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quinta-feira, outubro 29, 2009

Líder e secador

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Por Moriti Neto



Nesta quinta, o São Paulo acordou líder do Campeonato Brasileiro e, para dormir na primeira posição da tabela, resta assumir declaradamente a função de secador de Palmeiras e Atlético Mineiro. Que a zica do Verdão continue frente ao Goiás e que o Fluminense, com a motivação de continuar respirando os ares da Série A, apronte com o Galo.

É duro secar. Depois de sofrer pelo próprio time, o secador tem que torcer por outras equipes em benefício do clube que ama. É sofrimento em dobro, triplo ou mais se a competição for tão disputada quanto esta. Mas quem disse que era fácil?

São Paulo x Inter

Ontem, no Morumbi, em partida que começou com muita marcação, o São Paulo pressionava a saída de bola do Internacional, que, por sua vez, buscava os contra-golpes. O primeiro tempo foi uma correria só e não houve superioridade. E quando a coisa dava pinta de que as equipes desceriam para os vestiários com o 0 x 0, eis que, no último lance da etapa inicial, Hernanes bateu mal um escanteio, a zaga do Colorado foi pior ainda, e Washington fez o que mais sabe fazer, ou seja, empurrar a bola até as redes. O centro-avante, criticado por muitos, foi comemorar no símbolo do Tricolor, próximo da lateral do campo, levando à loucura os mais de 34 mil torcedores que compareceram ao Cícero Pompeu de Toledo.

Nos 45 finais, os paulistas esboçaram alguns ataques logo após o retorno ao gramado, mas os gaúchos partiram para a ofensiva e mantiveram a bola rondando a área são-paulina. Foi uma chuva de cruzamentos colorados e, ainda bem, Miranda, André Dias e até Renato Silva estiveram inspirados, ganhando quase todas pelo alto.

Não há dúvida de que o Tricolor recuou no segundo tempo, mas ao menos não faltou aplicação. O time foi compacto, aguerrido, e todos contribuíram na marcação. Considerados os confrontos contra Santos e Inter, parece que o espírito letárgico mostrado nas partidas com Coritiba. Flamengo e Atlético está exorcizado.

Os salvadores

No final da partida, Washington deixou claro que deseja ficar no elenco e que podem, sim, cobrar dele, mas com o entendimento de seu papel no time, jogando dentro da área. Aliás, o homem é o artilheiro são-paulino no ano com 26 gols em 51 jogos. Simplificando: a cada duas partidas, ele anota um tento. Nada mal para quem viveu quase a temporada inteira na briga pela posição com Borges.

Certos acontecimentos justificam o velho ditado: “há males que vem para o bem”. Bosco foi decisivo ontem. Fez três defesas importantíssimas para garantir a vitória. Com todo respeito ao Capitão, Simon, no jogo passado, talvez tenha feito um favor ao expulsá-lo. Vai saber se Rogério seria, ontem, o “homem certo no lugar certo”, assim como seu reserva.

Bicho matreiro

Fazendo jus ao apelido que carrega, o Cruzeiro vai chegando devagarzinho. Recuperou-se da derrota na decisão da Libertadores, das desavenças internas, principalmente com Kleber Cotovelo, e já tem a melhor campanha do segundo turno.Além disso, o elenco é bom e pode aprontar uma das grandes como fez o próprio São Paulo em 2008. Enfim, deixar Raposa tomando conta de galinheiro...

Será que foi mesmo tão diferente?

O comentário geral indica que esta edição do campeonato é a mais equilibrada da era de pontos corridos. Muitas teorias defendem que a competição deste ano é diferente por causa do nivelamento. Fiz uma pesquisa e descobri algo que vale reflexão. Exatamente na 32ª rodada, o torneio do ano passado tinha a seguinte classificação: Grêmio com 59 pontos, São Paulo com 59, Palmeiras e Cruzeiro com 58, e Flamengo com 56 estavam entre os cinco primeiros. Há realmente tanta diferença assim?


Moriti Neto é torcedor do São Paulo e escreve sobre o Tricolor Paulista no Futepoca. Qualquer são-paulinismo exacerbado não é de responsabilidade de quem publica, hehe...

3 comentários:

Anselmo disse...

não sei. mesmo assim, em 2008, o são paulo disparou na reta final com uma sequência de, se nao me engano, mais de 20 partidas sem perder. No segundo turno acho que o time não foi abatido.

Isso é muito diferente do que o restante apresentava, aí estava um desequilíbrio que não se vê nesta edição.

Mais, o equilíbrio se dá tbem pelos tropeços. nas ultimas rodadas, todos os da ponta da tabela vacilaram em alguma medida, até o flamengo (ufa!)

Marcão disse...

Ano passado, o Sao Paulo perdeu na primeira rodada do returno, Anselmo, depois foi invicto ate o fim. Curiosamente, foi a partir do retorno de Miranda ao time, que voltava de contusao.

E, falando em Miranda, o zagueiro protagonizou contra o Inter um lance meio parecido com a palhacada do mesmo Bosco e do Andre Dias contra o Corinthias. Dessa vez, porem, nao tinha um Ronaldo Gordo para arrancar e decretar o empate.

Moriti disse...

É, Anselmo. O São Paulo começou a trajetória de recuperação na vigésima rodada e, até o final, ficou 18 jogos sem perder. Ou seja, na trigésima segunda estava invicto há 12, mas com um monte de times na cola.
E é bom lembrar que a equipe, mesmo depois de engatar a quinta marcha, brigou cabeça a cabeça com o Grêmio pelo título. Tanto que a competição só foi decidida na última rodada (o Tricolor Paulista podia ser campeão com uma de antecedência, mas conseguiu a proeza de empatar em casa com o Fluminense, que lutou o tempo todo para não cair ano passado).
No final das contas, a coisa foi decidida assim: São Paulo campeão com 73 pontos e o vice, Grêmio, com 70. Continuo com a opinião de que não há tanta diferença.