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segunda-feira, março 02, 2009

A ditabranda, de novo

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Marcelo Coelho nem é um dos piores no que restou da FSP de que um dia já gostei (confesso, não precisam me torturar por isso). 

Mas ao tentar defender o indefensável, a Ditabranda, acaba entregando o patrão. Diz com todas as letras que foi Otavio Frias Filho quem fez a grosseria com o professor Comparato. Quem milita em jornalismo sabe que uma coisa dessas não sai sem ordem do patrão, mas Marcelo Coelho desmascara, literalmente:  

"Veio então a carta de Fábio Konder Comparato, dedo em riste contra a pessoa do diretor de Redação, Otavio Frias Filho, chamando-o ao pelourinho em praça pública. O diretor de Redação reagiu chamando de cínica essa conclamação prosecutória. Konder Comparato excedeu-se, num gênero jacobino que contrasta com toda a retórica democrática em torno da liberdade de expressão.  Tratava-se de defender Chávez, mais do que acreditar na tese de que a “Folha” teria passado a apoiar a ditadura. A resposta de Otavio a Comparato quis denunciar essa hipocrisia, essa indignação postiça, chamando-a de cínica." 

Se alguém duvidar, acesse: http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br/

Quase tão bom quanto isso é um comentário que mostra a linha dos editoriais da Folha na década de 1970. Não consegui checar se é verdadeiro, mas o próprio Marcelo não se contrapõe. Veja o comentário na íntegra e a resposta de Coelho.

"[Paulo Moreira] [paulo.moreira@yale.edu] [paulodaluzmoreira.blogspot.com] 
Vamos tentar mais uma vez e supor que meu comentário não apareceu por alguma falha técnica. Recordar é viver - Editorial da Folha de São Paulo de 1971 "Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca ouve. E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama. O país, enfim, de onde a subversão - que se alimenta do ódio e cultiva a violência - está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da imprensa que reflete o sentimento deste." Octávio Frias de Oliveira, 22 de setembro de 1971.

RESPOSTA de Marcelo:
o editorial de 1971 é péssimo. Mas você não se lembra de nenhum outro?

Sem comentário. 

4 comentários:

Glauco disse...

Fredi, esse tempo que você gostava da Folha era aquele em que o Clóvis Rossi era "acusado" de ser adepto do petismo. Veja como as coisas mudam...

Sartorato disse...

Pior é que eu gosto do Coelho, fiquei decepcionado por ele tentar reduzir o caso a uma simples escolha ruim de palavras.

fredi disse...

Glauco, sem querer me defender, mas me defendendo, gostava um pouco antes.

Do começo até o fim dos anos 1980, quando lia Cláudio Abramo, Tarso de Castro, Flávio Rangel, o antigo Janio de Freitas, Otto Lara Resende.

Num tempo em que Otto, por exxemplo, escrevia isso pela morte de Tarso:

"Tinha um pacto de felicidade com a vida. Pouco importava que a vida não cumprisse a sua parte. Eu interpelava os astros: de quem foge Tarso de Castro? Que persegue Tarso de Castro? Ele ria. E o riso apagava no rosto o vinco das noites boêmias. A vida jogada fora, num gesto de desdém e de rebeldia. Mas onde está a vida dos que a depositaram na poupança? Na vertigem com que vivia, no seu furor, havia, sim, um sinal de maldição. Sua morte nos punge como um remorso. Tantas imposturas, tantos vencedores! Adeus, Tarso".

Acho que estou velho para descobrir quem mudou, eu ou a Folha...

Marcão disse...

"O editorial é péssimo". O que mais me enoja, nessa profissão dos infernos, é o pedantismo que todo jornalista possui, em maior ou menor grau. Do alto do Olimpo, determina: "isso é péssimo, isso é ótimo". Não é só na Folha, no Estadão, na Veja ou na TV que fazem isso. Hoje em dia, em qualquer jornaleco de interior há um monte de gente arrotando sentenças. "Sou jornalista, determino o bem e o mal". Que desgosto, meu Deus, que depressão...

Deve ser por isso que eu bebo tanto.