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quarta-feira, outubro 20, 2010

José Serra: mentira, fraude e falsidade ideológica

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Nesta semana, a guerra de campanhas eleitorais trouxe de volta a polêmica sobre o candidato José Serra (PSDB) ter ou não diploma universitário. Segundo consta, ele sempre se apresentou como "engenheiro e economista", desde os primeiros cargos públicos que ocupou e campanhas eleitorais que disputou. Acontece que Serra nunca concluiu o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Sendo assim, é impossível que tenha qualquer curso de pós-graduação minimamente "validável" - o que levanta suspeitas sobre como teria sido possível dar aulas na Universidade de Campinas (Unicamp), de 1978 a 1983.

Ao abandonar o curso na Politécnica da USP e exilar-se no Chile, Serra teria feito um "Curso de Economia" na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), entre 1965 e 1966, especializando-se em Planejamento Industrial. Parece óbvio que um curso de graduação de dois anos não pode ser formal. Depois disso, fez "mestrado" em Economia pela Universidade do Chile, em 1968, onde seria "professor" até 1973. Em 1974, faria "mestrado" e "doutorado" em Ciências Econômicas na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, sem ter concluído faculdade.

No Chile e nos EUA não é exigido curso superior para fazer pós-graduação, o que não é permitido aqui no Brasil. Além disso, os cursos de pós-graduação que Serra cursou na Cornell não são strictu senso mas lato senso, como os fornecidos pela rede privada brasileira. Resumindo: não valem nada em termos acadêmicos. Bom, mas, no frigir dos ovos, deve-se considerar que, para sua carreira política, ter ou não graduação não faz diferença alguma. O problema é não ter e dizer que tem. E, ao dar aulas no ensino superior (sabe-se lá como conseguiu isso), configura-se crime.

Recentemente, o Conselho Regional de Economia da Paraíba fez interpelação judicial e pedido de enquadramento de José Serra no Artigo 47 do Decreto-Lei 3.688/41, sobre falsidade ideológica e charlatanismo, pelo "uso indevido da qualificação de economista pelo candidato, que não tem bacharelado em economia nem é registrado em qualquer Conselho Regional de nenhum estado brasileiro". O pedido foi endossado pelos Conselhos Regionais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Maranhão, Rondônia e Tocantins, e por dois membros do Conselho Federal de Economia. Porém, o Conselho Federal de Economia nunca se manifestou sobre isso.

Folheando o livro "O sonhador que faz", de Teodomiro Braga (Editora Record, 2002), encontrei a confirmação pela própria palavra de Serra:

(...) Em 1967, apesar de não ter feito graduação, eu entrei na Escola de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Chile, que era chamada Escolatina.

Como conseguiu ser admitido se não tinha graduação em economia?
Eles exigiram que eu fizesse um exame equivalente a todo o curso de graduação em Economia.

(Trehco extraído da página 102)

Um exame? Assim, simples? Sem graduação, como pôde ser admitido como professor pela Unicamp? Dilma Rousseff (PT) foi acusada de não ter mestrado nem doutorado pela Unicamp, e reconheceu isso. O que importa, na verdade, é que ela nunca deu aulas - o que até poderia ter feito, pois tem, pelo menos, graduação. Já José Serra atuou profissionalmente de forma indevida. É uma fraude. Porém, como a Unicamp pertence ao governo de São Paulo, comandando pelo PSDB, qualquer possibilidade de investigação ficará no campo de nossas ilusões. E a imprensa pró-Serra não fará o menor esforço para retirar a pedra de cima desse assunto.

7 comentários:

Gustavo Martinez disse...

Marcão,

Uma notícia dessas, se verdadeira, deveria ocupar as manchetes de todos os veículos de comunicação, assim como foi o desmascaramento da Dilma em relação aos títulos que ela nunca teve mas vivia dizendo que tinha.

Marcão disse...

Mas os jornais são pró-Serra, Gustavo. Ele é blindado. Dilma, assim como Lula e qualquer um do PT, é saco de pancadas. E a Dilma ter ou não diploma de mestrado ou doutorado, como disse, não faz diferença. O problema é o Serra ter dado aula em universidade. Isso é charlatanismo.

Gustavo Martinez disse...

Marcão, vc, como eu, cai de cabeça naquilo que acredita. Às vezes exageramos. Acho que é o caso. Por que então a Istoé não publica uma coisa assim?. Quer meio mais pró Dilma que esta revista? Informo também que twittei um link para este site, pois gosto de ver a fogueira em labaredas. PS: Lembra quando éramos repórteres em Jaguariúna? Rsrsrsr

Marcão disse...

Puta merda! Eu lia Gustavo Martinez por aqui e desconfiava que poderia ser você. Por onde anda, camarada? E a família? Escreva contando novidades.

Sobre a IstoÉ, não foi "pró-Dilma", mas sim "anti-Veja", parodiando aquela capa ridícula e estapafúrdia (mais uma) sobre as declarações do aborto. Nem foi a primeira vez que a IstoÉ fez isso. Quanto houve o plebiscito do desarmamento, a Veja deu uma capa com "Sete motivos para votar contra". A IstoÉ rebateu em cima: "10 motivos para votar contra e 10 motivos para votar a favor - VOCÊ DECIDE". Depois vazou a informação de que o prédio da Abril tinha sido de propriedade da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), assunto que, assim como petição de charlatanismno e falsidade ideológica contra Serra, ninguém foi atrás...

O que interessa, no frigir dos ovos, é que a IstoÉ e a Carta Capital foram as únicas que tiveram coragem de estampar um fato concreto, a notícia da semana: a corrupção do PSDB via Paulo Preto (ou Paulo Afrodescendente, para o Serra não me acusar de racismo). Ou seja: foram as únicas que fizeram JORNALISMO, de fato.

Abração, Gustavo! E me escreva!

Anselmo disse...

Opa!
minha impressão é de que a IstoÉ anda mais governista desde agosto. Antes, estava bem anti-PT. Mas isso é só impressão.

Sobre o edifício Birmann 21, uma das sedes da Abril (na marginal pinheiros), trata-se de propriedade da Previ, caixa de previdência dos funcionários do banco do brasil.

Como a Veja malhou continuadamente ao governo e aos diretores da Previ durante o governo Lula, o que fica claro é que não se usou qualquer instrumento de cerceamento. O que é bom.

Na campanha atual, ele se apresenta só como economista.

Anônimo disse...

Vai se fuder...

Pedro Germano Leal disse...

E tem mais: na página do governo de SP ele dizia que foi professor do IAS de Princeton.
Eu, pessoalmente, escrevi para lá e confirmei que NÃO É VERDADE. O único que publicou o furo, de cara, foi o PHA. A grande imprensa nem mencionou. Eis o que escrevi:

Pedro Germano Leal
Enviado em 28/07/2009 às 1:28

Diz aí no currículo do Serra:

— Obrigado a exilar-se novamente, Serra foi para os Estados Unidos, onde obteve outro mestrado e o doutorado em Ciências Econômicas pela Universidade de Cornell. E foi, por dois anos, professor do Instituto de Estudos Avançados de Princeton. —-

Eu escrevi ao IAS de Princeton perguntando, e eles me responderam com uma posição oficial. Vou postar o original, e traduzo logo abaixo:

— I apologize for the belated reply. I’ve confirmed in our records that José Serra was a Member at the Institute for Advanced Study’s School of Social Science during 1976-78 and what we call a Director’s Visitor during the spring and fall of 2003. The Institute has no formal connection to Princeton University, and Members and Visitors generally do not teach courses during their time here (we have no undergraduate or graduate students). —

— Desculpe-me pela demora em responder. Confirmei em nossos arquivos que José Serra foi Member (membro) no Instituto para Estudos Avançados da School of Social Science (Escola de Ciências Sociais) durante 1976-78 e que foi o que chamamos Director’s Visitor (Visitante do Diretor) durante a primavera e outono de 2003. O Instituto não tem conexão formal com a Universidade de Princeton, e Members e Visitors geralmente não ministram disciplinas durante seu tempo aqui (NÓS NÃO TEMOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO OU PÓS-GRADUAÇÃO) — [grifo meu]

E agora? Ele também não foi professor em Princeton. Será que ele alegou isso no seu “concurso” para a Unicamp?

Que vergonha!