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quarta-feira, novembro 11, 2009

Lucia Hippolito decreta: apagão é "culpa do Lula"

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Ontem, logo após o apagão, a primeira coisa que veio a minha mente foi: pronto, a imprensa terá notícia pelas próximas daus semanas. A segunda foi adivinhar quem diria primeiro que a culpa é do Lula.

Das rádios que funcionavam em São Paulo com a ajuda de geradores, a CBN fazia uma cobertura que contava basicamente com a ajuda dos ouvintes. "Parece que está voltando a luz na Vila Mariana... Ah, não, era alarme falso...", Parece que no Mato Grosso também está faltando luz", "parece que...", parrece que...", parece que...". Compreende-se a impossibilidade de se informar corretamente nesse contexto, são as contingências. O que não dá pra aceitar é o chute travestido de análise. E se tem alguém que consegue relacionar uma derrota da seleção com o presidente Lula, consegue relacionar qualquer coisa com qualquer coisa. É pau pra toda obra. Obra da oposição, claro.

E foi assim que a brilhante Lucia Hippolito surgiu aos incautos ouvidos de quem ousava escutar a CBN. Estava ali a primeira a afirmar que "a culpa é do Lula", com uma argumentação de dar inveja a qualquer orador de boteco.

Primeiro, dizia do sofrimento que enfrentava na sua casa, no Jardim Botânico, bairro nada pobre do Rio de Janeiro. Uma sofreguidão ver o Morro Dois Irmãos, a Pedra da Gávea e o céu "num breu só", lamentava. Depois, começava a esbravejar que Lula tinha reduzido o IPI dos produtos da chamada linha branca, sugerindo de forma sutil que essa atitude seria uma das responsáveis pelo apagão.

"Como assim???", você deve estar pensando. Pois é, existem governos que fazem programas de substituição de geladeiras para economizar energia. Afinal, uma geladeira velha gasta mais que uma nova. Hippolito entende que é contrário. Deve ter informações exclusivas que lhe asseguram que o mundo está errado e ela está certa.

Outro aspecto interessante da fala é que ela, na sua casa "modesta" de um bairro nobre carioca acha que pode consumir energia elétrica à vontade. Mas os pobres, ah, essa gente... não tem direito de comprar uma geladeirazinha. Assim, eles causam apagão, será que essa gente não sabe disso??

Quando a apresentadora da CBN que conversava com a analista, talvez clamando pelo bom senso, explicou que o problema estava relacionado a Itaipu e longe, bem longe de estar ligado a um eventual pico de consumo, o telefone de Hippolito caiu. "Graças a Deus", pensei eu. Mas ela retornou, dessa vez com outro discurso, dizendo que era um absurdo o Brasil depender tanto de Itaipu, da energia hidrelétrica, que era preciso investir em fontes alternativas de energia e blablabla... Sempre responsabilizando o governo.

Essa mesma pessoa hoje falou que o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, "disse bobagens" na sua coletiva em que explicava o apagão. Simplesmente porque ele falou que o blecaute de agora não tinha nada a ver com o de 2001. No que ela, Hippolito, concordou, num lapso de sanidade. Mesmo assim, insistiu que ele falou bobagem. Quem quiser ouvir a fala de Hippolito, clique aqui e descubra o que ela quer de fato dizer.

Em tempo: pela manhã, no Bom Dia Brasil, Alexandre Garcia conseguiu ir mais longe e relacionar o problema da energia no Brasil com "os índios e o MST". Será que a auto-crítica dessa gente morreu? Ou seria um apagão eterno do bom senso?

37 comentários:

Nicolau disse...

Eu acho que ela tava bêbada. Em casa, 23h, dia cansativo de trabalho, nada mais justo que um uisquinho. Devia estar pelo quinto copo quando ligaram. Deu umas tossidinhas pra garganta voltar a funcionar e mandou ver. Isso que é comprometimento com o debate público!

Anônimo disse...

A "candidata" Dilma decretou com o seu famoso dedinho em riste:"Nosso governo dá de 400 a zero no anterior". E para comprovar a sua frase bombástica, o governo Lula, à noite, promoveu o maior apagão da história deste país. Em segundos, 50 milhões de brasileiros ficaram sem energia elétrica. Em matéria de apagão, o governo da Dilma, realmente, dá de 400 x 0 no de FHC.

Glauco disse...

Anônimo, se sua memória falha, o maior apagão do Brasil ocorreu em 1999 (governo de quem mesmo?) afetando 70% do território brasileiro e parte do Paraguai também. Durou mais de cinco horas e mais tarde o brasileiro sofreu racionamento de energia, pagando inclusive a "taxa do apagão". Você se esqueceu mesmo ou não quer lembrar?

Anônimo disse...

Glauco, maior apagão em 1999? Sim, até ontem, não?

O de 1991:
"Atingiu 50 milhões de pessoas em dez estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, juntamente com o Distrito Federal, o Acre, na região Norte, e parte do Paraguai. Durou 45 minutos no Rio de Janeiro, 40 no Rio Grande do Sul e 10 em Santa Catarina. Teve fim às 3h39min de sexta-feira, 12 de março de 1999, quando a energia foi restabelecida em São Paulo."

O de ontem foi o seguinte:
"O Ministério de Minas e Energia (MME) informou ao G1 nesta quarta-feira (11) que o apagão ocorrido entre a noite de terça (10) e esta madrugada atingiu 18 estados brasileiros." Atingiu também o Paraguai.
"A nota informa ainda que as usinas nucleares de Angra I e Angra II, no Rio de Janeiro, também foram desligadas na mesma sequencia de interrupções de energia que ocorreram em grande parte do país."
Lembrando ainda que a usina de Itaipu foi TOTALMENTE desligada, fato inédito até então.

Vc ainda acha que o apagão de 1991 foi pior?

Thiago Domenici disse...

Anônimo, vale esperar antes de embarcar nessa sanha punitiva se o que apagou ontem foi por conta do consumo de energia ou por conta de problema elétrico. E vem cá, a tua crítica em relação a Dilma não tem fundamento. Não será este apagão a desmerecer a real goleada do atual governo em relação ao anterior.

Anônimo disse...

Thiago, o blackout de ontem revela uma falha que pode ser desde uma certa fragilidade do sistema elétrico até falha humana (não se pode descartar).

A menção à Dilma é uma gozação, pois ela alegou que "nosso governo dá de 400 a zero no anterior", o que é obviamente um disparate. Então, nesse sentido, de que nuncaantesnestepaís, nada como o desligamento TOTAL e inédito da usina de Itaipu.

Quanto a goleada do atual governo em relação ao anterior, vc acredita que a cada governo tudo é zerado e começado novamente?

Anselmo disse...

o nicolau fez um elogio à nobre comentarista da CBN. É que, no futepoca, dizer q alguém tá bêbado às 23h, fora do horário de trabalho, é elogio...

agora, foi bem sem noção.

sobre o anônimo, a tentativa de colar na dilma é natural. Seria mta inabiliade da oposição não tentar isso.

o problema é que tá sobrando energia elétrica gerada, as chuvas ajudaram, as termelétricas tão quase paradas...

o sistema funciona melhor hoje do que antes, isso até o mercado reconhece.

mas enqto nao sairem as causas oficiais, sobra a gritaria do anônimo que nem pra pôr o nome... clique lá, em vez de "anônimo", em "nome/url" e coloca o nome. É menos desagradável responder a um nome do que a nenhum nome.

Nicolau disse...

Anônimo (pq naõ se identificar?) e Glauco, acho que estamos discutindo a coisa errada. O blackout de ontem e o de 1999 foram questões mais pontuais, causadas por acidentes, pelo que entendi até agora - se bem que o 1999 é meio mal explicado... Nos EUA, em 2003, teve um semelhante, e levou-se dois dias para restabelecer o fornecimento. Aqui foram algumas horas, o que já é uma vantagem.

Mas se é pra comparar governos, temos que falar de 2001, o único que merece o nome de Apagão mesmo - pois é, no governo FHC teve dois... Aí, a questão muda da quantidade de afetados e passa para as causas e consequências da coisa. Em 2001, o problema era estrutural de falta de investimento em energia. O "Estado mínimo" dos tucanos não botou dinheiro no sistema e privatizou empresas sem cobrar metas de investimento. O resultado da brincadeira foi que o Brasil todo passou meses pagando contas mais caras de luz para suprir os prejuízos das empresas privatizadas e segurar a onda. Resultou em queda substancial do PIB, conforme estudos posteriores.

É esperado que a oposição tente usar um fato desses para bater no governo, mas o argumento não resiste a uma análise menos rasa. Como disse o Anselmo, a situação hoje é melhor que antes, mais segura. E aqui, novamente, o Lula ganha do FHC.

Anônimo disse...

"Como disse o Anselmo, a situação hoje é melhor que antes, mais segura. E aqui, novamente, o Lula ganha do FHC."

Em 2005 tivemos o apagão que atingiu os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, afetando 3 milhões de pessoas. Em setembro de 2007, novamente os dois estados foram atingidos por desligamento de energia causado por problemas em Furnas. E ontem, o mais grave de todos, com o desligamento total da usina de Itaipu. É, realmente a situação hoje é melhor que antes........

Glauco disse...

Lula, bem didático:

O que aconteceu em 2001 é que a gente não produzia energia suficiente. Além de não produzir o suficiente, a gente não tinha linhas de transmissão para interligar todo o sistema elétrico brasileiro. Hoje nós estamos com o sistema elétrico brasileiro todo interligado. Nesses últimos sete anos, o que nós fizemos de linhas de transmissão no Brasil equivale aproximadamente a 30% de tudo que foi feito em 123 anos no País. Nós fizemos não apenas um forte investimento no setor de transmissão de energia, como fizemos um forte investimento na modernização do sistema energético brasileiro.
É importante que a gente não faça de uma coisa dessa nenhuma tese. Que a gente constate o fato e com o fato a gente possa melhor informar a sociedade brasileira. Eu sinceramente não posso dizer que foi um raio, não posso dizer que foi um vento, não posso dizer que foi erro humano enquanto eu não tiver a informação concreta e objetivo do que aconteceu. (…) Além disso, se eu falar, estarei chutando, e eu não vou chutar nesse assunto.


Ah, sim, anônimo. Parece que este apagão foi o terceiro maior em dez anos. Mas, como lembrou o Nicolau, temos que nos preocupar se vai ter racionamento como depois do maior, o de 1999, causado comprovadamente por falta de investimentos do Estado. E olha que isso aconteceu num economia estagnada, imagine se fosse hoje...

Anônimo disse...

Glauco

"Parece que este apagão foi o terceiro maior em dez anos. "


Sério que, para mostrar que o apagão de ontem não foi pior que o de 1991, você pôs o link de uma entidade respeitável de análise do setor elétrico chamada "Geledés Instituto da Mulher Negra"? Certamente, eles tem todo o know-how para fazer essa análise......

Glauco disse...

Desculpe, anônimo, provavelmente você, pelo que escreve, é que deve ser especialista. Ou talvez quem tenha escrito seja jornalista, como talvez você seja, e esses sim não merecem qualquer tipo de crédito, nem o do Geledes, nem o da Folha ou similar. Acho, inclusive, que todos os links que você postou (ops, nenhum) são de instituições isentas, especializadas e pra lá de respeitáveis.

Mas você sabe mesmo como fugir de discussão, e isso é de certa forma admirável. E é tão corajoso (a?) que permanece no anonimato.

Anselmo disse...

ô anônimo... o título do geledés é mais favorável, mas a matéria é todinha do R7, no estilo ctrl+c/ctrl+v. Entre lincar o geledés e o r7, sou mais o primeiro.

"O apagão (de 1999) atingiu 70% do território nacional e deixou cerca 76 milhões de brasileiros no escuro", diz a nota do site da record. A Folha on line de 2003 falava na mesma cifra de pessoas afetadas.

Pode ter no último segundo a mesma informação dos 70 milhões sem ação (ou na escuridão) e na gazeta do povo de maringá. Na wikipedia fala-se em 70% do território nacional.

interessantes esses tempos de pré-eleição. Se a disputa fosse pra ver quem tinha o maior apagão, Freud explicaria. Como a discussão é pra ver quem tem o menor, quem explica?

provavelmente o anônimo...

se identifique, internauta...

Anônimo disse...

Glauco

Meu caro, os textos que postei estão em todos os noticiários (G1, Terra, UOL, etc). O fato é claro, o apagão de ontem afetou 18 estados, o Paraguai e a usina de Itaipu foi completamente desligada. Precisa postar link sobre isso?

E você postou algum link que comprova que o pior apagão foi o de 1999? Ah sim, tem o do "Geledés Instituto da Mulher Negra".....você quer usar ele como referência por que? Ele começa mencionando que foram afetados 10 estados, quando na realidade, segundo notícias do próprio governo, foram 18. Já temos de cara um erro factual. Ahh sim, afora o fato de que o site não menciona o porque do apagão de ontem ter sido classificado em terceiro lugar.......deve ter sido "achismo".

E onde eu fugi da discussão? Só por causa do "anônimo"? Não me faça rir.......

Anônimo disse...

Ô Anselmo, legal os seus links. Mas mostra aí onde tem o critério para dizer que este ou aquele apagão foi maior do que o outro. Foi em quantidade de estados afetados? Porcentagem do território afetado? Da população?

Victor disse...

1) Não tem um consultor engenheiro que a CBN pudesse ligar ao invés de Lucia Hipollito?

2) A jornalista-engenheira não poderia levantar a questão muito mais de projeto e funcionamento da porra de um complexo sistema que motivações políticas?

3) Rachei de tanto rir com o áudio aqui do post. Porra, eu tenho paciência zero para política. Mas até eu que me afasto propositalmente sabia que qualquer um no governo já devia estar se borrando com qualquer comparação com o Apagão. Lógico que qualquer autoridade que falasse sobre o que aconteceu (ou estava acontecendo) teria de contrapor aos casos anteriores, até mesmo para não causar alarde em consumidores e investidores. É muita má-vontade da mulher mesmo pegar no pé do ministro porque ele fez essa contraposição.

4) "Muita geladeira degelando...". Ah... pro inferno com sensacionalismozinho de auditório de Jô. Aqui em casa volta e meia falta luz mais tempo que isso aí. Deve faltar na casa de todo mundo. Ontem calhou de ser todo mundo junto. Só isso.

Anselmo disse...

grande anônimo!

Pelo que li, a primeira referência a tamanho tá em um comentário do anônimo: "Em matéria de apagão, o governo da Dilma, realmente, dá de 400 x 0 no de FHC."

Eu ironizei a sanha por comparação começada pelos 400 a 0.

Agora sou cobrado por fazer comparação? Não entendi.

Ah, se identifique, anônimo...

O Anônimo disse...

"Agora sou cobrado por fazer comparação? Não entendi."


Não, você está sendo cobrado por indicar comparações de outros, que por sua vez não explicitaram os critérios.

fredi disse...

Não gosto de bater em anônimo, mas é bem conveniente quando ele (ela) muda o foco da discussão.

O post é sobre mais um dos apagões mentais de Lúcia Hipólito, estes sim cada dia maiores. Incomensuráveis.

Outra coisa, o termo apagão é apenas para criar confusão. o que aconteceu ontem foi um blackout por falha no sistema, coisa grave, mas epsódica.

Nada a ver com o apagão, em que o país não gerava a energia necessária e foi preciso o racionamento e diversas outras medidas por besteiras e falta de investimento no governo FHC.

Comparar uma coisa com outra e quem tem o maior e o menor é coisa mesmo para gente malintencionada nos argumentos.

Alex disse...

certeza que é o link certo pra fala dela?

Ou mudaram? Pq tudo que eu escuto é ela falando que o ministro ta tentando livrar o lula falando que o apagão é diferente do de 2000, e que é óbvio que é diferente. Alias, a entrevista começa com um "bom dia" e não um "boa noite".

Alguém tem o link certo? Não consigo achar no site da CBN...

Glauco disse...

Alex, o que está descrito no texto é o que ela disse ontem. O comentário que está no link foi feito hoje. O de ontem acho que nem tiveram coragem de gravar...

Leandro disse...

O PIG e seu FEBEAPA do Apagão...

Maurício Ayer disse...

Só pra constar, pelo que um professor da UnB explicou durante essa mesma transmissão, o desligamento total da usina de Itaipu é uma medida de prevenção, uma vez que a interrupção na distribuição da energia foi muito abrupta. Dizia o professor (de Engenharia Elétrica) que uma hidrelétrica funciona de maneira que toda energia produzida deve ser consumida, não pode haver sobra de energia produzida. Quando se corta a linha de retransmissão, deve-se cortar a produção. Logo, sem tempo para avaliar o tamanho da queda, desliga-se a usina, o que tem por consequência ampliar a área de blackout. Ou seja, o desligamento da usina é uma medida correta a se tomar num caso de uma falha grave no sistema, que acaba por agravar as consequências finais, sem que isso implique conclusões quanto à gravidade do problema causador do corte de fornecimento.

Mas é preciso refletir sobre outro aspecto: o fato de haver um desligamento total de Itaipu (maior que o de 1999, portanto) e termos menos área e menos pessoas afetadas (lembrando que os estados são afetados mas não por inteiro, ou seja, são bairros, municípios e regiões de estados que são afetadas, o que resolve a questão quanto a qual teria sido o maior blackout) significa necessariamente que, embora o setor elétrico brasileiro ainda seja muito dependente de Itaipu ele é hoje bem menos dependente do que era em 1999. Hoje há mais alternativas, há mais hidrelétricas pequenas e termelétricas de segurança para suprimento local do que 10 anos atrás. Daí cortar totalmente a principal fonte de suprimento e ter um impacto menor.

Para mim é bastante evidente. Mas o óbvio é diferente se você olha pela esquerda ou pela direita.

O Anônimo disse...

Mauricio, se o professor da UnB falou isso, ele falou besteira. Os geradores de uma usina tem sistemas de controle, reguladores, de tal maneira a varia a energia gerada em função da carga requerida. O que pode acontecer numa queda abrupta de carga (quando uma ou mais linhas de transmissão são desligadas) é que o sistema gerador entra em sobrefrequência, neste caso proteções atuam para desligá-los. Não foi o caso de Itaipu, segundo o noticiário, que ficou com os geradores rodando "em vazio". Logo, não houve esse agravamento das consequências finais que o professor falou.

Quanto ao aspecto que vc levantou no segundo parágrafo, até o momento não temos informações precisas da área afetada / pessoas afetadas comparativamente ao apagão de 1999. Só sabemos que a quantidade de estados afetados foi 18, alguns totalmente e outros parcialmente. Aliás, se a quantidade de estados afetados foi maior, a conclusão pode ser justamente a oposta da sua, ou seja, que a dependência de Itaipu é maior agora do que em 1999.

Maurício Ayer disse...

Ô nenem, que difícil... Mais estados não quer dizer necessariamente maior área, considerando que muitos estados não foram afetados por inteiro.

Pela sua lógica um jogo entre Portuguesa Santista e Paissandu tem necessariamente um impacto maior que um entre Corinthians e Palmeiras, pois o primeiro envolve mais estados que o segundo. Este último fato é incontestável, ainda assim me permitiria discordar da sua avaliação.

Mas já que agora você parece tão cauteloso(a) com relação aos números, vamos esperar os dados finais do blackout.

Também não sei bem o que você entendeu por "consequências finais". Eu só quis dizer mais pessoas e mais área sem luz, gente que não seria afetada pelo problema de origem (que ainda não foi localizado). Porque existem consequências intermediárias, mas o cômputo geral é o que finalmente importa (as pessoas, a área, os estados).

Já o professor da UnB é um moço muito sabido, e aceitou ajudar a gente a entender um pouco melhor a situação no calor da hora, deixando claro que no momento só teríamos hipóteses. Sinceramente, acho que, a menos que você seja expert em hidrelétricas, para você assim como para mim vai dar no mesmo dizer que as turbinas "pararam" ou "rodaram em vazio". O que importa é que com a queda na distribuição a geração precisa ser interrompida. Se a turbina dá um sacolejo ou fica quietinha, isso não desperta o meu interesse.

Mas o fato de, mesmo com a usina inteira parada, afetar menos gente que em outros tempos você não comentou. Qual o seu diagnóstico?

Fernando Romano Menezes disse...

Pô, pessoal do Futepoca, vocês deviam agradecer ao anônimo, afinal, ele corroborou a idéia central do post! Ele deu até dados técnicos, diretamente do alto de sua sapiência, dizendo como um blecaute que dura 4 horas é pior que outro que faz um país inteiro ter que racionar energia depois, por um ano! O que um cara desses está fazendo aqui?? Oras! Afinal, é tudo culpa do Lula mesmo...

Marcão disse...

Pois e, rapaziada, venho num ritmo alucinante de sono-escola-trabalho-sono aqui na Irlanda e, sem ligar computador por dois dias, fico sabendo desse blackout agora, pelo post. O engracado e que ontem a noite, conversando por um ou dois minutos com minha filha mais nova por telefone, ela disse que "apagou a luz" na casa dela na terca a noite - e eu deduzi maldosamente que a dona da casa, pela enesima vez, havia esquecido de pagar a conta da luz...

Sobre a Lucia Hipolito, dispenso comentarios. Nao uso drogas. Quanto ao anonimo (e o fato de nao se identificar ja diz muita coisa), que comemora o fato como gol do Brasil em final de Copa do Mundo, mais lamentavel ainda. A distincao que o Nicolau e outros fizeram aqui sobre apagao - com crise estrutural, ausencia criminosa de investimentos, racionamento, prejuizo incalculavel em todos os setores - e blackout - episodio grave mas pontual, relacionado mais a uma falha isolada - explica mais que o necessario. Para gente inteligente, basta.

Me lembro que em 2001 o Brasil criou um Ministerio do Apagao, dada a proporcao inedita e inimaginavel do problema. Quando tentei explicar isso a um alemao que conheci numa redacao de jornal em Fortaleza, Ceara, ele se recusou terminantemente a acreditar em tal disparate. Quando checou e se convenceu do que acontecia (e do fato de a populacao estar pagando na conta de luz o prejuizo das privatizadoras), me disse que De Gaulle estava certo ao dizer que o Brasil nao e serio.

Alias, nao era. O governo de hoje da de 400 a zero no anterior, na mais modesta projecao. Aqui na Europa, todo mundo admira e elogia. Mas sejamos magnanimos. A imprensinha brasileira, a mando de seus lacaios proprietarios (que sempre viveram de dinheiro publico), sempre tem direito ao jus esperneandi. Perdoai-vos, pai.

E eu nem quero pensar em apagao aqui na Irlanda, onde o aquecimento eletrico nos protege diariamente de temperaturas entre zero e dois graus...

Marcão disse...

Ps.:

O grupo Estado, num arroubo de bom senso ou percebendo que, na comparacao do blackout de agora com o apagao de 2001, a proporcao catastrofica e de 400 mil a zero para o de 8 anos atras (por isso, para proteger os tucanos, e melhor deixar essa conversa pra la), publica uma interessante materinha, com especialistas criticando a politizacao do fato - como o anonimo acima insiste em fazer.

Vamos a alguns trechos em que a lucidez nos revigora:

(...) para o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, o uso político do blecaute pela oposição é um sinal de que o PSDB, principal adversário político do PT, ainda não encontrou um discurso capaz de polarizar com o governo Lula. "Eu creio que questões como o blecaute de ontem, que trouxe transtornos e problemas a milhões de brasileiros de diversos Estados do País, não deveriam ser usadas apenas como instrumento de ataque político. Precisamos elevar o debate eleitoral, debater ideias e propostas que mudem a cara do Brasil, e não continuar na mesmice de um debate empobrecido, sem perspectivas práticas", avalia Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente.

A falta de robustez e qualificação no debate político-eleitoral também é criticada por Marco Antônio Carvalho Teixeira, pesquisador da PUC e da FGV de São Paulo. "A oposição, sobretudo o PSDB, ainda não conseguiu polarizar com o governo Lula em termos de propostas e projetos para o País, por isso fica pegando carona em eventos, como o apagão." O cientista concorda que é fundamental discutir essa questão, mas não simplesmente como tema de manobra política. "Infelizmente não se está discutindo no País soluções e saídas para os problemas, mesmo que o objetivo seja desqualificar um adversário (político)", reitera.

Independentemente da falta de conteúdo em determinados embates eleitorais, Carvalho Teixeira acredita que o governo do presidente Lula está levando vantagem nas discussões do campo político. "Se para 2009 os analistas previam um cenário ruim e a economia melhorou, provavelmente iremos chegar às vésperas das eleições 2010 com excelentes indicadores econômicos", diz o pesquisador.

"Vale lembrar que a despeito das discussões políticas e ideológicas, a grande massa de eleitores acaba votando mais com 'o bolso'. Ou seja, se um governo está propiciando comida na mesa e dinheiro no bolso, a tendência é de continuidade."

- - - - -

Algo mais?

O Anônimo disse...

Mauricio

"Mais estados não quer dizer necessariamente maior área, considerando que muitos estados não foram afetados por inteiro"

"Mas o fato de, mesmo com a usina inteira parada, afetar menos gente que em outros tempos você não comentou. Qual o seu diagnóstico?"

Esse é o ponto. Não sabemos, com os dados atuais, que menos pessoas foram afetadas. Podem ter sido mais ou menos. Sabemos que mais estados foram afetados, só que alguns parcialmente. Mesmo admitindo que em 1999 todos os 10 estados foram totalmente afetados, seria necessário quantificar no apagão de agora quantas pessoas foram afetadas nos estados que sofreram o blecaute parcial.

"Sinceramente, acho que, a menos que você seja expert em hidrelétricas, para você assim como para mim vai dar no mesmo dizer que as turbinas "pararam" ou "rodaram em vazio". O que importa é que com a queda na distribuição a geração precisa ser interrompida."

O ponto aqui é diferenciar uma queda abrupta (mas não total) de parte da energia consumida pela usina e o consequente desligamento total da mesma (cortando assim totalmente o fornecimento) como forma de proteção, fazendo crer que a usina contribuiu para o efeito cascata, que foi o que pareceu pela fala do professor da UnB, do desligamento total das linhas que trazem a energia dela. No primeiro caso perde-se, por exemplo, 6.000MW pela queda das linhas, aí por proteção a usina é desligada retirando, por exemplo, outros 7.000MW do sistema. No segundo, as linhas caem e por causa disso é cortada a transmissão de 13.000MW de uma vez (a usina não contribui para o efeito cascata). Pelo noticiário, os geradores ficaram rodando em vazio (ou seja sem transmissão de energia), até serem desligados manualmente.

O Anônimo disse...

Fernando Romano

"Ele deu até dados técnicos, diretamente do alto de sua sapiência, dizendo como um blecaute que dura 4 horas é pior que outro que faz um país inteiro ter que racionar energia depois, por um ano!"

Depende, você prefere um defeito no seu carro totalmente diagnosticado e que pode ser consertado ou um defeito que você não sabe exatamente a origem e pode, portanto, ocorrer novamente?

Nicolau disse...

Achei interessante O Anônimo assumir sua não-identidade, rs. Agora aos fatos, quer dizer, à ausência deles:

"Não sabemos, com os dados atuais, que menos pessoas foram afetadas. Podem ter sido mais ou menos."

É, não sabemos. Então como você chegou no seu primeiro comentário dizendo que esse é maior que aquele, inaugurando esse concurso de cuspe a distância? Quer dizer que você forçou o argumento?

"Depende, você prefere um defeito no seu carro totalmente diagnosticado e que pode ser consertado ou um defeito que você não sabe exatamente a origem e pode, portanto, ocorrer novamente?"

Eu prefiro um carro que funcione. Mas quando meu carro quebra, eu tenho que esperar uns dias pro mecânico descobrir o que é. Imaginar que o governo, ou Itaipu, ou a CESP ou quem quer que seja saiba da noite pro dia a causa de um pepino desse tamanho é botar muita fé na competência do pessoal. Aliás, esse era o motivo original do post, já que a Lúcia Hipólito bateu no peito, chamou a bola e deu logo dois ou três motivos ridículos para o negócio. E pensando no primeiro (e mais grave) problema apresentado pelo carro, em 2001, o povo teve que trocar de mecânico pra dar um jeito. O primeiro era muito caro e só enrolava, rapaz...

O Anônimo disse...

"É, não sabemos. Então como você chegou no seu primeiro comentário dizendo que esse é maior que aquele, inaugurando esse concurso de cuspe a distância? Quer dizer que você forçou o argumento?"


Não, eu utilizei o critério de número de estados afetados (o único divulgado, confiável e divulgado oficialmente), o que coloca o último apagão como o maior da história.

"Imaginar que o governo, ou Itaipu, ou a CESP ou quem quer que seja saiba da noite pro dia a causa de um pepino desse tamanho é botar muita fé na competência do pessoal. Aliás, esse era o motivo original do post, já que a Lúcia Hipólito bateu no peito, chamou a bola e deu logo dois ou três motivos ridículos para o negócio"

Então, que o governo não saia por aí culpando o mau tempo, não é mesmo? Quanto a Lucia Hipolito, concordo integralmente contigo.

"E pensando no primeiro (e mais grave) problema apresentado pelo carro, em 2001, o povo teve que trocar de mecânico pra dar um jeito. O primeiro era muito caro e só enrolava, rapaz."

Digamos que o primeiro, na verdade consertou o problema, mas deixou o problema surgir por falta de manutenção. Quanto ao mecânico de agora, cabe diagnosticar corretamente o problema, providenciar as correções e evitar culpar a rebimboca da parafuseta.....

Carlos Rizzo disse...

Os maiores blecautes recentes do mundo segundo o portal G1:
Indonésia, 2005, 100 milhões de pessoas atingidas por 14 horas
Estados Unidos e Canadá, 2003, 50 milhões de pessoas envolvidas, até 48 horas
Itália e Suiça, 2003, 50 milhões de pessoas, 9 horas.
Tem um dos Estados Unidos e Canadá, em 1965, que afetou 30 milhões de pessoas por 14 horas. Isso sim é uma proporção enorme.

Essa conversa de definir qual blecaute é maior, o de 1999 ou agora é conversa para boi dormir.

Blecautes acontecem em qualquer lugar do mundo e por situações as mais diversas.
Na segunda guerra a Europa vivia blecautes constantes. O Brasil também sofria com as interrupções porque as usinas eram a diesel, importado. Na Amazônia, por exemplo, ficava-se semanas sem energia.
O blecaute de 1999 foi um sinal do estrangulamento do sistema que ocorreu somente em 2001 e todos já conhecem o que se seguiu, o tal do apagão. Ali o motivo era claro: estado mínimo, privatização e ausência de investimentos no setor energético, algo que acontecia desde o governo Collor, este sim responsável pelo maior apagão de todos os tempos, pois dois anos depois de eleito por 51% da população ninguém mais se lembrava de ter votado nele.
FHC, seduzido pelo discurso de que o mercado resolvia tudo também teve um apagão de planejamento e deixou de investir no setor de energia. Isso lhe custou caro. A ele e ao PSDB que assitem, com blecaute, e declarações estapafúrdias das Lucias Hipolitos prontas a agradar esse mesmo mercado, o Brasil dar solução para o problema energético brasileiro. Se investe na produção de energia como não se investia desde os tempos da nada saudosa ditadura militar.
Como diz David Naye, um especialista citado pelo mesmo portal G1, que estudou os apagões registrados nos Estados Unidos desde 1935 "um blecaute de até duas horas deveria ser esperado periodicamente. Não importa o quão bem o sistema de transmissão seja desenhado e construído, ele é apenas uma máquina num mundo de falhas técnicas, acidentes e erros humanos ocasionais.”
Um blecaute é algo aceitável, um apagão como nos tempos do FHC, não.

Maurício Ayer disse...

Ô Rizzo, você esqueceu de dizer quantos estados foram afetados na Indonésia, nos EUA e Canadá, na Itália, etc. Me desculpe, mas seu comentário não ajudou em nada.

Gustavo Amigo disse...

A Lucia Hipolito soltou outra nessa entrevista, que o Brasil deveria rever o uso de "combustíveis hidroelétricos". Pô, vamo parar de queimar agua ai.

Maurício Ayer disse...

É verdade, Gustavo, tinha esquecido dessa, hahahaha.

Unknown disse...

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