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sábado, outubro 31, 2009

Botafogo carioca liberou LSD paraguaio em 1968

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Em meio as deliciosas histórias de "Dez! Nota dez!", a biografia (à direita) do mitológico Carlos Imperial escrita por Denilson Monteiro (Editora Matrix, 2008), separei uma das que falam sobre futebol. Em 1968, Juan Zenón Rolón era um cantor paraguaio que defendia uns trocados na noite paulistana, sob a alcunha de Juancito. Contratado por Imperial para aparecer no programa "Barra Limpa", da TV Tupi, o rapaz foi rebatizado simplesmente como Fábio - a partir de Fábio Marcelo, nome usado anteriormente por um cantor amigo dele, que depois trocou para Herondy (aquele de "Não se vá", da futura dupla com Jane). Porém, apesar de agradar na televisão, o paraguaio não tinha contrato com gravadoras e não via a hora de entrar no estúdio. Quando abordava Imperial, este se limitava a dizer que ainda não havia chegado a hora. Foi aí que o futebol entrou como fator decisivo. Segue o trecho do livro que conta essa historinha:
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Na final do campeonato estadual [do Rio de Janeiro], em 9 de junho de 1968, Imperial levou Fábio para conhecer o Maracanã. A decisão era entre o seu querido Botafogo e o Vasco da Gama. O Glorioso jogava pelo empate e tentava o bicampeonato. Imperial comentou com sua descoberta:
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- Vamos ver se você é pé-quente.
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Fábio demonstrou ser um verdadeiro talismã, pois logo aos 15 minutos Roberto marcou para o Botafogo, e aos 33 foi a vez de Rogério balançar a rede vascaína. Carlos vibrava e abraçava seu pupilo. Aos 15 do segundo tempo, Jairzinho marcou o terceiro, e Gérson liquidou a fatura cobrando falta aos 22. Botafogo 4 x Vasco 0. (...) Quando voltaram para a Miguel Lemos [rua onde ficava o apartamento do produtor/compositor], Imperial, ainda eufórico com a conquista do seu time, falou para Fábio:
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- Você é realmente um pé-quente, amanhã vou chamar o pessoal da RCA Victor e falar para eles te contratarem.
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Na segunda-feira, Imperial ligou para a gravadora e os executivos foram até a Miguel Lemos, onde o contrato foi assinado. Agora restava ao cantor providenciar duas músicas para um compacto simples. Fã dos Beatles, Fábio ouvia direto a polêmica "Lucy in the sky with diamonds", canção de duplo sentido, que alguns diziam se uma ode de John Lennon ao LSD. O paraguaio sabia que Imperial tinha ojeriza a qualquer tipo de droga, mas não dispensava uma boa polêmica. Resolveu arriscar.
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- Imperial, os Beatles estão fazendo o maior agito com aquela música deles. A gente podia fazer a nossa aqui no Brasil. Eu já tenho os primeiros versos: "Lindo sonho delirante, hoje quero viajar".
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A possibilidade de ganhar as páginas dos jornais falou mais alto, e Carlos resolveu embarcar no chamado som psicodélico. Ele e Fábio trabalharam a canção e fizeram uma segunda, "O Reloginho". As duas foram gravadas no estúdio Havaí, com a participação dos sempre eficientes Fevers.

Maracanã, 1970 - Leno, Tony Tornado, Guilherme Lamounier, Clara Nunes, Carlos Imperial, Antonio Adolfo e Tibério Gaspar



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