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quarta-feira, agosto 11, 2010

A nova seleção por quem entende do riscado

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Eram 28 minutos do primeiro tempo quando Neymar completou de cabeça cruzamento com açúcar e com afeto de André Santos e abriu o placar contra os Estados Unidos na estreia da Seleção Brasileira convocada por Mano Menezes. No bar, os manguaças se animaram.

“Esse era o time da Copa!”, bradou um. “O Dunga perdeu a chance de entrar para a história”, vaticinou o filósofo. “Entrou como um dos piores”, disse um mais exaltado. “Como deixou esse moleques de fora?”, inquiriu um quarto, indignado.

Nesse momento, após superar certo nervosismo no início, a Seleção mandava no jogo, com intensa troca de passes, posse de bola e ofensividade. Ganso comandava o meio-campo, auxiliado por Lucas, Ramires e Robinho. A bola ia redonda de pé em pé, começando desde a zaga, que contou com segura atuação de Thiago Silva e David Luiz.

Emblemático que o primeiro gol do time renovado seja do garoto santista, com passe do lateral-esquerdo ex-corintiano, que perdeu a vaga na Copa para um improvisado Michel Bastos. André Santos, aliás, jogou mais do que em qualquer outra oportunidade com a camisa canarinho. A única atuação abaixo do esperado, na verdade, veio de um dos remanescentes do time de Dunga, Daniel Alves.

No boteco, a entrega do camisa 7 santista, que joga quase como um meia para permitir a Neymar a liberdade de atacar sem medo, não foi reconhecida. “Robinho está virando coadjuvante”, brada o freqüentador.

As chances de gol perdidas por Alexandre Pato também não passam impunes. “Quem mandou o Pato ter pé de galinha?”, cravou o maldoso. Mas quando o juiz não dá o gol do rapaz, por falta no goleiro, a solidariedade é imediata. “Garfaram o Brasil!”

Cabe a ressalva de um possível desinteresse do selecionado estadunidense. Mas o time de Mano não tomou conhecimento do adversário, que teve umas duas chances de gol, um no nervoso começo, outra no final, em bola alçada na área.

No segundo tempo, a unanimidade sobre o erro de Dunga ao não convocar os garotos da Vila desaparece. “Não, não servia não! Eram muito novos! Agora serve, para jogar na outra Copa”, analisa um comedido. “Tinha que ter levado esse time para a África”, rebate o empolgado.

Aos 46 minutos da primeira etapa, Pato desencanta em belo passe de Ramires (um volante jogando perto da área adversária, coisa interessante), dribla o goleiro e só não entrou com bola e tudo porque teve humildade, citando o poeta. “Acabou! Se eu sou o técnico mando o time parar, ir embora. ‘Tchau, não quero humilhar não’”. É o filósofo do início da história, animadíssimo com o desempenho do time. “Faz tempo que não vejo um time jogar assim, botar na roda mesmo. Me lembra a Seleção de 82, vai tocando, tocando e de repente está na cara do gol”, avalia. “A gente ficar suspirando porque o Elano se machuca não dá!”, indigna-se.

No segundo tempo, Mano Menezes troca vários jogadores, mas a toada segue a mesma. Domínio completo, diversas chances de gol (foram 21 finalizações durante o jogo), mas ninguém consegue colocar para dentro. Três destaques, um pelo inusitado: o meia Éderson, aquele que ninguém jamais viu jogar, entra no lugar de Neymar. Corre cerca de 40 segundos, tenta um drible na ponta direita, e sai de campo, com uma lesão muscular. “Coitado do moleque”, simpatizam os bêbados.

Os outros dois são obra de Paulo Henrique Ganso, mestre e senhor do meio-campo. Primeiro, mete uma bola na trave em chute de fora da área. Depois, mas perto do final, aplica um elástico num zagueiro gringo e manda a bola para fora. Coisa de quem conhece.

“Imagina quando esse time estiver entrosado”, devaneia um manguaça. Pois é...

2 comentários:

Anselmo disse...

quem precisa de comentarista qdo está no bar?

foram as mesmas divergências que os analistas na tv e nos jornais se debruçaram.

ThiagoFC disse...

E porque o jogo teve de ser visto no bar?

Porque a detentora de exclusividade na transmissão em rede aberta não exibe a partida, nem libera para outros canais exibirem. Absurdo que ainda é maior: a rede em tv paga que transmitiu o jogo é do mesmo grupo.

Sei lá, às vezes a Globo acha que o povo está mais interessado em tipos como Totó, Gema e sei lá mais quem, ao invés de Neymar, Mano, Ganso.

Só porque era a primeira partida do novo técnico após a Copa (ou seja: o início do ciclo para a próxima Copa, que será no Brasil), e a estreia de jogadores queridinhos da opinião pública, isso significa que o jogo tinha alguma relevância maior que a da novela das oito?

Absurdo sem tamanho...