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domingo, agosto 22, 2010

Baresi, Eriksson e o modelo fanfarrão

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Por Moriti Neto


A notícia já é sabida, mas, por algumas informações recentes, vale requentar. Após a saída de Ricardo Gomes, Sérgio Baresi foi anunciado como técnico interino do São Paulo. Dirigiu a equipe em uma oportunidade, no empate contra o Cruzeiro, por 2 x 2, no domingo passado. Não foi mal. Enfrentou um adversário de bom nível e o Tricolor jogou de igual pra igual, tocando a bola e trabalhando bem jogadas ensaiadas.      

A opção

Sérgio Felipe Soares, como jogador, foi formado no Tricolor. Era zagueiro. Na base, destacava-se por boa noção de posicionamento, técnica ao sair pro jogo e liderança, o que lhe rendeu o apelido de Baresi, inspirado no ex-zagueiro italiano, Franco Baresi, ídolo na Azurra e no Milan, nas décadas de 80 e 90. 
Foi dos principais jogadores do time que conquistou a Copa São Paulo de Juniores de 1993, em grande final contra o Corinthians, vencida por 4 x 3, e que deu o primeiro título do torneio ao São Paulo.

Prometia. Telê Santana gostava dele. No entanto, fez apenas oito partidas no profissional, estreando num empate em 1 x 1 contra o rival do Parque São Jorge. Cedo, enfrentava problemas com contusões seguidas e tinha a concorrência dos campões mundiais Ronaldão, Válber e Adilson. Foi negociado. Jogou em Cruzeiro, Ponte Preta e União São João de Araras. Em 2003, aos 30 anos, lesionado gravemente, parou de jogar e passou a atuar em comissões técnicas. Primeiro como auxiliar do time principal do Santo André e, posteriormente, como treinador das categorias de base do clube do ABC. Esteve no São Caetano antes de chegar ao São Paulo, em 2008.

Em 2009, dirigiu pela primeira vez uma equipe profissional: o Toledo (PR). Voltou à base do Tricolor este ano e ganhou a Copa São Paulo novamente, comandando a molecada Tricolor.

Neste domingo tem, outra vez, o Corinthians como adversário, em momento que pode ser crucial para sua carreira no Time da Fé. O São Paulo está mal e não vence o rival há mais de três anos. Uma vitória pode aumentar a confiança no treinador, tanto por parte da torcida quanto da direção. Mas...

Discurso e prática

A cúpula são-paulina diz que pretende contar com Baresi ao menos até o fim de 2010 e que a escolha se deve ao conhecimento dele junto à base. Porém, ao contrário do que afirma a direção do clube, a escolha ocorreu em virtude de nenhum nome de peso ter sido consenso. A possibilidade de alguém de maior experiência assumir o cargo a qualquer momento, entretanto, não está descartada.

Desde ontem, pulula na imprensa o nome do sueco Sven Goran Eriksson, que, de acordo com seu empresário, Óscar Dias, “gostaria de trabalhar no São Paulo”. Dirigentes tricolores avaliaram positivamente “a vontade do treinador de vislumbrar a possibilidade de um desafio no Brasil”.
 
Tática

As “informações” dão conta de que Eriksson foi oferecido ao time do Morumbi. Além de falar português fluentemente, o treinador, de 62 anos, teria afirmado o desejo de trabalhar no Brasil. O sueco já rodou o mundo, treinou grandes times e seleções. Entretanto, apesar do histórico de conquistas, não vem triunfando nos últimos tempos.

O currículo do europeu é, em síntese, o seguinte. Começou a se destacar no Gotemburgo, da Suécia, onde ganhou a Taça Uefa. Foi quatro vezes campeão português pelo Benfica e uma vez italiano, pela Lazio. Ganhou quatro edições da Copa da Itália, por Lazio (2) Roma e Sampdoria. 

No ano de 2001, acertou com a seleção inglesa e disputou duas Copas do Mundo. Em ambas, caiu nas quartas de final. Para o Brasil (2002) e Portugal (2006). Nos cinco anos no comando da Inglaterra, não conquistou títulos e ainda se envolveu em polêmicas, como uma entrevista para um “jornalista” – na verdade, um Sheik árabe disfarçado – onde dizia, entre outras coisas, que o zagueiro Rio Ferdinand era "meio preguiçoso".

Depois, ainda na Inglaterra, treinou o Manchester City, deixando o clube ao final de apagada temporada. No ano de 2008, ele foi contratado para trabalhar na Seleção Mexicana, visando à Copa de 2010. Após dez meses, foi limado por causa das fracas atuações do selecionado. O limite foi uma derrota por 3 a 1 para Honduras, nas Eliminatórias da Concacaf.

Em julho de 2009, o treinador assumiu o cargo de diretor de futebol do Notts County, da quarta divisão do futebol inglês. Um semestre depois, deixou o modesto clube e assumiu mais uma seleção, a Costa do Marfim, para disputar a Copa. De novo com o Brasil pela frente, foi eliminado na fase de grupos. Está desempregado desde então.

A notícia, até por ser inusitada, ganhou destaque no cenário futebolístico em algumas partes do mundo, mas me parece fanfarronice. São Paulo e Eriksson têm algo em comum no momento: a falta de resultados dentro de campo. A impressão é de tática para atrair holofotes e desviar o foco do que interessa, ou seja, bola rolando. Só. Nada que contrarie o “modelo de gestão” são-paulino. Cantado em prosa e verso por muitos, mas que, de fato, vive deitado em louros de vitórias passadas e mais fala do que faz.

2 comentários:

olavo disse...

Sobre o "português fluente" do Eriksson, ele é impressionantemente real: uma vez vi uma entrevista dele e me surpreendeu o fato dele falar com menos sotaque que o Henry Sobel.

Fabricio disse...

Eu acho que nenhum ténico europeu daria certo em clubes do futebol brasileiro com exceção do... São Paulo!

O São Paulo sempre teve essa "elegância" e acho que no fundo, os jogadores estão precisando de um europeu pra "se acharem" e o time voltar a jogar bem.

Na boa, se viesse colocaria o time de volta no trilho.