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segunda-feira, junho 22, 2009

Diretoria fraca precisa de técnico forte. Para o bem ou para o mal.

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Quando Émerson Leão assumiu o Santos em 2002, o presidente peixeiro ofereceu quatro reforços a ele. Jogadores decadentes ou de qualidade duvidosa. Leão preferiu treinar os garotos para formar uma equipe que pudesse engrenar no ano seguinte. A coisa deu mais certo do que o esperado e o clube saiu da fila de 17 anos sem título. Se o técnico seguisse a sábia sugestão do presidente, talvez estivéssemos na fila até hoje.

Quando viu que o filé santista era bom e o time ajeitado, Luxemburgo fez a caveira de Leão e ocupou seu lugar em 2004, mesmo tendo dado uma banana para o clube em 1998. Foi campeão brasileiro e veio o novo abandono de lar, desta vez ao menos foi para o Real Madri, e não para o Corinthians. Voltou em 2006, no pós-crise de 2005 e demitido do clube espanhol. Chegou quando ninguém ousava pagar o que ele pedia. Só o Santos.

Conquistou dois paulistinhas e fez o que quis. Contratou às pencas atletas do Iraty, negociou, re-negociou, pintou, bordou, se relacionou com organizadas, trouxe nomes do gabarito de André Belezinha, Magno, Galvão, Petkovic (aliás, tomara que o Santos não deva pra ele). Com seus custos próprios e mais a comissão técnica e jogadores, ajudou a conduzir o clube à bancarrota financeira. Pode fazer isso porque tinha quase carta branca para gastar, contratar e mandar embora a seu bel prazer.

Qualifico as duas heranças dos treinadores de forma bastante distinta. Leão - histriônico e de difícil relacionamento, é fato - deixou um patrimônio (valorização de jogadores jovens, desconhecidos e/ou encostados) devidamente dilapidado por Marcelo Teixeira, o eterno. Luxemburgo deixou um rombo no orçamento. Claro, por omissão de quem deveria mandar de fato. O que as duas experiências mostram é que, com uma diretoria fraca, só um treinador com carta branca pode trazer títulos a um clube. Pode ser um título glorioso como o de 2002 ou oneroso como os dois últimos estaduais conquistados. Mas, sozinha, a diretoria é incapaz de traçar um planejamento - bom ou ruim - para o time.


"Ó, ó... Só uma!"

Dado o momento da equipe, nada mais justo que ir atrás de Muricy Ramalho. Nem tanto pela suposta incompetência de Mancini, que tem um elenco limitado e paga por erros que comete e também muito por aqueles que não comete. Mas com um nome do porte do ex-são-paulino, o SEU planejamento vai se impor, e MT poderá fazer o que mais gosta: conversar com presidentes de clubes rivais, costurar pra tentar manter o poder a qualquer custo, cuidar da sua universidade. Enfim, terá tempo pra fazer o que realmente lhe interessa. E Muricy tocará o barco, escondendo as falhas da diretoria e tendo a paciência da mídia e da torcida a seu favor.

Melhor solução para o Santos, hoje, não há. Mas, ao mesmo tempo, é a tábua de salvação de uma diretoria pífia. Que dilema para o torcedor... o seu bem pode ser a extensão do mal. E, pior, ainda conviver com a sombra da volta de Luxemburgo. Como o coração fala mais alto, vem, Muricy!

6 comentários:

Olavo Soares disse...

Vem, Muricy!

Victor disse...

Até porque o fato da diretoria não se salvar pelo técnico não quer dizer que seja substituída por uma melhor.

Se há a possibilidade de ficar "menos pior", então que se aproveite.
Amanhã vai ser outro dia...

Glauco disse...

Pode até ser, Victor, mas alternância é bom pra democracia. Quando existe democracia, o que não é o caso do Santos e da maioria dos clubes de futebol do país.

Anselmo disse...

eternidade de um presidente nao constrói (com acento na nova regra ortográfica).

só discordo de um ponto. a boa relaçao com a mídia não é garantida pelo muricy, mas pela relação de simpatia eterna entre a mídia e o sao paulo (pro qual contribui a inexistência de uma oposiçao articulada e interessada em queimar a situação).

agora, eu prefiro o muricy treinando outro time.

Maurício Ayer disse...

Mas que desprezo pelo Mancini...

Glauco disse...

Não se trata de desprezo em relação ao Mancini, mas sim à diretoria. Em determinados contextos é complicado para um treinador tranalhar, ainda mais se o mesmo não tem uma grande corrida na área. Se Mancini estivesse em um lugar mais estruturado, teria mais chances de se destacar.