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quarta-feira, maio 06, 2009

Melhor escola estadual de SP é a 2.596ª do país

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Alertado pelo camarada DeMarcelo, dei uma espiada na entrevista que a Folha de S.Paulo (argh) fez com Camilo da Silva Oliveira, diretor da melhor escola da rede estadual de São Paulo no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a E.E. Lúcia de Castro Bueno, em Taboão da Serra (Grande São Paulo). Detalhe principal: ela foi apenas a 2.596ª no ranking geral do país (média 58,5, em 100 pontos). Não há melhor raio-x para o desmonte que o PSDB do (des)governador José Serra (foto) conseguiu fazer em terras paulistas. Para se ter ideia da discrepância, a melhor escola estadual do país, o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mantido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), teve média 75,11 - ficando na 19º posição no ranking geral. Convenhamos que a diferença entre a 19ª e a 2.596ª colocação, não só pela gigantesca distância numérica, mas por tratar-se de estabelecimentos de ensino da mesma região (Sudeste), é pra lá de gritante. Pior ainda quando lembramos que São Paulo é o estado mais rico do Brasil.

Mas essas comparações nem a Folha e nem ninguém da "grande imprensa" se dispõe a fazer (pra variar). Pré-candidato assumido à Presidência da República em 2010, José Serra e seu governo catastrófico no estado de São Paulo continuam blindados pelos mais influentes meios de comunicação. Mas, de vez em quando, sai alguma coisa interessante. Como essa entrevista de Camilo Oliveira, diretor da escola de Tabão da Serra, que desabafa, com todas as letras: "O governo do Estado só me atrapalha". E prossegue: "Aqui é uma escola maldita, que vai contra os modismos de cada secretário. Depois da Rose Neubauer [gestão Mario Covas], em que as escolas perdiam aulas para treinamento de professores em horário de serviço, veio um que nem sabe o que é rol de conteúdos [Gabriel Chalita, gestão Geraldo Alckmin]. A escola, que já não funcionava, ficava uma semana em feira de ciências ou excursões para zoológico. Melhora o ensino? Vi que era fria e tirei a escola disso. No governo Serra, temos o terceiro secretário em dois anos e meio. Se o meu projeto dependesse do governo, estaria esfacelado".

E Oliveira diz mais: "O governo não tem a menor ideia do que fazer com as escolas. Deveríamos nos preocupar com o que realmente interessa, que é a aprendizagem dos alunos. Depois se acerta a burocracia. Hoje, os diretores ficam mais preocupados com as atinhas, e o aluno não tem aula. É uma inversão. É triste (...) esse caos em São Paulo". Questionado sobre o novo secretário paulista de Educação, o ex-ministro (de triste memória) Paulo Renato Souza, o diretor escolar já suspeita de suas intenções. "Ele [Paulo Renato] se tornou político. O problema é saber se o objetivo dele é eleger o Serra presidente ou melhorar o ensino. Se ele chegou apenas com visão política, as escolas vão seguir esfaceladas, sem conteúdos. Ele vai ser mais um". A Secretaria da Educação do governo Serra não respondeu as críticas.

11 comentários:

Glauco disse...

"O governo do Estado só me atrapalha". Precisa falar mais algo?

André disse...

Esse é o governo "competente" do PSDB. E o pior é que tudo indica que o estado de São Paulo não vai despertar tão cedo dessa tirania elegendo o Geraldo ou outro qualquer em 2010.
Infelizmente a educação vai mal, assim como o meu estado...

Maurício Ayer disse...

Imagina, você ser diretor de escola estadual e ter que ficar fugindo do governo pra conseguir focar... que dureza...

Anselmo disse...

Gostaria de saber, com sinceridade, se alguma escola pública tem ajuda e facilidades da instancia de poder a que está submetida. talvez haja, mas a origem de burocracia, em geral, atrapalha. Claro que, no contexto da entrevista, a coisa parece mais grave neste(s) governo(s) tucano(s).

Thalita disse...

eu já tinha lido a entrevista, mas queria saber se houve notícia de alguma retaliação contra o diretor. Pq até onde eu sei vigora uma lei da mordaça na área de educação: quem dá entrevista criticando sofre punição. Isso não é exagero meu, é verdade. O JT chegou a publicar matérias dizendo que nenhum professor havia sido ouvido por causa da mordaça.

Brunna disse...

Anselmo, a escola em si tem sim. Existe uma política de bonificação que atinge não só seus funcionários (exemplo quem alta menos ganha mais) mas também as escola. Celeiro juvenil que menos tem reprovação recebe uma certa remuneração, o mesmo vale para escolas que tem menos "desistencias" ao longo do ano.
Quanto a "lei da mordaça" a Thalita tem completa razão, a grande parte do professora não fala por conta da lei Lei n°10.261( se não me engano de 1968)
Aleais vale lembrar uma coisa... com a mobilização dos sindicatos e de ong´s, os vereadores de SP votaram um projeto para ACABAR com a lei da mordaça. Se alguem me responder o que aconteceu com o projeto eu pago uma cerveja.
O José Serra vetou em janeiro deste ano, sob alegação que o PROJETO É INCOSTITUCIONAL.
Precisa falar mais alguma coisa? Incostitucional os professores falaram....

Kitagawa disse...

Opa, não sou simpatizante do PSDB, mas essa escola citada na reportagem não é a melhor estadual, mas a melhor estadual "convencional", ou seja, sem contar as escolas especiais, técnicas, ligadas a universidades, etc.
Mas isso não tira o fato das escolas estaduais paulistas serem notadamente ruins em comparação com outros estados.

David Neto disse...

Exatamente. O diretor está coberto de razão, mas não se trata da melhor escola estadual de sao paulo... As ETECs tem notas bem melhores, assim como essa do RJ, pois fazem vestibulinho... As outras, que atendem a todos, ficam para trás...

Daniel disse...

Essa Escola do Rio que você usou para comparação não poderia ser incluída na sua análise porque provavelmente é uma escola que seleciona os alunos que nela ingressam. Por exemplo, o COTUCA, colégio técnico vinculado à UNICAMP, é mantido pelo estado de São Paulo e teve um bom desempenho. Você deveria comparar a escola de Taboão da Serra com uma outra escola qualquer da rede pública do estado do Rio. Escolas de aplicação e colégios técnicos sempre se dão melhor porque selecionam os alunos que ingressam e não seguem as mesmas diretrizes que as demais escolas da rede pública. Por exemplo, a escola de aplicação da Universidade Federal de Viçosa é a terceira melhor do país.
Obviamente isso tudo que eu disse não melhora a qualidade das escolas públicas de São Paulo e nem a administração do PSDB.

Daniel. disse...

Desculpe pelo meu comentário anterior. Não havia lido os outros comentários. Agora o fiz e percebi que já haviam dito o mesmo que eu.

Maurício Ayer disse...

Não tem por que se desculpar, Daniel. Valeu o comentário.