Destaques

sexta-feira, setembro 11, 2009

Dois crimes sem solução

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Não, a data de hoje não me lembra apenas aquele misterioso atentado ocorrido em 2001 nos Estados Unidos - e do qual já não tenho muita paciência para elocubrar. O 11 de setembro me traz à mente, com maior força, o "suicídio" do presidente chileno Salvador Allende no dia do golpe militar que empossou o nefasto general Augusto Pinochet, em 1973, e o assassinato - ainda hoje inexplicado - do prefeito de Campinas (SP), Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, também em 2001 (que ocorreu na noite de 10 de setembro, mas repercutiu no dia seguinte). Porém, acredito que, como sempre, a ladainha estadunidense-binladeniana deverá ganhar, infelizmente, mais espaço na mídia tupiniquim. Ossos do orifício.

Allende foi e continua sendo um símbolo. Mais um dos muitos casos, na América Latina, de presidentes populares democraticamente eleitos que enfrentam a ira da elite local e a sanha dos interesses externos. Com ele não teve tentativa, "revolução" ou golpe midiático, foi deposto no cacete, mesmo. Com direito a bombardeio do palácio presidencial (La Moneda), em Santiago, e imediata prisão, tortura e morte de quem estivesse na lista dos militares. A versão oficial diz que Allende se matou com um tiro de espingarda no interior do palácio pouco antes de se render. Mas quem acredita em versões oficiais de governos militares sul-americanos das décadas de 1960 a 1980? O suicídio sempre é visto como ato de covardia e os verdugos de Pinochet ainda fizeram circular a versão de que a arma utilizada tinha sido presente de Fidel Castro. Galhofa, bravata, patifaria. Com toda pinta de mentira. Para acobertar um assassinato.

Já o Toninho do PT (à esquerda) vem sendo vítima de especulações maldosas - bem como seu colega Celso Daniel, que, como prefeito de Santo André (SP), foi morto quatro meses depois, em janeiro de 2002. De Norte a Sul do Brasil, a teoria da conspiração bate sempre na mesma tecla: queima de arquivo patrocinada pelo PT, pelo Zé Dirceu, o Lula ou "a quadrilha inteira", como a Veja gosta de adjetivar. Tendo dividido mesa de bar com Toninho na campanha para prefeito em 1996 (quando perdeu), não sei que tipo de ameaça ele poderia representar para o partido e o líder, Lula, que ele tanto amava e defendia. O que sei, e que não vejo a imprensa ir atrás, é que, nos seus oito meses de governo, ele mexeu com dois dos setores mais periogosos da perigosa Campinas - as empreiteiras e os traficantes. No mais, assim como Celso Daniel, ele seria peça importante na campanha presidencial e nos futuros mandatos do governo Lula. Mas o caso parece que nunca será solucionado. E sua memória continuará sendo usada como combustível para maquinações da elite intolerante. Fazer o que? Bebamos aos mortos, que eles merecem mais respeito.

1 comentários:

Rodrigo disse...

Queima de arquivo feito por integrantes da quadrilha, só faltou o Palocci.