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sexta-feira, novembro 06, 2009

Quanto menos anúncio do governo, mais escândalos publicados

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É na Argentina.

Um estudo aponta uma relação inversamente proporcional entre a soma do espaço dedicado à cobertura de escândalos de corrupção no governo e o volume de recursos aplicados em publicidade estatal para a empresa ao mês. A pesquisa Publicidade do governo e a cobertura da mídia sobre escândalo de corrupção mostra ainda que o número de furos cai e o de casos omitidos do noticiário aumenta quando há mais verbas publicitárias públicas na conta.

Assinado pelos economistas Rafael Di Tella (da Universidade de Harvard) e Ignacio Franceschelli (da Universidade de Northwestern), o estudo analisou as páginas de Clarín, La Nación, Página 12 e Ámbito Financiero, que representam 74% da circulação diária de jornal.

A soma das áreas dedicadas à denúncia de corrupção em relação à área total da capa do jornal gera o número de unidades de "capas de jornal".

"O tamanho é considerável: um aumento no desvio padrão na publicidade mensal do governo (260 mil pesos de 2000) está correlacionado à redução da cobertura dada a um escândalo de corrupção do governo no mês em quase metade da cobertura, ou 37% do desvio padrão em nossa medida de cobertura na capa", conclui o texto.

Eles ainda analisam a ocorrência de furos e omissões. Furo, para o estudo, é a primeira notícia que um veículo publica sobre um escândalo. Omissão é a ausência de cobertura sobre um escândalo descoberto por outra publicação. A relação entre essas variáveis e a publicidade é parecida: quanto mais verba investida, menos escândalos descobertos e mais omissões. E vice-versa.

O estudo aponta que insistir em escândalos de corrupção significa aumento da circulação. A conclusão é que há um modelo em que os jornais enviesam a cobertura a favor do governo em troca de mais publicidade apesar de isso representar queda de receita advinda de circulação.

Embora o estudo não tente estabelecer relação de causalidade, os dados sugerem que os joranis reagem a anúncios governamentais, e não o contrário.

O estudo lembra do histórico de retaliação empregado por governos latino-americanos e o uso da verba publicitária. Eles lembram casos em que o corte de anúncios foi usado como opção política no governo de Néstor Kirchner.

1 comentários:

Osnir disse...

Isto que a mídia faz seria um escândalo ou é corrupção mesmo?