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sexta-feira, maio 15, 2009

F-Mais Umas - Mamãe não gostou

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CHICO SILVA*

Dia das mães e corrida. Essa não parece ser uma combinação feliz para Rubens Barrichello. Mais uma data se passa e Rubinho não consegue dar a vitória de presente para a mamãe, Dona Idely. Tudo bem que dessa vez não foi um vexame como em 2002, naquele cômico e ao mesmo tempo trágico GP da Áustria. Para quem não se lembra, Rubinho liderava até a última curva quando, via rádio, recebeu uma ordem do então chefe da Ferrari, Jean Todt, para que aliviasse o pé e deixasse o "companheiro" Michael Schumacher vencer a prova. Passivo, Barrichello acatou a determinação e, a partir dali, reforçou seu lado Pé de Chinelo (à direita, os dois no pódio, naquela infeliz ocasião). Foi um dos episódios mais patéticos e constrangedores da história da F-1.

Revoltado com a marmelada, o público presente ao circuito de A-1 Ring soltou uma das maiores vaias já ouvidas em um evento esportivo no mundo. A impagável narração de Cléber Machado (à esquerda) também merece lembrança. O narrador passou a última volta inteira duvidando que a Ferrari fosse capaz de inverter as posições dos dois, fato que já havia ocorrido no mesmo circuito no ano anterior. A diferença é que naquela ocasião Rubinho estava em segundo e Schumacher em terceiro. Machado carregou sua convicção aos metros finais da prova. Até que soltou o célebre "Hoje não! Hoje não! Hoje sim?!? (...) Olha, é inacreditável!", num tom que misturava resignação, incredulidade e raiva. Quem duvida pode clicar aqui e conferir no Youtube.

Pois bem. No último domingo, mais uma vez, Rubinho se viu na condição de vítima do companheiro e da própria equipe. Só que, ao invés de Schumacher, o protagonista da vez é Jenson Button (à direita). A dupla da surpreendente Brawn tinha como estratégia realizar três paradas para abastecimento e troca de pneus. No meio da corrida, e com Barrichello disparado na frente, o engenheiro do carro de Button mudou a tática e partiu para o chamado Plano B. Com um pit stop a menos e um carro mais leve na parte final da prova, o inglês conquistou a quarta vitória em cinco corridas na temporada. A alteração sem aviso prévio deixou Rubinho perplexo.

Indignado com a postura do time, ele ameaça abandonar a Fórmula 1 se for comprovado qualquer privilégio ou benefício ao adversário de equipe. A pergunta que fica é: até quando Rubinho vai continuar com esse discurso surrado de que é "apenas um brasileirinho contra todo esse perverso e desumano mundo da F-1?". Até quando? E agora ele nem pode reclamar, pois foi avisado pelo seu engenheiro que o companheiro mudara de planos. Se quisesse, poderia pedir para a equipe repetir a estratégia adotada com Button. Outro dado chama a atenção nesse caso: o dono da equipe é o mesmo Ross Brawn (acima) que era responsável pela estratégia de corrida da Ferrari nos tempos dele e Schumacher. No início do ano, Rubinho dizia para quem quisesse ouvir que Brawn seria ético e não privilegiaria nenhum piloto na disputa interna.

Segundo ele, a preferência seria conquistada pelos resultados de pista. As quatro vitórias e 41 pontos de Button, contra 27 do brasileiro, provam que Brawn está cumprindo o que Barrichello esperou dele. Portanto, só há uma coisa a fazer: trocar o choro pelo pedal. Acelera, Rubinho! Ainda dá tempo. Ou então, dá-lhe Casseta, Pânico...

Livro de balcão - Mudando de combustível, aproveito para dar uma dica literária, creio que muito apropriada aos frequentadores deste cyberboteco. A Panda Books acaba de lançar "Hic!stórias – os maiores porres da história da humanidade"(R$ 35,90). A obra faz uma viagem pelo tempo e resgata bebedeiras e ressacas monumentais desde os tempos de Cleópatra e Alexandre, o Grande, até os desbundes etílicos de personagens do Século XX, como a diva Billie Holiday, o filósofo nouvelle vague Jean Paul Sartre e o gigante Noel Rosa. Com diz a resenha da editora, trata-se da "evolução humana pela antropologia do boteco". É para ler de copo na mão!

(PS.: Coluna enviada em 11/05 e só publicada agora porque o editor Marcão encontra-se temporariamente afastado da civilização)

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

3 comentários:

André disse...

Pô, me pergunto porque o Barrichello não se assume logo como um novo Ricardo Patrese e ficamos por isso mesmo. Essa atitude patética de "estou disputando o título", "coitado de mim, tão querendo me ferrar", é coisa de tonto. Diga logo pra todo mundo ouvir: "Sou segundo sim e serei escudeiro do Button sim. Os caras me pagam milhões pra fazer isso, então eu faço!"

Esse negócio de insistir que está disputando algo enquanto não há disputa (ou alguém aí acha que o Rubinho é melhor que o Button?) é ridículo. Na época da Ferrari era a velha ladainha: "Estou em pé de igualdade com o Schumacher". Hahaha, conta outra!

É por essas e outras que, a cada ano que passa, Barrichello fica mais patético.

Glauco disse...

Chico, só uma ressalva. O engenheiro de Barrichello não não o avisou qeu Button tinha mudado a estratégia. difícil imaginar essa situação porque até o Galvão Bueno percebeu a mudança. Ou seja, Rubinho foi sacaneado mesmo.

O problema dele é a postura que "consagrou" seu nome na F-1. Acho, e podem me xingar por isso, ele mais talentoso que o tal do Massa, mas sua submissão fez dele um piloto de segunda, com potencial pra ser de primeira. Ele é pior que o Haikkonen, por exemplo?

Rodriguera disse...

Que me perdoem os botafoguenses mas o Rubinho se compara: eterno vice !!
Dá ate raiva, cria uma grande expectativa e na hora H pipoca... Ahhhh Rubinhoooooo !!