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segunda-feira, março 29, 2010

Visão corintiana: Timão faz melhor partida do ano

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A vitória sobre o São Paulo foi a melhor partida do Corinthians esse ano e mostra o estilo de jogo do time, ainda em fase de consolidação. A boa notícia é que, se o Timão não teve o domínio amplo que transparece no tom catastrófico da visão sãopaulina sobre o clássico, jogou melhor que o São Paulo, especialmente no primeiro tempo e enquanto Dentinho esteve em campo.

A formação do meio campo tem Ralph, Jucilei (agora ele é titular, Maurício!), Elias e Danilo. Enquanto o primeiro se desdobra na destruição das jogadas adversárias, os outros participam tanto da criação quanto da marcação. Elias ocupa a faixa central do campo, mas com características diferentes de Douglas: enquanto esse se esmerava no passe e cadencia do jogo, o camisa 7 dá velocidade ao time, num jogo mais vertical, como no primeiro gol alvinegro.

A cadência do passe passa a ser função primordial do ex-sãopaulino Danilo, autor do segundo gol. Ele ainda ocupa o lado esquerdo do campo, mas se mexeu mais, ficando menos isolado do que em partidas anteriores. O entrosamento com Roberto Carlos – que, já é razoável dizer, está jogando muita bola – está melhorando, criando uma boa opção.

Jucilei participa mais da marcação sem a bola, cumprindo função semelhante à de Elias no esquema de 2009. Marca e saí para jogar mais pela faixa direita, com Moacir – que é bom lateral e acho que já merece a vaga de Alessandro no time titular (ainda que não saiba cruzar).

Com mais gente que marca e joga no meio campo, Dentinho tem mais liberdade para flutuar nos dois lados do ataque e está indo muito bem. Participou dos dois gols e de outras jogadas importantes até ser expulso – numa jogada que, pra mim, não valia o barulho que o árbitro fez. Com essa formação, o time tocou a bola com ciência e controlou o jogo até abrir 2 a 0.



Os maus momentos vieram, além dos méritos tricolores, da mania de Mano Menezes de recuar o time quando está ganhando, buscando atrair o adversário e jogar no contra-ataque. Jogando a convite no campo do alvinegro, o São Paulo conseguiu as faltas que levaram aos dois gols de Rodrigo Souto. A estratégia só foi desmontada depois do empate.

Outro erro do treinador foi a manutenção de Ronaldo no time durante quase toda a segunda etapa. A lentidão do centroavante o deixa quase sem função num esquema voltado ao contra-ataque. Isso sem considerar a má fase do Gordo – apesar do passe para Elias no primeiro gol.

E o adversário?

Sobre o São Paulo, não entendo como Ricardo Gomes não coloca Cicinho no time titular. O time melhorou bastante quando ele entrou – apesar da inexplicável saída de Hernanes, o mais lúcido sãopaulino até então (os técnicos estavam inventivos ontem...).

Para mim, está claro que ele e Júnior César têm de jogar. Com aquela quantidade de volantes no elenco, deve ter dois que consigam cobrir os avanços dos dois. Eu escalaria Rodrigo Souto e Jean, por exemplo, ambos marcadores e com bom passe.

Outra dúvida é como Léo Lima ainda tem moral para ser titular de um time grande. E jogando de meia, não na invenção luxemburguiana de colocá-lo de segundo volante. O cara é lento e não tem habilidade o bastante no passe para compensar. Bota Hernanes e Marcelinho Paraíba na armação, com Dagoberto/Fernandinho na frente ao lado de Washignton.

Se o São Paulo não foi a negação que o Marcão pintou – tanto que fez três gols... –, continua dependendo demais de jogadas aéreas e bolas paradas. O primeiro gol, em bela jogada de Dagoberto, foi uma exceção.

E a classificação?

O Corinthians pega o Ituano fora e Rio Branco no Pacaembu nas duas últimas rodadas, dois times já sem pretensões e nem muito medo do rebeixamento. Mas não depende só de si mesmo para se classificar.

Grêmio Prudente e São Paulo ocupam nesse momento a terceira e quarta colocações, respectivamente. O time do interior joga contra o Bragantino na terra da lingüiça e recebe o São Caetano, times também na zona intermediária – apesar do Azulão, com 27 pontos, poder até sonhar com uma vaga.

O São Paulo em tese pega os adversários mais difíceis: Botafogo, ainda na briga pela vaga, no Morumbi e Santo André no ABC. Mas o Ramalhão já garantiu a vaga e pode tirar o pé.

4 comentários:

Leandro disse...

O que mais me preocupa é isso: Esta foi, apesar dos pesares, a melhor partida do time no ano. Prova de que não vinha jogando nada. Ainda tem muito, mas muito mesmo que evoluir.
O 3º goleiro (onde está Julio César?) teve uma atuação medonha e quase entrega a rapadura, e a zaga, se com Chicão já inspira cuidados, sem ele é uma interminável turbulência. William e Paulo André são uma mistura explosiva.
E conforme escrevi na postagem do Marcão, o Corinthians poderia até ter goleado ontem se fosse um pouquinho mais consistente e se Mano fosse um pouquinho menos medroso e criativo.
Melhorou um pouquinho, e eu sigo bastante desconfiado.

Fabricio disse...

Depois da expulsão do Dentinho, a permanência de Ronaldo no time passou a ser completamente desnecessária. Com um jogador a menos pra cada lado e com 2x0 no placar tudo o que o time precisava é aproveitar os contra-golpes. Mas com o Ronaldo plantado isso era impossível. Melhor pro São Paulo que pode atacar sem sofrer ameaça alguma até o epate em 3x3.

Eu nunca vi um técnico tão medroso como o Mano está sendo esse ano. E olha que meu Palmeiras já teve Celso Roth, Bonamigo, entre outros...

Marcão disse...

"O 3º goleiro (onde está Julio César?) teve uma atuação medonha e quase entrega a rapadura". Foi só por isso que o São Paulo fez três gols, caso contrário o Corinthians poderia ter devolvido os 5 a 1 de abril de 2005, no mesmo e fatídico Pacaembu. Juro que temi por isso após o gol de falta de Roberto Carlos.

Nicolau disse...

Sobre os goleiros, na verdade, nenhum dos dois reservas está no nível do titular Felipe - observação que o conselheiro Acácio pediu que eu registrasse aqui. Não sei qual dos dois é melhor,Júlio Cesar também já fez umas cagadas de nível e nem faz muito tempo. Volta Felipe!
Sobre a zaga, tem tido muito erros e também me preocupa, mesmo com Chicão - que falta principalmente na saída de bola. Quando reclamei na conversa familiar de segunda, meu tio me tranquilizou lembrando que temos a defesa menos vazada do campeonato, ao lado da Portuguesa, o que deve significar alguma coisa. Espero.
Para mim, a questão é manter o jogo todo a postura que teve no começo contra o São Paulo. Adiantar a marcação, já que 3 dos 4 atletas mais próximos do ataque sabem executar a função, tocar bem a bola e achar o momento certo de atacar. Se mantivesse o ritmo e sem a expulsão de Dentinho, dava pra ter feito mais gols. Mas como diz o companheiro Carlos Pizzato, o time não precisa estar no pico agora, mas nas fases decisivas dos torneios. Tem umas semanas pra chegar lá. Quem sabe até lá Defederico não volta e o time fica mais parecido com o desejo do Maurício?