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terça-feira, junho 09, 2009

Para diretor do Vitória, mulher tem que apitar jogo de mulher

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“Mulher tem que apitar e bandeirar jogo de mulher. Futebol feminino existe para isso”. A declaração é de Jorge Sampaio, vice-presidente executivo do Vitória, sobre o erro da assistente Márcia Bezerra Lopes Caetano, no jogo de domingo contra o Palmeiras.

No primeiro tempo do jogo, Roger deu uma cabeçada à queima-roupa defendida por Marcos. Sampaio defende que a bola entrou e que a assistente, credenciada pela Fifa, errou.

Porém, não contente, o infeliz diretor cobrou geladeira para a assistente e ainda destilou uma série de preconceitos contra as mulheres."Esta senhora ou senhorita, não sei qual é a situação dela, tem que pegar uma geladeira", cobrou o dirigente, que justificou o erro devido a falta de intimidade das mulheres com o mundo do futebol. "As mulheres não estão prontas para apitar no futebol masculino. É preciso fortalecer o futebol feminino e definir que mulher apita jogo de mulher e homem apita jogo de homem".

Sampaio alega que o Vitória esta sofrendo uma espécie de “perseguição” feminina. Na segunda rodada do Brasileiro, a assistente Ticiana de Lucena Falcão Martins, marcou impedimento e anulou um gol de Neto Baiano no primeiro tempo. No jogo, Vitória ganhou de 1 a 0 sobre o Sport, no Barradão. Para o vice-presidente do Vitória, a CBF já deveria tomar uma atitude barrando as mulheres em 2007, quando a assistente paulista Ana Paula de Oliveira anulou dois gols na vitória por 3 a 1 do Botafogo sobre o Figueirense e teria prejudicado a classificação dos cariocas para a final da Copa do Brasil daquele ano. "Aquela bandeira que saiu pelada fez uma lambança inacreditável contra o Botafogo. E como fica!? Trabalhamos muito, tem muitas famílias e muito dinheiro envolvido para vir uma mulher sem nenhuma competência atrapalhar", alegou.

Jorge Sampaio e a diretoria do Vitória, prometem um protesto formal na manhã desta terça-feira, 9, pedindo uma punição a Márcia Bezerra Lopes Caetano por sua atuação na virada por 2 a 1 do Palmeiras diante do Vitória , no Palestra Itália. Atitude válida e que serátomada também por dirigentes do Cruzeiro, que alegam terem sido prejudicados pela arbitragem, no 1 a 1 deste domingo, contra o Internacional.

O fato é que alguém precisa avisar o Sampaio que os erros de arbitragens estão acontecendo aos montes, a cada rodada do Brasileiro, e quase todos por homens.

Em Avaí e São Paulo, já no final do jogo Denis, o goleiro do São Paulo pegou com as mãos uma bola recuada pela zaga tricolor. Tiro livre indireto, não marcado por Leonardo Gaciba, que faz parte do quadro da Fifa. Mesmo árbitro que prejudicou o Vasco na semi-final da Copa do Brasil ao não marcar um pênalti do zagueiro Chicão no atacante Elton, fato pelo levou o Corinthians para a final da Copa do Brasil contra o Internacional.

No empate entre Santo André e Santos (3 a 3), na última quinta-feira, o lateral Gustavo Nery saiu de campo com uma ruptura no ligamento do joelho direito, depois de uma entrada violenta do goleiro Fábio Costa. O juiz Fábio de Oliveira ignorou o lance e sequer marcou falta. Na segunda rodada do Brasileiro, mais um série de erros grotescos, praticados por homens. Já o técnico Carlos Alberto Parreira esta revoltado com os seguidos erros de arbitragem contra o Fluminense.
Os exemplos se multiplicam com tranquilidade, além da memória estar aí para relembrarmos os erros que estão cada vez mais comum na arbitragem brasileira.

E me parece que o problema não são as mulheres na arbitragem, ao contrário das declaração machistas de Sampaio. Fica a sugestão de banir todos os árbitros e assistentes e colocar o senhor Sampaio para apitar o próximo jogo.
Afinal ele é homem, e conta com a dita intimidade com o mundo do futebol....

8 comentários:

fredi disse...

Xiii, Brunna, não entendo o que vc está reclamando, o que ele falou de errados? (rs)

Pelo Amor de qualquer coisa, é ironia, não me crucifiquem...

Acho boa a ideia de ele apitar, mas o que vc quis dizer com a frase "conta com a dita intimidade com o mundo do futebol..."?

Maurício Ayer disse...

Espero que ele não se animne e, depois de apitar ou bandeirar um jogo, resolva posar nu.

Olavo Soares disse...

Lamentáveis as declarações, até porque o erro de arbitragem foi sutil e completamente compreensível. Homem, mulher e até mesmo máquina poderiam ter errado naquele lance.

Por outro lado, uma coisa que lamento é que sempre o debate sobre arbitragem feminina acaba caindo na conversa machismo versus não-machismo.

Nunca vi, por exemplo, algum estudo que comprovasse (ou desmentisse) que as mulheres têm condições físicas (vejam bem, físicas, porra) de acompanhar um jogo profissional masculino.

Por esse motivo - e só por esse, caralho, antes que já comece a cair sobre mim a saraivada de sempre com acusações de machismo - sou contra a presença de árbitras. Mas não de bandeirinhas mulheres, até porque o esforço físico nesse caso é bem menor.

Anselmo disse...

eu ia comemorar justamente o fato de a autoria feminina permitir um debate sobre arbitragem feminina com menos apelação e mais discussão. como editor de ana-paula-oliveira e outros assuntos espinhosos, acho importante.

sobre as falhas de arbitragem, foi a segunda partida seguida em que o vitória se considera prejudicado (eu tbem considero que o foi).

mesmo sem diminuir o erro do árbitro no domingo, acho que os atacantes do vitória foram mto displicentes nas finalizações. a derrota do vitória tem mto mais relação com isso (foram mtos gols perdidos) do que com a arbitragem (q foi decisiva num lance).

qdo o diretor do clube fala essas bobagens, meu argumento soa menos besta.

Brunna disse...

Frédi ia escrever que ele tem intimidade com a bola. Achei melhor deixar para lá *rs

Glauco disse...

Só pra ressaltar que o lance de Fábio Costa não foi marcado falta porque o bandeira (homem) errou ao dar impedimento. Mas o cartão vermelho ou ao menos amarelo era bem aplicável, mesmo com a jogada parada (erroneamente, repito).

Quanto às declarações, é só ridículo, lembrando que um outro ex-presidente do vitória foi responsável por ofensas racistas contra o atual goleiro corintiano Felipe. Não faz nada bem à imagem do time.

Nicolau disse...

O blogue parceiro Impedimento também comentou as declarações estapafúrdias do tosco aqui:
http://impedimento.wordpress.com/2009/06/09/futebol-nao-e-esporte-para-mulher/
Destaque meu:
"Agora, vejam vocês como a história é traquina. Esta bandeirinha Márcia Bezerra, que o diretor do Vitória quer agora jogar na cova dos Leões, foi a mesma que em julho do ano passado tomou uma atitude que poucos marmanjos teriam coragem: anulou um gol do Flamengo contra este mesmo Vitória, em pleno Maracanã."

Fabricio disse...

Essa do Olavo de permitir bandeirinhas mas não juízas me agrada. De fato não havia pensando nisso.

Mas dentro das quatro linhas concordo que deveríamos ter juízes homens.

Nada contra, e sem machismo, claro.