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domingo, janeiro 18, 2009

Boa causa para alavancar a orgia

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Tomando umas e outras com a Lílian, velha amiga de minha mãe que mora em Brasília, entre fofocas políticas e piadas improvisadas (só não falamos de futebol), ela contou um caso que prova como as boas ideias lançadas num filme podem se tornar uma tecnologia social com um verdadeiro e concreto impacto na sociedade. Claro que o propósito edificante não é necessariamente uma qualidade num filme, em geral é um defeito. Mas este caso é distinto.

Ela me contou, e eu confirmei nesta nota da Gazeta.web (texto da Agência Folha), que dez prostitutas paraibanas decidiram doar uma noite de seu trabalho para resgatar uma dívida da Associação das Profissionais do Sexo da Paraíba (Apros-PB).

Diz a nota que a "Apros-PB, criada em 2001, tinha como renda a venda de preservativos. Segundo Luza (presidente da associação), em julho o grupo ficou sem recursos do Ministério da Saúde, que financiava vale-transporte para as visitas. Sem dinheiro para as passagens, caiu a venda de preservativos".

A metodologia para amplificar o potencial de arrecadação pelo volume de trabalho é que remete diretamente a um excelente filme de Karim Aïnouz, O céu de Suely (veja aqui o blog oficial), que fez bonito na temporada de 2007. Como a personagem Hermila (interpretada por Hermila Guedes e que assume o nome de guerra Suely), as prostitutas fizeram uma rifa a R$ 5 valendo uma noite de orgia sexual que normalmente, contando o motel, custaria por volta de R$ 600. O vencedor poderá escolher entre dez profissionais que fazem ponto em João Pessoa e doarão todo o recurso à instituição.


No filme, Hermila nem prostituta é. Ela se prostitui por uma noite para levantar uma grana e dar aquela zerada na vida, para recomeçar. Cearense, ela foi tentar a vida em São Paulo junto com o namorado, que acaba a abandonando com um filho pequeno. Ela então volta a Iguatu, no sertão de seu estado, vive essas peripécias, deixa o filho com a ex-sogra, e põe de novo o pé na estrada.

Na vida real, a arrecadação esperada pela Apros-PB é de R$ 5 mil (quer dizer, mil manguaças esperançosos), o que vai dar pra pagar a dívida de R$ 3 mil, cobrir custos e ainda fazer um caixa pra tocar a Associação.

A ideia toda é interessante: oferecer um serviço ultradiferenciado por um preço bastante acessível, mas com o alto risco que faz parte das operações de alto retorno no mundo capitalista. Os potenciais clientes não se importam em gastar as cinco pilas e perder, contando com a possibilidade de ganhar uma noite de sonhos. E o resultado é que, em vez de exploração de mulheres que muitas vezes não têm outra opção de inserção no mundo do trabalho, elas sacam as regras do jogo e alavancam os ganhos com um baixíssimo investimento. É realmente um empreendimento louvável, digno de divulgação num programa tipo "Pequenas empresas, grandes negócios".

Se o Faustão faz isso com um carro, uma casa, por que elas não podem fazer isso com uma noite de sexo?

Karim imaginaria que sua ideia ia pegar?

8 comentários:

Marcão disse...

Grande Iguatu, já estive lá. Agora, se o papo é putaria, outro dia ouvi uma ideia de negócio simplesmente peculiar (as mulheres que se sentirem ofendidas podem considerar que o esquema também pode ser utilizado por elas, substituindo protistutas por garotos de programa). Lá num boteco do Sacomã, em São Paulo, o amigo de um amigo me falou sobre a hipótese de montar uma empresa especializada em despedidas de solteiros.

Para quem não sabe, é praxe, neste país, que os amigos do noivo preparem uma "festinha" antes do casamento, com muita bebida e mulherada. O mesmo ocorre com as mulheres, que vão ao "Clube dos Homens" ou coisa que o valha. Mas a ideia, agora, é profissionalizar a coisa. Tudo funcionaria mais ou menos como nas festas de formatura, em que cada pessoa paga uma quantia mensal para garantir o pagamento da festa, no final da faculdade.

Segundo o amigo do meu amigo, um grupo de 15 homens pode procurar a tal empresa cerca de 6 a 10 meses antes da "festinha" e relatar o que quer. Por exemplo: uma chácara afastada, uma van para transporte, tais e tais bebidas e comidas, preservativos, afrodisíacos e, óbvio, prostitutas. Daí é estipulado o valor que cada um vai depositar por mês e a empresa fica encarregada de fazer esse dinheiro render o máximo possível e, também, de providenciar o melhor serviço, com o menor preço.

No dia fatídico, os amigos inventam um jogo de futebol em alguma cidade próxima e o único trabalho que terão será o de arrastar o noivo até o ponto combinado e entrar na van. Chegando na tal chácara, já está tudo lá, ninguém precisa se preocupar com nada. Mas há um requinte de malandragem nessa história, para garantir que o serviço será aproveitado ao máximo. O "golpe" é fazer uma vaquinha adicional para comprar um micro system de marca duvidosa (estilo 25 de março). Daí, cada participante da orgia coloca umas 10 pulseiras de vinil em cada braço - e cada homem tem uma cor diferente.

Cada vez que a pessoa transar com uma prostituta, entrega uma pulseira para ela. Daí, na hora em que elas chegam, é anunciado que o aparelho de som será daquela que conseguir reunir as 15 cores de pulseira primeiro. O amigo do amigo contou que já freqüentou despedidas de solteiro com esse mecanismo e que foi necessária a ingestão de viagra para aguentar o furor das meninas em disputa pelo tal micro system. Tá, eu sei, é uma coisa canalha e maquiavélica. Mas, se prostituição é profissão, o consumidor pode tentar um melhor proveito. Ou não?

Ps.: Ah, o esquema do amigo do amigo tem nome: Poupaputa. Se as mulheres gostarem da ideia, a versão "despedida de solteira" pode ser o Poupamichê ou Segredo de Noiva...

Maurício Ayer disse...

Ah, Marcão, bom que você lembrou. Apesar de ser uma campanha focada nos homens, parece que a Aspro-PB está recrutando michês para também dar a opção às mulheres.

Nicolau disse...

O bom da rifa para as prostitutas e que, na prática, a maioria delas vai trabalhar muito pouco para o vencedor. Sem comparação com uma noite normal das moças.

Anselmo disse...

O Céu de Suely é um excelente filme.

Maurício Ayer disse...

Aliás, Marcão, pra constar, o seu comentário conseguiu estrapolar todos os limites do comentário mais escroto do ano (e o ano está apenas començando).
Parabéns também neste quesito.

Marcão disse...

A intenção não foi essa, mas a gente fazemos o que pode. (rsrs) Abraço!

Anônimo disse...

Sou de Brasília tbm. Tem mta gente q faria isso por pouca grana!@

Maurício Ayer disse...

Por nada não, Marcão, mas é que essa do microsystem é foda...