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quarta-feira, abril 07, 2010

Mais um acidente nas obras da Linha 4 do Metrô

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Mais um acidente nas obras da bendita Linha 4 do metrô de São Paulo. Um guindaste de cerca de trinta metros de altura tombou na tarde de terça-feira, 6, e atingiu a calçada da Avenida Francisco Morato, na altura do nº 2.600, zona oeste da capital paulista. O acidente ocorreu no canteiro de obras da futura estação Morumbi do Metrô. Dessa vez, pelo menos, ninguém ficou ferido.

De acordo com matéria do Estadão, o guindaste, montado sobre um caminhão, içava materiais do fundo de um dos poços da estação quando adernou, segundo a assessoria do Metrô. “A força da queda foi suficiente para elevar o caminhão, que ficou perpendicular ao solo. A ponta do guindaste destruiu o muro da obra e avançou três metros sobre a calçada. O operador do guindaste quebrou o vidro traseiro da cabine e escapou sem nenhum ferimento.”

Esse é um dos vários acidentes ocorridos nas obras da Linha 4. O mais grave deles sem dúvida foi "o desabamento em um dos canteiros da futura Via Amarela do metrô, na Marginal Pinheiros, que matou sete pessoas e resultou na interdição de 55 imóveis nas imediações da cratera e na demolição de cinco deles", como relembrou este Futepoca aqui.

Antes dele, outras duas ocorrências vitimaram operários em obras da linha amarela, além de um vazamento de gás nas imediações da futura estação Pinheiros. E mais recentemente, em dezembro de 2009, outro trabalhador morreu em obras da estação Vila Prudente, na linha 2-Verde. Não é pouca coisa.

O caso atual é infinitamente menos grave que todos os outros. Mas produziu uma imagem interessante (crédito para Matheus de Oliveira Trigo/VC no G1). Não é todo dia que se vê um caminhão no ar. Curiosa também a pressa da matéria do Estadão em informar que “o acidente não atrasa o cronograma de obras da futura estação Morumbi, segundo o Metrô”. Bom, atrasado já está, apesar de o governador e candidato a presidente José Serra dizer que “meta não é promessa”. Aliás, alguém já ouviu o que o digníssimo mandatário tem a dizer sobre algum destes acidentes? Pois é, nem eu.

9 comentários:

Anselmo disse...

já ouvi dois tipos de análise de engenheiros da velha guarda.

a primeira linha diz que a retomada das obras de infraestrutura e do crescimento da construção civil ocorre em um contexto complicado. depois de duas décadas de economia em câmera-lenta, as empreiteiras reduziram custo de todo jeito que podiam, o que implica contratar engenheiros de menor experiência e até profissionais em número insuficiente. Menos controle, desde que não se exceda a verba provisionada. Sobrecarga e menos cuidado gera mais erros, segundo os defensores dessa visão. Daí, mais acidentes.

A outra linha de análise que ouvi é de que obras grandes de infraestrutura e muito prédio em construção envolvem acidentes na medida em que usam mão de obra extensiva de qualificação nem sempre adequada -- especialmente dos operários. Por essa visão, que me soa bem sem-vergonha, construção civil aquecida vem junto com acidentes e, basicamente, "desculpaí". O impacto disso na opinião pública seria, ainda segundo esse ponto de vista, decorrência do fato de o país estar desacostumado, após aquelas duas décadas de estagnação.

não sei se elas se complementam nem se fazem mesmo sentido.

só sei q, qdo inaugurar essa linha, vou esperar um bom mês pra começar a usar. é pra ter certeza de que o risco é baixo.

Fabricio disse...

Acidentes desse tipo são comuns no mundo inteiro. Não é difícil achar vídeos no Youtube de situações parecidas.

Mas no Brasil não. No Brasil é culpa da economia, do governo, da política, da...

Na boa, procurei o "Fute", o "po" e o "ca" nessa notícia e não achei nenhum deles. Parece que esse post está no blog errado.

Azarias disse...

Os proprietários e/ou inquilinos destes 55 imóveis já foram ressarcidos? Duvido!!!
Alguem escreveu aí, que tipo deste acidente acontece no mundo inteiro e ninguem culpa autoridades e etc; concordo, acontece no mundo inteiro e mais amiúde desde que surgiu o neoliberalismo e sua globalização.

Marcão disse...

Planejamento, gerência e eficiência são as marcas da (nefasta) gestão PSDB em São Paulo. Mas é óbvio que vão botar a culpa no Lula. Aliás, já estão fazendo isso em relação às tragédias do Rio de Janeiro. A grama do vizinho sempre é mais verde.

Anselmo disse...

o "po" tá no post sim. mas a crítica sempre tem espaço.

achar normal os acidentes só pq eles "acontecem no mundo inteiro" é q eu acho q nao consigo.

Fabricio disse...

Eu também não consigo achar isso normal.

O que eu quis dizer é que nunca vi o Futepoca falar dos que ocorrem por aí. Ainda acho que tentar relacionar esse acidente com política foi uma tremenda viagem.

Nicolau disse...

Então Fabrício, vou eui na defesa do meu post, rs. O acidente não teria nenhuma importância mesmo se já não houvessem acontecido outros tantos na mesma obra, tocada pelo setor público. Quer dizer, na verdade, como foi amplamente discutido na época das 7 mortes na cratera de Pinheiros, são tocadas mesmo pela iniciativa privada,pois o governo tucano optou por um modelo de contrato apelidado de "porteira fechada" em que o dono paga o cabra pra fazer a obra e só volta das férias com a casa pronta. O valor da obra é o mesmo e a empreiteira tem liberdade pra ver como faz o esquema - com muito pouca fiscalização. Isso abre espaço para os problemas apontados pelo Anselmo acima, da pressa interferindo na qualidade, pois se a empresa terminar antes do prazo e gastando menos, o dinheiro que ela recebe é o mesmo. Caso semelhante parece ter aconteceido, segundo o TCU, no desabamento do viaduto do Rodoanel, ano passado. E naõ fui eu que disse, foi o TCU, conforme essa matéria aqui do insuspeito Estadão:
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,empreiteira-do-rodoanel-mudou-vigas-para-reduzir-custos,466577,0.htm

Parace haver um padrão. São as duas obras de quemais se ouvirá falar nos programas eleitorais tucanos nessa eleição. As maravilhas do "planejamento, gerência e eficiência", como lembrou o Marcão.
Mas enfim, como disse o Anselmo, a crítica é bem vinda. Talvez eu tenha forçado a mão na ligação mesmo, mas achei que valia pena lembrar esses fatos todos.

Fabricio disse...

Nicolau, eu concordo com você em relação à qualidade dos serviços prestados pela epreiteira nessa proposta. Nesse ponto culpa total do Governo do Estado.

O que eu comentei é que o fato em si foi um acidente. Mesmo uma empresa usando de todo o seu melhor, poderia estar sujeita a algo semelhante.

Se você falar que abriu um buraco na rua vou ser o primeiro a concordar que tem toda relação com a maneira como o negócio foi feito entre Governo e empresa, pois seria um perfeito indicativo de falta de qualidade no que foi pago pra ser entregue. Mas essa do guindaste, especificamente, acho que foi acidente e só.

Glauco disse...

Acidentes como esse podem ser comuns no mundo todo, mas às vezes (na maioria delas) não são culpa da natureza, do destino ou da fortuna. São investigados e respnsáveis, eventualmente punidos. É só isso que se exige.

Mas, ao que parece, aqueles apontados como responsáveis estão se dando bem. Fosse qualquer outro tipo de crime, Datenas da vida estariam espumando na TV dizendo que é "pizza" ou que a Justiça no Brasil não funciona. Nesse caso, a imprensa mal divulga uma decisão que suspende a ação penal e não debate a argumentação usada pelo juiz... Acho que deu pra perceber o "po" do post, não?