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quinta-feira, junho 04, 2009

Quais as fronteiras dos chavões?

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Já que temos discutido recentemente o jornalismo, e futebol é uma das três essências básicas deste espaço, gostaria de compartilhar uma indagação que tive esses dias. E é algo sobre o qual gostaria de ouvir a opinião de todos, jornalistas ou não.

Tenho uma amiga, também jornalista, que trabalha em um grande portal. Pelas decorrências da vida profissional, ela acaba tendo que escrever sobre tudo - inclusive futebol, assunto pelo qual ela nunca teve interesse e, por consequência, não tem nenhum domínio.

Invariavelmente ela me pede "dicas" para seus textos. O compreensível medo dela é cometer alguma gafe imperdoável aos olhos dos consumidores do jornalismo esportivo. Como tratar de pequeno um time grande (ou vice-versa) ou não dar o devido valor a um título conquistado por determinado clube, e por aí vai.
Esses dias ela me pediu ajuda novamente. E confessou qual é, na avaliação dela, a principal dificuldade que sente na hora de escrever um texto jornalístico sobre futebol: saber que chavão "pode" e qual "não pode" estar em um texto. Pondo na prática, ela disse que gostaria de usar a frase "todo brasileiro é um técnico" no texto. Eu disse que era horrível. Mas depois fiquei pensando em outros chavões que a imprensa esportiva - e tô falando também da imprensa de boa qualidade, antes que a crítica acabe caindo só nos maus profissionais, e que eu também uso - usa "livremente" para falar do futebol.

Esse é o primeiro gol dele com a camisa do... vejam bem, não é horrível falar dessa forma? Além de impreciso! Quem garante que o sujeito nunca vestiu a camisa do time quando era criança, num jogo comemorativo, ou sei lá o quê? Mas é uma frase que acaba caindo perfeitamente nos textos.

Com a vitória, o time foi para o G4. Esse é um chavão mais recente, típico do futebol da década atual. Mas que estamos usando a torto e a direito "G4" se tornou um resumo perfeito e prático para o grupo formado pelos quatro primeiros times da tabela. E também pode ser usado virando a classificação de cabeça para baixo, com os quatro da zona do rebixamento.

Fulano foi demitido, e Siclano será o técnico-tampão até a chegada de um novo treinador. Outro que volta e meia usamos por aí, e sem prejudicar a qualidade do texto.

E tem outros tantos... "torneio caça-níquel", "jogador coringa", "jogo pra cumprir tabela", a lista não acaba. Se pensarmos bem, ela também se verifica em outras áreas da sociedade. O noticiário sobre greves, por exemplo, sempre menciona que os trabalhadores "cruzaram os braços". É ou não uma piadinha boba que acaba se tornando uma boa construção para um texto?

E aí fica a pergunta aos leitores, e quero ouvir principalmente a opinião dos não-jornalistas: que chavão que você topa ouvir/ler em um texto, e qual que seria considerado "babaca"?

A imagem que ilustra esse post é o livro "Futebol é uma caixinha de surpresas", do saudoso Luiz Fernando Bindi, que ironiza justamente o mais famoso chavão do futebol nacional.

5 comentários:

Anselmo disse...

essa pergunta é complexa. mas eu toparia criar um observatório patrulheiro pra caçar os chavões no futepoca. renderia um esforço interessante por um lado. é só pôr multa em cerveja pra quem abusar. será que funciona?

Edison Waetge Jr disse...

Não me ocorre nenhum chavão que eu goste de ouvir ou ler, mas acho babaquíssimo ouvir que o time está errando sempre o "último passe", pois não há como errar o passe anterior nem o próximo.

Conrado disse...

o gol do nacional foi uma ducha de agua fria no palestra. a hora que eu escrevi, ja achei meio ridiculo.

mas tinha outra frase mais exata?

hehe

abs

fredi disse...

Opa, o que inquieta mais são dois lugares-comuns, o gol de bola parada e disputar (pegar) a segunda bola.

Como todos sabemos, não existe gol de bola parada e nunca se joga com duas bolas.

Acho que jargões sempre vão existir, mas o que irrita é que uma expressão começa a ser usada sei lá por quem e depois todos começam a repetir.

Fabio disse...

Sensacional este poste. Hoje o Guarani ganhou "em pleno Orlando Scarpelli". Sabe-se lá o que quer dizer isso, em pleno, o importante são os três pontos que o professor pediu.