Destaques

sábado, maio 02, 2009

Bebo enquanto espero

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Depois de uma infindável sequência de finais de semana trabalhando, inclusive o feriado do Dia do Trabalho, e perfeitamente convencido de que esse período em nada me dignificou, finalmente tirei um momento para almoçar com a família num restaurante alemão. Resolvi então praticar um pequeno luxo, tomar aquela cervejinha importada de uma vez na vida. Primeiro, uma Erdinger escura, sensacional. Depois, uma cerveja que já tinha visto em alguns lugares, mas que ainda não tinha provado: Weihenstephaner, produzida na cervejaria mais antiga do mundo. É de um daqueles mosteiros da Baviera, onde, por falta do que fazer e desejo de elevar-se a Deus, os frades e freiras medievais aprimoravam-se na arte de servir ao Senhor pela fermentação do cereal. No rótulo diz "Desde 1040" – quase mil anos de tradição cervejeira. O paladar comprova que freira velha é que faz cerveja boa.

Aproveito o mote pra pôr na roda um debate que outro dia tive com o Frédi a respeito das tais cervejas de trigo, identificadas por ele com as cervejas brancas. Eu não consegui checar isso com um alemão confiável, mas acho que há aí uma confusão de ordem linguística. Acontece que branco em alemão é Weiß (pronuncia-se [vais]), donde as cervejas brancas se chamam Weißbier ou Weissenbier (que me corrijam os germanistas); já trigo é Weizen (que se pronuncia [vaitsen]), donde as cervejas de trigo se chamam Weizenbier. De Weissenbier para Weizenbier, convenhamos, a diferença de grafia é mínima, mas entre o branco e o trigo, vai já uma distância semântica razoável.

Ajuda na confusão o fato de que (me corrijam as freiras cervejistas) as cervejas brancas são feitas de trigo. Mas hoje mesmo tomei uma Weizenbock da Erdinger, uma cerveja de trigo escura, o que elimina de cara a hipótese de igualar os dois termos.

No mais, Pacaembu, 16h.

Muricy dá outra espetada em Luxemburgo

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Mais uma vez, o técnico do São Paulo, Muricy Ramalho (foto), não perdeu a chance de dar mais um cutucão no colega de profissão Vanderlei Luxemburgo, técnico do Palmeiras. Depois de opinar polemicamente que "a Libertadores é mais fácil que o Brasileirão", Muricy deu a irônica justificativa:

"A Libertadores é mais fácil de ganhar do que campeonato de seis meses com pontos corridos. Não depende muito do técnico, mas sim de o Xavier (Cleiton, jogador do Palmeiras) acertar um chute do meio-de-campo."

Ps.: Falando em Libertadores, a gripe suína fez com que a Conmebol adiasse o jogo de ida do São Paulo contra o Chivas Guadalajara, pelas oitavas de final, em uma semana. O México é o foco original da doença e, por isso, a partida não será realizada lá. Nesta semana, as autoridades sanitárias de Bogotá (Colômbia) e Santiago (Chile) proibiram a recepção do jogo. Tudo indica que será disputado no Uruguai ou no Paraguai.

O Corinthians como 'cupido' de Pepe e Pelé

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No encarte especial "Paixão alvinegra", do Lance! de hoje, o eterno Pepe, "Canhão da Vila", descreve os bastidores do romance com sua esposa Lélia:

"O clássico mais especial que eu disputei em Santos e Corinthians aconteceu no dia 7/12/1958, na Vila Belmiro. Nós goleamos por 6 a 1 e eu marquei um dos gols. Fiquei tão empolgado com a vitória e com o meu gol que depois da partida eu estava passeando em São Vicente e criei coragem para ir falar pela primeira vez com a Lélia. Hoje estamos casados há 45 anos e a nossa primeira troca de palavras aconteceu naquela noite, mais precisamente na Biquinha (local famoso de São Vicente). Eu sempre fui muito tímido e a Lélia sempre passava em frente à mercearia que o meu pai tinha. Existia aquela troca de olhares, porém eu nunca tinha coragem de puxar papo. Aquela vitória contra o Corinthians eu diria que foi o pontapé inicial para o meu relacionamento. Por isso tenho certeza que aquele clássico é o mais importante que disputei."

O mais curioso é que o Corinthians também interferiu na aproximação de Pelé com sua primeira esposa, Rosemeri. Ambos assistiam a um jogo de basquete e o jogador abordou a moça, que revelou ser corintiana e perguntou se ele tinha bronca do clube, pois sempre marcava gols pelo Santos nesse clássico.

sexta-feira, maio 01, 2009

F-Mais Umas - A homenagem que Senna não fez

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CHICO SILVA*

Quem me conhece sabe que nunca fui admirador do corintiano Ayrton Senna (foto). Acho isso uma coisa curiosa. Pois quem me conhece sabe também que sou um renhido defensor das coisas e tipos da Zona Norte, região onde nasci e vivo até hoje. Dizem, aliás, que os moradores da ZN são os paulistanos que mais defendem seu pedaço. Não sei se isso é regra. Mas seguramente não sou a exceção. Todo esse prólogo é para falar que Senna, assim como eu, era um sujeito da ZN. Passou a infância na Vila Maria e parte da adolescência na Serra da Cantareira, onde seu pai comprou uma casa grande e confortável. Em algumas ocasiões o vi circulando por aqui a bordo de uma Audi Station Wagon azul.

Uma delas ficou na memória. Em uma tarde chuvosa de verão, ele parou seu carrão para que eu atravessasse a Alfredo Pujol, uma das avenidas mais conhecidas do bairro Santana. Mas a ironia, o deboche e o jeito escrachado, além do imenso talento, me aproximaram de Nelson Piquet. A cruzada da Globo e especialmente do Galvão Bueno para torná-lo um santo na Terra e o seu pouco caso com jornalistas que não fossem do plim-plim me desagradavam. Era novo para estar na ativa, mas ouvi várias histórias de colegas que foram tratados com descaso pelo piloto. E até hoje não engulo aquela conversa de que ele viu Deus na saída do túnel de Mônaco. Mas, fazer o quê?

Pois nesse momento em que se completam 15 anos de sua morte descubro uma história que me tocou. Não a conhecia. E imagino que muitos de vocês também não. Por isso acho legal contá-la. Não quero com isso limpar minha barra com ele. Pelo contrário, não mudo uma vírgula do que penso a seu respeito. Mas aí vai: como todos sabem, Senna morreu no GP de San Marino, disputado no 1º de maio de 1994. Na véspera, o piloto austríaco Roland Ratzenberger (acima, à direita) teve o mesmo destino. Foi a primeira morte em oito anos na categoria. O acidente mexeu com Senna, que foi para a corrida do dia seguinte claramente abalado. Contrariando seu instinto midiático, resolveu prestar uma emotiva e silenciosa homenagem ao colega morto.

Durante a autópsia do brasileiro no Instituto Médico Legal de Bolonha, uma jovem legista encontrou uma bandeira da Áustria dobrada no bolso de seu macacão. Senna desfraldaria a flâmula na volta da vitória. Seria a primeira vez que exibiria uma bandeira que não fosse à brasileira. A curva Tamburello não deixou. O episódio está no blog do Flávio Gomes. Na época do acidente, Flávio cobria o GP pela Folha de S.Paulo e assinou um sensacional texto sobre os acontecimentos daquele trágico final de semana. O título do post é "Ímola, 1994" e pode ser lido no mesmo endereço. Vale a visita.


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

Pai de Pelé marcou um gol no São Paulo

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No feriado de 1º de maio de 1950, o São Paulo viajou até Bauru para um jogo amistoso contra uma equipe local. O Bauru Atlético Clube (BAC) tinha como artilheiro Dondinho (à direita), pai de um garoto de nove anos chamado Edson, que mais tarde viria a ser conhecido como Pelé. E foi Dondinho quem abriu o placar para os donos da casa, aos 21 minutos do primeiro tempo. Mas Bóvio, aos 37, e Marin, aos 39 do primeiro tempo, viraram o placar. Ponce de León completaria a vitória do São Paulo por 3 a 1, aos 15 da segunda etapa. Curioso é que o ponta direita Marin é o mesmo José Maria Marin que, décadas mais tarde, seria vereador, deputado estadual, vice-governador e, por dez meses, governador de São Paulo - quando Paulo Maluf deixou o cargo para concorrer nas eleições de 1982.

Dondinho, o pai do Rei do Futebol, nasceu João Ramos do Nascimento na cidade mineira de Campos Gerais, em 1917, e faleceu em Santos (SP), em 1996, aos 79 anos. Começou a carreira como jogador na década de 1930, passando pelo Atlético (de Três Corações-MG), Fábrica de Armas (de Itajubá-MG), Esporte Clube Hepacaré (de Lorena-SP) e Vasco da Gama (de São Lourenço-MG), entre outros, antes de encerrar a carreira em Bauru. Chegou a fazer uma partida pelo Atlético-MG, contra o carioca São Cristóvão, mas machucou o joelho em um lance com o zagueiro Augusto (futuro zagueiro do Vasco e da seleção brasileira na Copa de 1950) e teve que voltar para Três Corações, cidade onde nasceu Pelé. Na foto acima, o neto Edinho, Pelé e Dondinho, com uma antiga camisa do BAC. Em 18 anos de carreira, Pelé marcou 33 gols no São Paulo.

quinta-feira, abril 30, 2009

El Huerequeque

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JOSÉ ANDRÉS MURILLO*

Em janeiro de 2004, fui à Amazônia peruana com um grande amigo, José Manuel Simián (neto de um lendário goleiro dos anos 30 e 40: Eduardo “Pulpo” Simián [pulpo é polvo]). Depois de percorrer a selva durante alguns dias, chegamos a Iquitos. Nesta cidade foi filmada parte de um filme que ambos admiramos muito: Fitzcarraldo (1982), de Werner Herzog.

Perguntamos a um moto-taxista, que nos havia levado a vários pontos da cidade (como o mercado, onde vendiam jiboias vivas, óleo de bicho-preguiça, famoso por ser afrodisíaco, e cascos de tartaruga em extinção para fazer um prato típico da região: sopa de tartaruga), se seria possível, talvez, conhecer o barco de Fitzcarraldo. “Claro!” E partimos. No caminho, o motorista nos perguntou se queríamos conhecer Huerequeque, que havia atuado como cozinheiro do filme e que agora mantinha o bar El Huerequeque, próximo ao porto de Iquitos. Foi emocionante saber que poderíamos entrar em contato diretamente com o que havia sido a vida desse filme, registrada, aliás, em um caderno autobiográfico de Herzog e em pelo menos dois documentários, um do próprio Herzog, sobre sua relação com Klaus Kinski, que vive o protagonista (Meu inimigo íntimo), e outro sobre as filmagens (Burden of Dreams, de Michael Goodwin).

“Só temos que comprar algumas garrafas de cerveja e ir a sua casa”, nos disse o motorista, “é meu amigo”.

Huerequeque abre a porta e nos saúda como se já nos conhecesse. Nos levou ao salão, que mais parecia uma barraca de uma feira de antiguidades. Tinha, entre outros milhares de tesouros absurdos, um enorme aquário feito de cimento e um para-brisas de automóvel. Dentro, nadavam diferentes espécies de peixes amazônicos. O motorista nos deixou aí e se foi. Huerequeque em nenhum momento nos perguntou por que chegamos em sua casa, o que procurávamos, nem sequer se gostáramos do filme. Parecia evidente que tínhamos que chegar aí, sentarmo-nos à sua mesa e manguaçarmos os três, diante dos olhares dos peixes. José Manuel e eu brindamos por estar aí com Huerequeque, e escutamos o que ele queria nos contar.


Quando começou a falar, foi como se retomasse uma conversa conosco, como se fôssemos velhos amigos. Contou da filmagem de Fitzcarraldo, de como ele chegou ao filme. Nunca atuou, nos confessou, só chegava bêbado e fazia o que lhe diziam que tinha que fazer, sem conflitos. Não teve problemas nem mesmo com Kinski, que era intratável. Os próprios índios que participam, uma vez finalizada a filmagem, se ofereceram a Herzog para matar Kinski. Herzog disse que não. Depois, conta ele mesmo, se arrependeu, mas já era tarde.

Queriam alguém para fazer o cozinheiro do barco, alguém que parecesse bêbado. “Eu não sou cozinheiro nem pareço bêbado. Eu sou bêbado!” Depois do sucesso do filme, Huerequeque percorreu toda a Europa dando entrevistas, e a única coisa que aprendia de cada país era como dizer “saúde”, para poder brindar adequadamente. Contou que agora era poeta e escrevia contos. Narrou ali vários de seu contos, pois era o que mais gostava de fazer, sobre sua juventude, de quando era militar na selva. Nos hipnotizou durante várias horas com seus mágicos relatos, como aquele sobre o desejo irrefreável de um militar e uma índia, que em pleno furor do amor caem ao rio e são devorados pelas piranhas. E tantos outros.

“Há quatro coisas importantes na vida”, concluiu, solene: “a amizade, o esporte, o sexo e a cerveja. Se falta alguma dessas coisas, você apodrece por dentro”. Tivemos que ir, pois José Manuel tomava o avião de volta ao Chile. Fomos embora de moto-taxi, silenciosos, talvez pensando em cada um dos pilares da vida de Huerequeque, guardando bem na memória para que nunca nos faltem. Pensei naquele momento e penso agora novamente: preciso praticar esporte.

* José Andrés Murillo é chileno, vive em Paris, onde faz um doutorado em filosofia, e, por questão de sobrevivência, vem periodicamente ao Brasil buscar algumas garrafas de cachaça.

Corinthians "rebola" e perde invencibilidade

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“O time entrou rebolando”, reclamou Mano Menezes no intervalo da partida Atlético PR 3 x 2 Corinthians, na Arena da Baixada. No momento do comentário do treinador gaúcho, o jogo estava 2 a 0 para o Furacão, fora o baile. E pra fechar a tragédia, quem dava os melhores passos no salão era Rafael Moura, o famigerado He-Man (que já fez comentários sobre economia aqui), autor de um gol de cabeça e do passe para o tento de Wallyson (o filho de Wally, que foi encontrado em um boteco obscuro de Curitiba, segundo fontes).

A tal “rebolada”, traduzida do gauchês, é o tal do salto alto. E Mano tinha razão de reclamar. O Corinthians entrou nitidamente desconcentrado, o que bateu com minha própria atitude: liguei a TV pra ver uma vitória, com gols de Ronaldo, não para ver um jogo difícil. Quando percebi, já tava 3 a 0 no início do segundo tempo e a classificação estava indo pro saco. Pra piorar, a notícia de que Ronaldo, que não voltou para a segunda etapa, tinha suspeita de haver quebrado uma costela. Perdia-se a classificação, a moral e o craque do time.

O time só acordou a partir da metade do segundo tempo, quando colocou a bola no chão e tocou a bola. As chances começaram a aparecer. Chicão bateu penalti questionável sofrido por Morais e a bola bateu nas duas traves e voltou, coilocando o fator zica na noite já trágica.

Depois de apresentar o pior cenário possível, a sorte começou a virar. Mas só aos 41 minutos. Christian acertou um petardo numa bela cobrança de falta e tornou mais possível buscar o resultado no Pacaembu. E aos 47 minutos, Dentinho aproveitou cruzamento de Alessandro para fazer 3 a 2 e deixar a classificação a uma vitória simples em casa de distância. Ufa!

Atuações

Duas coisas ficaram claras pra mim no jogo dessa noite. Primeiro, que Chicão, que é um baita zagueiro, não sabe marcar bola cruzada na área. É a terceira vez que vejo ele olhar só para a bola, tentando cortar o cruzamento, e deixar o atacante sozinho pra cabecear. Hoje o presenteado foi o He-Man, nas ioutras vezes foi o zagueiro Miranda, no primeiro jogo da semi-final do Paulista contra o São Paulo.

A outra constatação é que Alessandro faz falta ao time. Com Fabinho em seu lugar, não tem saída de bola pela direita, a bola fica menos tempo rodando no meio campo, as jogadas pelo lado funcionam bem menos e mesmo a marcação fica prejudicada. Não imaginava que o lateral viria a ter essa importância, que talvez venha mais da noção tática do que da habilidade do jogador.

Isso me leva a terceira constatação: o time só funciona quando está muito focado. A força do Corinthians vem da aplicação, da entrega dos jogadores. Se entra fora de foco, não funciona. Não tem craque no Timão, com a exceção do Gordo. Que, aliás, não quebrou nada e pega o Santos domingo.

O lado bom

Se o jogo tivesse terminado 3 a 0 não teria como dizer isso, mas sendo otimista, é possível dizer que a derrota veio em bom momento. Entrar com esse salto alto na decisão contra o Santos seria suicídio. O time da Baixada é bom e tem condições de ganhar da gente no Pacaembu. Vamos precisar de toda essa concentração pra garantir o título.

Falando no Santos, não pude ver a partida passada por motivos profissionais e preferi não fazer post em cima dos melhores momentos. Mas vale uns comentários. O Santos massacrou o Corinthians quase o tempo todo, pelo que vi. E ainda tem corintiano detonando Felipe pelo falha no gol. Se trocasse o goleiro, dava pra ter sido 5 a 3 para o Santos.

Mas o fato é que, novamente, o time jogou recuado e quase leva um chocolate. Quem salvou a pele de Mano Menezes, além de Felipe, foi Ronaldo. Não dá para não falar dos dois golaços feitos pelo centroavante. A matada de bola no primeiro e toda a jogada do segundo são alguns degraus acima do que se vê no futebol brasileiro. O craque fez a diferença e espero que continue fazendo.

Domingo é entrar jogando sério e pressionando o Santos, fazendo valer o fator casa. Mano Menezes que dê um jeito do pessoal não ficar “rebolando” de novo. E que bote o time pra frente. Outras idéias podem custar.

Cleiton Xavier, Cleiton Xavier, Cleiton Xavier!

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O jogo do Corinthians tinha acabado e a transmissão da TV aberta passou para os dez minutos finais do tempo regulamentar de Palmeiras e Colo Colo. O zero a zero davam a vaga para o time chileno, que tinha vantagem de saldo de gols. Nem sempre os grupos da morte são tão de matar. Aos 41 minutos e 42 segundos da segunda etapa, o desespero jã tomava conta do time depois de uma partida bem jogada, mas sem efetividade. Duas bolas na trave no primeiro tempo não valem gol. E eram 10 em campo, porque o zagueiro Marcão havia sido expulso.

Então, o camisa 10, jogando como segundo volante, pega a bola na intermediária, finta o zagueiro e arrisca um chute que ele não vai acertar tão cedo. Tão cedo, realmente não precisa. Cleiton Xavier colocou a bola no ângulo esquerdo do arqueiro Munhoz.

Em meio aos gritos de gol da vizinhança, o mais exautado sai à janela e resume:

– Cleiton Xavier, Cleiton Xavier, Cleiton Xavier!


Era o que bastava. O Colo Colo ainda perdeu duas chances claras de gol, Marcos, o Goleiro teve de sair em cada escanteio batido, e o placar foi assegurado. A vitória simples era o que bastava para mudar a configuração do grupo. Ao fim da partida, os jogadores chilenos se reúnem no centro do gramado e parecem não acreditar.

É por essas coisas que o futebol é genial. Melhor quando é a favor do nosso time.

Em tempos de gripe suína, estou me contendo para evitar as piadas abaixo da crítica.

Sorte e acerto
Vanderlei Luxemburgo arriscou ao escalar três zagueiros, Wendel e Souza no meio e Diego Souza no ataque. Arriscou um esquema muito defensivo. Mas se deu bem, porque o time entrou aplicado, mandou duas na trave. Depois, era seguir sua própria cartilha (ou sua própria mesmice): sai o lateral, entra um meia-atacante, Willians, no caso. Depois, tirou Diego Souza, zonzo depois de uma trombada em campo. Pierre, contundido, deu lugar a Evandro, não conta.

E teve muita sorte, porque um chute daqueles é antiesquema tático. 

Só sei que quando o Kléber Machado começou a elogiar o treinador, eu deixei a TV sem som até acabar o jogo. Recomendo.

Bom para os brasileiros
Com isso, os cinco times brasileiros se classificaram para a próxima fase da Libertadores. Não quero dizer com isso que eles sejam "o Brasil na Libertadores" e muito menos que os torcedores de outros times devam torcer por essas equipes. Mas é melhor.

No grupo 7, o Grêmio é dono da melhor campanha, mas todos os outros brasileiros, à exceção do Palmeiras, são primeiros de seus grupos. Sport, no 1, Cruzeiro, no 5, São Paulo, no 4. Como ainda faltam quatro partidas, realizadas nesta quinta, e as chaves das oitavas-de-final são definidas por pontuação entre primeiros e segundos, não é possível saber a combinação.

quarta-feira, abril 29, 2009

Gripe suína acaba com o 1° de maio e deixa estádios vazios

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O medo de uma epidemia de gripe suína no México provoca efeitos assustadores, maiores do que os da própria doença até agora. Como há casos em outros países, a possibilidade de pandemia é o maior temor, principalmente porque 64 estadunidenses foram contaminados.

As escolas e universidades na capital do país suspenderam as aulas até dia 6 de maio para evitar aglomerações propícias à contaminação da Influenza, como dizem os mexicanos. Isso tem levado a uma redução no trânsito caótico da cidade.









Saúde! Mas
espirre para
o outro lado,
da próxima...



Outros efeitos dizem respeito à vida política e esportiva da nação. As partidas de futebol do fim de semana serão realizadas sem torcida. Chivas de Guadalajara e Pumas será uma dessas partidas.

Foram suspensas pelas centrais sindicais as comemorações do Dia do Trabalhador, nesta sexta-feira, 1° de maio, , também para evitar multidões. Desde 1923, é a segunda vez que as comemorações são canceladas. Isso coloca a data como uma das mais tradicionais do mundo. A suspensão só ocorreu antes em 1996, em meio à crise econômica.

Origem
Enquanto alguns denunciam que a origem da doença seriam fazendas de porcos de uma multinacional estadunidense, outros afirmam que a mutação do vírus surgiu inicialmente no Texas e no sul da Califórnia, como Laurie Garrett, jornalista especializada em saúde.

Foto: hmerinomx/Flickr
Diante do noticiário sobre a gripe suína, a eminência ruiva Brunna Rosa vem denunciando o risco de criminalização dos porcos (ou seria dos porcos).

No bar
O mundo inteiro não fala de outra coisa. Ninguém mais se lembra do Obama, do "o cara", da lei seca.

Se, por um lado, a informação pode ser uma aliada no combate ao risco de epidemia, o alarmismo também gera coisas tão incríveis quanto esta, testemunhada em um posto de gasolina, às 23h. Dois manguaças conversam:

– Viu aí a gripe suína?
– É... Primeiro, foi a gripe aviária, depois, a gripe bovina (?!?!?!), agora a suína.
– (Silêncio e olhar perdido no horizonte).
– Quero ver é quando estourar a gripe humana, aí acaba tudo...

A conversa me lembrou um diálogo que tive com uma senhora que afirmava e garantia que a asma era provocada pelo contágio da gripe dos gatos. Ela não se referia a alergia, achava que era algum tipo de vírus mesmo, embora se trate de uma doença crônica – pelo menos foi o que ela me explicou, mas nem sei se ela entendia o que a própria defendia.

E a definição mais elaborada do que seria "gripe bovina" diz que se trata daquela que "transforma todos [os humanos contaminados] em gado manso e obediente".

Humana, não é suína
Sobre a gripe humana, eu fico com a objetividade do governo português: "Nos humanos não existe gripe suína mas sim gripe humana". Bravo!

Corintiano manguaça: 'Só tem safado na diretoria'

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Como era de se esperar, milhares de corintianos se acotovelaram nas bilheterias do Pacaembu, hoje pela manhã, na desesperada tentativa de assegurar um lugar na segunda partida decisiva do clube pelo Campeonato Paulista, contra o Santos, no próximo domingo (a foto à esquerda é de Reinaldo Marques/Terra). Segundo o site Terra, "havia gente esperando desde sábado". "Quando a bilheteria foi aberta, às 9h (de Brasília)", prossegue o texto de Maurício Duarte, "os fãs comemoraram como um gol de Ronaldo. Fogos, pessoas se levantando de suas cadeiras de praia, muita bebida e gritaria. Mas a festa durou pouco. Às 10h30 (de Brasília) as bilheterias foram fechadas. Quando os corintianos foram avisados pela polícia e pelos orientadores de que os ingressos estavam esgotados, houve princípio de confusão, uma tensão muito grande entre a Tropa de Choque e os torcedores revoltados, que provocavam os policias com hinos ofensivos, atirando pedras e garrafas de plástico". Mas o melhor depoimento foi de "um dos fãs mais exaltados, que admitiu ter consumido vinho, vodka e cerveja na fila durante a espera". Segundo a reportagem, o rapaz chorava compulsivamente, batia no peito e reclamava dos dirigentes corintianos, da polícia e até da política nacional: "Só tem safado na diretoria do Corinthians, que não disponibiliza ingresso. Por isso a política desse país não vai pra frente, porque somos tratados desse jeito. Mas isso aqui é Corinthians, é amor, sentimento, não dá pra controlar". Tava demorando para alguém botar a culpa no (corintiano) Lula...

Gripe suína ataca cérebro de governador

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Porquinhos
"Ela é transmitida dos porquinhos para as pessoas só quando eles espirram.
Portanto, a providência elementar é não ficar perto de porquinho nenhum"
José Serra, governador de São Paulo e candidato a presidente, sobre a gripe suína

É triste a sina de homens públicos que têm de falar sobre tudo o que não conhecem, mas o governador de São Paulo e quase candidato a presidente pelo PSDB exagerou ao falar da gripe suína.

Primeiro porque não há nenhum registro de transmissão da gripe de porcos para humanos até agora. Nem o vírus foi encontrado em nenhum porco até o momento. O contágio é de humano para humano, diferentemente da gripe aviária.

O próprio nome gripe suína, que deve ter inspirado a opinião do governador, é inadequado. Podia ser gripe mexicana, onde apareceu, ou mesmo aviária 2, porque a mutação do influenza, vírus da gripe comum, pode ter ocorrido em qualquer um desses animais.

Mas há dois agravantes:
Primeiro, Serra já foi ministro da Saúde, deveria saber que não se deve comentar nem dar opinião em questões de saúde sobre coisas sérias ou sobre as quais não se tem conhecimento.

Segundo, como palmeirense não deveria disseminar preconceito contra os pobres porquinhos que espirram.

Imagine o que aconteceria se a gafe tivesse sido de um tal presidente manguaça e analfabeto segundo nossa grande mídia?

Há 60 anos, o Brasil conquistou sua terceira Copa América com a linha média Rui, Bauer e Noronha

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Em 1949, o Brasil sediou e venceu sua terceira Copa América. E experimentou pela primeira vez, na equipe titular, a linha média que conquistou quatro Campeonatos Paulistas pelo São Paulo naquela década: Rui, Bauer e Noronha (foto). A campanha, com eles, foi arrasadora: 9 a 1 no Equador, 10 a 1 na Bolívia, 2 a 1 no Chile e 5 a 0 na Colômbia (todos os jogos no mês de abril). Depois disso, porém, o técnico Flávio Costa teve de respeitar a rivalidade bairrista entre cariocas e paulistas e, como as últimas quatro partidas seriam no Rio de Janeiro, escalou os vascaínos Ely e Danilo Alvim, mantendo apenas Noronha. Explica-se: Rui e Bauer eram paulistanos da gema; Noronha, mesmo jogando no São Paulo, era gaúcho. Mas a birra era tão grande que, apesar de o Brasil vencer o Peru por 7 a 1 e o Uruguai por 5 a 1 com Noronha ainda titular, a torcida pressionou e ele foi sacado da partida contra o Paraguai, para dar lugar ao flamenguista Bigode. Resultado sem o sãopaulino: 2 a 1 para os paraguaios. No jogo do título, Noronha voltou e o Brasil goleou o mesmo Paraguai por 7 a 0.

O bairrismo era imenso. A primeira partida, contra o Equador, foi disputada no estádio de São Januário, do Vasco, no Rio. Por isso, a linha média que entrou em campo foi Ely, Danilo Alvim e Noronha. Mesmo com Rui e Bauer entrando durante o jogo, o Uruguai nos goleou por 4 a 2. Nas quatro partidas seguintes, no estádio do Pacaembu, os três são-paulinos foram titulares e vencemos todas (na foto acima, Rui, Mauro, Barbosa, Bauer e Noronha). O trio marcou sua época: em sete temporadas no Tricolor, Rui, Bauer e Noronha fizeram juntos 169 jogos, com 100 vitórias, 34 empates e 35 derrotas. Mas, afinal de contas, que diabos seria, no futebol da época, uma "linha média"? Com a palavra, o escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo: "Dava a idéia de uma linha de apoio ao ataque, quando nem linha era. Havia um meia apoiador, um meia recuado, que depois seria chamado de quarto zagueiro (volante de contenção só foi inventado mais tarde), e um lateral esquerdo. Podia ser o inverso: um lateral direito, um apoiador e um meia recuado. (...) No São Paulo, o apoiador era o Bauer, o recuado era o Rui, o lateral era o Noronha".

Parecia racional, para o jovem Luís Fernando e para a maior parte dos torcedores brasileiros, que o trio jogasse como titular na seleção. Porém, o Rio de Janeiro seria o palco principal da Copa de 1950, o técnico Flávio Costa tinha forte ligação com o Vasco e, na estreia, contra o México, foi o trio Ely, Danilo Alvim e Bigode que atuou na vitória por 4 a 0. Mas o bairrismo resistia: no segundo jogo, no Pacaembu, em terras paulistanas, Bauer, Rui e Noronha foram os titulares - pela última vez na seleção (na foto acima, do dia, Rui, Barbosa, Augusto, Bauer, Noronha e Juvenal). O empate por 2 a 2 foi o que Flávio Costa precisava para justificar os cariocas no time, mas fez uma concessão: Bauer substituiria Ely. E foi com Bauer, Danilo Alvim e Bigode que o Brasil venceu a Suécia (7 a 1) e a Espanha (6 a 1). Bauer foi o grande destaque da defesa, apelidado, pela própria imprensa carioca, de "gigante do Maracanã". Mas veio a fatídica decisão. Voltemos a Luís Fernando Veríssimo: "No jogo final da Copa de 50 contra o Uruguai, Bauer apoiou, Danilo jogou no meio e Bigode na lateral, onde deixou o Ghiggia passar e marcar o gol da tragédia". Noronha, o outro lateral esquerdo, assistiu tudo de camarote.

O jornalista carioca Pedro do Coutto, da Tribuna da Imprensa, defende Barbosa no lance fatal: "Ele não engoliu frango algum, tenho certeza. Eu estava no estádio superlotado exatamente no ângulo do chute. (...) O fato predominante é que o ataque do Uruguai avançava surpreendentemente livre. Gigghia (à esquerda), ponta direita, vinha passando facilmente por Bigode, nosso lateral esquerdo, em todas as ocasiões. Naquele tempo, meio campo não voltava para ações defensivas, ao contrário de hoje. Se o treinador Flávio Costa tivesse percebido melhor o espaço tático, teria mandado Jair da Rosa Pinto e Danilo Alvim aproximarem-se de Bigode para lhe dar cobertura. Ou então teria recuado o ponta esquerda Chico Aramburu para a tarefa indispensável. Bigode estava mal na partida".

Alfredo Eduardo Noronha (foto à direita) era o mais velho da histórica linha média sãopaulina. Nascido em Porto Alegre (RS) em setembro de 1918, morreria em São Paulo em julho de 2003, aos 84 anos. Começou a carreira no Grêmio, conquistando os Campeonatos Gaúchos de 1935, 1937, 1938 e 1939. No São Paulo, venceu o Paulistão em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. Pelo Tricolor, fez 295 partidas e marcou 13 gols. E ainda jogaria num dos maiores times da Portuguesa de Desportos, campeã do Torneio Rio-São Paulo de 1952. Fez 17 jogos pela seleção brasileira, entre 1944 e 1950.

Por sua vez, Rui Campos nasceu na capital paulista em abril de 1922, onde também morreria, em janeiro de 2002, pouco antes de completar 80 anos. Começou no São Paulo, onde venceu quatro dos cinco títulos da década de 1940, e encerrou a carreira no Palmeiras, em 1953. Apesar de ser zagueiro, também jogava como volante ou meia. Tinha um alto nível técnico e orientava os outros jogadores. Sabia arrumar a defesa e municiar o meio campo e armar jogadas de ataque. Pelo Brasil, fez 30 partidas entre 1944 e 1950, marcando dois gols. Cria do São Paulo desde a categoria juvenul, Rui disputou 272 jogos pelo clube como profissional, marcando seis gols.

O último da linha foi o volante José Carlos Bauer, nascido em novembro de 1925 e falecido em fevereiro de 2007, aos 81 anos. Jogou entre 1944 e 1953 no São Paulo, onde conquistou os títulos paulistas de 1945, 1945, 1946, 1948, 1949 e 1953. Passou ainda por Botafogo-RJ, Portuguesa e São Bento. Na seleção, foram 29 jogos entre 1949 e 1954. Pelo São Paulo, fez 398 partidas e 18 gols. Disputou as Copas de 1950 e 1954. Como técnico, Bauer, à frente da Ferroviária de Araraquara, efrentou o Sportivo Lourenço Marques em Moçambique e descobriu o menino Eusébio. Como não podia contratá-lo, indicou o futuro maior jogador de Portugal para o técnico Bella Guttman, ex-São Paulo, que comandava o Benfica.

Somando os jogos pelo São Paulo e pelo Brasil, portanto, Rui, Bauer e Noronha fizeram, entre 1945 e 1951, um total de 175 jogos, com 104 vitórias, 35 empates e 36 derrotas. Mas podem ter feito, ainda, algumas partidas pela seleção paulista (na foto acima, de 1952, Rui, Palante, Oberdan Catani, Mauro, Bauer e Noronha). Porém, não disponho dos dados para acrescentar nas estatísticas do trio. Pelo São Paulo, estrearam em 8 de abril de 1945, na goleada por 6 a 2 sobre o Jabaquara, pelo Campeonato Paulista. E se despediram em 22 de julho de 1951, num amistoso contra a Caldense, em Poços de Caldas (MG). O Tricolor venceu por 3 a 1 e Bauer fez o primeiro gol. Jogando juntos pelo clube, Noronha fez 9 gols, Bauer 8 e Rui 6.

Ps.: Não tem muito a ver com o post, mas, na pesquisa que fiz, encontrei mais uma prova de que, no Brasil, sadismo pouco é bobagem. Depois de terem substituído as traves de madeira pelas de metal no Maracanã, em 1969, dizem que mandaram as antigas (remanescentes da Copa de 1950) para a casa do ex-goleiro Barbosa. Não contentes com a maldade, ainda fizeram o "favor" de reunir no Maracanã, 30 anos após a tragédia contra o Uruguai, todos os traumatizados e estigmatizados jogadores daquele time. Confiram:

16/07/1950, Maracanã com 200 mil pessoas - Em pé: Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir de Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e o massagista Mário Américo

16/07/1980, arquibancadas totalmente vazias - Em pé: Barbosa, Augusto, Danilo Alvim, Juvenal, Bauer e Bigode; Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir de Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e o massagista Mário Américo

terça-feira, abril 28, 2009

Os azares dos tempos modernos

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Deu no UOL (e em mais um monte de lugares): Atlético-PR demite funcionário responsável por gafe no site oficial. Como mostra a imagem abaixo, a lambança do empregado do rubro-negro do Paraná foi soltar na internet uma matéria que falava do título estadual que o clube conquistou no domingo passado, dia 26... título este que não ocorreu, já que o Coritiba venceu o rival por 4x2 e adiou a decisão para a próxima rodada.


A gafe do Atlético foi descoberta no próprio domingo, antes do jogo. Segundo circula na internet, por volta do meio-dia a notícia foi colocada no ar e começou a ser divulgada informalmente pelos usuários da rede. Antes de ser retirada da página, foi impressa e, como esperado, serviu como fator motivador para o Coritiba - o técnico Renê Simões mostrou o texto aos seus jogadores, para mexer com o brio dos atletas.

A reação indignada chega a ser cômica. Muitos falam de "desrespeito", "despreparo", e a própria demissão do funcionário sugere que o Atlético concorda com essa avaliação. Não que eu não ache que o rapaz tenha pisado na bola, mas, na boa: seu erro pode ser muito mais classificado como "burrice" do que "soberba" ou outra coisa parecida.

Quem é do jornalismo sabe (e quem não é, deduz): sempre que se tem um evento previsível pela frente, uma boa medida é antecipar o trabalho. Escrever um texto sobre o assunto, destacando os fatos de um "pode ser" provável; e depois, basta ajustar um ou outro detalhe para que a tarefa esteja concluída.

Exemplos célebres disso no jornalismo são as mortes iminentes de famosos. Como o ocorrido com o papa João Paulo II, que permaneceu dias e mais dias agonizante até seu falecimento definitivo em 2005. Quem aí acha que tudo o que foi publicado após o falecimento do pontífice só começou a ser produzido depois que o velho efetivamente bateu as botas?

A questão é que o funcionário do CAP deu um baita azar de viver em um tempo em que as pisadas na bola repercutem mais do que nunca. Aí, só resta mesmo ao cidadão lamentar o que fez e ter boa sorte na hora de arrumar emprego...

Tipos de cerveja 34 - As Eisbock

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Esse é o tipo mais forte de Bock, obtido pela redução da temperatura de uma cerveja do tipo Doppelbock, até ela começar a formar gelo. Nesse momento, remove-se o gelo e o resultado é uma cerveja com uma concentração mais alta de álcool (opa!). "Essa técnica reflete-se também no sabor, mais concentrado e rico em malte, o que lhe dá uma certa doçura, necessária para equilibrar com o acentuado teor de álcool, que chega a ascender aos 8%", explica Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo. Segundo ele, a cor das Doppelbock pode variar entre o castanho avermelhado e o preto. Para quem quiser procurar e experimentar, as marcas desse tipo de cerveja aconselhadas por Bruno são a Kuhnhenn Raspberry Eisbock (foto), a Aventinus Eisbock e a Castle Eggenberg Urbock Dunkel Eisbock.

segunda-feira, abril 27, 2009

Palmeiras virou porco há 40 anos

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No dia 28 de abril de 1969 ocorreu um fato lamentável que teria como efeito colateral o "batismo" da Sociedade Esportiva Palmeiras como "porco". Depois de empatar por 1 a 1 com o São Bento, no Estádio Humberto Reali, em Sorocaba (SP), o Corinthians retornou à capital paulista. Do Parque São Jorge, os dois maiores destaques do time naquela competição estadual, o lateral direito Lidú (22 anos) e o ponta esquerda Eduardo (25), resolveram comer uma pizza nos arredores do Canindé, o estádio da Portuguesa. Mas não chegariam ao restaurante: na Marginal Tietê, Lidú perdeu o controle de seu Fusca, que chocou-se violentamente contra uma das pilastras de sustentação da ponte da Vila Maria (foto acima). Os dois morreram na hora.

Corinthians, 1969. Em pé: Ditão, Luís Carlos, Dirceu Alves, Pedro Rodrigues, Lidú e Lula. Agachados: Paulo Borges, Tales, Benê, Rivellino e Eduardo

Daí, veio a confusão que acabou por acirrar definitivamente a rivalidade entre corintianos e palmeirenses. Como o Paulistão já estava no returno e o prazo de inscrições de atletas havia se encerrado, a diretoria do alvinegro tentou, na Federação, uma autorização especial para inscrever dois novos atletas. A FPF convocou todos os clubes para uma reunião extraordinária, colocando em votação a pretensão corintiana, com a condição de que essa aprovação teria que ser unânime. Não foi: somente o presidente do Palmeiras, Delfino Facchina (à esquerda), votou contra. O que motivou o presidente do Corinthians, Wadih Helu (acima, à direita), a chamar os palmeirenses de "porcos". Foi a senha para a torcida do Corinthians.

Na partida seguinte entre os dois times, os alvinegros soltaram um porco no gramado do Morumbi antes do início do jogo. Enquanto o suíno corria, assustado, os corintianos entoavam o coro de "Porco! Porco!". Isso virou uma provocação intolerável para os palmeirenses até as semifinais do Paulistão de 1986, quando o alviverde goleou o rival por 5 a 1 e sua torcida resolveu assumir positivamente o "porco". Durante o jogo, os palestrinos inventaram uma versão para o grito dos dinamarqueses na Copa do México: "Dá-lhe Porco/ Dá-lhe Porco/ Olê-olê-olê". Desde então, o Palmeiras assumiu oficialmente sua identificação suína, após 17 anos de azucrinação corintiana.

Cerveja e sinuca uma semana antes do acidente, no Sambarthur, ponto de encontro de boleiros da época na Vila Maria: a partir da esquerda, os corintianos Décio, Lidú, Arthur (dono do bar), Lula, Eduardo e João Carioca

Fé em Deus e pé na bola!

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O guarda, o cachorro e a jogada ensaiada

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Forçado a fazer uma visita rápida a Taquaritinga no fim de semana, para o tratamento de canal de um dente (o valor, somado às passagens de ônibus, saiu por menos de um terço do que tentaram me cobrar na capital), me aventurei em mais uma partida da Série A-2 do Campeonato Paulista. No sábado à noite, o CAT (Clube Atlético Taquaritinga) recebeu, no estádio Taquarão, o Atlético Monte Azul, sensação do campeonato. Resultado óbvio: 3 a 0 para os visitantes, que se classificaram para essa fase final em primeiro lugar (o CAT foi o oitavo). Bem montado, o Monte Azul passeou em campo e deu a impressão de que, se quisesse, poderia ter ganho por 5 ou 6 gols.

Já o Taquaritinga, protagonista de um vergonhoso episódio de atraso de salários, é um time desarticulado, sem laterais, sem meio campistas e com o centroavante jogando isolado na bandeira de escanteio. Seu técnico foi demitido às vésperas do jogo - dizem que um diretor do Monte Azul alertou que ele estava tentando vender o resultado. E o novo treinador veio da Ferroviária, que caiu para a Série A-3 (muito animador esse detalhe). O primeiro chute do CAT no gol adversário ocorreu aos 30 minutos do segundo tempo. O responsável foi o atacante Caconde, que havia acabado de entrar. A torcida o chama carinhosamente de "Caca" - daí, dá pra ter uma ideia da situação... Aliás, o melhor de ir ao estádio assistir esses "jogos perdidos" é ouvir as pérolas sonoras que a arquibancada atira aos porcos. Dois corneteiros me chamaram a atenção pela criatividade: o Mané Biela, que exerce a promissora profissão de amendoinzeiro (em bom taquaritinguês, pronuncia-se "minduinzêro"), e o manguaça oficial Zé Bundinha:

- Isso aí não foi falta, não! Os jogador (sic) do CAT tão caindo é de fome!

- Olha lá, jogada ensaiada: quando o CAT bater o escanteio, é só o guarda soltar o cachorro no pescoço do goleiro do Monte Azul!

- Ainda bem que o alambrado fica longe do campo, senão a gente não ia aguentar o bafo de pinga dos jogador (sic) do CAT!


Ps.: Falando em mé, ouvi o seguinte diálogo no metrô, em meu regresso à paulicéia desvairada:

- Ô, Regina, quem era aquela moça que chegou no final do almoço? Como fala, hein!

- A Gilda? Putaquipariu! De cada dez coisas que ela fala, oito são cachaça!

- É mesmo, só fala em cachaça. Ela é legal!

domingo, abril 26, 2009

Primeiro ato: Santos 1 X 3 Corinthians (visão santista)

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Foram seis finalizações do Corinthians contra o Santos. Três foram pro gol, e pro fundo dele. Fábio Costa não fez uma defesa. Isso, por si só, daria ao santista esperanças para a segunda partida no Pacaembu. Mas, por outro lado, quem perde tantos gols e faz somente um, precisa de quantas chances pra fazer três de diferença?



É nisso que o torcedor praiano pensa depois da derrota. Alguns já elaboram desculpas para justificar o vice-campeonato. Outros, tentam ter esperanças. Hoje, o acaso e Ronaldo foram contra nós. Uma falta boba de Pará, uma matada no peito infeliz de Kleber Pereira e um toque involuntário da bola em Fabiano Eller definiram a partida. Fora as defesas de Felipe. No próximo domingo, a sorte pode estar do lado peixeiro.

*****
O Santos teve volume de jogo, perdeu um sem número de chances. Mas acho que Mancini errou ao tirar Kleber Pereira. Foi uma substituição mais de torcedor do que técnico, e explico porquê, eu que xinguei tanto o matador durante o jogo. Pelo menos três bolas alçadas na área depois da saída do nove santista foram direto pro Roni. Que perdeu todas. Pudera, tem 1,70. O time perdeu presença de área com a saída de Pereira, e isso foi fatal.

Mas a culpa não é do treinador. Até porque a entrada de Maikon Leite, há meses sem atuar, foi uma demonstração óbvia da falta de elenco que a equipe tem. Só um atacante alto, e sem homens de frente velozes no banco, Mancini se virou como pôde. É preciso reforçar para o Brasileirão. Pedrão, do Barueri, será muito, mas muito bem vindo dentro desse contexto.

A propósito, tiraria Neymar para a entrada de Róbson, que precisava ir para o jogo mesmo.

*****
Neymar, Fábio Costa e Kléber Pereira foram decisivos nas semifinais. Hoje, não foram bem. Neymar, ao contrário de Robinho, que nunca perdeu para o Corinthians, revivendo a mística de Pelé, jogou duas vezes e perdeu ambas jogando pouco. Acho que tem mais potencial que o atacante do Manchester City, se vai se dar melhor ou não, só o tempo dirá. Mas, ao contrário dele, jogou poucas partidas no Paulistão desse ano, enquanto Robinho disputou um campeonato brasileiro inteiro antes de fazer história, graças a Émerson Leão. O mesmo pode valer ao se se comparar Paulo Henrique com Diego.

Por conta desse alto grau de exigência que a comparação cruel traz à mente, é bom o torcedor do Santos ter paciência com esses dois atletas. São bons, podem ser craques sim, mas estão em meio a um furação graças à pífia administração peixeira. São milagres e, por isso, todo alvinegro tem que agradecer a eles, e não xingá-los.

Sobre atletas decisivos, Madson, novamente, foi efetivo, mas não o suficiente.

Cruzeiro campeão

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Com a goleada por 5 a 0 não tem o que dizer, o Cruzeiro já é campeã mineiro em 2009. 


E não tem do que reclamar também, não foi culpa do árbitro, não foi culpa de ninguém. Foi mérito do Cruzeiro, que tem um time melhor e aproveitou o descontrole do Galo.

Depois de um primeiro tempo equilibrado, em que o Galo teve chance até de sair na frente, tomou um contra-ataque e saiu com 1 a 0. Mas também foi ilusório, porque o Leão reconhecendo a superioridade do Cruzeiro saiu jogando com três zagueiros e quatro volantes.

Mas nada a desesperar, já que podia reverter tudo com um gol.

Inexplicavelmente, o time não voltou jogando nada do segundo, só o Cruzeiro ficava com a bola, já estava derrotado antes de tomar o segundo gol e os seguintes. Cinco foi até pouco.

É esperar ver o que acontece agora na Copa do Brasil, em que já tem jogo esta semana contra o Vitória e o emocional vai estar no pé.