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segunda-feira, fevereiro 08, 2010

São Paulo 1 X 2 Santos - Robinho, Neymar e o goleiro-árbitro

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Escutava a partida pela rádio CBN no primeiro tempo enquanto me dirigia a um evento familiar em que seria absoluta minoria como torcedor peixeiro. Durante o caminho, só escutava jogadores do Santos mencionados na transmissão quando o comentarista Vitor Birner disse que o São Paulo era mais ofensivo que o Santos àquela altura, perto dos 30 minutos. Então, o locutor Deva Pascovitch deu um dado surpreendente para um clássico. Até aquele momento o Alvinegro tinha 64% da posse de bola, enquanto o Tricolor tinha 36%.

O comentarista se espantou com o dado, mas tentou justificar dizendo que a postura ofensiva são-paulina era porque ele tentava marcar o Santos no campo adversário. Contudo, o escrete litorâneo conseguia fazer a transição para o ataque tranquilamente. Curiosa a noção de ofensividade aplicada no caso mas, vendo depois os melhores momentos, foi possível ver que a formação de Dorival Junior fazia com que o time tivesse de fato mais facilidade na transição.

Para isso, o técnico sacou Pará e deslocou Wesley para a lateral-direita, o que foi uma bela sacada. Não fragilizou mais um setor que já era fragilizado e deu velocidade nos contra-ataques por aquele lado. Fora isso, Marquinhos na meia também deu um mais técnica para que a equipe chegasse à frente e soubesse tocar a bola quando necessário, sendo incisiva no momento oportuno.

Cheguei ao reduto são-paulino na hora da cobrança do pênalti de Neymar. Feito o tento, um tricolor não conteve a raiva e exclamou: "Humilhou o Rogério Ceni!". O segundo tempo prometia e eu teria que me conter.

A segunda etapa começava equilibrada, mas Ricardo Gomes sacou Washington e colocou Cléber Santana, tentando ganhar a disputa no meio de campo. E conseguiu por algum tempo. O São Paulo passou a buscar o resultado e jogar mais no campo alvinegro, embora não tenha tido, até fazer o gol, chances claras de marcar, exceção feita a um chute de Jean aos 17.

Após o empate aos 22, a partida seguiu equilibrada, e Zé Eduardo entrou no lugar de Marquinhos. Robinho já estava em campo no lugar de André e o Santos voltou a se movimentar com velocidade no ataque. Aos 30, depois de uma bela tabela com Neymar, Robinho finalizou (entendi que ele errou o chute) e Ceni salvou. Mas aos 41 não houve como evitar o gol alvinegro. Zé Eduardo dominou a bola na meia, passou para Wesley que descia na direita e o cruzamento veio para Robinho, de letra, completar diante de um ajoelhado  goleiro tricolor.



De novo, o Santos exibiu lampejos de futebol-arte o que, para o futebol que se joga aqui hoje, não é pouca coisa. E Robinho mostrou o que pode fazer pela equipe e também pela seleção. Ainda que muitos torçam o nariz, ele será imprescindível para a equipe de Dunga.

*****

Rogério Ceni, durante o intervalo, trocou algumas palavras com Neymar. A TV estava com o volume baixo e não vi o que teria sido dito. Depois, li que o arqueiro tricolor "avisou" o moleque que era para ele "aproveitar para fazer isso no Brasil, pois não é permitido na Europa. Isso não é paradinha, e sim um paradão". E reclamou completando, tal como Boris Casoy, que tem posições políticas semelhantes à dele, dizendo que "isso é uma vergonha".

Curiosamente, Ceni já fez paradinha, (pra quem não viu, o Victor do Blá Blá Gol recuperou uma delas, veja aqui). Claro que a ética de alguns boleiros é bastante maleável, basta classificar uma coisa como "paradinha" e outra como "paradona" que o dilema moral se resolve. Talvez ele tenha esquecido apenas que se adiantar na cobrança dos pênaltis é ilegal, e se alguém for ver onde o goleiro estava após a finta de Neymar, vai ter dimensão do quanto ele preza as regras do futebol.

Seria mais fácil se o goleiro pedisse que Neymar respeitasse os mais velhos.

12 comentários:

Anônimo disse...

Putz, estava terminando um post a respeito do Rogério, quando chegou o link do Futepoca, via twitter. Juro que não foi "chupado".

http://comfelelimao.wordpress.com/2010/02/08/rogerio-ceni-nao-sabe-mais-brincar/

Bia disse...

Glauco, eu vi o jogo e, principalmente no primeiro tempo, só deu Santos.
Não sei de onde o Birner tirou essa... ou sabemos, mas deixa pra lá!rs
O Ceni realmente não tem jeito. Que sujeito arrogante! Tentou intimidar Neymar por te-lo feito parecer um goleiro de playstation pulando que nem um idiota...rs
E tb achei que o Robinho finalizou mal aquela primeira bola. Mas enfim, ele guardou o golaço pro fim! :)
bjs!!!

Marcão disse...

O Rogério Ceni não percebe que é maior do que eventuais humilhações que (todo goleiro) pode viver dentro de campo. O problema é que ele pensa que é coroné e tem dificuldade de assumir a bronca quando erra ou passa ridículo. E se torna mais ridículo ainda.

Nisso o Waldir Peres era mais humilde, pois, quando levava um frango ou passava por situação vexaminosa, balançava a cabeça e dava risada de si próprio. Se um dia o Ceni chegar à presidência do São Paulo, como almeja, teremos tempos de ditadura.

Quanto ao jogo, como comentei aqui outro dia, eu tinha incômoda impressão de que o São Paulo ia levar uma sonora goleada. Mas, infelizmente, foi BEM PIOR que isso...

Parabéns aos santistas e muito benvindo, Robinho. O futebol brasileiro agradece.

Tiago Aguiar disse...

Excelente!
Você apontou com maestria questões pouco mostradas, como a hipocrisia de Rogério Ceni - tanto no particular da arrogância em campo, quanto o seu lado pseudo-intelectual de direita. Ficou caustico para qualquer são paulino que leia, mas contra fatos, quais os argumentos?

Nicolau disse...

Golaço do Robinho, bela imagem o Rogério tal qual "um goleiro de playstation pulando que nem um idiota", citando a filósofa Bia. Vi só os melhores momentos, mas rolaram umas tabelinhas entre Robinho, Neymar e Paulo Ganso que vou te falar, coisa bonita.

fredi disse...

Para o bem do futebol, o Santos venceu.

Tomara que continue assim.

Prefiro perder no bolão, mas ver um time jogar bonito.

Quanto ao Rogério, é o que sempre foi, para o bem e o mal.

Fernando Augusto disse...

Se todo são paulino fosse igual ao Marcão não teríamos mais torcida.

Quando o SPFC perde ele diz que já esperava e parabeniza o adversário. Quando ganha, diz que não viu porque estava no boteco.

Abraços

Marcos disse...

Opa! Tava faltando canelada, os posts sobre o clássico San-São já criaram muitas celeumas aqui nesse blogue! - rsrs

Fernando, eu passei uns dois anos muito alheio ao São Paulo e ao futebol em geral, mais por questões pessoais do que por outra coisa. Tentava acompanhar e escrever para que a peteca não caísse no Futepoca. Mas fazia questão de escrever que não ia aos jogos e raramente via pela TV.

Curiosamente, foi o período em que o São Paulo chegou ao tricampeonato. Já em 2009, na fase final de minha passagem pela Irlanda, conheci um povo que via os jogos pela internet e voltei a me interessar e escrever com um pouco mais de propriedade aqui.

Acho que aquele período de distanciamento me tornou menos apaixonado/parcial e mais realista/crítico. Não vou elogiar o time quando ele está mal e deixar de reconhecer o valor do adversário quando ele nos vence justamente - e ainda mais mais com um golaço daqueles.

No início de novembro eu disse que o Flamengo ia ser campeão. E foi. E na semana passada eu comentei que esperava derrota do São Paulo contra o Santos. Aconteceu.

Sinal de que eu estou vendo as partidas do São Paulo, sim, e prestando atenção nos adversários, dos quais o Santos me parece o mais bem arrumado (também já tinha dito isso aqui). E quer saber? Com Renato Silva na zaga, esquema sem laterais de ofício e visível indecisão sobre o meio-campo e a linha de ataque titular, fica até óbvio prever derrota do São Paulo em clássicos.

Quanto ao boteco, estou sempre lá! Com ou sem TV, com ou sem jogo.

Bora beber mais uma? Com esse time do Ricardo Gomes, só enchendo a cara, mesmo...

Abração.

Fernando Augusto disse...

Tá certo. Quando o time estiver bem (se estiver, esse ano tá difícil) vou te cobrar elogios então...

Mas o fato é que as contratações para essa temporada foram estranhas. Também não acredito em títulos em 2010.

O ruim é cair nessa de "desconstruir" Rogério Ceni. Pelo que fez já é ídolo. Pouco me importa ele ser de direita e acho que pode vir a ser um dirigente competente, assim como é Marco Aurélio Cunha, vereador pelo DEM.

Quanto à paradinha, está para ser proibida pela Fifa, e com razão. O que o Rogério quis dizer é que, na Europa, alguns árbitros já não permitem tal artimanha.

Abraço

Glauco disse...

Não entendi exatamente o que significa a "desconstrução" de Rogério Ceni. Quanto à paradinha, por que ele mesmo pode fazer e o Neymar não pode?

Marcos disse...

Claro, Fernando, que ele nunca deixará de ser ídolo. Por isso comentei que ele não percebe que é maior que eventuais vexames. Todo goleiro sofre frangos, gol por debaixo das pernas, gol olímpico, gol com paradinha de batedor de pênalti etc etc. Mas ele sempre acha um jeito de reclamar. O Raí é ídolo e não fazia isso. Ou teria ido pra cima do Dida, depois de perder dois pênaltis, dizer que o então goleiro corintiano tinha se adiantado, tinha tirado a concentração etc etc. Raí comemorava quando acertava e fechava o bico quando errava. Falta essa humildade ao Rogério - e isso tende a piorar, sim, caso conquiste o poder de um presidente de clube grande.

L. Duran disse...

E, no ano passado, o "manager" deixava o Neymar e o Ganso no banco de Jean e Robson...

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