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segunda-feira, março 15, 2010

'Quando foi que a direita brasileira teve qualquer apego aos direitos humanos?'

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Para quem se surpreendeu com a Miriam Leitão defendendo as cotas raciais em universidades, uma senhora resposta de Ciro Gomes, na edição de hoje da Folha de S.Paulo, sobre o posicionamento do governo Lula em relação à Cuba e Irã. De fazer o senador Eduardo Suplicy corar de vergonha...

Folha - A política externa do Brasil está no rumo correto? Pergunto-lhe em função das últimas polêmicas sobre o relacionamento do governo brasileiro com Cuba e Irã.
Ciro Gomes - Estrategicamente o governo brasileiro está muito correto. Somos contra a intervenção em assuntos domésticos, seja de quem for, somos pela solução pacífica dos conflitos, e advogamos uma ordem mundial multipolar. Tudo o que o Lula faz guarda coerência com esses princípios. Nós consideramos que o embargo norte-americano a Cuba --e não é o governo Lula, eu estou falando --é a causa de todos os abusos que hoje ainda temos que assistir em Cuba. O embargo, essa coisa anacrônica, prepotente, e injusta dos americanos, que inacreditavelmente continua com o governo Obama, justifica a atitude defensiva de Cuba. O país está acossado por um inimigo externo iminente, a maior potência do planeta. Eu acho odiento o crime político. Mas, o embargo dá ao governo de Cuba a faculdade de dizer que aquilo não é crime de opinião, mas sabotagem, espionagem, serviço ao inimigo externo. Essa é a questão que tem que ser posta em perspectiva. De qualquer forma, não é o Brasil que vai resolver isso. O Brasil deu asilo ao [Alfredo] Stroessner, no que acho que fez muito bem. Isso tira da moral dessa gente, da direita truculenta, esse papo. Quando foi que a direita brasileira teve qualquer apego aos direitos humanos? Que dia? Em que circunstância nacional ou internacional? Esse papo furado é só para quem não tem memória. E o Irã: deixa os americanos fazerem uma aventura militar no Irã para você ver o que vai acontecer com o planeta. O Irã não é o Iraque. O Brasil não é a favor que o Irã desenvolva artefato nuclear. O Brasil tem uma posição contra armamento nuclear no mundo. Ele não é ingênuo. Queremos que o mundo se desarme.


Vale a pena ler outros trechos da entrevista. Além de dizer que sua candidatura ao governo de São Paulo seria "artificial" e de que o PT "é um desastre" no Estado (o que mereceu resposta), Ciro Gomes fala, na cara da Folha: "O Serra erra menos porque é protegido pela grande mídia."

3 comentários:

Adhemar Santos disse...

Isso de associar direita e esquerda com direitos humanos (um contra e outro a favor) é maior balela. A história está repleta de governos tanto de direita quanto de esquerda que violaram os direitos humanos, torturaram e mataram. Enfim, bola fora do Ciro.

Nicolau disse...

Mas Adhemar, a questão é exatamente essa. A direita brasileira usou a postura do Lula sobre Cuba como cavalo de batalha pra chamar a esquerda e o PT de autoritários e anti-democráticos, reforçando a bizarra tese de que o partido seria contra a liberdade de imprensa, entre outras sandices. O Ciro fala dessa forma exatamente para rebater esse argumento. Que historicamente existiram governos autoritários à esquerda e à direita ninguém duvida. O que se defende é o direito à auto-determinação dos povos, sem iingerência externa. Do contrário, teremos que apoiar a invasão do Iraque pelos EUA sob falso pretexto. E aí, não dá.

Anselmo disse...

o ciro fala sobre qqr assunto com mais desenvoltura do que qqr outro presidenciável. tirando, talvez, o eymael.

isso não lhe dá razão, mas torna a coisa mais divertida.

a posição dele de ser governo (e fiel a lula) mas candidato paralelamente ao nome da situação cria uma situação curiosa. ele tenta achar uma posição diferente em tudo da oposição, mas não pode concordar em tudo com o governo. então, acaba fazendo um discurso que agrada mta gente que gosta da gestão Lula (ou que entende que ela é melhor do que as que vieram antes): faz algumas análises críticas. pela desenvoltura, agrada mais ainda. se for por aí que ele pretende crescer, vai precisar de arroz, feijão e biotônico fontoura (que, antigamente, tinha álcool)