja no estádio La Rosaleda, em Málaga, Espanha. Apesar de ninguém querer saber, quem venceu foi a turma do francês. A arrecadação de ingressos é sempre revertida para o programa das Nações Unidas para o desenvolvimento.

Nem tudo é alegria
Apesar dos esforços para pôr o futebol a serviço do combate à pobreza, o esporte bretão também é foco de uma modalidade de exploração grave. Segundo estudo da ONG Culture Foot Solidaire jovens pobres da América do Sul e da África são vítimas de tráfico de seres humanos para a região da União Européia.

"Falsos agentes se oferecem para providenciar transporte e contratos na Europa a garotos que crêem que poderão ter bons resultados no futebol europeu e ser vendidos a algum clube por uma boa soma de dinheiro", explicou em 2007 o representante da ONG e ex-jogador da República de Camarões Jean-Claude Mbvoumin.

Foto:Divulgação Footsolidaire.org

Jean-Claude Mbvoumin, no lançamento da casa para o jovem boleiro
(numa tradução bem livre).


Segundo ele, depois de chegar à Europa e serem abandonados pelos "empresários", muitos não querem voltar, sem dinheiro ou um carrão. A organização cuida, desde 2000 na França, de jovens atletas africanos abandonados.


Traduzindo, este texto faz parte do Dia de Ação dos Blogues contra a pobreza.

terça-feira, outubro 14, 2008

"Não sou homossexual e está cheio de mulheres querendo casar comigo"

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A declaração que dá título a esse post foi proferida pelo prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) na sabatina do jornal Folha de S. Paulo. Ele fazia referência à campanha de Marta Suplicy, que questionava em uma peça de propaganda, já retirada do ar, se o alcaide "era casado e tinha filhos".

A condenação à conduta martista foi de uma quase unanimidade na mídia. Este Futepoca não fugiu à regra, sendo que tal prática, quando ainda não incorporada oficialmente pela campanha, foi rechaçada aqui . Depois de adotada, idem . Atitude equivocada dos petistas e que, sem dúvida, instiga o preconceito.

Mas o detalhe (que não é tão "detalhe" assim) é que a resposta do prefeito também é passível de condenação. Afinal, se não é homossexual, é só negar e pronto. O adendo que diz respeito às "mulheres que querem casar" com ele é uma forma machista e sexista de afirmar sua dita masculinidade. Lembra as pueris respostas a acusações de "veado" feitas na infância, respondidas com argumentos à altura do tipo "sua irmã não disse isso ontem à noite".

E se Kassab fosse homossexual, qual o problema? Talvez fosse isso que ele devesse responder. Ou, melhor, deveria dar uma resposta indignada ao jornalista que o questionou, dizendo não falar da sua vida privada porque esta não interessa (ou não deveria interessar) ao eleitor. Preferiu a saída de "macho", fez sua "defesa" para o eleitorado e colaborou com o preconceito.

E a imprensa "grande"? Essa, tão preconceituosa e que invadiu por demais a vida privada de candidatos outrora (lembram da Miriam Cordeiro em 1989?), tem o direito de fazer o que quiser. Hoje, a mídia é vestal, mesmo com um passado (e um presente) em que cansou de chafurdar na lama do preconceito, chamando políticos de analfabetos (ou insinuando), condenando divórcios – coisa que mulher "direita" não faz –, e que alimenta cotidianamente o desrespeito à diversidade em novelas e programas de humor.

Hoje, não sei o que causa mais asco, se a atitude em si ou se a repercussão que esta causou. O falso moralismo e a hipocrisia estão em alta nessas eleições.

Até o Kassab: da série separados no nascimento

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Sid, da série de animação Era do Gelo, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

No butiquim da Política - Olha o bolso!

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CLÓVIS MESSIAS*

Após a recente aprovação, na Assembléia Legislativa de São Paulo, do projeto que cria a taxa de inspeção veicular em todo o Estado, o pessoal aqui do butiquim pergunta se isso tem ligação com o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor) ou com os pedágios. Nada a ver. A cobrança da taxa ora aprovada deverá ser sacramentada por acordos a serem assinados entre as prefeituras e o governo estadual. E servirá apenas para analisar as condições do veículo. Por esse motivo, a arrecadação da nova taxa será distribuída metade para o Estado e a outra para as prefeituras.

Quanto ao IPVA, a matéria foi disciplinada pela Constituição de 1988 e pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) como imposto. Só que a lei perdeu efeito na sua originalidade, que era de distribuir a verba entre os governos federal, estadual e municipal. As prefeituras, com o dinheiro, asfaltariam ruas e tapariam os buracos. O Estado e o governo federal usariam suas parcelas na construção e manutenção de estradas. Porém, o IPVA, hoje, está disciplinado para ser distribuído 30% para a saúde, 12% para a educação e o resto para um caixa único, com os demais impostos.

Taxas, pedágios ou contribuições têm destinação específica; imposto segue apenas as regras da Constituição e da LRF. No frigir dos ovos, todos nós, freqüentadores do buteco, vamos continuar a pagar taxas, contribuições, pedágios e IPVA, sem que haja conflito legal. Essas matérias foram aprovadas pelos legislativos federal, estadual e municipal. Para o nosso azar, o vocabulário da Língua Portuguesa é vasto. Eles criam, nós pagamos.


*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

Expectativa para mais um Choque Rei decisivo

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Domingo será dia de mais um clássico decisivo entre Palmeiras e São Paulo, que ainda brigam pelo título do Campeonato Brasileiro. Será o quinto confronto entre os dois clubes neste ano. Até aqui, houve equilíbrio. O Alviverde venceu duas vezes nos Campeonato Paulista: uma goleada de 4 a 1, em Ribeirão Preto (SP), e um 2 a 0 no Palestra Itália (palco do jogo do próximo domingo), quando despachou o rival nas semifinais e abriu caminho para quebrar um tabu de 12 anos sem título estadual, contra a Ponte Preta. Já o Tricolor venceu a primeira partida semifinal do Paulistão por 2 a 1 (com um polêmico gol de mão do "turista" Adriano) e garantiu o mesmo placar na partida do primeiro turno deste Brasileirão.

O chamado Choque Rei é um dos confrontos mais equilibrados do futebol mundial. De 1936 para cá, Palmeiras e São Paulo se enfrentaram 276 vezes, com 92 vitórias do Alviverde (363 gols), 87 empates e 97 vitórias do Tricolor (372 gols). Em decisões, o duelo também é parelho: os palmeirenses levaram a melhor nos Paulistas de 1942, 1950 e 1972 e no Brasileiro de 1973. Os são-paulinos deram o troco nos estaduais de 1946, 1971 e 1992. Nos últimos anos, mais jogos decisivos acirraram a rivalidade. O São Paulo eliminou o rival em duas edições da Libertadores, de 2005 e 2006. Depois, como lembramos acima, o Palmeiras tirou o Tricolor do Paulistão deste ano. No momento, por estar dois pontos a frente e ter a vantagem de jogar em casa, o Alviverde surge como favorito, como alguns de seus próprios atletas admitem. Para o Tricolor, será a última chance de tentar alguma coisa nesta temporada. Por isso, a expectativa é de mais um grande jogo.

Marta Suplicy 'ligeiramente' perdida

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A estratégia de investir contra a vida pessoal de Gilberto Kassab (DEM), seu adversário na disputa em segundo turno pela Prefeitura de São Paulo, foi mesmo um tiro no pé para Marta Suplicy (PT). Após ser criticada publicamente até pelo ex-marido, a candidata, que é psicóloga e sempre defendeu a diversidade sexual, perdeu ontem um importante grupo de apoio neste segmento. Com tantos argumentos para politizar a campanha, Marta parece "ligeiramente" perdida, ainda refém de decisões desastradas de sua assessoria de marketing. E nas ruas paulistanas mostra-se ainda mais desnorteada, cumprimentando até "eleitor" inanimado. Confiram:

segunda-feira, outubro 13, 2008

Os manguaças e a crise financeira

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O comentário está na Carta Capital desta semana:

Perdas e ganhos
Interessante cálculo financeiro feito por um especialista (em ações e bebidas):

Se você tivesse invstido mil reais em janeiro de 2005 nos papéis da AIG, hoje teria 59 reais.

Se tivesse comprado mil reais em latas de cerveja, teria bebido bastante e, hoje, ao vender as latinhas, embolsaria 80 reais.

Tipos de cerveja 18 - As Oatmeal Stout

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Como muitas outras stouts (cervejas escuras produzidas com malte torrado ou cevada), as Oatmeal também são originárias da Inglaterra. Variantes das Sweet Stout, as Oatmeal Stout diferem destas por serem menos doces e por darem mais importância à utilização de aveia em detrimento da lactose. De cor muito escura, com sabor que mistura malte torrado e aveia, tem corpo espesso, devido ao uso deste último cereal e boa presença de gás. "Esse tipo de cerveja é bastante suave e pode dar a impressão de chocolate quente ou mesmo um café com natas açucaradas", diz Bruno Aquino, do site Cervejas do Mundo. A sua taxa de álcool varia entre os 4,2% e os 5,9% ABV. Exemplos: Broughton Scottish Oatmeal Stout, Anderson Valley Barney Flats Oatmeal Stout (foto) e St. Ambroise Oatmeal Stout.

Vitória inusitada

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Para não ser acusado de só aparecer nas vitórias, havia me penitenciado a não escrever sobre Flamengo e Galo no último sábado. Mas como não é sempre que se ganha de 3 a 0 no Maraca, de quebra com mais de 80 mil flamenguistas presentes, tentarei conter a euforia.


O jogo, na realidade, foi equilibrado em todo o primeiro tempo. A primeira melhor chance foi uma cabeçada na trave de Marcelinho Paraíba. Se entra, o jogo seria outro. Como foi tudo inusitado, o boliviano Castillo, que está no clube há uns seis meses, resolveu fazer seu primeiro gol pelo alvinegro. E acertou um daqueles chutes improváveis numa bola espirrada de uma troca de passes com Renan Oliveira.

Na seqüência, o volante Serginho do Galo teve uma bola no antebraço, que qualquer outro juiz marcaria penâlti para o Flamengo, ainda mais em casa. Paulo César de Oliveira não marcou... Daí o primeiro tempo terminou com certo sufoco do Fla, mas nada que assustasse.

No segundo, com a pressão rubronegra, o Galo passou a viver de contra-ataques bem feitos, provocando além dos gols pelo menos mais três grandes defesas do goleiro Bruno. Juninho praticamente assistia ao jogo.

Num desses contra-ataques saiu o segundo gol, numa arrancada do volante Serginho desde o meio de campo, fazendo assistência para Renan Oliveira marcar. No terceiro, o Flamengo já estava sem forças e poderia ter levado até mais.

Duas considerações finais, esse time do Fla mostra que não suporta bem a pressão. Por ter entrado depois em campo que os adversários na disputa do título, e depois de todos da ponta terem ganhado, jogou visivelmente nervoso. No primeiro tempo havia errado 21 passes contra 8 do Galo.

Segundo, a aposta do Marcelo de mandar os garotos para o campo deu certo, barrando, por exemplo, o sérvio Petkovic. Fora o goleiro Juninho, de 27 anos, o zagueiro Marcos e o lateral César Prates, os dois acima de 30, o resto do time era formado por jogadores vindos do júnior ou que não estavam tendo chance, casos de Elton e Castillo.

Destaque para Renan Oliveira, de 18 anos e o melhor em campo, e Serginho, volante de 22, duas esperanças de um futuro menos sofrido.

Quem dera o Galo jogasse assim todo o campeonato.

Com Kaká, sem Ronaldinho Gaúcho. Melhor assim.

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Tem gente que diz que quando o adversário é muito fraco não é possível fazer uma análise decente do time vitorioso. Discordo de tal tese, já que sempre é possível testar variações (ou não) e observar atuações individuais. Portanto, aos pitacos da goleada do Brasil sobre a Venezuela:

Kaká – já repararam que, se alguém no Brasil assistir a uma partida da Argentina em que Messi ou Riquelme não estejam presentes logo se fala que o time jogou desfalcado? Pois é, mas a seleção vinha atuando sem o melhor jogador do mundo e era como se o time estivesse completo. Não estava, e Kaká mostrou o quão imprescindível é hoje para a equipe. No primeiro gol, mostrou o arranque de sempre e uma capacidade de finalização que o faz “achar” gols como o que abriu a goleada brasileira. Por mais que viesse jogando bem, Diego não tem característica que o permita fazer algo semelhante. Com o atleta do Milan, a seleção é outra.

Movimentação do ataque – outra substituição que surtiu efeito foi a saída de Ronaldinho Gaúcho e a entrada de Elano. Dunga trocou um poste que ficava caído pela esquerda por um atleta com mais movimentação, que soube trocar de lugar com Robinho e confundir ainda mais a naturalmente confusa marcação venezuelana. Ganhou em pegada e velocidade.

Jogada treinada – como já dito aqui , o treinador da seleção preparou de fato a equipe, e ontem, graças a uma dessas jogadas, saiu o primeiro gol. Dunga treinou a retomada de bola com dois jogadores marcando o adversário próximo à intermediária, com possibilidade de armar o contra-ataque. Como tem um atacante que rouba muita bola (Robinho), deu certo.

Defesa – o Brasil tomou uma certa pressão da Venezuela em alguns momentos da partida, principalmente por conta da falta de ritmo de jogo de Juan e de um Gilberto Silva que oscilava entre achar que era um Dunga de 90 e um Falcão de 82. Kléber também falhou na marcação, mas acertou um lançamento no quarto gol depois de eras sem fazê-lo. Parece que aos poucos volta a ser alguém útil. Os santistas agradecem a Dunga.

F-Mais Umas - Massa, o aluno acidental

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CHICO SILVA*

Não sei se alguém notou, mas fiquei ausente na semana que passou. Culpa de uma agenda inconciliável. Volto a ocupar o espaço para tentar analisar o que se passou no GP do Japão, o antepenúltimo de uma temporada que vem se revelando a mais equilibrada dos últimos tempos da Fórmula-1. Felipa Massa pode negar, desconversar, jurar que não fez. Mas a imagem está lá, incontestável e inquestionável. Ao notar que perderia a posição e, muito provavelmente, o campeonato para o inglês Lewis Hamilton, o ferrarista não pensou meia vez. Para usar uma expressão comum dos pilotos, ele deu no meio da McLaren prateada do inglês. Certamente imaginou que este seria o único e último recurso que lhe restava para se manter vivo na briga pelo título. Massa poderia ser honesto e admitir sua real intenção naquela curva aos pés do sagrado Monte Fuji (foto acima). Mas sinceridade não é um bem de consumo desta Fórmula-1 moderna.

Massa não precisa se envergonhar do que fez. Ao tentar tirar do caminho um adversário direto na luta pelo título, ele entrou para um restrito clube do qual fazem parte lendas como Ayrton Senna e Michael Schumacher. Neste mesmo Japão, só que no autódromo de Suzuka, Ayrton Senna conquistou seu segundo mundial em 1990 ao jogar para fora da pista seu inimigo, Alan Prost (na foto acima, à esquerda, o brasileiro e o francês juntos). Na curva que precede o final da reta dos boxes, Senna forçou propositadamente a barra para provocar o acidente que lhe garantiu a conquista. Se alguém duvida, é só ir no Youtube e ver para crer. Como aqui no Brasil Senna é imaculado, quase ninguém se atreve a falar das pouco limpas manobras do tricampeão mundial.

Anos depois foi a vez de Schumacher mandar a ética para a caixa de brita. No GP da Austrália de 1994, o alemão deliberadamente atirou sua Benetton contra a Willians de Damon Hill, então seu único rival naquela temporada. Schumacher havia arrebentado a suspensão do seu carro ao chocar-se contra um dos muros do circuito. Hill vinha logo atrás e ao tentar ultrapassá-lo foi surpreendido com a manobra desonesta que garantiu a Schumacher o primeiro dos seus sete títulos mundiais. Três anos depois, o alemão tentou repetir a sacanagem. Só que dessa vez se deu mal. No GP da Europa, disputado no circuito espanhol de Jerez de la Fronteira, um desesperado Schumacher tentou tirar da competição seu oponente na batalha pela temporada 1997, o canadense Jaques Villeneuve (acima, à direita).

Porém, Schumacher é que foi parar fora da pista. Assim, o filho do lendário Gilles conquistou seu primeiro - e único - título mundial. Feito que o pai, morto em um brutal acidente em Zolder, na Bélgica, em 1982, nunca atingiu. Não queria falar nada, mas palmas para Nelson Piquet (à esquerda), que conquistou seus três títulos mundiais de forma limpa e honesta. Ou seja, sem precisar tirar ninguém do seu caminho. Pelo menos, não desse jeito...




*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.