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segunda-feira, janeiro 04, 2010

Um ídolo pode se queimar?

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Giovanni está voltando ao Santos. Aos 37 anos, o paraense deverá, neste 2010, ter sua terceira passagem pela Vila. A primeira foi a mítica realizada entre 1994 e 1996, que teve como ápice o vice-campeonato brasileiro em 1995, o melhor momento do Santos na década retrasada (vixe maria, foi estranho escrever isso). A segunda ocorreu em 2005 e foi marcada por episódios fortes como o jogaço posteriormente anulado contra o Corinthians, o bicão na bola e a dispensa por Vanderlei Luxemburgo no início do ano seguinte.

Giovanni em 10/12/1995, o dia em que se inscreveu definitivamente como ídolo

Sua contratação é uma espécie de "presente" da nova diretoria santista aos torcedores. A dispensa de Giovanni no começo de 2006 foi um dos episódios mais mal-digeridos pelos santistas. Apesar de dentro de campo não estar rendendo aquelas maravilhas, era ídolo dos torcedores e merecia ser tratado como tal. Foi dispensado subitamente, sem explicações suficientes, no mesmo balaio que incluiu Luizão e Cláudio Pitbull. Estava em final de carreira, mas merecia uma despedida mais digna.

Agora, os novos dirigentes do Santos trazem Giovanni de volta. A aproximação entre as duas partes se deu desde a campanha eleitoral, quando o camisa 10 fora anunciado como um "intermediário do Santos na região Norte" ou coisa parecida. É nítido que, mais do que reforçar o elenco, o objetivo é dar ao atleta uma despedida digna do Santos.

Como santista, não aprovo a quase fechada contratação. Tenho Giovanni como ídolo. Meu depoimento sobre ele é praticamente idêntico ao dos outros santistas da minha faixa etária - Giovanni foi um facho de luz sobre o período mais sombrio da história do Santos, um cara que deu a nós um orgulho que não conhecíamos, uma esperança que só sentiríamos novamente sete anos depois daquele 1995.

Mas não quero ver esse ídolo submetido à fogueira que o Santos em reconstrução se mostra ser. Assim como muitos santistas, sei que o 2010 que vem aí não deve ser de títulos. E sim de conquistas fora de campo - auditoria nas contas do clube, limpeza dos quadros administrativos, execução de bons projetos de marketing e por aí vai. Claro que se as taças vierem, agradecemos; mas temos que ter ciência dessa realidade.

Acontece que há muitos que pensam de maneira diferente, e podem colocar no ídolo de 15 anos atrás uma carga que ele não merece carregar. E aí o mito Giovanni, construído com tanta qualidade naquele 1995, pode se esvair.

Eu já xinguei Pepe quando ele foi técnico do Santos, em especial na sua fraca passagem no Paulistão de 1994. Pela escalação errada de algum lateral-esquerdo ou coisa parecida, não lembro ao certo. Uma questão pequena e pontual - nada comparado com a positivamente monstruosa história que Pepe construiu como jogador na Vila.

Pepe permaneceu imune a isso. Mas será que todos os ídolos conseguem superar as insatisfações que podem pontual e involuntariamente causar às torcidas que os idolatraram? Émerson Leão, por exemplo, é visto como persona non grata no Palmeiras, clube que com tanta qualidade defendeu nos anos 1970.

É estranho.

11 comentários:

Victor disse...

Tenho calafrios com essa foto.

fredi disse...

Juro que essa é uma das coisas que nunca vou entender. É para pagar o apoio na campanha?

Quem ganha com essa volta?

Se é para despedida, faça um jogo chame a torcida etc....

A nova gestão começa mal.

Glauco disse...

Não vejo com tanto ceticismo assim a contratação. Primeiro, Giovanni a princípio não será titular. Segundo, conforme uma entrevista que vi com o Zé Elias, que jogou com ele na Grécia, a presença dele foi importante para alguns garotos da equipe e o ex-volante acredita que o Dez possa ajudar meninos como Ganso e Neymar (coisa que o "gênio" Luxemburgo não fez, por exemplo). E outros veteranos estãoc hegando por aqui, como RC (36), Marcelinho Paraíba (vai fazer 35), André Luis (vai fazer 31), Danilo (30) etc etc etc. E sem contar o Marques, do Atlético (MG), que além do histórico de contusões vai fazer 38 no mês que vem...

L. Duran disse...

No mínimo ele consegue jogar como homem fixo de área. Pra quem cogitou Sauza ou Rafael Marques, eu sou mais o Messias.

Agora, por que década retrasada? 2010 é o último ano da primeira década do século 21, não?

Leandro disse...

Duas coisas ficaram muito claras neste jogo de 2005: A extrema ruindade do Betão e a extrema vontade do Edilson de prejudicar o Corinthians.

Leandro disse...

Duas coisas ficaram muito claras neste jogo de 2005: A extrema ruindade do Betão e a extrema vontade do Edilson de prejudicar o Corinthians.

Brasil Empreende disse...

Ola visitei seu blog e gostei muito e gostaria de convidar para acessar o meu também e conferir a postagem de hoje: Série: Seleções Rumo à África
Sua visita será um grande prazer para nós.
Acesse: www.brasilempreende.blogspot.com
Atenciosamente,
Sebastião Santos.

Lucas Fernandes disse...

Olavo, sou cruzeirense e estudante de Jornalismo. Vejo essa situação aqui no Cruzeiro com o Adílson Batista, um dos grandes zagueiros de nossa história, que enfrentou críticas severas e agora vive um momento de paz com a torcida e já vi ocorrer com Marques no Atlético, Sorín aqui mesmo e tantos outros.

Creio que o Giovanni será cobrado, mas sua história falará mais alto. E o Dorival terá muito cuidado com este caso.

Por fim, deixo um convite: sou repórter do Ocê no Samba, mídia especializada no gênero, e tenho um blog, o Caleidoscópio, tamém jornalístico. Caso queira visitar, será bem-vindo:

www.ocenosamba.com.br
caleidoscopiodigital.wordpress.com

Abraço

Marcão disse...

Se o Giovanni fosse encerrar a carreira no São Paulo, eu não reclamaria. Aliás, lanço a campanha: VOLTA, FRANÇA!!!

Nicolau disse...

Tem que ver se o Giovanni estava jogando, quais suas condições físicas, essas coisas. Mas mesmo que não esteja bem, a própria atitude desconfiada do Olavo já mostra que a memória do ídolo provavelmente não será destruída. Acho que a torcida não espera muito do homem e, sendo assim, mesmo que ele só produza uns bons lances isolados, a sensação vai ser mais de saudosismo, de "imagina quando era novo!", do que de cobrança mesmo.
Sobre o momento que o Olavo identifica no Santos em 2010, o Corinthians passou por coisa semelhante (com o óbvio agravante do rebaixamento) nos últimos anos. E realmente tem muito, mas muito torcedor que não tá nem aí: se o time não for campeão de tudo, tem que demitir o técnico, o elenco inteiro (começando pelos melhores jogadores, claro) e destituir o presidente. O pessoal precisa pensar um pouco mais pra frente...

Edgard Sales disse...

Muito bom seus comentários amigo. Porém a década acaba esse ano uma nova década nasce no ano 1.