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sexta-feira, novembro 05, 2010

Globo News, previdência e a pauta do governo Dilma

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A entrevista da GloboNews com a professora Lena Lavinas, da UFRJ, cumpre duas funções. Primeiro, mostra como a grande mídia está tentando novamente influenciar a agenda do governo eleito, inserindo uma pauta conservadora no debate, apesar da clara mensagem das urnas em favor de políticas de combate à desigualdade. Aqui, cabe lembrar que o pessoal de esquerda (também conhecido como "nóis") precisa cumprir o mesmo papel e puxar o governo para a pauta que nos interessa, especialmente uma ação mais forte no combate à desigualdade.

Aliás, já que a presidenta está falando em reforma tributária, que o debate passe pela introdução de maior progressividade nos impostos, diminuindo a carga sobre os mais pobres (e a classe média deve se beneficiar aqui, creio, do alto de minha ignorância tributária) e aumentando sobre os mais ricos. Se houver conhecedores do tema entre os leitores, por favor, contribuam.

A segunda razão para ver o vídeo é dar destaque mais uma vez à absoluta contradição entre a chamada "Dilma terá que lidar com rombo milionário na previdência" e a argumentação da professora, que nega desde o início a existência do tal rombo. Nesse ponto, destaque para o baile que as jornalistas globais levam de Lavinas, que dá uma verdadeira aula sobre previdência e seguridade social.

A terceira razão é a supracitada aula sobre um tema dos mais importantes para quem acredita na construção e consolidação de um aparato de proteção social no Brasil. Não consegui achar um jeito de reproduzir o vídeo direto aqui, por isso vai o link:

http://globonews.globo.com/videos/v/dilma-tera-que-lidar-com-rombo-bilionario-na-previdencia/1366939/

7 comentários:

Maurício Ayer disse...

Uma grande amiga minha é procuradora da Previdência e ela sempre me disse a mesma coisa: não existe o rombo da Previdência, tanto que seguidamente o orçamento dessa instituição é abocanhado para outras áreas. Essa transferência de recursos do orçamento de uma rubrica a outra só é possível quando há superávit (perdoem-me, assim como o Nivaldo é ignorante tributário, eu não sei manejar os termos corretos aqui, mas entendam o princípio da coisa e me corrijam com os termos corretos, se souberem). Ou seja: sobre dinheiro na Previdência, mas ele é repassado a outras áreas. É mais uma ideia equivocada martelada até tornar-se verdade na mídia.

Paulo Roberto disse...

Acabei "chupando" esta coluna do Futepoca para o meu blog, fazendo uma breve introdução, dando os devidos créditos, claro, e colando o vídeo da GloboNews.

Peço a vocês aí do blog, que deem uma olhada...

http://stockler4.blogspot.com/2010/11/globo-news-previdencia-e-pauta-do.html

Abraço!!

Marcio disse...

Tem que se separar a previdência para poder analisar.
A previdência de funcionarios PUBLICOS realmente é um buraco gigantesco....quanto a de funcionarios de empresas privadas (mortais como nós) tem dinheiro.

Lembro que funcionario publico, alem de se aposentar com menos tempo de trabalho recebe como aposentadoria o ULTIMO SALARIO diferente dos mortais que pagam sobre 10 salarios minimos e na hora de se aposentar aplicam um fator previdenciario proporcionando no maximo 6-7 salario minimo de aposentadoria.

No passado era separado, não lembro quem juntou.

Adicional, veja os militares que até os filhos (não casados) continuam recebendo aposentadoria mesmo apos a morte do Pai-aposentado.

Maurício Ayer disse...

Realmente, essa história de aposentadoria de filhos de militares é uma vergonha. Tem muita senhorita sexagenária, criando os netos com a aposentadoria do pai.

fredi disse...

Vamos por partes.

Primeiro, muito boa a entrevista da Lena, que conheço pessoalmente e é uma pesquisadora séria.

Por isso não repetiu a pauta do jornal do "rombo" da previdência...

Mas para entender a história direito a metáfora que vale é a do copo meio cheio meio vazio.

No Brasil, desde que foi criado pelo militares o atual sistema previdenciário único, sobrou dinheiro porque quando você cria qualquer sistema previdenciário, no início tem muito mais gente pagando que recebendo.

Diz-se que esse dinheiro foi para o orçamento da União e ajudou a construir Itaipu, Transamazônica etc. Não dá para saber porque entrava no orçamento sem "carimbo".

Como o sistema brasileiro é de repartição simples, não de acumulação, quem está na ativa paga o benefício de quem se aposentou, todo esse dinheiro anterior foi gasto e não criou reservas para quando a pirâmide invertesse. Ou para cobrir rombos em momentos de desemprego maior.

Mas como a Lena deixa claro, hoje as contribuições são suficientes para pagar os benefícios de quem se aposentou formalmente no sistema privado e urbano.

A conta fica vermelha quando entram as aposentadorias rurais e outros benefícios que foram criados.

Mas quando esses benefícios foram criados, criaram-se também impostos para cobri-los, como Cofins e CSLL.

Juntando todo o orçamento do que se chama Seguridade Social sobra dinheiro, que acaba desviado para pagamento de juros da dívida pública e para fazer superávit primário.

A história do copo é essa, se for olhada apenas a arrecadação direta da previdência, há o rombo. Se for olhado todo o orçamento da seguridade, sobra dinheiro.

A história da previdência dos funcionários públicos é diferente, ela sim tem um rombo enorme, mas não entra nessa conta.

Agora, o que tem de ficar claro é que nessas notícias todas sobre rombo há disputa de interesses, como sempre.

Se se gasta menos com seguridade social sobra mais dinheiro para pagar juros altos pelo BC (o bolsa rico) ou para "investimentos" do governo, aqueles que nossos capitalistas que defendem o estado mínimo adoram tomar com juros subsidiados pelo governo.

Glauco disse...

Difícil analisar a previdência dos funcionários públicos sem olhar o total das suas condições, como, por exemplo, o fato de a União não depositar FGTS para eles. Mas essa é só uma, existem outras especificidades que demorariam algumas laudas para se descrever, por isso o termo "privilégio" é forçar a barra...

Nicolau disse...

E convém lembrar que já foi feita uma reforma na previdência dos funcionários públicos, que perderam muitos direitos. Tem uns casos meio estarnhos mesmo, mas os caras perderam muito da estabilidade que tinham e não ganharam nada em troca. Sobre a aposentadoria integral, pelo que me lembro, as contribuições dos caras são proporcionais a isso.