Destaques

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Na cachaça tudo posso!

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Essa eu ouvi ontem em um bar de madeira nas margens da estradinha que liga os municípios de Cândido Rodrigues e Fernando Prestes, no interior de São Paulo: há uns 30 ou 40 anos, os donos de uma rádio local ofereceram uma bolada para dois manguaças subirem na torre da emissora para trocar uma lâmpada. Era muito dinheiro, eles nem conseguiam se imaginar com aquela soma nos bolsos. Munidos de correias, cintos e a nova lâmpada, pegaram suas bicicletas e foram até o local. A torre tinha quase 50 metros e não parecia muito firme. O primeiro deles ajeitou o cinto, abraçou a torre com uma corda e começou a subir. No meio do caminho, berrou:

- Ah, compadre, não vai dar, não! Muito perigoso! Vou descer!

O outro deu risada do colega e se preparou para subir e cumprir o serviço.

- Sai pra lá, medroso! Por esse dinheiro eu subo até o céu, deixa eu te mostrar.

E começou a subir, bem mais ligeiro, como se já visse em sua frente o saco de dinheiro - e as pingas que tomaria com tudo aquilo. Mas a torre começou a vergar temerariamente e, mesmo tendo ultrapassado a metade da distância, teve que entregar os pontos.

- Ah, companheiro, isso vai cair! Não tem jeito, vai desabar! Vou sair daqui!

Derrotado, desceu e compartilhou a aflição do amigo. Não era possível desistir daquele dinheiro, nem passar a vergonha de ter assumido um compromisso e não cumpri-lo por medo. Com esses maus pensamentos na cabeça, cada um deles ainda fez mais duas tentativas, todas invariavelmente fracassadas. Desolados, pegaram os equipamentos e as bicicletas e rumaram para o boteco mais próximo, para afogar o vexame. Logo que chegaram, o dono do bar indagou sobre o serviço e, sabendo que não tinham conseguido, soltou uma gargalhada. Logo a notícia se espalhou, para zombaria completa dos bêbados e fofoqueiros.

- Que vergonha, hein, compadre? Que que nós vamos dizer lá na rádio?

- Nem me fale, não gosto nem de pensar. E o dinheiro? Nunca mais na vida a gente vai ter uma oferta dessas!

E derrubaram o primeiro, o segundo, o terceiro, até o décimo copinho de pinga cada um, para anestesiar a decepção. De vez em quando, notavam pelo rabo do olho os risinhos de escárnio dos frequentadores do bar. No décimo primeiro copo, um dos amigos decidiu:

- Ah, eu posso morrer e nem receber o dinheiro, mas a vergonha de ter prometido uma tarefa e não ter feito, isso eu não levo pro túmulo! Vou voltar lá!

- Tá certo, compadre! Eu vou junto. E se precisar morrer também, eu morro. Mas não passo esse vexame.

E lá se foram de volta. Ninguém sabe ao certo o que (ou como) aconteceu, pois não se teve mais notícias dos manguaças por aquelas bandas. Mas que a lâmpada nova estava rosqueada lá no alto, ah, isso estava sim....

Metáforas futebolísticas prometem animar ano eleitoral

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Foto: Reprodução

Bola pra frente que 2009 já era, pelo menos em termos esportivos. Etílicos jamais, afinal, sempre é hora de tomar umazinha, mas quanto ao cenário político ainda tem muita gente enrrolada, esperando os segundos para a virada do ano.

Aliás, 2010 será um ano eleitoral que promete regar de emoções nossos dias. Não faltarão denúncias, alfinetadas, a imprensa repercutindo cada detalhezinho estúpido das campanhas, pesquisas de intenção de voto, políticos tentando salvar seus empregos e, claro, não vai faltar a tradicional prefêrencia pela metáfora futebolística que nosso presidente Lula tanto gosta utiliza. Em 2009, a quantidade de metáforas foi fantástica, mas no final do ano o presidente caprichou.

Em uma fala só, Lula propagou vários conceitos do esporte sagrado da terra brasilis. Em entrevista a uma rádio carioca nesta terça-feira, 22, o presidente explicou a importância de pensar coletivamente. "Às vezes você tem um cara extraordinariamente bom de bola, mas na hora de escalar, você escala um que, taticamente, vai cumprir uma função melhor para o time. Ou seja, não basta o cara ser bom de bola. O cara tem que, primeiro, saber trabalhar em equipe, saber que jogo não se ganha sozinho, e saber que dos 11 em campo, cada um tem uma tarefa e cada um tem que participar da vitória", afirmou o presidente. Em seguida o radialista perguntou se Serra poderia ser um bom técnico. Lula respondeu "Ah, não. Eu acho que não seria mesmo".

Em um café da manhã com jornalistas na última segunda, Lula afirmou que "dois Tostões" não teriam necessariamente resultados positivos - em referência a uma eventual chapa tucana formada pelos governadores de SP e de MG, José Serra e Aécio Neves. Como resposta, o presidente do PPS, Roberto Freire, afirmou que os tucanos tem "dois craques, já eles (os petistas) uma perna de pau". Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, agradeceu Lula por reconhecer os craques tucanos. "Tenho que agradecer ao presidente Lula porque reconhece os raques da nossa seleção. Agora não vejo problema em escalar dois craques, como Tostão e Pelé na Copa de 70", respondeu o senador tucano. Teve também a contestação do governador José Serra, que afirmou que dois bons jogadores podem sim atuar no mesmo time. "Acho que, quando o jogador é muito bom, dá para duplicar. Dá-se um jeito de colocar os dois em campo. "Mas, quando questionado se a mesma teoria pode ser aplicada à política, Serra disse: "Vamos pensar a respeito."

Ano de Copa e de eleição, 2010 promete.

Em tempo
O promotor de Justiça Militar Mauro Faria de Lima apresentou nesta segunda-feira, 21, denúncia no TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) contra os coronéis da Polícia Militar do Distrito Federal Luis Henrique Fonseca e Silva Filho, por lesão corporal. Os dois foram os responsáveis pela coordenação da operação que acompanhou uma manifestação contra a série de denúncias do governo Arruda (ex-DEM) e que acabou em pancadaria e truculência da polícia. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça Militar e os coronéis sejam condenados em um eventual julgamento, a pena para lesão corporal leve é de três meses a um ano de detenção.

terça-feira, dezembro 22, 2009

PQFMTMNETA 9 - O dia em que um Preá virou herói (2008)

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PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Série que iniciei no Futepoca em novembro de 2008 e que, por esquecimento, permaneceu sem atualizações desde abril deste 2009 que está acabando. A ideia é Nesse espaço mostrare eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento. Agradeço sugestões!


PQFMTMNETA 9 - O dia em que um Preá virou herói (2008)

Palmeiras e Portuguesa se enfrentavam no Parque Antarctica pela 17ª rodada da primeira fase do Campeonato Paulista de 2008. Depois de uns tropeços iniciais (com direito a uma derrota por 3x0 para o Guaratinguetá), o Alviverde se aprumava e dava mostras de ser o melhor time da competição. O grupo comandado por Vanderlei Luxemburgo ostentava uma invencibilidade de oito jogos e uma sequência de cinco vitórias consecutivas - duas delas nos clássicos contra Corinthians e São Paulo.

A classificação para as semifinais parecia de certo modo garantida, mas não convinha vacilar.

Do outro lado, a Portuguesa fazia uma campanha intermediária mas ainda almejava a classificação para as semifinais. Vencendo no Parque Antarctica e triunfando também nas duas partidas que restavam - e com alguns tropeços dos concorrentes - a Lusa ainda poderia beliscar uma posição entre os quatro melhores do torneio.

Mas o jogo passou e o Palmeiras não conseguia furar o bloqueio luso. A Portuguesa atacava vez ou outra, mas o que mais se via no Palestra Itália era um Palmeiras que detinha a posse de bola mas que não transformava isso em chances claras de gol.

Até que aos 48 do segundo tempo a bola foi alçada na área lusitana. E, segundo aquele roteiro típico da dramaticidade que só o futebol pode proporcionar, pipocou por entre pés, mãos e cabeças até alcançar a chuteira de Jorge Preá, que a estufou para as redes.

Um gol histórico, emocionante, que marcou a campanha do Palmeiras naquele campeonato - que, como se sabe, culminaria no título paulista, obtido após uma fácil final contra a Ponte Preta e uma gaseificada semifinal contra o São Paulo.

Jorge Preá comemorou a conquista e colocou a faixa de campeão paulista no peito. Mas não teve vida longa no Parque Antarctica. Poucos meses depois de ser herói foi emprestado ao Atlético-PR, como contrapeso na transação que levou o zagueiro Danilo ao Verdão. Também não se destacou no Furacão, e pouco depois estava no Bragantino. Mais insucesso: sua passagem na terra da linguiça não foi das mais memoráveis, e a partir do Paulistão de 2010 Jorge Preá tentará a vida no Mogi Mirim, onde terá como companheiro o volante Baraka.

Seu retorno ao Parque Antarctica poderá acontecer logo na primeira rodada do Paulistão 2010 - Palmeiras x Mogi é um dos jogos que abre o certame. Resta saber como a torcida alviverde recepcionará Jorge Preá que, em 26 de março de 2010, foi o maior herói da história do Palmeiras, ao menos naquele dia.

Cerveja está liberada para a ceia, diz ambientalista

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A cerveja está liberada para a ceia de natal e ano novo. A análise é de Adalberto Marcondes, jornalista especializado em temas ambientais, quando questionado sobre formas de se garantir uma ceia sustentável, quiçá carbono-neutro.

Foto: Alexandre Jaeger Vendruscolo/Sxc.hu
A principal recomendação são atitudes e consumo preocupados com o ambiente sem "perder de vista que qualidade de vida também é ter acesso a algumas coisas que dão prazer".

Tudo o que emite muito gás de efeito estufa vale a pena ser evitado. Isso inclui vinhos europeus, porque o transporte – especialmente o aéreo – emite muito carbono para alcançar mais de 800 quilômetros por hora em velocidade de cruzeiro. O melhor seriam vinhos orgânicos produzidos o mais perto possível. Mas se não rolar, no máximo chilenos ou argentinos.

Refrigerantes podem ser abolidos. Em seu lugar, a receita são sucos de fruta, porque a produção do "suco negro do capitalismo" usa muito carbono. Pelo jeito, nem água com gás nem tônica se salvam.

No caso da cerveja, vale a mesma máxima do vinho: preferência por marcas orgânicas e produzidas em regiões próximas. A questão é que a gelada não tem jeito de ser substituída à altura. Então, já para a mesa.

Todas as recomendações, incluindo misturas, entradas e acompanhamentos, estão na reportagem de Suzana Vier.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Final justo no Mundial de Clubes

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O duelo entre Estudiantes e Barcelona que, no sábado, definiu o Campeonato Mundial de Clubes, passou longe, mas bem longe de ser uma boa partida de futebol. Foi mais algo próximo de uma pelada, como o Manchester x LDU do ano passado.

Assisti o jogo a partir do segundo tempo, então, se a primeira metade da partida foi diferente, por favor acrescentem informações nos comentários. Mas o que eu vi foi um Estudiantes acuado, com má qualidade mesmo, refém de um Barcelona que martelava, martelava e martelava, mas sem a eficiência necessária.

Ganhando de 1x0, o Estudiantes abriu mão completamente de qualquer tentativa de ataque. A análise de Mauro Cézar Pereira, que comentava o jogo pela ESPN, foi precisa: mais do que um "recuo para garantir o resultado", o que acontecia com o Estudiantes era uma imposição determinada pelo adversário. Só o Barcelona jogava.


Mas custava a vencer. Tanto que só empatou no último instante do segundo tempo; na prorrogação, com mais qualidade técnica e condicionamento físico, obter a virada era questão de tempo. E ela veio, com Messi - que teve uma partida mais do que apagada mas, por circunstâncias do futebol, acabou o jogo como herói. Ainda conquistou o prêmio FIFA de melhor do campeonato.

De certo modo, o jogo de sábado seguiu um roteiro de tantas e tantas partidas que vimos por aí: um time de menor qualidade acha um gol e inicia um bate-rebate desesperado implorando para que o jogo acabe. Seria injusto o Estudiantes levantar a taça. Parabéns, Barcelona!

E com o triunfo, a Europa empata o placar com os sul-americanos na somatória de todos os torneios - agora são 26 conquistas pra cada lado.