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quarta-feira, janeiro 27, 2010

Sutil diferença

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Ontem fiz um post sobre o José Serra (PSDB) que gerou certa discordância entre leitores nos comentários, mas, pra não perder o costume, volto a cutucar a casca da mesma ferida - as enchentes em São Paulo e a incompetência tucana. Hoje, na página A8 da (aargh!) Folha de S.Paulo, uma foto-legenda de pé de página, com uma imagem do (des)governador paulista sendo entrevistado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, diz o seguinte:

José Serra surgiu no "JN" instruindo que "quem estiver numa moradia que vai desabar tem que sair dela, para um abrigo da prefeitura, uma casa de parentes ou aproveitando a bolsa ou o auxílio moradia para alugar uma casa". Na manchete do portal G1, também da Globo, naquele momento, "Lula dá quase R$ 1 bi a atingidos por catástrofes no Brasil e Haiti"

Pois é, José. Sorte sua que deve ter uma "casa de parentes" pra ir...

Desabamento provocado pela chuva no centro de Embu (SP)

10 comentários:

fredi disse...

Marcão, acho realmente que a gente deve fazer algo mais sério na parte po do Futepoca.

Por exemplo, há quanto tempo que a calha do Tietê não é desassoreada, pelo que vi até agora, acho o serviço parou nos últimos três, quatro anos... Estou procurando dados mais detalhados.

Outra coisa, são 60 mortos nesse começo de ano pela enchente em SP. Mais que o "desastre" da Ilha Grande e Angra. Mas mortes a conta-gotas causam menos impacto.

Outra coisa, não sei se é impressão minha, mas o local onde moro, perto do centro de SP, nunca esteve tão sujo. Parece-me que no ano passado foi cortada parte do orçamento da limpeza pública para subsidiar transportes.

É necessário confirmar esses dados, vou tentar, mas como o leito pediu, cabe mostrar de maneira séria argumentos que comprovem que o atual estado de caos não é culpa só de São Pedro, são escolhas feitas pelas atuais administrações...

Marcão disse...

Tem toda razão sobre o desassoreamento, Fredi, eu mesmo fiz um post sobre isso outro dia, com todos os dados:

http://www.futepoca.com.br/2010/01/planejamento-gestao-e-eficiencia.html

Mas só o Glauco se dispôs a comentar. Podem até não serem considerados "sérios" (no que discordo), mas esses posts irônicos pra cima do Serra estão mobilizando mais reações e comentários. Ou não?

Levante os dados e ripa na chulipa, camarada. Vamos embasar o Po! Abraço.

Marcão disse...

Ah, e correção: já são 62 mortos no estado.

fredi disse...

Valeu, Marcão, não tem nenhuma crítica às ironias no que escrevi. Nem podia fazer...

É apenas um desafio a todos nós para investigar...

Mãos à obra

Marcão disse...

É isso aí, e "mãos à obra" é justamente o que está faltando ao Serra. Veja o que o Josias de Souza escreve hoje em seu blogue:

"Quem teve a ventura de ler José Serra sentiu falta de um governador. Alguém que discorresse sobre planos e medidas. Quem leu José Serra teve a impressão de que ele não é propriamente um governador. É apenas mais uma vítima. Ou, por outra, é a ausência de solução com doutorado. Uma espécie de nada com PhD, a contemplar a cidade desde a janela do Palácio dos Bandeirantes.

José Serra talvez ainda não tenha se dado conta, mas o cargo de governador tirou dele o conforto de habitar o mundo acadêmico. Para um "scholar", habituado a observar os paradoxos do caos social de longe, com distanciamento brechtiano, o diagnóstico é o Éden. Mas o cidadão que se encontra cercado de água por todos os lados anseia pela resolução de seus problemas. Espera, quando menos, por um lenitivo.

Poder-se-ia objetar que o despreparo de “São Paulo” para lidar com as enchentes é produto do descaso de muitos governos. A objeção não socorre, porém, o tucanato de José Serra, no poder em “São Paulo” há uma década e meia. Assim, as divagações noturnas de José Serra não tem senão a utilidade de dar ao seu autor a sensação de que seus relatos são úteis.

De resto, enquanto estiver empilhando estatísticas e relatos molhados, José Serra pode eximir-se de tarefas menores. Apresentar providências, por exemplo."

Felipe Lopes disse...

Se não fossem as chuvas, José Serra passaria o ano eleitoral incólume.

Anselmo disse...

Acho que o comentário do André no post de ontem é uma crítica, mas também um elogio.

Ele escreveu que não gostou de um ou de uma sequência de posts, especialmente porque já leu outros que considerou melhores.

Se eram melhores ou piores, é discutível, claro. Mas críticas não podem fazer a gente parar de tocar num tema, nem necessariamente fazer a gente mudar tudo.

Fazem a gente querer fazer melhor. Pra que lado é isso, a gente vai inventando.

Carlos Rizzo disse...

Essa história de alagar o Pantanal e cidades do interior que fornecem água para o sistema cantareira tem a ver, segundo o engenheiro Júlio Cerqueira Cesar Leite, com operações da Sabesp para segurar a água nas represas já que há um déficit de abastecimento de cerca de 6m3 na grande SP, por falta de investimento.
Veja o que ele escreveu em um e-mail recentemente:
Após conhecer a “descoberta” do “vi o mundo” que o Governo do Estado, em silêncio, passou 3 anos sem desassorear a Calha do Tietê me animei a levantar mais uma dúvida sobre esse comportamento: “A operação dos reservatórios do SPAT – Sistema Produtor do Alto Tietê (Ponte Nova, Paraitinga, Biritiba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba) e a inundação dos bairros do Pantanal”:
1. Esses reservatórios foram projetados e construídos objetivando o uso múltiplo das águas da bacia: abastecimento urbano, irrigação, diluição de esgotos e controle de cheias.
2. As regras operacionais dos mesmos prevêem a manutenção permanente de um volume vazio (não devem ser operados cheios) para amortecimento de picos de cheia e proteção das várzeas contra inundações.
3. Há um ano o DAEE transferiu essa operação para a SABESP.
4. A dúvida: Será que a SABESP está respeitando essas regras? A dúvida cabe porque é notória a extrema gravidade do abastecimento urbano que se constitui no seu principal objetivo cuja otimização passa pela manutenção dos reservatórios cheios.
Nesse caso se explica a situação de calamidade pública a que estão sendo submetidos os bairros do Pantanal.

Quem quiser conhecer algo mais sobre o que ele tem a dizer vá até o site www.juliocerqueiracesarneto.com

Neide disse...

" ou aproveitando a bolsa ou o auxílio moradia para alugar uma casa."
Então tá.

" pra você ter uma idéia, depois que as famílias eram tiradas das casas, que eram destruidas, elas pegavam essas senhas, com seus filhos e restos de móveis e tinham que procurar um lugar para alugar, se você conhecer alguém que alugue uma casa por 300 reais para quem estava na favela, está desempregado e tem filhos e com dinheiro para só dois meses de aluguel por favor me avise, pois eu mesmo não conheço ninguém." (Ferrez, sobre a desocupação da favela Olga Benário)
http://ferrez.blogspot.com/2009_09_01_archive.html

Neide disse...

Ou então:
"Situada próxima a um córrego recém urbanizado, após remoção de famílias no Jd. Toca, a comunidade já havia sido tomada pela água no dia 9 de janeiro deste ano e o foi novamente no dia 19, no início da noite. Nas duas vezes a população tentou acionar bombeiros e defesa civil. Sem sucesso! Tiveram de contar somente com a ajuda de quem não teve a casa destruída. A água, desta vez, atingiu dois metros de altura em alguns lugares, destruindo casas e pequenos comércios da população. Assim como as comunidades XIX e XX, que, inclusive, foram duramente reprimidas durante manifestações ocorridas na mesma noite do dia 19, quando a Tropa de Choque chegou a ocupar a favela atirando bombas e disparando balas de borracha contra a população, sem observar a presença de crianças e idosos no ato, tirados de suas casas pela enchente. Nesta segunda vez a população do Jd. Lucélia não conteve a revolta e bloqueou a Avenida Dona Belmira Marin, com barricadas feitas com os móveis destruídos pelas enchentes. A PM foi acionada e houve confronto, sendo que a 1h da manhã a Tropa de Choque chegou ao local e dispersou a manifestação.

“Os bombeiros só vieram pra apagar o fogo nas barricadas!” - disse Elaine, 21 anos, moradora da comunidade desde que nasceu. Elaine diz, também, que “Nunca houve enchente aqui! Começou depois da obra de urbanização do Córrego no Jd. Toca!” Outros moradores disseram, também, que o córrego foi estreitado após as obras, tendo hoje aproximadamente 4 metros de largura o que antes tinha cerca de 10 metros.

Pela manhã, já no dia 20, a comunidade se organizou e bloqueou novamente a Avenida Dona Belmira Marin, esperando alguma atitude da Subprefeitura da Capela do Socorro. No entanto, o máximo que conseguem, dizem, são promessas de receber cestas básicas ou colchões, mas que precisam ser retirados na Subprefeitura pelos próprios moradores."
http://ferrez.blogspot.com/