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sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Um Santos que lembra os tempos da fila

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Aos 31 minutos do primeiro tempo, um lance simbólico. Adriano pega a bola no meio de campo, tal qual caranguejo anda de lado, procura alguém pra passar, e perde a redonda. O Marília quase marca seu segundo tento na partida.

Ali, muito se pode ler sobre o jogo. Adriano não tinha que estar ali. Com todo o respeito, pode ganhar experiência em alguma equipe menor, pode ficar na reserva, mas não é nunca pra ser titular. Aliás, contra o Marília, o Santos não pode jogar com três volantes. Se os outros dois vão pra frente e não deixam opção de passe para o tosco Adriano, porque não um meia de fato no lugar dos dois?

Isso evidencia o erro do treinador, mas também o da diretoria em formar um elenco tão desigual e com tantas posições carentes. E aí o torcedor que tem vinte e tantos ou trinta anos sente uma desagradável sensação de déjà vu. Uma equipe com zaga medíocre, meias batedores e uma reles esperança de gol no ataque. Kléber Pereira hoje representa o que Serginho Chulapa, Paulinho McLaren, Guga ou mesmo Viola representaram em momentos distintos para o torcedor santista nos anos 80 e 90. O artilheiro que encarna o imponderável, que faz de um coletivo limitado uma equipe que pode vencer. Às vezes, não sempre, e ainda assim contestado por parte da torcida. Mas faz o suficiente para o combalido e fanático peixeiro crer.

Outros jogadores invocam lembranças. Ruins. Fabiano Eller, louvado injustamente por alguns, erra a saída de bola e dá um gol mal anulado contra o Santos. Lembra Marcelo Fernandes, Maurício Copertino, Camilo... Talvez não seja correto fazer tais comparações, no showbol alguns desses são mais serenos e sábios. O goleiro que não sai debaixo da baliza na pequena área não lembra Cejas. Remete a arqueiros pouco móveis, algo obesos, como Ferreira ou Gilberto, vulgo Baleia.



Márcio Fernandes pede para Kléber Pereira não voltar para o meio, ficar fixo na área. Sua orientação tem o mesmo efeito que meus gritos indignados diante da televisão. Não dizem coisa alguma. E é saindo da área que Kléber, aos 15 do segundo tempo, coloca Roni na cara do gol. Ele perde. KP não respeitou o “comandante”. Roni, substituído, também não. Sai do campo como se a equipe ganhasse o jogo, lentamente, irônico.

É o retrato do triste Santos e do seu ex-treinador. A única diferença para aquelas equipes de parte dos anos 80 e 90 é que os atletas aparentavam ter mais vontade.

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Após a partida, mais um lance da patética diretoria santista e do elenco supra-sumo. Apenas Márcio Fernandes, o pára-raios, o inocente útil, dá entrevistas. Nem Adílson Durante, nem Ocimar Bolicenho - o amigão do "gênio" - se dignam a dar entrevistas. Jogadores vão embora antes do técnico anunciar sua demissão solitário. Talvez um daqueles que achava que a grande manifestação de liberdade era jogar bobinho no treino ou ver TV na hora do almoço tenha falado: "Deixa esse cara se explicar aí que nós não vamos falar nada. Tô com sono". E assim, o torcedor alviengro é mais uma vez desrespeitado.

Renato Gaúcho, que quase foi ao céu no primeiro semestre de 2008 e viveu o inferno no segundo, é o nome em pauta. Aposta, nada mais que aposta.

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Mas o complemento da rodada de ontem também foi marcado por um lance inusitado no estadual do Rio. Alguém já tinha visto um goleiro SOFRER um pênalti? Veja aqui.

6 comentários:

Anônimo disse...

O time não é bom, mas comparar Eller com Camilo, F. Costa com Gilberto e a equipe atual com algumas dos anos 90 é um exagero. Tente lembrar melhor desses anos...Abs

Anônimo disse...

Olha, Glauco. Sou simpático ao Santos e por isto torço para que arrumem outro técnico. Renato Gaúcho não!!!!!

Fabricio disse...

A impressão que tive no domingo contra o Palmeiras foi exatamente esta. Depois de muito tempo o Santos pareceu menos perigoso.

Ano passado no Brasileiro, primeiro turno, o Palmeiras abriu 3x0. Porém, mesmo antes do Santos diminuir para 3x2 já havia o sentimento "calma, é o Santos, se não tomar cuidado a coisa pode engrossar". Nem preciso dizer o medo depois dos 2 gols santistas.

Mas neste último domingo, escutando o jogo em casa, parecia que o Palmeiras jogava contra qualquer outro time. Não havia aquele medo de perder. O gol era questão de tempo (e foi).
O Olavo chegou em casa bem no momento em que o Santos diminuía para 3x1. Tudo bem, levamos um, mas a vitória não pareceu ameaçada como acontece nos clássicos assim.

Eu senti muito isso nestes último anos desde o rebaixamento do Palmeiras em 2002. O rebaixamento em si foi muito duro, mas aquele time não era tão ruim a ponto de cair. Pior foi nos anos seguintes (com exceção da luz do fim do túnel de 2003/2004 com Vágner Love e Cia.). O Palmeiras não inspirava confiança alguma. Nas partidas da Libertadores diante do São Paulo em 2005 e 2006 esperávamos por milagres, não por um clássico equilibrado. Ano passado com a conuista do Paulista parece que as coisas retomaram seu caminho, embora o título brasileiro que era, pela primeira vez depois de muitos anos, viável, escapou por um acomodamento final. Mas o time continuou se reforçando. Não ganhou nada ainda, mas o sentimento de poder fazer frente a qualquer time está de volta. Coisa que o Santos parece ter perdido mais uma vez, como perdeu nos anos de fila, como o Palmeiras perdeu em sua fila e após o rebaixamento também.

Nicolau disse...

E se confirma a previsão fetia por Glauco Faria: Marcio Fernandes não come ovo de Páscoa na Vila belmiro.

Marcão disse...

E aí, quem será o próximo técnico do Santos?

Glauco disse...

Maurício, o que quis dizer é que Eller lembrou em alguns momentos os jogadores citados. Pelo cartaz que tem e pelo que jogou e joga no Santos (quando consegue jogar, fato raro) está bem abaixo das expectativas.

Fabricio, foi isso mesmo que tentei passar, parecer o time da fila é quando a equipe entra em um clássico e parece um time comum, tanto na técnica quanto na vontade. Ninguém se supera, nem tem lampejos de craque, é só mediocridade.

Nivaldo, essa tava fácil de acertar, né?

Marcão, estão ventilando Autuori, O.O., Abel Braga. Mas acho que o mais provável é o Portaluppi, vulgo Renato Gaúcho. É a solução fácil, embora não seja a melhor. Resumindo, é a cara da diretoria de Marcelo Teixeira.