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sábado, dezembro 11, 2010

Fenômenos pós-2010

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Daniel Lírio, psicanalista, escritor e corintiano, não necessariamente nessa ordem, escreveu ao Futepoca com um artigo de sua autoria. Ele associa duas ilustres ausências, uma na eleição 2010 e outra na Copa do Mundo na África do Sul. Lula e Ronaldo.

Fotos: Ricardo Stuckert/Presidência
Jogo dos 7 erros: Lula e Ronaldo. Acima, em maio de 2009,
abaixo em junho de 2005. Note-se que a
gravata e o terno do presidente são virtualmente os mesmos

A primeira vez sem Lula e Ronaldo na seleção

Daniel Lirio

No Brasil, há uma dessas coincidências que fazem a vida real muito mais interessante do que a ficção: copa do mundo e eleição presidencial ocorrem sempre no mesmo ano. Assim, a cada quatro anos, o país se passa a limpo, nosso passado, nosso futuro, nossos heróis. Os comandantes são coroados ou tornam-se vilões para a eternidade. A história recente da política e do futebol é protagonizada por duas personagens surpreendentes: Lula e Ronaldo.

Em 2010, houve a primeira eleição presidencial sem Lula dos últimos 50 anos, e a primeira copa sem Ronaldo dos últimos 20 anos. Nessas duas últimas décadas, portanto, eles ajudaram a escrever a história de nosso país, nossas vitórias, conquistas e, também, frustrações. Pode-se dizer que  Lula saiu vitorioso de duas campanhas para presidente – três se incluir esta em que esteve ausente mas foi decisivo para eleger sua sucessora –, assim como Ronaldo foi eleito o melhor jogador do mundo três vezes; é o maior goleador da história das copas.

Foto: Juliana Paes/Divulgação-Flickr
Para além das conquistas, inteligência e capacidade de improviso, eles também foram marcados por momentos difíceis, dentro e fora de campo. Os escândalos, alianças inesperadas, denúncias e, principalmente, as contusões os obrigaram a cortar na carne – se ainda reconhecível, pode-se dizer que o corpo transfigurado de hoje é muito diferente do que na juventude. Apesar das dúvidas, eles ressurgiram; reinventando-se, descobriram novos atalhos no campo e retornaram mais alegres e confiantes do que nunca.
Esse enredo ficcional transcendeu o campo estrito de suas profissões, e eles se tornaram estrelas da mídia, no Brasil e no mundo. Lula virou filme e Ronaldo acaba de ser convidado para atuar em Hollywood, ao lado da atriz Juliana Paes. Onde quer que vá, Ronaldo é o “o cara”, sempre presente em jornais e noticiários de todo o globo. Por sua vez, qual empresa não sonharia em ter Lula como seu garoto propaganda? O fascínio desses personagens supera as críticas e elogios que bem merecem, e a imagem deles aparece por toda parte. É impossível evitá-la.

As personagens também coincidem pela infância pobre e pela paixão declarada ao Corinthians. Curiosamente, os papéis se invertem: no planalto, Lula joga futebol; na seleção, Ronaldo era chamado de “presidente”. Enfim, fora da seleção de 2010, eles nunca apareceram tanto na mídia, e de forma tão apaixonada... e apaixonante.  Ficção e realidade confundem-se totalmente.

Agora com os dias contados, eles já avisaram que vão continuar jogando, sabe-se lá se na diretoria do Timão, ou em qualquer outra forma política de atuar pelo Brasil, ganhando e perdendo, sem perder a esportiva. O fato é que, nas últimas décadas quem duvidou que pudessem superar seus obstáculos pagou a língua; e quem poderá saber as surpresas que nos aguardam? Quem duvidava de uma copa no país, também duvidava do estádio do Corinthians e continua duvidando que o time conquiste a Libertadores da América. O mais sensato é apostar que Lula e Ronaldo permanecem no palco, surpreendendo. São Fenômenos.


Daniel Lirio é corintiano, escritor e psicanalista, não necessariamente nessa ordem. Escreveu ao Futepoca por considerar que é o único lugar em que poderia ser publicado.

4 comentários:

Leandro disse...

O passado realmente apresenta um salgo positivo para os dois. Tenho que reconhecer, mesmo não sendo tão fã do Ronaldo quanto sou do Lula.
O que me preocupa muitíssimo é o futuro do clube em que Ronaldo tanto apita, pois acabamos de perder bobamente Elias, que foi, num empate técnico com Jucilei, o grande jogador do futebol brasileiro em 2010, mesmo sem tantos holofotes e sem tanta boa-vontade da imprensa.
E para colocar a cereja no bolo de besteiras que já se apresenta neste fim de ano, a diretoria quer repatriar o Imperador da Manguaça, muitas vezes "premiado" como pior jogador do campeonato italiano.
Peças de reposição à altura de mias um desmanche que se aproxima, e peças para preencher lacunas que ficaram muito evidentes ao longo deste ano Nada consta até aqui.
Medo. Muito medo...

Maurício Ayer disse...

houve um momento em que lula chamou ronaldo de gordo, e o fenômeno o chamou de manguaça. até nisso eles poderiam facilmente inverter as acusações.

Seiji Kimura disse...

A tendência é um Lula mais manguaça e um Ronaldo mais gordo, ou um Ronaldo mais manguaça e um Lula... ou ambos... quanto ao episódio citado pelo Maurício lembro que criou uma baita polêmica. Eu sugeriria que ambos sentassem à mesa (dum boteco é claro) para resolverem esse mal-estar de uma vez por todas. Quanto ao estádio do curintia continuo duvidando.

Seiji Kimura disse...

Na verdade sou fã declarado do sapo barbudo e grande admirador do gordo e acredito que ambos podem mudar de posição mas não de lado, e que de alguma forma continuarão sob os holofotes.