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segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Violência, conforto e a vida de torcedor

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Vou com relativa frequência a estádios - arrisco dizer que sou o futepoquense que mais se faz presente nos campos. Naturalmente, a Vila Belmiro é o destino mais comum, mas outros templos como Pacaembu, Morumbi, Mineirão e Bruno Daniel volta e meia recebem minha presença.

E comumente, ao conversar com gente que não vai aos campos, sou chamado de "corajoso", "louco" ou adjetivos quetais. "Como você consegue ir a estádios, com essa violência cada vez maior?". Respondo que não é como falam, que em 19 anos (caramba, quanto tempo) de presença constante em estádios tive pouquíssimos problemas, que as coisas na imprensa acabam tendo uma repercussão maior do que a realidade e por aí vai...


De fato, não tenho muitas histórias pra contar acerca de violência que eu tenha presenciado. Por outro lado, posso citar inúmeras ocasiões que exemplificam o desconforto que passa aqueles que vão a campo.

O vídeo que vai abaixo, que circula pela internet e foi gravado no São Paulo x Santos de ontem, é um bom exemplo. Deem uma olhada.


Nada, mas nada a ver com violência, quebra-paus ou outras imagens aterrorizantes. Por outro lado, são cenas que servem como um gigante desestímulo a quem pensa em ver de perto uma partida.

Afirmo sem o menor medo de errar: mais do que a violência, o principal problema dos estádios brasileiros hoje é o desconforto. O torcedor brasileiro é invariavelmente mal-tratado, na grande maioria das arenas do nosso país. Tem que encarar filas homéricas para conseguir um ingresso; não encontra um estacionamento confiável onde pode deixar o carro; muitas vezes, só encontra lugar no estádio em um ponto onde não se consegue ver o campo inteiro; não tem acesso a restaurantes ou lanchonetes de qualidade satisfatória. Ou às vezes não consegue nem um mísero copinho d'água, como neste caso relatado da Arena Barueri.

E atentem que a Arena Barueri é um estádio recém-inaugurado, de fachada imponente e que tem sido elogiado por grande parte dos profissionais da imprensa.

O que me deixa ainda mais chateado é que o problema do desconforto é bem mais simples de se resolver do que o da violência. Afinal, a "violência do futebol" nada mais é do que um extrato da "violência da sociedade" - e se nossas autoridades policiais não conseguem dar conta de todos os males que nos afligem, o futebol não pode ser uma exceção.

Esperam-se coisas bem mais acessíveis, como estacionamentos, estrutura de alimentação e sanitários, sistemas fáceis de compras de ingressos e por aí vai. Nada, mas nada mesmo de outro mundo.

E eu ainda arriscaria dizer que a melhoria do conforto seria um baita passo à frente para a redução da violência. Afinal, uma boa estrutura evitaria que torcidas rivais se cruzassem na compra dos ingressos e no acesso aos estádios. Além de inibir aqueles que se predispõem a quebrarem o pau quando saem de casa para um jogo (é mais difícil zonear uma casa arrumada, não é verdade?).

No fim das contas, esse post não está falando nada de muito inovador. Talvez se eu procurar nos arquivos do Futepoca vou encontrar esse mesmo discurso, dito por mim ou por algum colega. A novidade em questão é o vídeo de Barueri. Que deve ser difundido, para que todos conheçam como funciona "um dos mais modernos estádios do Brasil".

4 comentários:

Marcos disse...

E ser obrigado a ter como opção apenas ÁGUA, num calor de 39 graus, não é violência?

O principal motivo que me afasta dos estádios é a probição da venda de cerveja. Pode ser final de campeonato, final de Libertadores, de Mundial, que eu prefiro ficar no buteco.

Aliás, já está na hora de alguém fazer um estudo sério sobre a relação entre jogos com estádio vazio X falta de goró. Eu faria - e incluiria no escopo do Manguaça Cidadão. Quer bancar, Ambev?

Glauco disse...

Ser obrigado a beber só água no estádio pode ser encarado como uma violência?

Anônimo disse...

A violencia seria pior com a cerveja!

O que mais afasta os torcedores são a falta de cerveja nos estádios e a violencia que ocorre..

comente lá no meu blog tbm!
http://saopaulohojesempre.blogspot.com

Se quiser parceria(jp_bicudo
@hotmail.com)

Fiz o blog dia 7!

abração'!

Anônimo disse...

Concordo em gênero, número e grau.

Pior ainda é perceber que o aumento absurdo do preço dos ingressos em relação a poucos anos atrás (no Brasileiro de 2006, uma arquibancada custava R$ 15; no Estadual do Rio 2010, custa R$ 40) e em relação aos anos 1990 não trouxe como contrapartida maior conforto.