Destaques

sábado, dezembro 20, 2008

No butiquim da Política - Vôo solo, cobrança coletiva

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CLÓVIS MESSIAS*

Ao idealizar o sistema viário Rodoanel, o falecido ex-governador Mario Covas (foto) garantiu que não haveria pedágio. Mas aí vieram seus colegas de PSDB Geraldo Alckmin e José Serra e o dito ficou pelo não dito. Surdez oportuna. O Rodoanel, que deve ganhar 13 praças de pedágio nas rodovias Bandeirantes, Anhangüera, Castelo Branco, Raposo Tavares e Régis Bitencourt, atingem uma distância aproximada de 20 a 28 quilômetros do Marco Zero da cidade de São Paulo.

Provavelmente, o governador Mario Covas, na época, estava se referindo a uma Lei de 1953 que veta a cobrança de pedágios num raio de 35 quilômetros da Praça da Sé. Chegando no butiquim, um "gorosista permanente" comemorava a fala do deputado estadual Carlos Gianazzi, do PSol, que disse, na tribuna da Assembléia Legislativa: "-Vou protocolar junto ao Ministério Público a proibição da cobrança de pedágio no Trecho Oeste do Rodoanel, fundamentada em Lei de 55 anos atrás, que nunca foi revogada e está, portanto, em plena vigência". Gianazzi afirma que, com a cobrança, haverá um verdadeiro caos no trânsito da capital, pois os motoristas desviarão suas rotas para não arcarem com essa despesa.

Perplexo, o inocente amigo freqüentador lembrou: "-Antes tarde do que nunca. Será que os legisladores aprenderam a legislar?". Mas eu lembrei ao distraído: "-Por que os outros deputados não acompanharam o Gianazzi com apartes ou confirmações em defesa da causa pública? Foi uma ave isolada, em vôo solo. E o preço do silêncio será de R$ 1,20 por eixo".

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Som na caixa, manguaça! - Volume 30

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DESALENTO
(Chico Buarque - Vinicius de Moraes)

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos

(Do LP Construção, Phillips, 1971)

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Lula pede trégua de sapatadas, mas ameaça jornalista

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Foto: Ricardo Stuckert-PR

Tá tudo bem. Tudo bem

Na coletiva de encerramento da Cúpula da América Latina e do Caribe (CALC), a tentativa de sapatada a George W. Bush virou piada. No domingo, 14, o mandatário estadunidense foi alvo de um ataque de sapato por parte do jornalista iraquiano Muntadar al Zaidi, e só quem se divertiu foram os latinos.

"Gente, por favor, ninguém tira o sapato", brincou o presidente Lula. Antes do início da entrevista, o mexicano Felipe Calderón tinha feito a mesmíssima troça. Mas o brasileiro completou: "Aqui, como é muito calor, quando alguém tirar o sapato a gente vai perceber por causa do chulé”. O evento aconteceu na Costa do Sauípe, ao norte de Salvador (BA).

Como os representantes dos países estavam com "muita hambre", sempre na definição de Lula, os repórteres receberam o pedido de fazer perguntas sucintas. Quando um jornalista ameaçava se alongar, o presidente ensaiou pegar o próprio sapato para atirar no inquiridor. Mais chacota.

Antes que alguém pergunte, a entrevista parece ter acontecido antes do almoço.

Sem graça
Segundo a BBC, os dois sapatos atirados contra Bush não tiveram um fim tão engraçado assim para Al-Zaidi.

Foto: BBC

Sapato de destruição em massa

Mesmo que o alvo tenha feito brincadeira com o ocorrido e tentado levar na esportiva a simbólica situação – até porque se esquivou do sapato de destruição em massa –, o "agressor" teria sido espancado na prisão, com direito a mão e costelas quebradas, sangramento interno e ferimento no olho. A acusação foi do irmão do preso sob custódia do exército.

Também cabe dizer que o jornalista da TV Al-Bagdadia acusou Bush de ser "responsável pela morte de milhares de iraquianos" ao atirar um pé de sapato de cada vez. Numa matéria do Estadão, consta que "segundo os costumes iraquianos, mostrar a sola de um sapato é uma ofensa grave, que equivale a dizer que a pessoa é inferior à sujeira do calçado". E arrematam: "Arremessar os sapatos é ainda mais ultrajante".

Nikita Kruschev, o precursor


Nessas questões sapatísticas (ou chulézísticas), o careca Kruschev, secretário-geral do Partido Comunista da extinta União Soviética (PCUS) entre 1953 e 1964, foi uma espécie de precursor. Durante reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1960, ele tirou o pisante e bateu repetidas vezes no parlatório, para pedir atenção às suas reclamações contra as colaborações militares entre Estados Unidos e Espanha. Kruschev, porém, teve pudor de atirar o sapato em alguém. E não há registro oficial sobre emanação de mau cheiro. (Colaborou Marcão Palhares)

quarta-feira, dezembro 17, 2008

É a lama!

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Um amigo meu viu isso esta semana no Bom Dia Brasil, da Globo, e me deixou curioso. Daí, pesquisei e achei: em Macapá, capital do Amapá, o pessoal inventou o fut-lama (futebol na lama). À margem direita do Rio Amazonas, a maré determina quando haverá jogo ou não. "É o rio que determina o horário. A gente tem que se guiar na tabela, na quadra das marés. A gente vai calculando duas, ou três horas antes da vazante da maré para não perder o ponto de jogo", explicou ao telejornal o organizador do fut-lama, Olivaldo Nunes, que comanda uma competição municipal com nada menos que 240 clubes masculinos e femininos. Quando o Rio Amazonas recua, em poucos minutos eles armam o campo de futebol. E quando o rio retorna, eles desarmam as traves e tudo mais, para não poluir a natureza.

O time que representa uma nação

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Como bem lembra o Idelber Avelar, domingo tivemos a primeira partida da final do Torneio Clausura do Chile. O Colo Colo empatou em 1 a 1 com o Palestino, que terminou a partida com dois jogadores a menos e reclamou muito da arbitragem. Pode até ser que o campeonato chileno não desperte muita atenção por aqui, mas um dos times da final é exemplar no que diz respeito à junção entre futebol e política, temas caros a esse blogue. Afinal, o Club Deportivo Palestino é bem mais que um time.

Fundado em agosto de 1920, o o clube reuniu imigrantes radicados no Chile, principalmente vindos na primeira grande corrente migratória dos palestinos, em meio à Segunda Guerra Mundial. Na verdade, os primeiros sinais da presença palestina em território chileno datam de 1880, com pessoas vindas principalmente de Beit-Jala, Belén y Beit-Sahur, em função da ocupação turco-otomana.

Mais de três décadas após sua fundação, o Palestino passou a integrar o futebol profissional do país. Em 1951, foi aceito na segunda divisão e no ano seguinte sagrou-se campeão da Segundona, garantindo o acesso à elite. Em 1975 e 1977 conquistou o título da Copa Chile e foi campeão nacional em 1955 e 1978. Hoje, é tido como uma equipe média local, e tem a chance de conquistar mais um título.

O Palestino e o Brasil

O Palestino esteve na Copa Libertadores da América em três oportunidades: 1976, 1978 e 1979 e só na primeira participação não enfrentou times brasileiros. Em 1978, caiu na primeira fase no grupo com outros dois times tupiniquins: Atlético (MG) e São Paulo. O Galo venceu suas duas partidas contra os chilenos, 2 a 0 em casa e 5 a 4 fora. Já os paulistas venceram por 1 a 0 no Chile e fora derrotados em casa por 2 a 1, resultado que contribuiu para a queda do Tricolor na primeira fase da competição.



Em 1979, o Palestino fez sua melhor campanha, terminando a fase de grupos em primeiro lugar, com quatro vitórias e dois empates. Mas, na fase semifinal (eram dois grupos de três equipes cada), competiu com o Olímpia do Paraguai e o Guarani. Chilenos e brasileiros empataram duas vezes, 0 a 0 em Santiago e 2 a 2 em Campinas. O time paraguaio sagrou-se campeão daquela edição.

Além dos confrontos com os brasileiros, o Palestino também tem outra ligação com o Brasil, ainda que indireta. Um dos maiores craques do futebol do país, e que até hoje é ídolo do Internacional, Elias Figueroa, jogou no clube após sair do futebol gaúcho, entre 1977 e 1980.

Seleção palestina no campeonato chileno?

A relação entre os palestinos e o Chile é antiga, como já dito acima, o que não só reforça os laços entre uma e outra nação como também gera situações curiosas. A maior parte dos migrantes palestinos no país provém de um mesmo local, a cidade de Beit-Jalla, vizinha à Belém, na Cisjordânia. Estima-se que ali não vivam hoje mais do que 20 mil pessoas, enquanto no Chile a população originária do lugar e seus descendentes superam a marca de 150 mil.

Em 2003, veio outra prova de boas relações entre chilenos e palestinos. A seleção da Palestina foi convidada para participar da terceira divisão local, com o objetivo de dar mais experiência aos atletas. Integrada à Fifa somente em 1998, o selecionado tem autorização para recrutar jogadores com origem palestina mesmo que tenham nascido em outros países. Isso porque Israel não permite que os atletas que residem nos territórios ocupados possam viajar.

Assim, o time que disputou o campeonato nacional e a Copa Chile era formado por boleiros chilenos, estadunidenses e de outros lugares da América Latina. Em função da dificuldade em conciliar compromisso internacionais com uma competição por pontos corridos, deixaram a disputa nos anos seguintes. Ficou um cartel pouco invejável: 28 jogos, foram 23 derrotas.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Juiz do caso Richarlyson é "punido"

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O juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, autor da risível justificativa de arquivamento da queixa-crime de Richarlyson contra o diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Jr., foi "punido".

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que os termos da sentença foram impróprios (um trecho, para relembrar: se for homossexual, "melhor seria que abandonasse os gramados") e, por isso, o juiz não poderá ser promovido por merecimento pelo prazo de um ano a partir da punição, que começou a valer no último dia 10.

Eu já critiquei decisões jurídicas aqui no blog e ganhei umas aulas sobre direito. Mas ainda assim vou me arriscar de novo: isso lá é punição para um juiz que usa a homofobia como justificativa para o arquivamento de uma queixa? Afinal ele continua no tribunal, julgando com os mesmos argumentos. Com a palavra os entendidos em Direito.

A cerveja existiu, sim

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Alertado pelo amigo Clóvis Messias, que escreve no Futepoca a coluna No butiquim da Política, confirmei que a tal cerveja que possivelmente serviu de inspiração para batizar a escola de samba paulistana Pérola Negra existiu, de fato. No site parceiro Cervejas do Mundo, descobri que a marca Pérola (foto acima) era produzida pela Leonardelli, uma cervejaria localizada em Caxias do Sul (RS). A Pérola era produzida nas versões Chopp, Malzbier, Malta, Extra e Preta (daí, possivelmente, a inspiração para Pérola Negra). Além disso, a Leonardelli produzia a simpática cerveja preta Nanica (foto do rótulo à direita). Infelizmente, essa cervejaria foi engolida pela Indústria de Bebidas Antarctica-Polar S/A. Alguns anos após essa aquisição, numa ótica perversa de "redução de custos", o grupo resolveu fechar a fábrica de Caxias do Sul. Foi o fim da Pérola. E da Nanica.

32 títulos em 73 anos: média do S.Paulo é superior

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Duas décadas mais jovem do que seus três grandes rivais, o São Paulo completa hoje 73 anos de existência. Como já explicamos aqui, o clube teve duas fundações - e, por isso, o time que existiu entre 25 de janeiro de 1930 e 14 de maio de 1935 não é considerado o mesmo que o atual, apesar de ter nome e uniformes idênticos. Afundado em dívidas, aquele primeiro São Paulo (apelidado de "da Floresta", nome do campo onde jogava) se fundiu com o Clube de Regatas Tietê e extinguiu o futebol. Inconformados, alguns antigos sócios do Tricolor decidiram refundar o clube: em 4 de junho de 1935, surgia o - natimorto - Clube Atlético São Paulo. Esse foi o pontapé inicial para que, em 16 de dezembro de 1935, ressurgisse o São Paulo Futebol Clube. Uma brecha jurídica da época permitiu que o nome fosse idêntico ao do clube anterior. O primeiro campeonato foi disputado em 1936, o Paulistão, e o primeiro título estadual viria em 1943. O primeiro Brasileiro veio em 1977, a primeira Libertadores em 1992 e o primeiro Mundial, no mesmo ano.

Sete décadas depois, o São Paulo possui uma média de títulos melhor que Corinthians, Palmeiras e Santos - se considerarmos apenas o principal campeonato estadual (Paulistão), nacional (Brasileirão), continental (Copa Libertadores) e mundial (Interclubes/ Fifa). Isso porque não quero, aqui, considerar Super-Paulistão, Rio-São Paulo, Roberto Gomes Pedrosa, Taça Brasil, Copa do Brasil, Supercopa, Sul-Americana, Mercosul, Conmebol etc etc etc. Senão, vira bagunça, é muito aleatório. Por isso, em 73 anos, o São Paulo conquistou 32 títulos principais: 3 Mundiais, 3 Libertadores, 6 Brasileiros e 20 Paulistas. Média de 0,43 títulos por ano, bem superior à do Corinthians (que venceu, em 98 anos, 1 Mundial, 4 Brasileiros e 25 Paulistas, média de 0,29 títulos por ano), Palmeiras (1 Mundial, 1 Libertadores, 4 Brasileiros, 22 Paulistas em 94 anos, média idêntica de 0,29) e Santos (2 Mundiais, 2 Libertadores, 2 Brasileiros e 17 Paulistas em 96 anos, média de 0,23 títulos por temporada). Claro, isso aqui é só um exercício seletivo, perfeitamente contestável. Mas creio que, pela diferença de idade em relação aos três rivais, o São Paulo vai muito bem, obrigado. Parabéns, Tricolor!

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Menon narra o resgate do corintianismo

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Como você viu na barra aí do lado, está chegando às livrarias um novo livro sobre o Timão – e nós estamos ajudando a vender: trata-se de "A Saga Corintiana – A maior prova de amor da Fiel ao Timão" (Editora Publisher). Deixando isso claro, posso começar a falar bem do belo trabalho do nosso parceiro Luís Carlos Simon, o Menon.

Menon é repórter esportivo e foi setorista do Corinthians durante 2008, acompanhando de perto o dia a dia do time em sua passagem pela Série B do Brasileirão. Dizer que cada capítulo narra um jogo, com direito a análise tática, é simplificar a coisa. Na verdade, cada jogo serve de fio condutor para uma série de outras histórias, de jogadores atuais e antigos e torcedores. Os relatos dão uma noção da importância do Corinthians para cada um daquele “bando de loucos”, como se autoproclamou a Fiel no desgracento ano passado.

É essa dimensão humana que marca na leitura do livro. Como bem definiu o também jornalista Vitor Guedes, que assina o prefácio da obra: “Menon retrata nesta obra o ano do resgate do corinthianismo, da fidelidade, dos valores que fazem do time feito por oerários o campeão dos campeões no coração do povo sofrido e, orgulhosamente, maloqueiro e sofredor.”

Para os corintianos, o livro vale a pena. Para os que não tem essa sorte, Menon ajuda a explicar um pouco do sentimento que cada Fiel traz no peito. Explicação que já vem, digamos, com legendas: o autor, pasmem, é sãopaulino. Ou era, antes de escrever o livro, vai saber.

PS: O lançamento do livro será no Bar Boleiros e o convite está acima. Se você quiser conhecer, xingar ou elogiar alguém do Futepoca, boa parte dos seus integrantes vai estar lá. Compareça! Mas sem agressão física, por favor...

Maldade da Mônica Bergamo

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Na edição de hoje da FAlha de S.Paulo:

CLIENTE PREFERENCIAL
O desembarque de Ronaldo em São Paulo está causando frisson. Ainda sonhando com a reabertura de sua boate Bahamas, fechada desde agosto de 2007, o empresário Oscar Maroni diz que vai "mandar um convite vitalício para ele".

PQFMTMNETA 4 - Nilton Santos, "consultor técnico" do Botafogo

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Breve introdução aos que não conhecem a série: PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Nesse espaço, mostraremos eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento.

Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim 4 - Nilton Santos, consultor técnico do Botafogo (2005)

Há um clichê por aqui que diz que o "brasileiro não tem memória". O que é verdade em muitos casos, mas não é em outros. Um ícone para o qual certamente essa história não se aplica é Nilton Santos. O ex-atletas, maior lateral esquerdo e um dos maiores jogadores no geral da história do futebol brasileiro, sempre foi figurinha carimbada na mídia esportiva nacional - muito merecidamente, diga-se de passagem. É claro que o dia em que ele morrer (o que não deve demorar muito, infelizmente, já que Nilton sofre de um Alzheimer que evolui de maneira incontestável) vai chover gente dizendo que o Brasil não respeita os ídolos, que não valoriza o passado, que qualquer um que dê três chutes na bola hoje é ídolo e o que realmente merece elogios é o antigamente...

Pois bem: justamente por todo esse contexto, valorizar um ícone do passado é algo que ganha aprovação imediata de todos os setores, inclusive da às vezes irritante mídia esportiva. Nada melhor para "fazer o filme" de uma instituição do que relacioná-la com alguém dos antigamentes e que tenha reputação elevada. Foi exatamente isso o que o Botafogo fez com Nilton Santos em 2005.

O "Enciclopédia" foi convidado pelo técnico botafoguense à época, Paulo César Gusmão, para ser o "consultor técnico" do clube. O cargo era livre: Nilton iria a General Severiano quando pudesse, sem nenhum compromisso de horário ou de qualquer outra espécie.

A apresentação de Nilton no "cargo" foi uma festa. Como se fosse o mais fanático dos torcedores do clube, Paulo César Gusmão conduziu a chegada de Nilton Santos ao treinamento do clube, o apresentou aos jogadores, tomou a iniciativa de apresentá-lo à imprensa, foi um verdadeiro cicerone. Na ocasião, Nilton falou diretamente ao seu "colega de profissão", o lateral-esquerdo do Botafogo de então, Oziel: disse a ele que deveria evitar os carrinhos durante as partidas. Oziel recebeu o conselho com alegria e prometeu segui-lo. Sumiu completamente no mundo do futebol.

A atuação de Nilton Santos como consultor de Botafogo terminou inócua, exatamente da mesma maneira como começou. Sabem aquelas coisas que se esquece "intencionalmente", até que sumam de vez? Foi esse o caminho. Não durou muito tempo a passage de Nilton pelo cargo, assim como também foi breve a estada de Paulo César Gusmão como técnico do Botafogo.

De modo que o que ficou daquela história foi o exemplo de homenagem "para inglês ver" que o Botafogo fez. Não que Nilton Santos não seja digno de todas as honrarias; mas talvez seja o caso de pensá-las com mais qualidade, e não tratá-las como um carnaval para agradar a opinião pública.

Máfia do apito de 2005 poderia ter pego jogadores, diz Protógenes

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Em entrevista à revista Caros Amigos de dezembro, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz revela que a investigação da máfia do apito, deflagrada em 2005, poderia ter descoberto fraudes relacionadas a jogadores e dirigentes.

Foto: José Cruz/ABr
O trabalho foi "destruído", segundo ele, pela reportagem de capa da revista Veja, que revelou a investigação. "Quando é sexta já está na internet. Os bandidos fugiram. Não se pode fazer isso", lamentou.

A informação foi dada, curiosamente, em uma pergunta que questionava "por que, em geral, o furo é da Globo".

Ele revela ainda que o que "mais doeu" foi o fato de a repórter Thais Oyama não ter se sensibilizado por seu apelo e alerta sobre o estrago que a publicação acarretaria. "Sua investigação vai ser matéria de capa e vender 150 mil revistas", teria dito a jornalista. A queixa foi apresentada como modelo do que o delegado considera como furo que não é bom para a sociedade.

O fato é alguém da equipe de Protógenes – pelo que ele diz, não foi ele próprio a passar a informação – é que vazou a informação. E não há menção a quem poderiam ser os jogadores e dirigentes envolvidos no esquema de fraudes para beneficiar apostadores descoberta na Máfia do Apito que resultou na anulação de 11 partidas do campeonato brasileiro de 2005, beneficiando o Corinthians.

Daniel Dantas
O delegado relata ainda que, na segunda prisão do banqueiro Daniel Dantas, na Operação Satiagraha, ele confessou que financiava jornalistas para produzir reportagens favoráveis a seus interesses ou contra seus rivais. Mas nada de nomes, além da referência indireta aos que estão no inquérito.

Além disso, revela um episódio de suposto enriquecimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já reproduzido em diversos blogues. Para quem for ler, substitua a citação à revista Época por IstoÉDinheiro, e a reportagem mencionada é esta. Mas os nomes citados pelo delegado não constam na reportagem. Apesar de o delegado ter comandado as investigações sobre a MSI, o assunto não coube nas seis horas de entrevista.

No butiquim da Política - Ano novo, carro novo

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CLÓVIS MESSIAS*

A Toyota foi a vencedora da licitação realizada pela Assembléia Legislativa para substituir sua frota. O veículo vencedor indicado pelo pregão eletrônico foi o Corolla automático. O Legislativo vai adquirir 164 carros para uso dos 94 deputados, lideranças partidárias e os sete membros da Mesa Diretora.

Cada automóvel custará menos de R$ 45 mil, quase o mesmo valor pago aos velhos Astras, adquiridos há três anos, na gestão do deputado Rodrigo Garcia (DEM). Ele é o pai do prédio anexo, que já consumiu R$ 26,6 milhões - e é apenas um esqueleto. A obra ficará parada por mais dois meses. A entrega dessa nova ala deveria ter sido feita há dois anos...

Foi publicado no Diário Oficial o valor a ser pago pelos 164 veículos: R$ 7.228.250,00 (sete milhões, duzentos e vite e oito mil e duzentos e cinqüenta reais). É dinheiro público saindo dos impostos pagos por nós. Saúde, educação, promoção social, habitação popular, tudo isso fica para outra oportunidade. Depois eles pensam nisso.

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.