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quinta-feira, fevereiro 26, 2009

A ditabranda do Otavinho na Folha de S.Paulo

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O Assunto jé é meio velho, mas não pode passar sem registro aqui no Futepoca por misturar política e, provavelmente, cachaça que alguém bebeu. Basicamente porque o líquido ajuda a destravar a língua, daí alguns acabam falando (ou escrevendo) sinceramente demais.


Em 18 de fevereiro, a Folha de S.Paulo, mais uma vez, soltou um editorial raivoso contra Chavez cahamando-o de ditador etc... pelo resultado do plebiscito em que poderá se reeleger quantas vezes quiser (e o povo deixar, óbvio). Até aí nada demais, Estadão e o Globo fazem o mesmo cotidianamente.

O pior foi a comparação: "Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente."

Ok, dá vontade de perguntar ao Otavinho (publisher do jornal) quem mais chama de Ditabranda a ditadura brasileira. Até onde sei, a Folha inventou essa agora. 

Não vou me estender muito em comentários, mas publicar as cartas enviadas pelos professores Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides, por coincidência dois personagens que já entrevistei e dos quais tenho as melhoes impressões possíveis.

Cartas

Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala -que horror!" 
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES , professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP) 


"O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana." 
FÁBIO KONDER COMPARATO , professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP) 

Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua "indignação" é obviamente cínica e mentirosa. 

Dizer que as indignações de Comparato e Benevides são obviamente cínicas e mentirosas... O que foi então esse editorial e a resposta da Folha, que não teriam saído sem a aprovação do dono do jornal, ou seja, Otávio Frias Filho?

Cabem as perguntas, o que eles beberam, fumaram ou cheiraram antes de tanta bobagem? Essas acho que nem Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi publicariam na Veja. Ou publicariam?

9 comentários:

Marcão disse...

Cada vez me convenço mais de que não estou errado por não consumir a Folha (e a Veja, e o Estadão, e os noticiários televisivos) há mais de dez anos. Como dizia Raul Seixas: "Eu não preciso ler jornais/ Mentir sozinho eu sou capaz/ Não quero ir de encontro ao azar".

"Ditabranda" no dos outros é refresco...

Anônimo disse...

O Juca Kfouri usou o termo "ditabranda" hoje em sua coluna na mesma Folha, e em tom irônico. Li sem entender nada, só agora tô sacando...

Thalita disse...

além do termo em si, uma aberração, eu queria saber exatamente por que um acadêmico brasileiro tem que ter escrito algo contra o regime de cuba para ter direito de escrever contra a ditadura brasileira. Não dá pra acreditar...

Glauco disse...

A lógica é assim, Thalita, pra eu poder reclamar pro garçom que a cerveja da minha mesa está quente, eu teria que ter falado antes a mesma coisa da cerveja da mesa vizinha. É assim que a Folha pensa.

Quanto à expressão “ditabranda”, ela não é nova, e foi utilizada algumas vezes para definir o período entre 1964 e 1968, primeira fase do regime militar, que Elio Gaspari denominou em um de seus livros como “Ditadura Envergonhada” (o “escancaramento” viria com o AI-5). Além de pra lá de questionável o uso dessa expressão, a Folha ainda quis alargá-lo para abarcar todo o período da ditadura. De chorar.

Anônimo disse...

Bom, pelo menos a posição politica desta editoria não é nem cínica nem mentirosa, mas absolutamente clara e evidente. E olha que eu, aqui meio de longe, costumava pensar que a Folha era a "menos pior".

Anônimo disse...

E, ainda hoje é possível encontrar docente público federal que jura pela santíssima trindade de que o
Regime era dotado de uma bondade tão extremada, mas tão extremada mesmo, pelo nosso educacional, ao ponto de o ter nomeado sem concurso, exclusivamente por ter convencido general avalizador de ficha dos ingressantes de que ele era o mais competente academicamente possível para o cargo.

Anônimo disse...

Precisam avisar os desavisados da Barão de Limeira que Fidel ganharia fácil qualquer eleição lá na ilha. Já os generais, certamente o povo também preferia e preferirá os cavalos a qualquer dos milicos títeres dos ianques.
Agora, manigestações como esta da FSP só me fazem pensar cada vez com mais convicção que o "pacto" celebrado entre 86/87, e que resultou na CF de 88, foi, a bem da verdade, algo lamentável, pois algum tempo mais e nossa verdadeira esquerda tão fragmentada realmente se organizaria, quem sabe, e aí teríamos um levante, uma efetiva ruptura que derrubaria a ditadura e levaria para o cadafalso cretinos como estes que participaram da feitura dos infames textos aqui citados.

anrafel disse...

Pena que a PDVSA não tenha operações no Brasil. Uma boa série de anúncios resolveria o problema.

Anônimo disse...

Caros companheiros brasileiros:
Não quero distender longevas verbalizações passionais, mas desejo aperfeiçoar uma modesta proposta que vi em outro artigo: Acaba-se a lei da anistia, os torturadores são processados, e em troca, o pessoal que praticou terrorismo (Dilma, José dirceu, genoíno etc) também será processado e ainda, os que receberam indenizações, devolvem o din-din (incluindo o Lula, FHC, o pobre ziraldo). Que tal?