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quinta-feira, abril 02, 2009

Dunga 3 a 0, Maradona 1 a 6

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No dia da mentira, o time do massacrado técnico Dunga venceu a seleção do Peru por 3 a 0 em Porto Alegre. Enquanto isso, em La Paz, a Argentina apanhou de 6 a 1 da vice-lanterna representação da Bolívia. Nem foi a redenção do primeiro nem a execração do segundo. Ainda.

Brasil e Peru
Com dois gols de Luís Fabiano, incluindo um de pênalti e outro em posição de impedimento, e outro de Felipe Melo, o Brasil manteve o padrão nas eliminatórias. Para facilitar a convocação de atletas e conciliar a prévia da Copa, são realizadas duas partidas na mesma semana e, sempre, o escrete canarinho vai bem em uma e mal na outra – ou vice-versa. Desde os tempos de Carlos Alberto Parreira era assim.


Daniel Alves foi bem.

Quando a primeira das duas partidas é ruim e a segunda melhora, cabe dizer: "O Dunga deve ter falado umas boas verdades pra turma". Ou: "Ouviram as críticas e resolveram largar de fazer corpo mole". Quando é o inverso é mais complicado.

Os próximos jogos são contra Uruguai e Paraguai. Se mantiver o padrão, uma vitória e um empate para manter a segunda colocação seriam o melhor cenário.

Em campo
Kaká voltou, procurou jogo, correu os 90 minutos. Embora não tenha sido sua melhor forma, mandou avisar que Ronaldinho Gaúcho não precisa mais ser convocado. Daniel Alves foi apontado como melhor em campo por alguns comentaristas, claramente agrada Dunga, mas não tem vaga garantida. Maicon, o parceiro de Adriano nas baladas, tem mais vigor físico, embora tenha apresentações piores com a amarelinha.

Robinho até procurou a bola, mas não esteve bem. Alexandre Pato entrou a pedidos da torcida, mas aprontou quase nada. Elano, pela regularidade, parece ter conquistado a posição na meia.

Cabe destacar o gol do camisa 5, foi um lance de raça, com divididas e mais divididas até chegar à cara do goleiro. E então, quando eu esperava um chutão, uma bomba para coroar uma arrancada que teve um pouco de técnica e muito de trombada, veio o inusitado. Um toque sutil para tirar o arqueiro da jogada.

A seleção do Peru jogou muito mal, é fato. Conseguiu uma bola na trave em um lance que Julio Cesar, o quase imbatível contra o Equador estava adiantado.

Piaba
Enquanto parte da torcida brasileira fazia cara feia a cada passe certo da equipe de Dunga, os argentinos tinham um pouco mais de motivos para se preocupar. A goleada histórica de 6 a 1 traz a lembrança do placar de 5 a 0 alcançado nas eliminatórias da Copa de 1994 contra a Colômbia, que condenou os hermanos a disputar a repescagem contra a Austrália e abriu caminho para a volta de Diego Maradona no mundial dos Estados Unidos.

Mas não é essa digreção que importa. Importa que o time verde massacrou o time do agora técnico Dieguito. A cada gol, era como uma punhalada no coração, descreveu o treinador. Equivocou-se e pagou, o que lhe rendeu, nas contas do Olé, 40% da responsabilidade pela derrota – 20% para altura, 30% para os jogadores e 10% para a Bolívia. Isso porque os jogadores fizeram as "partidas de suas vidas", segundo a reportagem.

O que é divertido é que, na partida contra a Venezuela, a mídia argentina elogiou tanto o time que considerou a melhor atuação de Messi com a camisa da seleção. No jogo seguinte...

É inevitável preferir Dunga ao Maradona.

8 comentários:

fredi disse...

Camarada Anselmo, postei poucos segundos depois quase a mesma coisa, mas como o seu foi primeiro e está mais completo, o meu fica aqui como comentário.

Ontem lá pelas 19h liguei para o amigo e colaborador do Futepoca, além de argentino, Gerardo Lazzari, e como não havia visto perguntei o resultado do jogo entre Argentina e Bolívia. Quando ele disse 6 a 1 pensei que fosse pegadinha de primeiro de abril. Não era, mas sim uma derrota histórica, dessas que nunca se esquecerá (foto/crédito UOL).

Corte para o jogo do Brasil em que vi o primeiro tempo e dormi no começo do segundo. O Brasil começou bem, fez um gol de pênalti que foi pênalti e o segundo com o Luiz Fabiano impedido, depois o terceiro que não vi. Parêntese para o comentarista do SporTV, Renato Marsiglia, que mesmo vendo no replay das imagens que o gol havia sido impedido manteve a posição de dizer que foi na "mesma linha". Êta, patriotada.

Daí hoje de manhã analisando os resultados deu até vontade de absolver o Dunga, porque parece que a altitude tem efeito devastador sobre os times da planície. E ficou a constatação óbvia, temos um goleiro bem melhor que a Argentina, capaz de fazer milagres, e o Dunga tem uma sorte do caramba. Porque era para termos perdido para o Equador de 4, 5, 6 gols também e acabamos empatando em 1 a 1. Isso com 37 finalizações contra o gol brasileiro.

O.k, retomamos a vice-liderança das Eliminatórias, estou quase dando razão ao Dunga, mas só para azucrinar continuo com a campanha: Fora, Dunga. Nada de anão na seleção.

Para finalizar, o técnico Diego Maradona mordeu a língua por ter defendido os jogos na altitude. Seu amigo Evo Morales tem de ligar para consolá-lo.

Marcão disse...

Fui tentar ver o jogo no Gaspar (menos conhecido como Bar do Bosco), em Pinheiros, mas eles já estavam jogando água no chão e fechando as portas às 21h50. Sem opção, me dirigi ao Minhoca's, local apropriado para secar o time de Dunga. Porém, logo no início, deu pra entender por que o Peru é o último colocado nas eliminatórias sul-americanas, com 7 derrotas em 12 jogos e saldo de gols de -20. O time é uma mistura piorada de Guarani com Noroeste e foi presa fácil da nossa selecinha. O palcar de 3 a 0 foi equivalente a 1 a 0, tamanha a fragilidade do adversário. Estivesse o Brasil na ponta dos cascos (o que não ocorre há séculos), teria sido 6 ou 7 a 0, fácil.

Mas o ônus de ter visto a partida no Minhoca's foi a preferência pela transmissão da TV Globo e, para meu completo suplício, a narração estereofônica de Galvão Bueno. Ele passou o tempo todo justificando a goleada sofrida pela Argentina como culpa única e exclusiva da altitude, condenando o Lula por ter apoiado Evo Morales e explicando, com o mesmo argumento, o sufoco que o Brasil tomou no Equador. Vomitável. Eu acho que a altitude influenciou, sim. Mas, para um 6 a 1, seja contra quem e onde for, não há desculpa possível. É vexame, mesmo.

gerardo lazzari disse...

Concordo com o amigo Marcão que não a desculpa para o placar de 6x1.
Assisti o jogo e notei que Maradona ficou preso a suas propias palavras. Ele defendeu o direito dos Bolivianos de "jogar onde nasceram". Por isso saiu com um esquema ofensivo para jogar em La Paz. De cara se viu que não ia dar certo e mesmo assim manteve a postura tática ate o final.
Se é certo ou errado não sei, seguramente a maioria dos argentos estarão putos da vida hoje.
Para os defensores dos direitos dos povos, esta ok, acho que Maradona foi corajoso e acabou sem querer dando uma grande alegria ao amigo Evo e o povo Boliviano.
Diferente ao amigo Fredi e Marcão, eu estou com Dunga sim!!!...fica Dunga!

abs

Fabricio disse...

Dizer que o time que ganhou de 6x1 só tem 10% de influência do resultado é algo que só poderia vir de um jornalzinho de merda como o Olé. Bom, mas seus jornalistas deve estar contentes, afinal, a torcida boliviana gritou o nome do jornal por bastante tempo no final do jogo.

Anselmo disse...

A homenagem da torcida boliviana citada pelo Fabrício é ótema.

fredi, acho que mtas partes do seu post deveriam ser incorporados, pq concordo.

o q acho que vale a discussão é que o esquema tático dos dois jogos foi muito diferente. Se foi assim, é pq o Dunga sabe alguma coisa de tática (e vagamente mais umas outras coisas sobre técnica). Isso o torna capaz de treinar um time de futebol. Pode não ser o melhor para o cargo (eu continuo candidato) mas não é tão tosco quanto parte da mídia esportiva quer fazer crer.

Glauco disse...

Curioso é que, quando o Brasil tem um resultado favorável, o Dunga é "sortudo", quando perde, é um imbecil. Falta coerência nos argumentos...

Quanto ao Maradona, que faz declarações racista e homofóbicas, esse sim nunca foi treinador de verdade e, além de ser um boçal (ah, mas vamos tirar sarro do Pelé, porque adoramos louvar os vizinhos...), se aguentar até a Copa do Mundo, a Argentina não passa da primeira fase. Mas ele teve uma atitude mais digna que a imprensa. E se fosse o Dunga a ter uma derrota dessas, hein?

Nicolau disse...

Fredi, a frase "Nada de anão na seleção" é preconceituosa. Os anões têm direito de fazer parte da comissão técnica da seleção, desde que entendam do riscado.

Glauco, não vejo incoerência entre ser sortudo na vitória e imbecil na derrota. A idéia é que ele sempre é imbecil, mas às vezes dá sorte.

Ainda acho que a Seleçao precisa de um treinador mais criativo, que possa inventar um jeito de jogar que aproveite os caras fora de série (hoje em dia, talvez só o Kaká esteja fazendo valer o título), dê um jeito de suprir a carência de meias e dê uma certa estabilidade que hoje falta. Mas não sei quem seria o tal cara.

Anselmo disse...

insisto que as variações táticas da seleção mostram que o cara não é tão tosco quanto o pessoal acha. craro que algumas das variações nao funcionam. Até aí, não tem técnico no universo que resolva todos os jogos.

acho que, pro dunga, seria uma bençã se o ronaldo gaúcho se contundisse ou não pudesse ir pra copa de 2010 pra liberar o dunga a escalar o elano ao lado do Kaka. porque não é fácil deixar o gaúcho no banco.