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segunda-feira, março 16, 2009

Não tem dúvida, Ronaldo ironizou

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Zapeando pela TV, aconteceu de eu cair no MultiShow, no programa Alta Horas, e qual não foi minha surpresa quando vejo que iam passar justamente o programa em que entrevistaram o Ronaldo. Parei pra ver.

Ronaldo não prima por falar bem, ao contrário, não tem grandes sacadas nem grandes ideias. Com o microfone, não é exatamente um tipo carismático, embora seja sim bastante simpático e tenha respondido não exatamente com desenvoltura mas sem dúvida com tranquilidade as perguntas que lhe fizeram. Lá pelas tantas, veio a tal pergunta que teria feito o Ronaldo escorregar, se enrolar, derrapar, entre outras possíveis descrições pejorativas. “Ronaldo, fazer sexo antes do jogo atrapalha?”

Agora que o programa foi ao ar, dei uma vasculhada na internet e vejo que a cobertura é bem mais amena, quando muito questionam se o jogador imaginava a repercussão negativa que teria sua resposta. Ronaldo brincou mesmo, estavam todos rindo. Quem levantou a bola pra piada do “passivo” foi o próprio Serginho Groisman. Em meio às chacotas, Ronaldo disse que “não se perde nem ganha nada”, e o apresentador retrucou que “depende, pode perder alguma coisa” ou algo que o valha. Depois de se resguardar cientificamente (“Não tem nenhum estudo comprovando que atrapalha”), Ronaldo emendou, seguro e com um sorriso no rosto: “Na dúvida, pode ser passivo”.

De fato, a piada causou constrangimento, e ao contrário de versões anteriores que incluíam um (risos) após a tirada, todo mundo parou de rir. Mas Ronaldo demonstrou que está tranquilo com o caso dos travestis em que se envolveu meses atrás, está até brincando com isso. Se é homossexual ou não, não se sabe, nem importa saber. Mas sem dúvida ele não é bambi.

Preconceito

Poderia questionar se a repercussão antes do programa ir ao ar – portanto, sem a possibilidade de se comprovar versões – não era só mais um caso de sensacionalismo barato. Mas me interessa mais entender esse constrangimento que se abateu no estúdio do programa.

Não acho que seja só o fato de serem jovens, sempre muito cruéis e muito afeitos a rir das derrapadas de pessoas em público, o que piora no caso de uma celebridade. Se envolve sexo então... e ainda mais se for homossexual. Na verdade, a fala do Ronaldo encontra a barreira de dois preconceitos (entre outros, claro).

O primeiro é o de brincar com um caso que se supõe que ele deva querer esconder, ou seja, quem tinha que ficar constrangido era ele, e aí cometer o terrível ato falho que se lhe imputou. O segundo é o de que, supondo que se pudesse brincar com um caso tão “delicado”, quem faria isso não seria o Ronaldo, um tipo que, novamente, se supõe não ser capaz de uma manobra verbal que envolva um pouco mais de inteligência.

Aí estão os fatos: ele ironizou, e ninguém encarou a onda dele.

6 comentários:

Felipe Carrilho disse...

Maravilha de texto, Maurício. Sóbrio e preciso.
Abraço.

Marcão disse...

De Marcelo, meus sinceros parabéns pela suprema coragem de assistir tão nefasto programa televisivo. E vossa senhoria acaba de ser promovido a defensor-mor de Ronaldo Bambi aqui no Futepoca. Uma honra isso!

Maurício Ayer disse...

Valeu, Felipe!

O programa é mesmo bizarro, Marcão. Mas pros adolescentes que não bebem deve ser interessante.

Chamam também umas bandas que tenham algo a ver com o entrevistado, e por sorte o Marcelo D2 estava em show e não pode ir, senão ia ter que suportar esse plus.

Agora, você chamar o Ronaldo de são-paulino assim não é justo. Caberiam outras pilhérias, mas uma ofensa hedionda como esta ele provou que não merece.

Marcão disse...

"pros adolescentes que não bebem deve ser interessante"

Nunca vi uma definição mais apropriada para um programa do Serginho - argh - Groisman...

Glauco disse...

Na TV Cultura o cara até fazia um programa decentezinho, vai... Mas hoje, pra vê-lo, só o interesse jornalístico que moveu o Mauricio ou uma abstinência alcoolica severa.

Nicolau disse...

Em uma madrugada dessas, já faz uns anos, meu irmão e eu estávamos na sala batendo papo e zapeando e passamos pelo programa do Serginho. Nesse momento, meu pai levantou para ir ao banheiro. Parou na entrada da sala, olhou a TV e disse: "Esse Serginho... Não sei oq ue tá acontecendo. Parece que... tá virando uma ostra." Deu risada, virou e voltou pra cama. Eu e meu irmão consideramos uma análise bastante acertada.