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terça-feira, novembro 24, 2009

Grupo de Marcelo Teixeira usa bairrismo como arma eleitoral

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O panfleto acima (clique na imagem para ver melhor) foi distribuído em frente ao Memorial do Santos na Vila Belmiro no último fim de semana. Assinado por uma dita Torcida Unida Santista, o material é um exemplo acabado do bairrismo defendido e levado ao extremo do preconceito por parte da atual gestão do clube, capitaneada por Marcelo Eterno Teixeira.

Na verdade, é quase um ato de desespero. Ao contrário dos últimos pleitos, desta vez a oposição tem chances reais de vitória contra o mandatário que está há nove anos na Vila Belmiro. O adversário é Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, pela chapa "Santos Pode Mais" que, de acordo com pesquisas feitas pelo grupo, teria  40% das intenções de voto. A chapa da situação, "Rumo Certo", contaria com 22% e restariam 38% de indecisos.


Teixeira tenta, com o tal panfleto, apelar para um sentimento bastante forte entre santistas da Baixada (posso falar com tranquilidade porque sou de lá). O provincianismo foi um dos fatores fundamentais das vitórias anteriores de Teixeira, já que alguns santistas locais nutrem relativa repulsa aos "forasteiros" de São Paulo. Gente que não entende que o Santos não pertence apenas à cidade, mas sim ao mundo e tentam apequenar o time, deixando-o do tamanho das suas ambições.

Esse bairrismo, aliás, não é exclusividade da família Teixeira. Lembro das eleições municipais de 1996, quando o grande e saudoso David Capistrano (foto) foi candidato a prefeito pelo PT. Ex-secretário de Saúde da administração Telma de Souza, pioneiro na elaboração de políticas públicas de prevenção e combate à Aids e criador das policlínicas, a área coordenada por ele era o principal trunfo político da prefeita, que contava com quase 90% de aprovação. Ou seja, era difícil atacá-lo por sua competência.

Qual a saída? Chamá-lo de "forasteiro", dizer que era um "gringo" que não conhecia a cidade etc e tal. Assim, um dos seus adversários, Oswaldo Justo (PMDB), tinha no seu jingle um trecho que afirmava: "Ele [Justo] nasceu nessa cidade/É santista de verdade", criando o conceito de "santista de mentira". Um apresentador esportivo da TV Santa Cecília (do grupo de Marcelo Teixeira), em campanha desavergonhada a favor de Vicente Cascione (que viria a ser depois diretor jurídico da primeira gestão Teixeira) disse que "tem candidato a prefeito que se largar no Macuco não consegue chegar na praia".

Naquela ocasião, o apelo ao bairrismo não funcionou e Capistrano se elegeu prefeito. Talvez a história se repita agora.

4 comentários:

Marcão disse...

Belo - e antropologico - post. Sempre me supreendi com esse bairrismo em Santos, cidade onde morei por alguns meses e que hoje abriga uma das minhas sobrinhas. Adoro o lugar e nao pensaria duas vezes se houvesse oportunidade de morar la. Mas notei a reacao negativa em relacao a paulistanos (nascidos ou moradores na cidade de Sao Paulo), que os santistas generalizam como "paulistas", como se a cidade litoranea nao pertencesse ao estado de Sao Paulo. Talvez as decadas e decadas de paulistanos descendo a serra para entupir e emporcalhar o litoral tenham enraizado essa raiva, talvez o jeito "malandro" do santista se reconheca mais com os cariocas do que com os que habitam a capital paulista (fenomeno que tambem observei em Fortaleza, no Ceara). Enfim, cada um no seu direito, nao sou eu que vou dar palpite, ate porque nao gosto da cidade de Sao Paulo e nem dos paulistanos (rsrsrsrs). Mas o Marcelo Teixeira apelar para esse bairrismo soa mesmo como desespero de perdedor antecipado. Para alegria do Glauco e de muitos santistas que sabem que o clube, de fato, pode muito mais.

Bia disse...

Esse temor deles, além de ser ridículo, nega toda a grandeza do Santos, que foi bicampeão do mundo jogando no Maracanã.

Como bem disse o alvinegro Lucio Nunes, tá na hora do Santos sair da reitoria da Santa Cecília. Está na hora do Santos vontar a ter noção da grandeza que tem.

O Marcelo está dando um tiro no próprio pé ao apelar para os velhinhos vendidos da Vila Belmiro. Cativa e cachorro quente na faixa não vão lhe dar mais 2 anos no poder. Se isso acontecer, desisto do Santos!

Renato K. disse...

Muito bem dito. O Santos não pode ser confinado aos limites da cidade.
Quantos gols o Pelé marcou fora da Vila? Ok, o Pelé é covardia ... Levanta aí (alguém) os gols do Pepe ...

Glauco disse...

Pepe marcou 405 gols e é o maior ponta-artilheiro do futebol mundial. São 20 pela seleção, 16 pela seleção paulista e 153 na Vila Belmiro. Pelo Santos, fora da Vila, foram 216 tentos.