Destaques

quinta-feira, dezembro 31, 2009

O bom freguês só ama o bar que se foi

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Trecho inicial da crônica "Os bares morrem numa quarta-feira", de Paulo Mendes Campos (1922-1991), que dedico a todos os saudosos do Bar do Vavá e de outros "fóruns adequados" extintos pela sanha capitalista:

Um amigo de Kafka conta que este arquitetava o seguinte: um homem desejando criar uma reunião em que as pessoas aparecessem sem ser convidadas. As pessoas poderiam se ver ou conversar sem se conhecerem. Cada uma fariao que lhe aprouvesse sem chatear o próximo. Ninguém se oporia à entrada ou à saída de ninguém. Não havendo propriamente convidados, não se criariam obrigações especiais para com o anfitrião. E o espinho da solidão doeria mais ou menos.

É possível que Kafka não haja escrito esta alegoria por ter percebido que a mesma já existia corporificada sob a forma de cafés, restaurantes e bares. Mas o episódio pode levar-nos a considerar com súbita estranheza o mil vezes conhecido: os bares já eram kafkianos quando surgiram no mundo. Ou este, o mundo, é que foi o primeiro bar, quando se encontraram duas criaturas desconhecidas, e a mulher, buscando comunicação, ofereceu ao homem uma fruta. Naquele Garden Bar principiaram os equívocos. Foi o primeiro ponto de encontro. E não durou muito.

Pois os bares nascem, vivem, parecem eternos a um determinado momento, e morrem. Morrem numa quarta-feira, como diria Mário de Andrade. O obituário dessas casas fica registrado nos livros de memórias. Recordá-los, os bares mortos, é contar a história de uma cidade. Melhor, é fazer o levantamento das cidades que passaram por dentro de uma cidade. (...) O curioso é que os bares do presente, por seus serviços e sua frequência, podem merecer até o nosso entusiasmo, mas não recebem jamais o nosso amor. O bom freguês só ama o bar que se foi. Só na lembrança os bares perdem suas arestas e se sublimam.

Um bar que se foi, mas que não sai da memória: bebendo vodka com tubaína, eu ouvia do João a descrição de mais um lance magistral de Pelé

quarta-feira, dezembro 30, 2009

O lado bom das coisas ruins

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Comemorando o Natal no buteco, o amigo Alexandre "Cherno" Silva me saiu com essa:

- As três melhores coisas da religião católica são o pecado, o feriado e o vinho!

A melhor cachaça de Minas Gerais não é de Salinas

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Ribeirão das Neves, a 32 quilômetros de Belo Horizonte, é dona da melhor cachaça de Minas Gerais. A Áurea Custódio foi escolhida como a primeira na categoria premium no primeiro Concurso Cachaça de Minas, que escolheu 14 marcas produzidas do estado onde politicamente nasceu Itamar Franco, o responsável pela instalação do Dia Nacional da danada, em 21 de maio.

Nenhuma das 14 é de Salinas, município que se converteu em sinônimo da chambirra a partir dos anos 1960, com a ascensão do mito da Havana – posteriormente decolocada como Anísio Santiago. Januária, que aparece no dicionário como sinônimo de aguardente de cana, tampouco está entre as agraciadas.


As vencedoras do concurso, em cada categoria, em
uma montagem que despreza a tampinha. é só uma questão
de enquadramento. Mas eu juro que nenhuma tem tampa
de plástico. Pelo menos não nas fotos originais.


Antes que os puristas gritem e peçam mais uma rodada, uma ressalva. Das 280 marcas de cachaça de alambique sediadas no estado e comercializadas, apenas 66 participaram. Ligadas a 52 empresas, o certame foi promovido pela Federação Nacional dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca), com apoio do Governo do Estado, Sebra-MG e Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) sob a coordenação da Universidade Federal São João Del Rey (UFSJ).

Tudo para impulsionar a cadeia da cana de qualidade. Iniciativas como essa são frequentes, e é difícil comparar resultados de concursos diferentes. O importante é que tudo está regulamentado na produção.

Segundo os organizadores, é o primeiro – e único – concurso realizado com bases técnico-científicas. E passou batido pela editoria de cachaça do Futepoca a entrega do prêmio, no dia 9 de dezembro. Justo um pessoal tão afeito a metodologias científico-etílicas!

Ao que consta, os responsáveis pela avaliação também se dividiram. O cheiro e sabor foi verificado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná. Características físico-químicas ficaram a cargo da Fundação do Centro Tecnológico de Minas Gerais. O insubstituível quesito rótulo e garrafa ficou para a turma da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Degustadores autônomos (?) tiveram direito a dose e voto.

As categorias em que podiam ser inscritas marcas das que mataram o guarad foram "Nova/descansada", "Armazenada/envelhecida" e "Premium". Não encontrei em canto nenhum a relação completa das participantes. Do primeiro ao quinto lugar de cada uma delas, a produção providenciou uma medalha de mérito de qualidade, podendo exibi-la no rótulo por um ano.

Provei, na vida, duas das 14. Há muito trabalho pela frente. Mas antes que alguém se candidate a acompanhar os desbravadores do Futepoca, um aviso. Minas Gerais é o maior produtor de cachaça do país, porque tem nove mil alambiques. Neles, são destilados 260 milhões de litros todos os anos. Pior, a Fenaca garante ter 4 mil associadas em todo país e promete novos concursos em outros estados, como por exemplo o Paraná já em 2010. Mãos ao copo.

Confira as vencedoras:

Categoria: Cachaça branca/Nova
1º Diva - Divinópolis
2º Lucas Batista - Itabirito
3º Monte Alvão - Itatiaiuçu
4º Jacuba - Coronel Xavier Chaves
5º Mandacaru - João Pinheiro

Categoria: Cachaça envelhecida/Armazenada
1º Pirapora - Pirapora
2º Branquinha de Minas - Claro dos Poções
3º Engenho doce - Passa Quatro
4º Prazer de Minas - Esmeraldas
5º Bueno Brandão - Bueno Brandão

Categoria: Cachaça Premium
1º Áurea Custódio - Ribeirão das Neves
2º Topázio - Entre Rios de Minas
3º Prazer de Minas- Esmeraldas
4º Rainha das Gerais - Curvelo

terça-feira, dezembro 29, 2009

Panetones de Arruda viram joguinho na internet

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Deu no blogue da Paola Lima. Os panetones que se transformaram no símbolo do escândalo de corrupção do Distrito Federal já viraram game na internet. O governador José Roberto Arruda, o vice, Paulo Octávio, secretários e deputados distritais são investigados pela Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal por um esquema de distribuição de propinas.

Clique aqui para jogar

Panetones e o próprio Arruda surfam pela tela e o jogador precisa ajudar a limpar brasília. Cada panetone vale um ponto, enquanto atingir o ex-Democrata soma cinco no escore. A iniciativa é do Brasília Limpa, movimento promovido pela seccional do DF da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com o sindicato dos publicitários e das Agências de Propaganda.

Depois de um tempo do jogo bastante produtivo e útil para combater a corrupção, a mensagem: "Você ajudou a limpar Brasília".

O tradicional pão com frutas cristalizadas e uvas passas tornou-se símbolo do escândalo porque é a alegação oficial de Arruda para justificar os vídeos em que os envolvidos trocam maços de cédulas e até rezam pelo esquema. Tudo seria para doar panetones a crianças pobres.

Outros escândalos e os games
O primeiro escândalo de corrupção a ganhar as telas de vídeogames e computadores foi o que envolvia o então presidente Fernando Collor de Mello. Com o nome "Roxo", o objetivo do passatempo era acertar a figura de um caricato mandatário – com faixa presidencial a tira-colo – com um martelo. Ao garantir o sucesso da empreitada, o pequeno Collor no joguinho, seu membro ganhava a cor roxa e surgia um balãozinho com o dizer: "Ui!". Tudo em alusão à declaração do próprio alvo da piada, ainda em campanha eleitoral, de que ele teria "aquilo roxo".

Mais recentemente, presidentes do Senado ganharam suas sátiras no mundo dos games. Dance Renan permite que o jogador "comemore" o fato do senador alagoano ter se livrado das acusações de corrupção. Naturalmente, como a Culpa é do Lula, é o presidente quem dá a nota pelas danças. Não encontrei nenhum relacionado à Mônica Veloso.

José Sarney, atual mandatário da Casa, também viu das suas. Derruba Sarney, em que é preciso acertar o imortal das letras – e do planalto central – com cocos, melancias e outras frutas disparadas por um canhão. Para isso, é preciso também acertar outros senadores da situação e da oposição, de Eduardo Suplicy a Álvaro Dias, de Romero Jucá a Jader Barbalho.

O ex-presidente bigodudo também é "homenageado" com o Chute o Sarney que, como sugere o nome, envolve acertar o traseiro de um amapaense ex-maranhense em trajes de de velho oeste estadunidense. Nem chutado nem derrubado. Sarney continua presidente do Senado.

Antonio Carlos Magalhães Neto também foi alvo do Grampinho não, para "não deixar o grampinho baixar em Salvador". O contexto era o da eleição municipal de 2008 que, pode até não ter sido decisivo, mas o neto de ACM – promotor de grampos telefônicos contra metade da Bahia lá pelos idos de 2002 e 2003 – não venceu as eleições.

Claro que Lula e Dilma também são protagonistas. O Pac-man faz o trocadilho entre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com o clássico dos games. Não encontrei mais esse trem no ar.

Quem será o próximo político a ser satirizado em um game para desocupados no escritório? Ou para garantir nossa pauta de fim de ano?

segunda-feira, dezembro 28, 2009

E Juscelino só conseguiu apaziguar com cerveja...

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No livro "História e causos", publicado pela FTD em 2005, o sertanista Orlando Villas Bôas (1914-2002) relembra a teimosia de seu irmão Leonardo (1918-1961) durante uma visita do então presidente da República Juscelino Kubitschek (foto) ao Parque do Xingu. Vale destacar a diplomacia de JK para resolver o imbróglio:

Leonardo controlava os barcos do posto. A filha do Juscelino resolveu passear com o namorado e pediu que lhe preparassem um barco. Leonardo disse que não, pois os barcos estavam lá para atender aos índios e não para levar as pessoas para passear. A moça queixou-se para dona Sara, que, debalde, tentou convencer Leonardo. A coisa esquentou e chegou aos ouvidos o chefe da guarda de Juscelino, conhecido por sua truculência. Mas o Leonardo também era duro!
Já estávamos vendo que a situação ficaria difícil. Também tentamos convencer o Leonardo, que não deu a menor bola. Quando o chefe da guarda ia descendo a barranca para a margem do rio, Juscelino gritou:
- Espere que eu também vou.
Quando chegou na beira do rio, a confusão já estava feita. Juscelino então perguntou ao Leonardo:
- O que está acontecendo?
Leonardo, com um boné enfiado na cabeça, respondeu rispidamente:
- Essa moça está querendo passear de barco com o namorado, e eu disse que não há barcos disponíveis.
Juscelino ficou pensativo por alguns instantes e então disse:
- Ora, se você está dizendo que não tem barco, então está dito!
Mandou todo mundo embora e então, em tom apaziguador, perguntou ao Leonardo onde é que eles poderiam tomar uma cerveja. O Leonardo fez menção de não responder. Eu, que nessa altura já estava com uma raiva desgraçada, dei um beliscão nele que o fez balbuciar:
- Lá no meu rancho.
Juscelino concordou e, olhando para mim, disse:
- Seu irmão é duro!
Eu respondi:
- Não, presidente, ele é grosso mesmo!
Anos mais tarde, quando soube da morte do Leonardo, Juscelino me disse:
- Se eu tivesse tido meia-dúzia de homens como o Leonardo, teria mudado o Brasil!

domingo, dezembro 27, 2009

Os dez mais lidos do Futepoca em 2009

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Com especulações rolando à solta no futebol (sendo que 90% não se tornarão realidade), jogos de amigos de não sei quem contra amigos de não sei que lá, congresso nacional em recesso (que raro) e políticos de férias, falta assunto para a imprensa em geral, quem dirá para o pessoal do Futepoca, em ritmo de merecido recesso. Por isso, e como é época de retrospectiva, publicamos os dez posts mais lidos de 2009. Se você ainda não leu, é tempo:

10 - Flamenguistas prometem até comitiva de travestis para receber Ronaldo

Ah, o ressentimento... Como vingança das falsas juras de amor do Fenômeno à torcida rubro-negra, alguns torcedores começaram a organizar uma recepção calorosa para o hoje corintiano quando ele fosse ao Maracanã. Relembre.

9 - A arte de ser moleque e beber qualquer coisa

Ah, quando se é jovem o fígado parece nunca se render à razão e ao bom senso. O resultado (que é cobrado mais pra frente) são experimentações de bebidas e drinques de gosto e qualidade pra lá de duvidosos... Confira aqui.

8 - O manual da Maria Chuteira

A modelo Nives Celsius resolveu dar uma ajuda a quem quiser fisgar um jogador de futebol como ela fez. Para tanto, resolveu circular dicas e informações valiosas como “confortar sexualmente após uma derrota é sempre bem pensado”. Mais pérolas desse naipe aqui.

7 - Palmeiras virou porco há 40 anos

Uma provocação que resultou na mudança do mascote de um time. Se você ainda não sabe, veja as origens do apelido que os palmeirenses hoje ostentam diante dos adversários. O post é esse.

6 - Ideia de bêbado

A incrível história de como um manguaça teve a brilhante ideia de escolher uma foto de tiração de sarro que retrata um verdadeiro "açougue humano" para a capa de uma coletânea dos Beatles nos Estados Unidos. Conheça.

5 - Por que você torce para o seu time?

Pais, tios, padrinhos, amigos, moda... Afinal, o que fez com que você virasse um sofredor apaixonado (ou não) pelo seu time. Saiba o que pode levar alguém a escolher sua camisa e evite riscos de seu filho torcer para outra equipe. Aqui.

4 - Entenda - finalmente - como funciona o ranking de seleções da Fifa

Papo de muitas discussões em mesa de bar, o ranking da entidade futebolística é mais contestado que aprovado, mas pouco entendido. Descubra como funciona e quais são os critérios adotados pela Fifa e veja se é justo ou não. Confira.

3 - O marketing viral e a Nike

Embora tenha sido escrito em 2008, o post continua sendo dos mais lidos do blogue, já que causou uma série de discussões a respeito da relação entre a publicidade e a blogosfera. Leia ou releia aqui.

2 - Boa causa para alavancar a orgia

A história de dez prostitutas paraibanas que decidiram doar uma noite de seu trabalho para resgatar uma dívida da Associação das Profissionais do Sexo da Paraíba (Apros-PB). Veja como a vida imita a arte - ou vice-versa - aqui.

1 - Decotes e roupas curtas: essa é a tática dos banqueiros para "conquistar clientes"

Post-denúncia sobre uma ex-bancária cujo empregador a obrigava a se insinuar para os clientes para cumprir as suas metas de vendas. Relembre ou conheça esse fato absurdo nesse texto.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Na cachaça tudo posso!

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Essa eu ouvi ontem em um bar de madeira nas margens da estradinha que liga os municípios de Cândido Rodrigues e Fernando Prestes, no interior de São Paulo: há uns 30 ou 40 anos, os donos de uma rádio local ofereceram uma bolada para dois manguaças subirem na torre da emissora para trocar uma lâmpada. Era muito dinheiro, eles nem conseguiam se imaginar com aquela soma nos bolsos. Munidos de correias, cintos e a nova lâmpada, pegaram suas bicicletas e foram até o local. A torre tinha quase 50 metros e não parecia muito firme. O primeiro deles ajeitou o cinto, abraçou a torre com uma corda e começou a subir. No meio do caminho, berrou:

- Ah, compadre, não vai dar, não! Muito perigoso! Vou descer!

O outro deu risada do colega e se preparou para subir e cumprir o serviço.

- Sai pra lá, medroso! Por esse dinheiro eu subo até o céu, deixa eu te mostrar.

E começou a subir, bem mais ligeiro, como se já visse em sua frente o saco de dinheiro - e as pingas que tomaria com tudo aquilo. Mas a torre começou a vergar temerariamente e, mesmo tendo ultrapassado a metade da distância, teve que entregar os pontos.

- Ah, companheiro, isso vai cair! Não tem jeito, vai desabar! Vou sair daqui!

Derrotado, desceu e compartilhou a aflição do amigo. Não era possível desistir daquele dinheiro, nem passar a vergonha de ter assumido um compromisso e não cumpri-lo por medo. Com esses maus pensamentos na cabeça, cada um deles ainda fez mais duas tentativas, todas invariavelmente fracassadas. Desolados, pegaram os equipamentos e as bicicletas e rumaram para o boteco mais próximo, para afogar o vexame. Logo que chegaram, o dono do bar indagou sobre o serviço e, sabendo que não tinham conseguido, soltou uma gargalhada. Logo a notícia se espalhou, para zombaria completa dos bêbados e fofoqueiros.

- Que vergonha, hein, compadre? Que que nós vamos dizer lá na rádio?

- Nem me fale, não gosto nem de pensar. E o dinheiro? Nunca mais na vida a gente vai ter uma oferta dessas!

E derrubaram o primeiro, o segundo, o terceiro, até o décimo copinho de pinga cada um, para anestesiar a decepção. De vez em quando, notavam pelo rabo do olho os risinhos de escárnio dos frequentadores do bar. No décimo primeiro copo, um dos amigos decidiu:

- Ah, eu posso morrer e nem receber o dinheiro, mas a vergonha de ter prometido uma tarefa e não ter feito, isso eu não levo pro túmulo! Vou voltar lá!

- Tá certo, compadre! Eu vou junto. E se precisar morrer também, eu morro. Mas não passo esse vexame.

E lá se foram de volta. Ninguém sabe ao certo o que (ou como) aconteceu, pois não se teve mais notícias dos manguaças por aquelas bandas. Mas que a lâmpada nova estava rosqueada lá no alto, ah, isso estava sim....

Metáforas futebolísticas prometem animar ano eleitoral

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Foto: Reprodução

Bola pra frente que 2009 já era, pelo menos em termos esportivos. Etílicos jamais, afinal, sempre é hora de tomar umazinha, mas quanto ao cenário político ainda tem muita gente enrrolada, esperando os segundos para a virada do ano.

Aliás, 2010 será um ano eleitoral que promete regar de emoções nossos dias. Não faltarão denúncias, alfinetadas, a imprensa repercutindo cada detalhezinho estúpido das campanhas, pesquisas de intenção de voto, políticos tentando salvar seus empregos e, claro, não vai faltar a tradicional prefêrencia pela metáfora futebolística que nosso presidente Lula tanto gosta utiliza. Em 2009, a quantidade de metáforas foi fantástica, mas no final do ano o presidente caprichou.

Em uma fala só, Lula propagou vários conceitos do esporte sagrado da terra brasilis. Em entrevista a uma rádio carioca nesta terça-feira, 22, o presidente explicou a importância de pensar coletivamente. "Às vezes você tem um cara extraordinariamente bom de bola, mas na hora de escalar, você escala um que, taticamente, vai cumprir uma função melhor para o time. Ou seja, não basta o cara ser bom de bola. O cara tem que, primeiro, saber trabalhar em equipe, saber que jogo não se ganha sozinho, e saber que dos 11 em campo, cada um tem uma tarefa e cada um tem que participar da vitória", afirmou o presidente. Em seguida o radialista perguntou se Serra poderia ser um bom técnico. Lula respondeu "Ah, não. Eu acho que não seria mesmo".

Em um café da manhã com jornalistas na última segunda, Lula afirmou que "dois Tostões" não teriam necessariamente resultados positivos - em referência a uma eventual chapa tucana formada pelos governadores de SP e de MG, José Serra e Aécio Neves. Como resposta, o presidente do PPS, Roberto Freire, afirmou que os tucanos tem "dois craques, já eles (os petistas) uma perna de pau". Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, agradeceu Lula por reconhecer os craques tucanos. "Tenho que agradecer ao presidente Lula porque reconhece os raques da nossa seleção. Agora não vejo problema em escalar dois craques, como Tostão e Pelé na Copa de 70", respondeu o senador tucano. Teve também a contestação do governador José Serra, que afirmou que dois bons jogadores podem sim atuar no mesmo time. "Acho que, quando o jogador é muito bom, dá para duplicar. Dá-se um jeito de colocar os dois em campo. "Mas, quando questionado se a mesma teoria pode ser aplicada à política, Serra disse: "Vamos pensar a respeito."

Ano de Copa e de eleição, 2010 promete.

Em tempo
O promotor de Justiça Militar Mauro Faria de Lima apresentou nesta segunda-feira, 21, denúncia no TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) contra os coronéis da Polícia Militar do Distrito Federal Luis Henrique Fonseca e Silva Filho, por lesão corporal. Os dois foram os responsáveis pela coordenação da operação que acompanhou uma manifestação contra a série de denúncias do governo Arruda (ex-DEM) e que acabou em pancadaria e truculência da polícia. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça Militar e os coronéis sejam condenados em um eventual julgamento, a pena para lesão corporal leve é de três meses a um ano de detenção.

terça-feira, dezembro 22, 2009

PQFMTMNETA 9 - O dia em que um Preá virou herói (2008)

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PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Série que iniciei no Futepoca em novembro de 2008 e que, por esquecimento, permaneceu sem atualizações desde abril deste 2009 que está acabando. A ideia é Nesse espaço mostrare eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento. Agradeço sugestões!


PQFMTMNETA 9 - O dia em que um Preá virou herói (2008)

Palmeiras e Portuguesa se enfrentavam no Parque Antarctica pela 17ª rodada da primeira fase do Campeonato Paulista de 2008. Depois de uns tropeços iniciais (com direito a uma derrota por 3x0 para o Guaratinguetá), o Alviverde se aprumava e dava mostras de ser o melhor time da competição. O grupo comandado por Vanderlei Luxemburgo ostentava uma invencibilidade de oito jogos e uma sequência de cinco vitórias consecutivas - duas delas nos clássicos contra Corinthians e São Paulo.

A classificação para as semifinais parecia de certo modo garantida, mas não convinha vacilar.

Do outro lado, a Portuguesa fazia uma campanha intermediária mas ainda almejava a classificação para as semifinais. Vencendo no Parque Antarctica e triunfando também nas duas partidas que restavam - e com alguns tropeços dos concorrentes - a Lusa ainda poderia beliscar uma posição entre os quatro melhores do torneio.

Mas o jogo passou e o Palmeiras não conseguia furar o bloqueio luso. A Portuguesa atacava vez ou outra, mas o que mais se via no Palestra Itália era um Palmeiras que detinha a posse de bola mas que não transformava isso em chances claras de gol.

Até que aos 48 do segundo tempo a bola foi alçada na área lusitana. E, segundo aquele roteiro típico da dramaticidade que só o futebol pode proporcionar, pipocou por entre pés, mãos e cabeças até alcançar a chuteira de Jorge Preá, que a estufou para as redes.

Um gol histórico, emocionante, que marcou a campanha do Palmeiras naquele campeonato - que, como se sabe, culminaria no título paulista, obtido após uma fácil final contra a Ponte Preta e uma gaseificada semifinal contra o São Paulo.

Jorge Preá comemorou a conquista e colocou a faixa de campeão paulista no peito. Mas não teve vida longa no Parque Antarctica. Poucos meses depois de ser herói foi emprestado ao Atlético-PR, como contrapeso na transação que levou o zagueiro Danilo ao Verdão. Também não se destacou no Furacão, e pouco depois estava no Bragantino. Mais insucesso: sua passagem na terra da linguiça não foi das mais memoráveis, e a partir do Paulistão de 2010 Jorge Preá tentará a vida no Mogi Mirim, onde terá como companheiro o volante Baraka.

Seu retorno ao Parque Antarctica poderá acontecer logo na primeira rodada do Paulistão 2010 - Palmeiras x Mogi é um dos jogos que abre o certame. Resta saber como a torcida alviverde recepcionará Jorge Preá que, em 26 de março de 2010, foi o maior herói da história do Palmeiras, ao menos naquele dia.

Cerveja está liberada para a ceia, diz ambientalista

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A cerveja está liberada para a ceia de natal e ano novo. A análise é de Adalberto Marcondes, jornalista especializado em temas ambientais, quando questionado sobre formas de se garantir uma ceia sustentável, quiçá carbono-neutro.

Foto: Alexandre Jaeger Vendruscolo/Sxc.hu
A principal recomendação são atitudes e consumo preocupados com o ambiente sem "perder de vista que qualidade de vida também é ter acesso a algumas coisas que dão prazer".

Tudo o que emite muito gás de efeito estufa vale a pena ser evitado. Isso inclui vinhos europeus, porque o transporte – especialmente o aéreo – emite muito carbono para alcançar mais de 800 quilômetros por hora em velocidade de cruzeiro. O melhor seriam vinhos orgânicos produzidos o mais perto possível. Mas se não rolar, no máximo chilenos ou argentinos.

Refrigerantes podem ser abolidos. Em seu lugar, a receita são sucos de fruta, porque a produção do "suco negro do capitalismo" usa muito carbono. Pelo jeito, nem água com gás nem tônica se salvam.

No caso da cerveja, vale a mesma máxima do vinho: preferência por marcas orgânicas e produzidas em regiões próximas. A questão é que a gelada não tem jeito de ser substituída à altura. Então, já para a mesa.

Todas as recomendações, incluindo misturas, entradas e acompanhamentos, estão na reportagem de Suzana Vier.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Final justo no Mundial de Clubes

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O duelo entre Estudiantes e Barcelona que, no sábado, definiu o Campeonato Mundial de Clubes, passou longe, mas bem longe de ser uma boa partida de futebol. Foi mais algo próximo de uma pelada, como o Manchester x LDU do ano passado.

Assisti o jogo a partir do segundo tempo, então, se a primeira metade da partida foi diferente, por favor acrescentem informações nos comentários. Mas o que eu vi foi um Estudiantes acuado, com má qualidade mesmo, refém de um Barcelona que martelava, martelava e martelava, mas sem a eficiência necessária.

Ganhando de 1x0, o Estudiantes abriu mão completamente de qualquer tentativa de ataque. A análise de Mauro Cézar Pereira, que comentava o jogo pela ESPN, foi precisa: mais do que um "recuo para garantir o resultado", o que acontecia com o Estudiantes era uma imposição determinada pelo adversário. Só o Barcelona jogava.


Mas custava a vencer. Tanto que só empatou no último instante do segundo tempo; na prorrogação, com mais qualidade técnica e condicionamento físico, obter a virada era questão de tempo. E ela veio, com Messi - que teve uma partida mais do que apagada mas, por circunstâncias do futebol, acabou o jogo como herói. Ainda conquistou o prêmio FIFA de melhor do campeonato.

De certo modo, o jogo de sábado seguiu um roteiro de tantas e tantas partidas que vimos por aí: um time de menor qualidade acha um gol e inicia um bate-rebate desesperado implorando para que o jogo acabe. Seria injusto o Estudiantes levantar a taça. Parabéns, Barcelona!

E com o triunfo, a Europa empata o placar com os sul-americanos na somatória de todos os torneios - agora são 26 conquistas pra cada lado.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

A despedida de Elias

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Por Mouzar Benedito

 

Quando Elias completou 31 anos como lateral esquerdo da Esportiva Nova Resende, resolveram fazer para ele uma festa de despedida do futebol, sem que ele soubesse. Um detalhe: os 31 anos não eram de idade (que devia estar por volta dos 50), mas só o tempo dele como titular do time. Se deixassem, ele continuaria ainda. A festa foi um jeito sutil de tirá-lo pelo menos da equipe principal.

A despedida seria contra o time da Ventania, que topou o acerto: a primeira bola que fosse na sua área, um zagueiro deveria pôr a mão intencionalmente. O Elias seria encarregado de bater o pênalti e o goleiro tinha a obrigação de não defendê-lo. Aí seria feita uma grande badalação, com discursos e tudo o mais. Depois recomeçaria o jogo, já com outro titular na lateral esquerda da Esportiva. E alguém daria também um pênalti intencional a favor do time da Ventania. Só daí pra frente o jogo seria pra valer.

Desde meia hora antes do início do jogo, todos os seresteiros da cidade se revezaram num microfone improvisado em cima de um caminhão, cantando "Ave Maria do Morro", a música preferida do Elias.

Com todo mundo em campo, fez-se um minuto de silêncio em homenagem a um ex-craque da Esportiva, que tinha morrido dias antes. Em seguida, o juiz deu o início à partida e tudo correu conforme o combinado.

Aos cinco minutos de jogo, veio o pênalti. Elias bateu e marcou o gol, foi carregado pelos jogadores até o caminhão que servia de palanque. O presidente do time discursou rememorando os grandes momentos do jogador que se despedia, o prefeito falou em seguida sobre o grande cidadão que honrava a cidade e, pra completar, foi designado para falar, representando os jogadores, o meia-direita Luizinho do Lica. O que ele fez não foi bem um discurso, falou apenas isso:

— Olha, gente, só de minuto de silêncio, o Elias tem um ano e meio!



Mouzar Benedito é amigo dos integrantes do Futepoca e, tal como eles, é apreciador de cachaça boa e já foi jurado do festival da cachaça de Sabará. Saciólogo, geólogo e jornalista, é autor dos livros João Rio, 45; 1968, por aí, entre outros.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Deus salve o Américo!

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Um belo dia dessa semana que custa a passar para os trabalhadores brasileiros, Carminha, eminência parda deste blogue, chegou à editora cantando "Américo bebeu/bebeu, bebeu, bebeu/chegou de madrugada/a mulher se aborreceu". Diante dos olhares de estupefação de seus companheiros de trabalho, tentou justificar que tal canção existia, mas, dada a sua prodigiosa memória, não conseguiu lembrar de onde era.

Após exaustivas pesquisas no Google, foi achada a origem da música. Composta por Pedro Caetano e Alcydes Pires Vermelho, a marchinha de carnaval foi um grande sucesso do ano de 1946. O primeiro intérprete foi o grupo Quatro Ases e um Coringa (foto abaixo), cuja formação original, carioca da gema, tinha Evenor Pontes de Medeiros, José Pontes de Medeiros, Permínio Pontes de Medeiros, André Batista Vieira (o Curinga), e Esdras Falcão Guimarães (o Pijuca). De acordo com o Wikipedia, no mesmo ano que entoaram as peripécias americanas, gravaram Baião, sucesso de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.



Salve o Américo (Pedro Caetano/Alcydes Pires Vermelho)

O Américo bebeu
bebeu, bebeu, bebeu
Chegou de madrugada
A mulher se aborreceu
O dia raiando
Cadeira voando
Vassoura cantando
Ficou bombardeado, coitado
Deus Salve o Américo
Ficou como as Ilhas do Japão
A bomba estourou na sua mão
Deus Salve o Américo
Que o bombardeio não é sopa, não!!!

A gravação original do grupo está aqui. Já a regravação de Cristina Buarque (sim, a irmã do Chico) e Banda Glória está aqui.

E como diria um companheiro da redação, quem não foi Américo um dia...

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Mundial de Clubes para (parte) dos delegados da Confecom

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Enquanto os delegados da primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) se digladiavam para definir as propostas enquadradas do 4-4-2 e as que seriam aprovadas por mais de 80% dos delegados de cada um dos 15 grupos de trabalho, um valor maior se alevantou. A partida entre Barcelona e Atlante, do México, pela semifinal do Mundial de Clubes da Fifa mobilizou uma dúzia de participantes.

A Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) mantém dois televisores de tela plana e full HD sintonizados o tempo todo na Bandeirantes. Pobre Rede TV!, que divide as contas da associação que é uma dissidência antiga da Associação Brasileira de Rádio e TV (Abert), que sequer participa da Confecom.

As imagens não falam por si, nem mostram grande comoção, além de serem mal tiradas. Mas pelo menos justificam o post.


Alguns nem repararam na transmissão


Enquanto os dirigentes dos empresários avaliavam o estrago
(e o sucesso) feito nos grupos de trabalho, tinha gente com
coisa mais importante pra fazer


Antes, durante o programa Jogo Aberto, um ou outro delegado parava por lá para assistir, sem som, aos comentários de Renata Fan, Neto, Renata Fan, Osmar de Oliveira e, principalmente, Renata Fan. Tinha gente tanto da sociedade civil quanto dos empresários. Isso porque o programa foi campeão de denúncias de conteúdo inadequado para a classificação indicativa do Ranking da Baixaria na TV.

O democrata cristão é candidato

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Um anúncio feito no final de novembro transformou o jogo político para 2010. Além de Dilma Rousseff, Aécio Neves, José Serra, Marina Silva e companhia, havia um novo candidato para as eleições presidenciais: José Maria Eymael, ele mesmo, o democrata cristão.

Realizei há duas semanas uma entrevista com o candidato para o meu blog, o Blog Olavo Soares. Confiram lá.

Chamam a atenção duas afirmações do pré-candidato: a primeira é a sua convicção em uma vitória no ano que vem, motivada pelas modificações da lei eleitoral brasileira. E a segunda é algo que Eymael identifica como sendo um clamor popular por uma candidatura de centro - todas as outras já anunciadas, segundo o democrata cristão, estariam na esquerda ou centro-esquerda, no espectro político. Eymael concorda com Lula, portanto.

Vocês acham que Eymael tem razão em suas assertivas?

terça-feira, dezembro 15, 2009

Estudiantes x Manchester 1968

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Hoje o Estudiantes de La Plata venceu por 2 a 1 a Pohang Steelers, da Coreia do Sul, e está na final do Mundial de Clubes em Abu Dahabi. 

A propósito da ocasião, achei esta "pérola" da final da Copa Intercontinental entre Estudiantes e Manchester em 1968, final vencida pelos Pincharratas com gol da Bruja Veron (pai do atual volante da equipe argentina) em Old Trafford. Vale a pena:





Esquema 4-4-2 resolve impasse na Confecom

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Por Anselmo Massad, de Brasília

Na cobertura do Futepoca da primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), o discurso de abertura feita pelo presidente Lula prejudicou os planos. Ocorre que o mandatário da nação, que costuma produzir metáforas em profusão sobre futebol e cachaça, não fez nenhuma menção ao ludopédio. Menos ainda à aguardente da cana-de-açúcar.

Em um trecho, até acho que constava no discurso lido no teleprompter de cristal líquido a expressão "bola pra frente". Mas o fato é que o presidente, ao ler o trecho, disse: "bora pra frente".

Fiquei sem post até a tarde desta terça-feira, 15.

Um impasse travava a Confecom. Na segunda à tarde, a Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) entrou com um recurso junto à comissão nacional organizadora para garantir um recurso conhecido como "questão sensível" nos grupos de trabalho. A fórmula foi estabelecida em maio para a comissão organizadora, depois estendida à plenária final e, por fim, até com ameaça de abandono da conferência, a cada um dos 15 grupos de trabalho.

Em caso de temas intocáveis para um setor, pode-se alegar que o tema é questão sensível, o que demanda um quórum qualificado para aprovação. Escrevendo de outro jeito: em vez de maioria simples, se um setor resolvesse que não topava uma proposta de jeito nenhum, seria necessário 60% de apoio, incluindo pelo menos um voto de cada setor. Nenhuma outra das mais de 50 conferências nacionais promovidas pelo governo Lula, nem as anteriores, tiveram nada parecido.

Há quem diga que os movimentos sociais agiram por interferência do Palácio do Planalto. Outros asseguram que não foi o caso, que trata-se de uma opção de garantir uma conferência pra lá de contestada pela mídia.

O fato é que na hora de votar o regimento na plenária, as críticas dos movimentos sociais eram pesadas. Então, um grupo de delegados se mobilizou para formular a proposta salva-lavoura: o 4-4-2.

Ninguém fez comparação com o futebol diante dos microfones, mas nem precisava.

Para acabar com o voto sensível, cada setor teria um número de propostas sagradas por grupo de trabalho proporcionais a sua representação. Empresários e movimentos sociais teriam quatro propostas cada e o governo, duas. As outras, seriam votadas sob os padrões normais.

Também não discutiram quem ficaria com qual posição. Se as propostas do governo estariam no ataque do esquema tático dos grupos de trabalho, faltou só discutir quem joga na defesa e quem vai para o meio de campo. Provavelmente os empresários ficariam na zaga, favoráveis a uma retranca para manter quase tudo como está. Talvez os movimentos sociais precisassem ter mais poder ofensivo... Mas isso já são divagações para a mesa do bar.

Também faltou escolher que pega no gol.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Corrida da Cerveja anima a Panetolândia

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Foto: Brunna Rosa

Mais uma modalidade que poderia entrar nas Olimpíadas de 2016! O evento sócio-esportivo-etílico, que aconteceu em Brasília neste domingo, além de promover a atividade física, reforçou ainda mais o que o Futepoca há tempos vem articulando: o Manguaça Cidadão, a política pública que promoverá uma revolução social no país. Agora, vemos que o etilismo (não confundir com elitismo...) saudável e o esporte são absolutamente condizentes.









Atletas da manguaça... até nós temos cãimbras.
Fotos: Brunna Rosa


A ideia original da corrida é do parceiro Papo de Homem e foi adaptada para as terras planas por um grupo de amigos que lançou um site com as regras da participação e as informações gerais. Foram cerca de quatro mil participantes, que antes das 10h da manhã, debaixo de muito sol, já se encontravam presentes no Eixão, fazendo os devidos aquecimentos – etílicos e físicos - para os 3 km da corrida, regada a (muita) cerveja e brindes pela criatividade das equipes. É verdade que muitas das equipes não conseguiram completar o percurso, afinal, profissional que é profissional vai equipado. A reportagem do Futepoca pode constatar no decorrer da corrida carrinhos móveis de churrasquinho, banquinhos, cadeiras, batuques e verdadeiros mini-butecos, com direito a petiscos e jogos de toda espécie.



Carrinho móvel com os churra's. Paradinha para descansar e dominó com destaque para a bandeja de kibe frito. Uma versão do "ocupe o espaço público - faça seu próprio buteco". Fotos: Brunna Rosa

A criatividade não ficou apenas para os apetrechos, os manguaças tiveram que colocar a cachola para funcionar também para descobrirem como deixar os engradados da bebida fermentada geladinha. Cada equipe de 4 pessoas deveria levar um engradado de 24 cervejas de 600ml (ou 44 latas de 350ml ou 32 latões de 473ml), e cada equipe de 2 pessoas devia levar um engradado com 12 garrafas de 600ml (ou 22 latas de 350ml ou 16 latões de 473ml). O resultado foi uma diversidade de ideias mirabolantes, como as fotos amadoras de celular da pessoa que vos escreve tenta retratar. Aliás, vale constar que a equipe Futepoca da Corrida da Cerveja sofreu baixas e apenas eu consegui acordar e marcar a devida presença no recinto, apesar que, devido ao excesso de eventos sócio-esportivo-etílicos, o relato do evento acontece apenas hoje...


















Homens "fraldados" ou fantasiados faziam parte dos planos para manter as cervejas gelaaaadaaa. Fotos: Brunna Rosa


Fora Arruda... que Arruda?

Foto: Brunna Rosa
Mesmo com os gritos e manifestações pelo “Fora Arruda”, sem falar na quantidade de gente fantasiada de panetone, a equipe organizadora do evento tirou o corpo fora e disse que a corrida não teve caráter político e nega qualquer posicionamento sobre os escândalos que assolam a política brasiliense. Uma pena!

A CUT e movimentos que puxam o “Fora Arruda” não estiveram presentes ou, se estiveram, marcavam presença minuscula. Ponto negativo, afinal era uma ótima oportunidade para distribuir aqueles adesivos do “Fora Arruda e P.O”.

E, só para não falar que não falei de futebol.... Outro grito presente em todas as etapas da corrida era “Meeeengoooo” e “O campeão voltou, o campeão voltou”. Ô, cidade para ter tanto flamenguista...

Confecom, futebol e cachaça

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Começa nesta segunda-feira, 14, em Brasília (DF), a primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O Futepoca não tem delegado, mas como estou aqui, posso fazer a única cobertura de futebol e cachaça do evento.

Ao chegar no aeroporto, um delegado da conferência recém-chegado de um voo de 25 minutos de Goiânia até a capital federal – segundo seus próprios relatos – estava impressionado com a quantidade de policiais militares. "Por causa da Confecom não é, porque tanto policial assim, deve ser bandido chegando", disse. Um PM respondeu sem cerimônia: "É o Flamengo que vai desembarcar".

A piada fácil e de gosto duvidoso não era piada. O blog do Planalto confirma: Agenda: Confecom, Flamengo e confraternização com oficiais-generais. Para ser mais claro, se Lula abre a conferência logo mais às 19h, antes, às 15h30, ele recebeu a delegação do campeão brasileiro de futebol.

No ônibus do aeroporto ao setor hoteleiro Sul, onde estão hospedados os delegados e observadores – e felizmente este autor, que está aqui como jornalista – a mesma ala goiana conspirava. Falavam de alguém que tinha vindo com uma mala tão pesada que até quebrou a alça. Ao parar, cercaram o meliante e exigiram: tinha de mostrar o conteúdo do baú.

"Ele não trouxe roupa", exagerou um. "Era só cachaça!", comemorou outro.

A Confecom dessa turma promete. 

Saad credenciado

Credenciamento iniciado, eu aqui, de crachá branco de jornalista, puxo conversa com um, lamento a cidade não ter esquinas – nem bares nas esquinas – quando chega o presidente do grupo Bandeirantes, Johnny Saad, em meio a cinco outros homens, todos com mais de 1,80 metro de altura. O grupo inteiro está de terno e gravata, menos um. De camisa listada em branco, amarelo e verde, Saad é só sorrisos para os olhares de ninguém.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 46

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VOU PARAR DE BEBER
(Romilson Luiz/ Eládio Sandoval)

Piu Piu de Marapendi

Aí, garçom, vou sentar aqui, mermão
Vô comê, vô bebê, vô engraxá o sapato
Eu vô cuspir no chão e não vou pagar
Falô, então? Traz mais chopinho aí, gente boa!

Pensando bem
Eu vou parar de beber
Se continuar assim
Logo, logo eu vou morrer
(Que coisa triste, meu irmão!)

Pensando melhor ainda
Eu não vou parar de beber mais não
De que adianta eu parar agora
Se eu já tenho o pé dentro do caixão?
(Faloooouu...)

Garçom, desce mais um chope
Me chamam de pau d'água mas não ligo
Ou eu acabo com esse chope todo
Ou esse chope todo vai acabar comigo

Chope, chope, chope, chope
Chope, chope, chope, chope
Até o dia clarear
Chope, chope, chope, chope
Chope, chope, chope, chope
Pendura a conta que eu não vou pagar!

Aê, mermão, cavaquinho!
(entra solo de guitarra)

Pensando bem
Eu tô sozinho demais
(Que coisa triste, gente boa!)
Minha garota me deixou por outro
Porque reclamava que eu bebia demais
(Vê se pode!)

Tudo que vejo
Me faz lembrar do seu rosto
(É isso aí, malandragem)
Mas já descobri que meu destino
É tomar muito chopinho e muito tira-gosto

Por causa disso...

Garçom, desce mais um chope
Me chamam de pau d'água mas não ligo
Ou eu acabo com esse chope todo
Ou esse chope todo vai acabar comigo

Chope, chope, chope, chope
Chope, chope, chope, chope
Até o dia clarear
Chope, chope, chope, chope
Chope, chope, chope, chope
Pendura a conta que eu não vou pagar!

(Compacto simples, Gravadora Lança/Polygram, 1982)


Evite o mau hálito

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São Paulo, capital, Praça da Sé, eleições de 1998, último comício do Partido dos Trabalhadores. Em uma das barracas montadas pela campanha, militantes fazem fila para disputar alguma coisa no chão. Questionada sobre o inusitado movimento, a pessoa que levou o cobiçado objeto afirma tratar-se de um antiséptico bucal. De fato, os mangua.., quer dizer, os militantes se aproximavam da barraca sussurrando: "-Cadê o Cepacol? Passa aí o Cepacol! Deixa um pouco pra mim!". Quanta preocupação com a higiene...do fígado!

Marcelinho Carioca 2010: um projeto, uma aposentadoria e uma ameaça nas urnas

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Deu no Máquina do Esporte. O xodó da Fiel e pé de anjo Marcelinho Carioca está em vias de se aposentar aos 38 anos, mas pelo jeito já tem emprego garantido para 2010. Ele conversa com a diretoria do Corinthians para ser o "embaixador do Centenário", aproveitando sua alta popularidade entre os torcedores, que se manteve praticamente intacta mesmo atuando em outros clubes. Com três passagens pelo Timão (1993 a 1997, 1998 a 2001 e 2006 a 2007), o quase ex-atleta tem 427 jogos e 206 gols pelo Alvinegro.

Contudo, eesse não é o seu único projeto para 2010. Filiado ao PSB, ele almeja se candidatar a uma vaga na Câmara dos Deputados, juntando-se a outros nomes do mundo da bola que estarão nas urnas eletrônicas no ano que vem.

Para o guru do centenário alvinegro, o diretor de marketing Luis Paulo Rosemberg, Marcelinho é a figura ideal para a função. "O carinho que a torcida tem com ele é uma coisa incomparável. Queremos um rosto para o centenário, alguém que represente tudo que nós vamos fazer. Alguém que vá falar com as crianças e com os jovens, que promova essa interação com o clube. E não existe ninguém melhor do que o Marcelinho."

Diante disso, fica a questão: será que alguém vai lembrar da declaração dele sobre o Mundial do Corinthians?

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Cavalaria e cachorros em terras do Panetonegate

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Olha o panetone aí, minha gente!

Foto: Brunna Rosa
Cenas medievais no cenário planificado da capital Federal rodam o país. As imagens denunciam uma polícia truculenta em ação no dia internacional contra a corrupção, comemorado na quarta-feira, 9, justamente na unidade da federação que é a lama da vez no país.

Estive na manifestação e descrevo o que vi. A concentração era na praça em frente ao Palácio Buriti, sede do governo e palco da lama (ou do panetone) que sacode as terras planas daqui.

A ideia era não avançar pelas ruas de Brasília e passar o dia pedindo o impeachment do governador José Roberto Arruda (hoje desfiliado do DEM por livre e expontânea pressão). Mas alguns manifestantes fecharam o eixo monumental, de um lado e, depois de desobstruir uma via, correram para fechar também o outro.



















No destaque: O choque montado, em seguida o Bope em ação e a caixa com bombas sendo carregada. Pronto, todos a postos. A frente cavalaria, atrás Bope, com balas de borracha, bombas e cachorros...
Foto: Brunna Rosa


Prenúncio da desgraça. O impasse se dava entre manifestantes que queriam seguir pelo eixo monumental até a rodoviária. Obstruindo o caminho, havia o Batalhão de Operações da Polícia Especial (Bope). Junto à cavalaria, policiais com cachorros, caixas com bala de borracha e bombas de efeito moral.

Com o avançar dos estudantes, a cavalaria entrou em ação, deixado alguns feridos. Com a situação, os manifestantes decidiram seguir para a rodoviária, usando o canteiro, isto é, desobstruindo a via, para eliminar o “problema” para o qual os batalhões do GDF foram escalados.

Ao contrário dos relatos jornalísticos, o avanço dos manifestantes foi pacífico. Aliás, só a mídia para achar que ainda cola a história de "manifestantes armados com mangas" dispostos a enfrentar um batalhão devidamente munido para dispersar a multidão.

Ao seguirem pelo gramado, o Bope passou a usar bombas de efeito moral e cassetetes. Neste momento, os manifestantes corriam para o lado esquerdo do eixo monumental e paralisaram o transito novamente.

Nesta altura, o ambiente era de batalha campal. Sem maiores pudores, a PM usava todo o seu "legitimado" monopólio da violência. Não faltou para ninguém: foi impressa apanhando, curiosos levando spray de pimenta na cara, manifestantes sendo presos...

Desespero dos amigos e muita, mas muita fumaça das bombas de efeito moral em cenas que mais lembram um período que um certo jornalão prefere chamar de “Ditabranda”.

Vale a pena ver como a polícia do GDF se excede facilmente contra os manifestantes. E mais fotos da barbárie aqui.

E para acompanhar o movimento Fora arruda, vale visitar este site, ou seguir pelo Twitter @foraarruda ou ainda Fora Arruda e a Máfia ou #foraarruda

Imagem da manifestação desta quinta-feira, 10. Foto: Leylis



Em tempo
Novos protestos pararam Brasília nesta quinta-feira, 10, que apesar de terem bloqueado o trânsito, não houve confronto com a polícia. Durante a semana inteira a população se mobilizou para garantir que hoje as pessoas fossem trabalhar de branco (coisa que eu mesma esqueci) e colocassem fitas brancas nos carros. Tudo para simbolizar o repúdio a corrupção. A promessa é que amanhã aconteça pequenas manifestações e no sábado uma grande carreata até a residência oficial do governador Arruda, em Águas Claras.

Padre Marcelo Rossi apoia cerveja nos estádios

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Ontem, em um evento do chamado G4, que une os grandes clubes de São Paulo, foi anunciado o primeiro patrocinador conjunto das equipes. Trata-se da Femsa, engarrafadora da Coca-Cola no Brasil e dona da Kaiser. O inusitado da parceria ficou por conta do garoto-propaganda, o padre Marcelo Rossi, mais conhecido pelas músicas da Renovação Carismática do que propriamente por tomar umas no bar.

Como é de interesse do patrocinador, levantou-se na ocasião um assunto que sempre fez parte das preocupações de futepoquenses e dos parceiros: a volta da cerveja vendida nos estádios. Segundo reportagem de Dassler Marques no Terra, o padre-cantor citou trechos da Bíblia e também a ligação entre Jesus Cristo e o vinho (sem dúvida, o mais aclamado dos seus milagres). Mesmo dizendo não ser fã de cerveja, afirmou que as bebidas mais problemáticas são as destiladas. Há divergências, caro pároco, mas tudo bem.


Da esquerda pra direita: Sanches, Norberto Moreira (vice de MT no Santos), Marcelo Rossi, Belluzzo e o já alegre Juvenal Juvêncio. O sorriso largo denuncia a felicidade pela parceria etílica.

Já o presidente do Corinthians Andres Sanches foi menos polido e mais direto. "Acho essa lei [que proíbe a entrada de bebidas alcoólicas em estádios] ridícula. O cara fica duas horas antes do jogo bebendo muito mais no boteco porque sabe que não vai poder no estádio", reclamou segundo o Agora. "Sou a favor da liberação de bebidas mais leves como cerveja e champanhe [Nota do redator: heeein??? Champagne?]. Senão, fecha faculdade, metrô, bar, restaurante. É absurdo. Quem manda na nossa casa somos nós."

Como se vê, renovam-se as esperanças para que termine essa proibição absurda. O problema é se liberarem só a cerveja patrocinadora nos estádios... Pela democratização da oferta da nossa fermentada!

Um vazio

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Tudo bem que no fim do campeonato, várias quartas-feiras já estavam desprovidas de futebol. Tudo bem que a quinta, seguinte, ficava meio sem assunto. Tudo bem que na quarta-feira, 9, teve um jogo de futebol feminino entre Brasil e Chile. Tudo bem que começou o mundial interclubes, na parte em que nem o campeão europeu nem o sul-americano participa. Tudo bem.

Mas fica um vazio depois que acaba o campeonato brasileiro.

Foto: Frigon/Divulgação

Não confundir com o bife de vazio. É que, sem assunto, me vi obrigado
a recorrer a um trocadalho visual

Como apreciar uma cerveja

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Nos testes cegos do Futepoca, fica claro que ninguém entende muito bem de cerveja. A gente se esforça, mas não garante muita coerência nas avaliações. Mas é interessante a ideia de aprimorar o processo e aprender a vasculhar, num copo desta nobre e fermentada bebida, sabores e nuances que, na mesa de bar, costumam ser deixados de lado.


Ao ler os posts dos Tipos de Cerveja, abastecidos em informações pelo Cervejas do Mundo, a curiosidade aumenta. Quantas eu precisaria tomar para perceber o café, o chocolate e os outros sabores que, num copo da gelada no boteco normalmente ficam longe?

No lançamento da Paulistânia, conversei com Cilene Saorin, beer sommelier e mestre cervejeira. Para ela, um bom começo para se iniciar no universo das cervejas mais elaboradas são realmente as pielsen artesanais. Elas têm um papel importante porque funcionam como porta de entrada para os bebedores que, por algum motivo, resolvem se aventurar para além de "matar a sede e ficar com os olhos mareados".

Cilene explica que é preciso dedicar olhos, nariz e boca na tarefa e prestar atenção às sensações. Desenvolver essa sensibilidade também leva tempo, mas garante cada vez mais capacidade de perceber as diferenças. "Mas se alguém vai estudar Camões, não vai entender de Camões no primeiro verso", compara.
Antes do copo
Para começar, é preciso guardar a temperatura de serviço. Uma pilsener, recomenda a cartilha, precisa ser oferecida de 3º C a 5º C, de modo que o marcador de refrigeradores de botequim que marcam -5º C não são uma referência muito boa. "E é menos cinco para inglês ver, né? Uma pielsen congela a -2,3 ºC", avisa a mestre cervejeira.

No copo
Ao servir, cabe observar a variação de cores, a característica da espuma e até o brilho do precioso líquido. É comum ver entre as pielsen artesanais uma coloração mais escura do que as produzidas em escala industrial e que frequentam nossos copos na mesa do bar.

Sabor
Aqui há muita coisa para observar. A cerveja é produzida com água, malte, levedura e lúpulo. A maior parte do aroma vem do lúpulo. Só que não é no singular, mas no plural, porque existem mais de 80 tipos dessa flor, que adicionam sabores cítricos, herbais, condimentadas e assim por diante. Também garante, na cerveja, o amargo que refresca e abre o apetite.

Lá, na hora da entrevista, Cilene me propôs de contar quanto tempo durava o amargor depois de tomar um gole. Nas minhas contas, foram uns sete ou oito segundos, quase os dez de limite que ela havia buscado como proposta para a marca.

Tudo bem, fiquei contente, mas não consegui perceber os aromas herbais do lúpulo Hersbrucker, nem os detalhes relacionados ao malte que ela garantiu que estavam ali. Pode ser que tivesse mais coisa para observar, mas diante da minha limitação, já tem lição de casa para um bom tempo.

Preciso praticar mais.

Foto: Carol

No último teste cego do Futepoca

Aí tem o grande senão da história. Dependesse apenas da boa vontade e da disposição para o esforço, todo mundo tinha começado. O problema é que é mais caro. Uma artesanal sai por pelo menos o dobro de uma comercial. Quando não é mais ainda. Parar um pessoal que produz, como é o caso dos autores (e leitores) do Futepoca, isso significaria tomar menos da metade do volume. Será que vira?

terça-feira, dezembro 08, 2009

15 anos sem Tom

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Das paixões, daquelas de vida inteira, poucas vão aumentado no dia cada dia mais velho. Tempo sem jeito, com alento de ouvir Tom.


Aquele Jobim que partiu faz 15 anos. O das melodias que, dizem alguns, plagiadas dos mestres Villa, Chopin, mas que fazem rombos na´alma ( até de quem não crê em alma).

Coincidências dessas da vida por aí, nas mãos, sem saber da data, a biografia do maestro soberano por Sérgio Cabral. Centenas de páginas devoradas em poucos dias. Ali, sem disfarces, um homem que viveu para a música e para conseguir "pagar o aluguel". Amou, viveu, compôs, bebeu (e muito) no meio disso tudo.

Fez mais. Música popular chegar bem alto, o Brasil existir no mundo das canções. Fez a sabiá levantar voo, o Urubu chegar e cortar os céus, fez sonhos com Lígias, Luízas, garotas de Ipanema. Fez águas de março não anunciarem só tragédias.

Dessas outras coincidências não programadas, o disco Urubu cai nas mãos e lá um tesouro, a faixa Saudade do Brasil, de disco gravado em outubro de 1975 nos EUA. Como viver tanto tempo sem ter ouvido? Sem palavras, e precisa? O Deus da melodia existe.

No texto do maestro no disco, o verso final: "A vida era por um momento./ Não era dada./ Era emprestada./ Tudo é testamento.

Obrigado, maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Grupo da Argentina é o que mais compensa emissões de carbono na Copa

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O Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (Pnuma) anunciou nesta segunda-feira, 7, um acordo com 17 seleções participantes da Copa do Mundo de 2010. Metade mais uma das representações nacionais topou plantar árvores para sequestrar o dióxido de carbono e outros gases causadores de efeito estufa produzidos por suas comitivas.

A principal fonte de emissões é o transporte. As viagens internacionais de espectadores e das equipes devem contribuir com dois terços (67%) do total previsto para a Copa. A estimativa é de 1,6 milhões de toneladas, cuja participação das equipes equivale a 13 mil toneladas.

Sérvia, Uruguai e Coreia do Sul prometeram zerar as emissões, compensando os gases que escaparem. África do Sul, Argentina, Brasil, Camarões, Chile, Costa do Marfim, Estados Unidos, Grécia, Inglaterra, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia e Nigéria apoiam a ideia e só não sabem ainda como resolver a questão.

O grupo com mais seleções compensadoras de CO2 é o B, que tem a Argentina como cabeça de chave. Todas as seleções estão dispostas a neutralizar seu carbono. Depois, vem o E, da Holanda. Apenas a Dinamarca – cuja capital sedia a 15ª Conferência das Partes (COP-15) até 18 de dezembro – fogem à regra ecologica e politicamente correta.

Com menos seleções aderentes à proposta estão o D e H. Espanha, Honduras e Suíça deixam, até agora, o Chile sozinho na compensação de carbono emitido. Situação parecida, até agora, ocorre com a Sérvia, já que Alemanha, Austrália e Gana fingem que não é com eles.

O Pnuma ainda tenta convencer o resto da turma a participar.

Um outro acordo foi feito entre o Pnuma e a ONG GEF para reduzir o impacto ambiental do mundial em seis cidades sede no longo prazo. São placas com células fotovoltáicas (energia solar), lâmpadas mais eficientes etc. Um financiamento de U$ 1 milhão será usado para isso.

Confira os neutralizados por grupo:

Grupo A
África do Sul
Uruguai
México
França


Grupo B - o mais neutralizado
Argentina
Nigéria
Coreia do Sul
Grécia

Grupo C
Inglaterra
Estados Unidos
Argélia
Eslovênia

Grupo D - os mais desencanados
Sérvia
Alemanha
Austrália
Gana


Grupo E
Holanda
Japão
Camarões
Dinamarca

Grupo F
Itália
Nova Zelândia
Paraguai
Eslováquia

Grupo G
Brasil
Costa do Marfim
Coreia do Norte
Portugal

Grupo H - os mais desencanados
Chile
Espanha
Suíça
Honduras

Domingo também foi dia de decisão na Copa Indígena de Futebol do Amazonas

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Foto: Divulgação/Seind

E quem disse que o São Paulo não foi campeão no domingo? Ao menos na primeira Copa Indígena de Futebol do Amazonas deu São Paulo de Olivença, que na final disputada neste domingo, 6, ganhou por 1 x 0 do Autazes. O gol marcado pelo atacante Evanir, logo aos 7 min do 1º tempo, no Estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão, em Manaus (AM).

Evanir agora é conhecido como o último jogador a marcar gol no estádio Vivaldão, que será demolido para a construção de uma nova arena para a Copa do Mundo de 2014. Apesar da derrota, o goleiro Alberney Mura, do Autazes, foi o menos vazado da competição, em seis partidas disputadas ele sofreu apenas um gol, o da partida final. Já o artilheiro da Copa Indígena de Futebol foi o atacante César Silva, do time Barreirinha, com sete gols. Barrerinha aliás ficou com o terceiro lugar da competição, após golear o Benjamin Constant por 10 a 3.

Eu escrevi 10 a 3.

Os jogadores do São Paulo de Olivença receberam R$ 2 mil de premiação. Os atletas que ficaram com a segunda colocação vão receber R$ 1 mil.


Foto: Divulgação/Seind


A competição
Com direito a flautas para o incentivo ao time e guaraná em pó, ralado durante o próprio jogo, o esporte que também predomina nas aldeias teve sua primeira Copa, disputada de 30 de novembro a 6 de dezembro, simultaneamente à realização do Fórum Amazonas Indígena (Forind).

O torneio contou com a participação de dez seleções, representando 25 povos amazonenses e seguiu quase todas as regras oficiais da Board.

Organizada Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e a Secretaria de Juventude, Desporto e Lazer (Sejel), de Manaus (AM), a competição contou com partidas com limites de tempo estabelecidos em 30 minutos, cada tempo, com intervalo de dez minutos. A fase final teve 40 minutos para cada tempo e também dez minutos de intervalo. Já os atletas participantes apresentaram, no ato da inscrição, a identidade indígena expedida pela Funai, ou de declaração da organização do município, documentos obrigatórios com foto.

A Copa Indígena serviu também como prévia para os Jogos Indígenas do Amazonas (Jieam), confirmados pela Seind para a segunda quinzena de fevereiro do próximo ano.

Foto: Divulgação/Seind
Musa da Copa
A primeira Copa Indígena de Futebol teve direito até a musa da competição. A votação foi feita pelos próprios indígenas e a vencedora foi a estudante saterê-mawé Suelen Pereira, de 15 anos.

Com o título, a representante do município de Barreirinha recebeu R$ 500 como prêmio. Em segundo lugar ficou a tikuna Maria Mônica Pereira, de Tabatinga, que recebeu R$ 300; e em terceiro, a rainha de São Paulo de Olivença, que levou R$ 200.

Dez candidatas concorreram ao título. As outras sete representam os municípios de Manaus, Iranduba, São Gabriel da Cachoeira, Nhamundá, Autazes, Tabatinga e Borba.

Confusão no Couto Pereira e a publicidade mais mal colocada da história

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Agora cedo, fui assistir ao vídeo da confusão no Couto Pereira. Torcedores do Coritiba, revoltados com a queda para a segunda divisão após o empate com o Fluminense, invadiram o gramado, entraram em confronto com os policiais militares – que, dentro do gramado, ficaram completamente na defensiva – e destruíram bancos de reservas, placas de publicidade e o que viram pela frente. Além da queda para a série B, o clube tem agora de lidar com os prejuízos. Para piorar, um torcedor do time foi baleado e outras nove pessoas ficaram feridas, das quais três ainda estão internadas.

Foto: Reprodução

Mas teve uma coisa que conseguiu chamar mais minha atenção do que as imagens, foi a publicidade inserida nos vídeos do campeonato no GloboEsporte na internet. Para um anúncio do SportTV, surge uma mensagem no canto esquerdo:

Publicidade
O Brasileirão 2009 pegou fogo
O anúncio faz uma brincadeira com os destaques da competição, tratando-os como incendiários, por usarem "artilharia pesada" e outros trocadilhos com metáforas-chavão comumente usadas em transmissões esportivas.

Só que o anúncio sobre os policiais e torcedores em conflito, ficou uma coisa bem ruim, de mau gosto mesmo.

Provavelmente é algum sistema automatizado que inseriu esse anúncio em tudo quanto era vídeo. Mas que neste ficou bem ruim, isso ficou.

Foto: Reprodução